Segredos de um passado obscuro escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 5
Não posso perder você


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, um capítulo narrado pelo Steve. Aproveitem!



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5
Steve

Não consigo esconder minha irritação com Natasha, e a deixo parada na porta do dormitório enquanto atravesso o corredor com meu escudo. Espero por ela em silêncio, mas ela não vem. Volto ao dormitório e a vejo ainda parada, de costas para mim.
– Natasha? Você vem ou não? - não quero demonstrar que estou mais que bravo, mas triste. Eu realmente esperava que ela fosse diferente, que fosse... Boa. E me sinto idiota por isso.
Novamente ela não responde. Seguro seu ombro, que treme um pouco. Ela está chorando?
– Eu sei onde ele está. Siga-me, mas temos que ser rápidos, as pessoas estão se lembrando de mim. - no começo posso afirmar que ela está chorando, mas toda emoção some de sua voz e nós dois seguimos pelos corredores sem mais conversa.
Bato na porta do quarto onde Sam está, e explico a situação no caminho. Natasha está na nossa frente, caminhando depressa. Saímos do prédio, estamos caminhando pelo jardim, indo para um lugar desconhecido. Um calafrio percorre minha espinha. Não. Natasha não nos levaria para uma armadilha.
– Para onde estamos indo? - pergunto.
– Para o único lugar em que eu me sentia feliz nesse inferno. - ela responde.
Está muito escuro quando paramos, consigo ouvir o pio das corujas quando Natasha abre um portão barulhento. Eu a ajudo, e estamos em um celeiro vazio.
– Costumava ter cavalos. - ela divaga. A luz do luar ilumina seu rosto, e ela é tão linda...
– Então, o que estamos fazendo aqui? - Sam pergunta, interrompendo meus devaneios.

Não consigo imaginar Natasha brincando com cavalos em um celeiro escuro e com cheiro de mofo.

– Marina disse que eu sabia onde ele estaria... Pensei que fosse aqui. - ela diz. Eu e Sam nos entreolhamos, desnorteados. - Era pra ele estar aqui!
– Hum... Do que está falando?
Quando ela abre a boca para responder, ouvimos o som de uma explosão e somos arremeçados para trás.
Passo por um momento de confusão antes de me localizar. Estou cercado de escombros e fumaça, e ouço uma tosse distante. Sirenes soam ao meu redor. Eu me coloco de pé num pulo. Pego meu escudo e avanço, mas não vejo Bucky em lugar algum. Piso em algo mole e ouço um gemido, quando olho para baixo, estou em cima do braço de uma Natasha inconsciente.
– Natasha! Você está bem? - eu me ajoelho e pego seu corpo inerte nos braços. Ela tem um corte na testa, mas respira bem.
– Steve? - ela sussurra.
– Shh. Tudo bem, estou aqui. - eu seco seu sangue e beijo sua testa, erguendo-a nos braços. - Vou tirar você daqui.
Meu coração bate acelerado, não porque tenho medo de ser atingido, mas porque tenho medo que machuquem Natasha. Há alguns minutos eu sentia raiva dela, mas a verdade é que eu estava decepcionado. Porque eu queria que ela fosse boa, porque eu vejo a bondade nela, e tenho tanto medo de perdê-la... Talvez... Talvez eu goste mais dela do que deveria. Ver seu corpo frágil nos meus braços me deixa desorientado, mas com um instinto protetor.
– Steve! - Sam grita. Ele está bem, mas manca. - Temos que dar o fora daqui, agora!
– Pegue a Natasha e tire-a daqui imediatamente. Eu vou procurar o Bucky.
– Ele já foi! Temos que ir agora!
– Sam, por favor! Ela precisa de cuidados imediatos! - Não quero deixá-la, mas se quero protegê-la, preciso achar Bucky e tirá-la dessa confusão.
– Ei, deixe isso comigo, se eu o encontrar, aviso vocês. Leve-a para um lugar seguro.
Me sinto eternamente grato a Sam por isso, e corro para fora do colégio com Natasha. Evito pensar que alguém pode estar correndo perigo e precisando da minha ajuda, porque Natasha é mais importante.
– Capitão! - alguém chama. É uma mulher baixa de cabelos negros encaracolados. - Sou a Marina, amiga dela. Leve-a para o meu dormitório, rápido!
Marina fecha a porta e busca uma toalha úmida enquanto coloco Natasha na cama e checo se ela não machucou mais nada. Seu pulso está virado em um ângulo esquisito, e sua testa sangra muito, ela ainda tem os olhos fechados, mas consigo ver que sente dor.
– Acha que precisa de pontos? - Marina pergunta.
– Vou tentar dar um jeito.
Passo o pano molhado em sua testa, e ela pisca.
– Está acordada? - ela resmunga de dor e segura o pulso, e eu pego sua mão. - Vai ficar tudo bem, já acabou. Vou cuidar de você, está bem?
Seus olhos verdes fixam-se nos meus e ela sorri fracamente, assentindo.
– Uau, ela gosta mesmo de você. Nunca a vi desse jeito. - Marina comenta.
Eu sorrio involuntariamente.
– Vou buscar algo para ela comer, cuide dela. - assim, ela nos deixa sozinhos, e quase no mesmo instante, Natasha acorda de uma vez por todas.
– Steve...
– Shh. Descanse.
– Não. Tenho que falar uma coisa. - ela respira fundo. - Eu sei que fui uma pessoa horrível, e matei aquela menina, Elena. Eu me lembro muito bem, mas... Eu não sou mais aquela pessoa, e... Não fique bravo comigo, porque você é importante para mim e... Eu nunca tive um amigo, Steve, estou cansada de me virar sozinha sempre. - uma lágrima escorre por sua bochecha e eu a seco, beijando sua testa.
– Está tudo bem. Não vou deixar você. Você não está sozinha, Natasha.
Ela se aninha no meu peito e eu beijo o topo de sua cabeça, e adormecemos ali, juntos.


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Notas finais do capítulo

Galera, eu sei que vocês já devem estar ansiosos pelo primeiro beijo e tudo mais, mas eu não quero apressar as coisas. Comentem o que acharam!