Segredos de um passado obscuro escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 4
Assassina


Notas iniciais do capítulo

Este capítulo teve mais sobre o passado da Natasha, e mais descobertas do Steve. No próximo capítulo vou focar mais nele, e consequentemente vai ter mais Stasha, então NÃO PERCAM O PRÓXIMO! Espero que gostem!



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– Marina?! - minha voz fraqueja ao pronunciar seu nome.
Tento evitar que as memórias retornem, não quero sentir a culpa, mas é impossível ao fitar os olhos inchados e avermelhados da minha antiga colega de quarto.
– Como vai, Natasha? Ou devo chamá-la de Natalie? - ela indaga, e sua voz parece exausta. - Viveu bem todos esses anos?
– Como sabia que eu estaria aqui?
– Sei o que está procurando. E está no rumo certo para encontrar o Soldado, mas estava no caminho errado para encontrar a si mesma. Só estou dando uma mãozinha para minha amiga.
Eu recuo dois passos quando ela se aproxima.
– Onde ele está?
– Não finja que não se importa com o que estou falando.
Estou realmente curiosa, mas eu estou aqui a trabalho, e não posso me desconcentrar, por mais que queira abraçá-la e pedir desculpas.
– Você não foi embora como disse que faria. - eu comento, baixando a cabeça e segurando a onda de sentimentos que invade meu coração.
– Há pessoas aqui que querem machucar você. - Ao dizer isso, ela tranca a porta. - Você já deve ter visto a Jenna, se não se lembra, ela era irmã mais nova da... - ela hesita. - Por favor, diga que você não matou aquela garota...
– Não fale sobre isso! - eu grito, antes de mergulhar novamente nas memórias presas em meu âmago.
Eu não sentia nada, só raiva. Queria vingança de uma coisa boba, de uma briga estúpida de adolescente. Eu não entendia porque estava tão irritada, mas queria matá-la, queria matar a Elena, porque ela fora cruel comigo desde o dia que cheguei no colégio, dizendo que eu era sem-teto, uma órfã solitária e estranha. Como se todos ali não fossem. E um dia antes de tudo acontecer ela havia dito algo sobre os meus pais. Eu não suportava mais um dia naquele lugar, porque estava louca. Acabara de fugir das mãos do governo, e descobri que fiquei presa lá por quase um ano. Fugi do país e fui parar nos Estados unidos. Não demorei para aprender a língua. Entrei lá como uma criança frágil e inocente, e saí como uma jovem assassina, fria e calculista.
Eu me lembro que um homem me encontrou na rua, eu estava machucada, e faminta. Ele me alimentou e me levou para esse orfanato, por mais que eu insitisse que ficaria bem, que me viraria sozinha como sempre fiz. Mas ele não me escutou. Não fui maltratada, mas ninguém realmente gostava de mim. É claro que eu tinha inimigos, mas nenhum amigo.
Mas isso mudou quando Marina estava sendo atacada no corredor, os garotos a chamavam de nomes feios e até batiam nela. Quando eu a defendi, bati tanto nos garotos que passaram semanas na enfermaria. Eu ainda não sabia da força incrível que tinha, e me impressionei com a facilidade que acabei com aqueles idiotas.
E agora eu estava prestes a perder Marina para sempre. Ou pelo menos pensava que sim.
Me lembro de como encontrei Elena no banheiro feminino, e talvez, só talvez, se ela tivesse se desculpado, eu tivesse poupado sua vida, mas ela não fez. Foi a gota d'água para mim. Era um motivo tão bobo, mas uma coisa tão grande que eu criei.
Não conseguia e nem queria me lembrar dos detalhes de como a assassinei, mas lembrava das expressões de reprovação e medo quando chamaram a polícia, e pessoas choravam. Eu não sentia remorso algum. Fugi antes de a polícia chegar, e só fui me arrepender deste dia um longo tempo depois. Estava tão enterrado dentro de mim que foi extremamente doloroso relembrá-lo. Este nem fora meu pior ato, mas fora meu primeiro, e por isso era quase tão ruim quanto.
– Não! Chega! Eu não era eu mesma! - grito, e as lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto Marina me encara. - Eu fui tão idiota... - eu resmungo, batendo na minha testa com o punho.
Não me lembro da última vez que chorei daquela forma, parece que os soluços entalam na minha garganta, eu escorrego na parede e choro com a cabeça entre os joelhos. Marina senta-se ao meu lado e coloca uma mão nas minhas costas. Chega, recomponha-se, eu me repreendo, mas simplesmente não consigo.
– Onde está o Soldado, Marina? Eu tenho que sair daqui o mais rápido possível, e você não vai comigo. Não somos amigas, aquilo é passado. Eu não sou mais aquela pessoa.
– Está errada. Você não mudou nada, continua a mesma garota vazia, fria e sádica. - eu arregalo os olhos, abismada. Por que ela me dizia aquilo?
– Você não sabe nada sobre mim. Nenhum de vocês sabe. Mas você tem razão sobre uma coisa: eu sou fria, e não vou me importar de matar você se não me disser logo onde está o que estou procurando. - mentira. Jamais mataria Marina, mas preciso convencê-la do contrário. Não posso deixá-la se apegar novamente e machucá-la quando partir.
– Você sabe onde ele está, Natasha. - ela suspira, e se senta na cama tirando os olhos verdes intrigantes dos meus. - Sabe exatamente onde encontrá-lo.
Não entendo o enigma de primeira, mas logo se torna claro para mim o que ela quer dizer. Não consigo agradecê-la porque não sei como fazer isso, e disparo porta afora a procura de Steve, para pegarmos o cara e sairmos rápido desse lugar que me dá calafrios.
Os corredores estão relativamente vazios, mas os poucos que se encontram fora das camas me encaram enquanto corro em direção aos dormitórios masculinos. Nem bato na porta e já vou entrando, e Steve está de pé, fitando uma tela, os olhos vidrados.
– Steve? - chamo, enquanto entro e fecho a porta.
– Você matou uma criança. - ele dispara. Eu me assusto, e quando olho para a tela, há uma imagem minha de quando estudei aqui, com algumas letrinhas que formam um texto sobre mim. Quem será que enviou aquilo? Eu não sei como reagir. Esperava que ele nunca fosse descobrir.
– Eu posso explicar. Eu não era eu mesma, eu tinha acabado de ser pega pelo governo, e foram meses de tortura...
– Também fizeram experimentos comigo, Natasha, e eu nunca fiz nada disso. - a decepção em sua voz era tão eminente que eu queria chorar.
A imagem se apaga e só consigo ver alguns de seus traços, mas posso sentir que ele está bravo. Bravo não, desapontado. O que é ainda pior. A única pessoa que cuida e pode até gostar de mim, agora sabe quem sou de verdade e me odeia.
– Vamos pegar o Bucky e dar o fora daqui. - é a única coisa que ele diz, a voz fria e sem emoção, passando por mim e abrindo a porta.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Comentem o que acharam! ;)