O Herdeiro escrita por GabrielaGQ


Capítulo 15
Redbeard




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Molly, William e Sherlock. Todos eles estavam dormindo no mesmo quarto que tinha uma cama de casal e outra de solteiro. É claro que William dormiu com Molly na cama de casal enquanto Sherlock bufava na cama de solteiro. Molly apenas riu da pequena discussão dos dois para ver quem dividiria a cama com ela. Sherlock estava numa situação ridícula “discutindo” com uma criança de 5 anos. Ela devia ter filmado, tinha sido hilário.

Mas agora Molly apenas olhava para o teto branco com alguns detalhes de gesso. William estava dormindo bem aconchegado nos braços dela. Enfim ele tinha dormido depois de Molly ser obrigada a contar duas histórias. Molly não conseguia pegar no sono. Sua vida estava tão diferente e tão igual ao mesmo tempo. Ela tinha voltado para Londres e era como se todos os problemas e sentimentos tivessem voltado junto.

Não consegue dormir? – Molly ouviu a voz de Sherlock. Estava baixa mas ainda grossa e sexy, do jeito que ela amava.

Não. – Disse se virando o mais leve possível para não acordar William. Encontrou o olhar de Sherlock na outra cama, não muito distante da dela. Os olhos azuis dele estavam ainda mais bonitos. Molly olhou no relógio: 2 a.m. Voltou a encarar Sherlock. De repente teve uma súbita idéia. Se levantou devagar e com rápidos movimentos, estava debaixo da coberta junto com Sherlock. Ela podia sentir todo o calor do corpo dele e é claro que ele não reclamou dela ter feito isso. Sem dizer nenhuma palavra, Molly apenas se aninhou no peito de Sherlock e fechou os olhos, tentando esvaziar os pensamentos. Sentiu a mão de Sherlock pousar na cintura dela e puxar ela mais pra perto.

Eu te amo Molls. – Foi tudo o que ela ouviu antes de pegar no sono.

***

Quando Sherlock acordou, Molly já não estava mais em seus braços. Será que eu dormi mais que todo mundo? Sua mente questionava. Impossível. Olhou para a cama de casal procurando William e ele também não estava ali. Sherlock levantou de supetão e foi se ajeitar para descer e tomar café da manhã.

Assim que terminou e desceu, encontrou sua mãe e seu pai, rindo e conversando. A idéia de ter um neto estava fazendo bem a eles.

Bom dia Sherly. – A mãe dele se apressou em dizer assim que o viu. Sua mãe estava com as bochechas rosadas e os olhos brilhantes de felicidade. Sherlock deu um sorriso tímido, enquanto olhava em volta. – Molly e Will não estão aqui. Saíram para caminhar um pouco. Pelo visto, Will não é de dormir muito. – Margaret falou dando um sorrisinho. Era impressionante como William parecia com Sherlock.

***

Assim que terminou seu café, Sherlock saiu para procurar sua família. Não entendia porque Molly gostava tanto de caminhar quando ia na casa dos pais dele. Enquanto caminhava, Sherlock sentiu uma súbita vontade de fumar. Tinha parado. Fazia 4 anos. Nem os adesivos ele usava mais. Maldita ansiedade. Ou seria o tédio? Sherlock não tinha um caso acelerando seus pensamentos desde que Molly tinha voltado. Mas ele estava bem assim. Precisava estar bem. Tinha que estar 100% para reconquistar Molly e não pisar na bola de novo. Não podia voltar a ser o Sherlock que ele era ou então iria perdê-la. Novamente. Molly odiava que Sherlock fumasse. Ele precisaria mudar por ela. Sherlock não agüentaria viver sem Molly. Só de pensar nisso o coração dele apertava.

Sem perceber, Sherlock parou de frente aos fundos da casa. Sentiu seu coração acelerar. Redbeard. Sherlock nunca ia para os fundos da casa, era ali que estavam todas as lembranças. E seu corpo o havia levado ali. Ele nem se lembrava de ter caminhado. Definitivamente a ansiedade estava no controle. Os sentimentos de Sherlock estavam mais fortes do que nunca. Como um flash, se lembrou de todos os momentos com Redbeard. Felicidade, amor, tristeza, dor. Todos os sentimentos, um atrás do outro. Sherlock fechou os olhos. Amar era tão difícil, porque ele tinha caído nessa armadilha?

De repente, Sherlock sentiu algo encostar na sua mão. Se apercebeu de que tremia e que suas pernas estavam fracas para sustentar o peso dele. Quando olhou para baixo, viu William. Era ele que estava segurando a mão dele. Os dois estavam ali, parados, de frente para a casinha que fora de Redbeard. A mãe de Sherlock nunca se desfez da casinha. Sabia o quanto ela era importante para seu Sherly.

Mamãe me contou sobre seu cachorrinho. – Will disse com sua voz de criança preenchendo todos os buracos do coração de Sherlock. – Ele deve ter sido um bom amigo.

Enquanto olhava para Will, tão pequeno e cheio de personalidade, Sherlock não podia acreditar. Uma criança o estava consolando. Ajudando a organizar todos os seus sentimentos e pensamentos. Várias lágrimas escorriam pelo rosto de Sherlock, enquanto seu rosto continuava sério. Isso não foi um problema para Will parar de falar.

Eu sempre pedi um cachorrinho pra mamãe. Mas não tinha como termos um. – Will caminhou em direção a casinha um pouco triste. Soltou a mão de Sherlock, que nem tinha percebido que ele ainda a segurava. Passou a mão em cima da plaquinha com o nome de Redbeard:

Ele era um bom amigo? – William disse se virando para Sherlock. Os olhos azuis e o cabelo encaracolado lembravam tanto o pequeno Sherlock. Aquela visão fez Sherlock rir. Era possível amar tanto alguém assim? Sherlock sentia de novo o mesmo amor voltar. O amor por Redbeard. Agora ele podia amar com todo seu coração de novo. Amar o seu filho.

Sim. O melhor amigo de todos. – Sherlock por fim disse, se aproximando de Will e da casinha. – Quer ouvir algumas aventuras que tive com ele? – Sherlock sugeriu, vendo um sorriso iluminar o rosto de Will. “As crianças são a essência do amor”, Sherlock tinha ouvido essa frase em algum lugar. Sentiu Will pegar novamente a mão dele e se apercebeu de que não queria perder aquela pequena mãozinha por nada. Nada.

***

Molly observava com os olhos cheios de lágrimas. Sherlock nunca tinha contado muito sobre Redbeard para ela, ela sabia só o essencial. Esse era mais um assunto que Sherlock não compartilhava mas que era importante. E parecia que agora, Sherlock tinha escolhido alguém para conversar. William.

Enfim estavam se dando bem. A vida de Molly estava se acalmando.

Depois de 5 anos, Molly estava exatamente onde queria estar. Ela tinha uma família, estava quase que amando novamente e estava em Londres. Nada poderia estragar isso.


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Notas finais do capítulo

Família está unida! o/
O que acharam?