"Seja razoável, Swan. Está engordurando todo meu sofá!" Regina protestou para a mulher loira em sua frente, que engolia os restos mortais do quarto pedaço de pizza daquela noite.

"Quando vai finalmente me chamar pelo meu primeiro nome?" Emma ignorou a advertência da morena, lambendo os vestígios de queijo de seus dedos.

"Quando eu quiser. E no momento, eu não quero." A mulher disse firme, a voz carregada pela embriaguez evidente.

Elas haviam perdido a conta de quantas taças haviam tomado depois da quarta ou quinta. Haviam optado por um DVD de música ao invés de filme, onde poderiam conversar e deixar as luzes acesas, secretamente afim de manter o pouco de prudência que elas ainda mantinham quando estavam juntas e sozinhas. Emma descobriu um gosto musical requintado em Regina, como todos os outros aspectos nela. Depois de muita discussão sobre ouvir jazz ou blues, elas encontraram um gosto em comum, e optaram pelo DVD de uma das cantoras favoritas da loira: Shakira. Timidamente, Regina admitiu ser uma de suas cantoras favoritas também, e segundos depois as mulheres estavam cantando 'Whenever, Wherever' com suas taças nas mãos.

O álcool trabalhava em seus organismos como esperado. Ambas as mulheres já haviam aumentado o tom de voz e frequência de risadas, tornando o ambiente ainda mais agradável. Em meio á conversas, Emma acrescentava cada vez mais itens para sua lista mental de 'Coisas Incríveis as Quais Regina Mills é Capaz de Fazer Mesmo Quando Não é Possível Imagina-la Fazendo', como quando ela disse que gostava de cavalos e costumava colocar insetos mortos nas cadeiras de suas professoras.

"Você era do tipo que botava o terror no colégio?" Emma arqueou as sobrancelhas, mentalizando a cena de Regina escondendo mil travessuras em sua face angelical.

"Acho que sim." Regina deu de ombros. "Eu comecei fazendo brincadeiras de mau gosto para chamar a atenção de meus pais, mas quando vi que não obteria sucesso algum, optei seguir com meu sistema de maldades apenas por diversão." A morena riu, arrancando um sorriso quente dos lábios da loira em sua frente. "Era realmente divertido."

"Eu era uma boa garota... Muito ágil. Era capaz de encontrar uma falha no sistema de segurança dos lares adotivos em cinco minutos." Emma se gabou, exibindo o músculo bem definido de seu braço, arrancando um olhar intrigante de Regina. "Meus braços faziam o resto. Eu pulava muros e árvores, escalava paredes e barrancos. Sabe como é, eu era mais do tipo que fazia com as mãos." A garota piscou para a mulher em sua frente. "Ainda sou."

Regina engoliu em seco, as palavras de Emma fazendo efeito em sua corrente sanguínea juntamente com o álcool ingerido. Ela depositou o copo na mesa de centro com dificuldade, tentando se concentrar em algo que não fosse Emma Swan usando suas mãos para fins sexuais. O calor que percorreu seu corpo ao imaginar a cena não tinha relação alguma com as taças de sidra que havia tomado.

'Hips Don't Lie' começou a tocar e Emma mudou sua posição. Como se estivesse em uma boate lotada, a loira colocou o copo ao lado do de Regina e arregalou os olhos em meio ao maior sorriso da noite. "MEU DEUS, EU AMO ESSA MÚSICA!"

Regina riu involuntariamente, a risada se intensificando conforme Emma balançava os quadris completamente desajeitada sem se levantar do sofá.

'I never really knew that she could dance like this,
She makes a man wants to speak Spanish.
Como se llama, si, bonita, si, mi casa, su casa'

Emma tropeçava nas palavras, causando um arrepio violento em Regina quando pronunciou as palavras em espanhol de uma maneira completamente sexy e involuntária. Ela apontava para si e para a mulher em sua frente, gesticulando as palavras conforme as cantava.

A morena gargalhou naturalmente com a tentativa de dança de uma Emma alterada. Através da atração que o corpo da loira exercia nela conforme dançava, Regina sentia o coração se inchar ao se dar conta de que Emma estava ali por ela. Ela não podia se levantar e dançar a música que também lhe agradava, e a garota optou não o fazer também, simplesmente para continuar agindo de igual para igual.

'Oh baby when you talk like that
You make a woman go mad...
So be wise and keep on
Reading the signs of my body'

Emma passou a mexer apenas os ombros, rindo para a morena em sua frente, se inclinando lentamente em direção ao seu rosto. O nervosismo cruzou os pensamentos de Regina, que lambeu os lábios suavemente se preparando para o que evidentemente viria em seguida.

'And I'm on tonight,
You know my hips don't lie
And I'm starting to feel it's right...
All the attraction, the tension...

"Don't you see baby, this is perfection?" Emma sussurrou a ultima frase lentamente, sem perder o contato visual com as esferas castanhas um segundo sequer. O contato visual se perdeu apenas para apreciar a sensação de seus lábios se tocando pela primeira vez.

Como se aquilo fosse um teste, Emma se afastou e avaliou suas íris escuras mais uma vez. As mulheres se encaravam famintas, a morena desviando o olhar para admirar a boca da garota em sua frente, agora entreaberta e ofegante segundos antes de toca-la com a sua novamente. O beijo agora era menos cauteloso, todo o calor do universo subindo para o rosto das mulheres que passaram a tocar uma a outra conforme o beijo se intensificava. Emma chupou o lábio inferior da empresária, que puxou a ar entre os dentes numa maneira coerente de controlar o desejo que crescia dentro de si. Antes sequer de um suspiro sair de suas bocas, uma língua macia e quente testou os lábios cheios de Regina provocando um ponto sensível, separando-os e investigando, saboreando-a conforme uma de suas mãos se enroscava nos cabelos escuros da mulher.

Regina segurou o rosto da loira em sua frente afim de prende-la ao seu toque, sem necessidade alguma. Emma não desejava estar em nenhum lugar que não fosse aquele. Apesar da suavidade de seus dedos nas têmporas da garota, Regina puxou seu corpo quente para si, diminuindo a distância entre as duas. O beijo se intensificando conforme suas línguas testavam sensações e encaixes em suas bocas.

Suas mentes gritavam, como se houvesse enormes pontos de exclamação pairando sobre suas cabeças. O coração martelava de maneira tão audível que elas não mais notavam a colombiana que cantava na televisão. Melhor do que qualquer toque de luxúria, aqueles toques vinham com um sentimento que ambas as mulheres carregavam desde que se viram pela primeira vez, a vontade de memorizar cada pequeno milímetro de seus rostos vazava pela ponta dos dedos conforme eles traçavam linhas em seus corpos.

Emma foi a primeira a recuar, muito lentamente, encarando o rosto de Regina que ainda mantinha seus olhos fechados, memorizando a sensação afim de eterniza-la. Quando os olhos castanhos se abriram, a mulher estava irreconhecível, como se aquele beijo houvesse desencadeado uma série de sensações que Regina se permitiu transparecer. Emma sentiu necessidade de beija-la novamente, mas não o fez. A morena sorriu e pegou nas mãos de Emma, entrelaçando seus dedos, a sensação de estar conectando dois cabos de voltagem máxima. O efeito daquele toque era visível em ambas as mulheres.

A loira se aproximou novamente, deitando a cabeça nas costas do sofá e olhando pro rosto da mulher em sua frente com os olhos de uma criança que acabou de ganhar entradas para DisneyLand. Ela contornava os lábios cheios com a ponta dos dedos, arrancando um sorriso ainda maior de Regina. O sorriso de resposta veio em seguida.

Regina quis falar, mas Emma a silenciou com outro beijo, fazendo com que suas palavras morressem antes mesmo de chegarem aos seus lábios, chupando-os com força até que a morena estivesse implorando por mais. As mãos firmes puxaram o rosto da empresária para mais perto, apenas para que suas línguas se tocassem outra vez. As mãos de Emma escorregaram sorrateiramente até o cós da saia lápis de Regina, pousando-as ali conforme seus dedos seguravam firmes na cintura da mulher. Ela puxou o corpo moreno para seu colo com destreza, arrancando um silvo de dor de Regina.

"Eu te machuquei?" Emma perguntou assustada, lembrando-se de repente de que ela estava em processo de recuperação.

"Mmm..." Regina não parecia se importar conforme descia os beijos pelo pescoço da loira, arrancando um gemido fraco do fundo de sua garganta. "Tenho certeza que ficaríamos mais confortáveis em minha cama." A morena sugeriu, depositando beijos de boca aberta na pele branca dos ombros de Emma.

"Eu não sei se..." A loira lutou para manter o controle. "Eu não sei se estou em condições de subir essas escadas." Ela disse com esforço, soltando um gemido rouco logo em seguida, derrubando mais algumas das poucas barreiras que ainda lhes sobrava.

Regina se afastou por um segundo, apenas para mostrar sua expressão desapontada, aparentemente exagerada. Emma voltou a beija-la, as mãos na base das costas da mulher em seu colo acariciando-a com cuidado. Os lábios desceram por seu pescoço, deixando um caminho úmido onde tocava. A delicadeza aos poucos se tornava em firmeza, e os pensamentos de ambas se tornavam vapor a cada toque mais voraz. Ela olhou para as alças da regata de Regina, tocando-as de leve e abaixando uma delas para deixar um beijo onde o tecido tocava segundos atrás. O gemido que veio de Regina quebrou o último obstáculo. Todo o controle que haviam construído durante todo aquele tempo estava sendo deixado em segundo plano. Não havia nada além de desejo, sequer espaço para arrependimentos. O que quer que fosse importante, seria deixado para depois.

"Srta Mills?" Emma suspirou com esforço.

"Sim, Swan?" A voz rouca da resposta prendia a loira ainda mais em seu transe.

"Quão confortável é seu tapete?"