Flatmates (?) By A Time escrita por Raura


Capítulo 4
Crazy Little Thing


Notas iniciais do capítulo

Eis o quarto capítulo :3
A ideia pra esse veio da mistura de uma fanart e uma ideia que tive enquanto ouvia a música que aparece no meio, para ouvirem é só clicar na palavra 'thing' com o link, inclusive o título saiu dessa música x3

Boa leitura!



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Na manhã seguinte Molly seguiu com sua rotina, acordou, preparou seu café e foi para o hospital. Era sexta-feira, uma frente fria pairava sob Londres, sempre que voltava a pensar em ter acordado no meio da noite com Sherlock ao seu lado sentia-se inquieta, não estava mais tão irritada com ele depois do episódio da morfina. Até porque de nada adiantaria.

Agora que dividia o apartamento com ele por um tempo, era mais frequente volta e meia ele estar em seus pensamentos, e sonhos claro. Suas bochechas esquentaram ao se lembrar do ocorrido, daria tudo pra conseguir recordar o que sonhara para tê-lo chamado em sonho.

Precisava lidar melhor com seus sentimentos. Não que ter o perfume dele misturado ao seu em seu quarto fosse de grande ajuda. Tentaria tratá-lo de maneira diferente, talvez assim quem sabe fosse mais fácil para ela.

Distraiu-se o quanto pôde com seu trabalho, o dia estava calmo ali, no tempo livre que teve começou a pensar no que faria para jantarem, sem sucesso com a escolha da janta procurou a receita de algo que tinha vontade de fazer a um tempo, anotou tudo que precisaria, antes de ir pra casa passaria no supermercado.

Chegou em casa mais cedo que nos outros dias, do lado de fora estava uma ventania sem fim, uma rápida olhada em volta apenas para confirmar que na certa o detetive estava no telhado, ainda ia acabar gripado, sobraria pra ela cuidar dele, não que fosse achar ruim.

Depois de tomar banho e trocar de roupa foi direto para cozinha colocar a mão na massa, ainda não tinha visto Sherlock, mas também não foi atrás. Aproveitaria para fazer o que queria com calma, deixou o notebook em cima da bancada para poder seguir a receita, colocou algumas músicas na playlist do player de música e colocou para tocar.

Não se incomodou com o vento, gostava de ir ali para ficar em seu Palácio Mental, dali de cima podia ver grande parte de Londres, fazia quase uma semana que estava ‘morto’, só Molly e Mycroft sabiam que ele estava vivo, não teria aguentado ficar 72 horas com o irmão, pelo menos a companhia da legista era mais agradável, “ainda assim depois de tudo ela sempre é amável comigo” pensou, lembrou-se de ouvi-la o chamar a noite, ser um pouco simpático não faria mal. Sorriu. Ouviu o Big Ben anunciar as horas, ela provavelmente já devia estar em casa, deu uma última olhada na cidade antes de fechar a porta atrás de si e descer as escadas.

Uma de suas música favoritas começou a tocar, passou a acompanhar cantando e estalando os dedos os dedos no ritmo enquanto colocava a assadeira no forno, sem perceber se empolgou e começou a cantar mais alto, até arriscou alguns passos.

Ficou parado ouvindo e vendo Molly, o rabo de cavalo balançava conforme ela seguia o ritmo, tentou não fazer nenhum barulho que o denunciasse, ela agia tão naturalmente que teve de sorrir, observaria em silêncio até onde ela iria.

— This thing called love I just can't handle it, this thing called love I must get round to it, I ain't ready, crazy little thing called love – rodopiou e assustou-se, deu de cara com Sherlock lhe observando em silêncio, parecia um leão com os cachos da cabeça desalinhados por ter estado no vento, teve a impressão que ele se segurava para não rir.

— Olá Molly – a expressão era séria, mas podia jurar que havia humor no fundo dos seus olhos.

“Há quanto tempo ele estava me observando sem que eu percebesse? Tempo suficiente para ter visto seu show!” sua consciência lhe respondeu a pergunta que não verbalizaria.

— Pelo amor de Deus! Quase me mata de susto Sherlock!

— Você estava tão concentrada no que fazia que decidi não atrapalhar sua performance.

— Quer jantar? – ele fez que não com a cabeça, ela virou-se e começou a lavar as louças.

— O que estava fazendo? – perguntou olhando pelo vidro do forno.

— Você verá – ele foi para perto dela, pegou um guardanapo, foi secando e guardando as louças.

Terminaram com as louças e foram para sala, Sherlock se jogou na poltrona e Molly foi até a estante, ligou a tv no canal de vídeo, pegou um controle de videogame, sentou-se no sofá maior, esperou que o jogo carregasse e começou a partida.

No começo o detetive não deu importância, mas depois que passou a observá-la, notou que ás vezes ela soltava exclamações se irritando com algo que acontecia, mas é só um jogo de corrida pensou. Ela levantou-se repentinamente cerca de meia hora depois de estar jogando e correu para cozinha, demorou uns quinze minutos por lá e voltou com uma expressão de satisfação para sala, o cheiro que vinha de lá era delicioso, pegou o controle e voltou a jogar.

— Sherlock... – chamou enquanto virava o controle fazendo uma curva, pausou o jogo novamente — Quer jogar também? – perguntou.

— Não sei jogar – respondeu.

— Eu te ensino oras, vem – insistiu, ele não se moveu, ela pegou uma almofada e arremessou contra ele o surpreendendo.

— Mas o que... – não deixou que ele completasse a frase e arremessou outra almofada.

— Anda, deixa de ser chato, é divertido.

— Não sou chato.

— Então jogue comigo – ela sorriu e ameaçou jogar outra almofada.

Sherlock ponderava enquanto ela mantinha a almofada erguida, estava entediado tinha que admitir e mostrar-se mais agradável seria educado de sua parte, no fundo passava a apreciar a companhia dela, novamente ela lhe ameaçou e teve vontade de jogar nela todas que já tinham sido atiradas em sua direção.

— Está bem – expirou, levantou-se e sentou ao lado dela. Divertia-se com a indignação disfarçada de mau humor fingidos dele, depois de um bom tempo observando ele aos poucos aprendeu a lê-lo e sabia que ele realmente estava dissimulando.

Assim que ele sentou-se perto de onde ela estava, ela se levantou para pegar um controle para ele, na volta para sentar-se apanhou as almofadas e jogou-as novamente em cima dele.

— Porque continua fazendo isso? Já concordei em jogar.

— Me divirto com sua expressão – ele revirou os olhos.

— Vai me ensinar ou terei que deduzir sozinho? – “Ou jogo todas essas almofadas em cima de você para ver se para com isso” acrescentou mentalmente, ela entregou-lhe um controle e sentou-se perto dele.

— Esse botão serve para acelerar, esse solta o especial e esse outro freia – ela explicava apontando os botões — O controle é a direção então para fazer as curvas é só girar para o lado que for virar, alguma dúvida?

— Não.

Sherlock aprendeu rápido e logo os dois disputavam a pole position, Molly não o deixaria ganhar, jogou um casco de tartaruga o fazendo cair para sexta posição, pelo canto de olho viu o sorriso triunfal dela.

— Isso não vale! – exclamou fazendo uma curva e ganhando a quinta posição.

— Claro que vale – ela olhou no mapa, faltava uma curva para a partida terminar.

— Pois bem – uma vez que perderia, pelo menos não a deixaria chegar em primeiro, enquanto ela virava o controle fazendo outra curva começou a empurrá-la com o corpo para atrapalhar seu desempenho — Também não vai chegar em primeiro.

— Você não sabe perder – ela o empurrava com o corpo de volta, Sherlock era maior que ela e estava tendo mais sucesso em atrapalhá-la que ela a ele, ficaram tão concentrados em sua luta corporal que por um segundo se esqueceram do jogo, a partida terminou, no final Molly terminou em segundo e ele em quarto lugar.

— Quero uma revanche – o detetive anunciou — E sem trapaças Molly Hooper.

— Então você terá Sr. Holmes – a legista sentou-se um pouco afastada, assim evitaria a tentação de atrapalhá-lo.

Reiniciaram a partida, o circuito tinha cinco voltas, Sherlock franzia as sobrancelhas, Molly se divertia quando dava rápidas olhadas vendo ele jogar, conteve sua vontade de jogar algum especial nele para atrasá-lo, jogaria limpo, ela era realmente muito boa no jogo e ganhou o ouro, dessa vez ele ficou com a prata.

— Se não tivesse me jogado o casco de tartaruga aquela hora, eu teria ganho – resmungou.

— Mesmo podendo não joguei nenhum agora, então aceite a derrota – levantou-se do sofá — Vou fazer chá – disse indo para cozinha.

— Prefiro seu chocolate quente – disse alto o suficiente para que ela ouvisse da cozinha.

Permaneceu ali no sofá, sempre preferia ficar na poltrona, mas tinha gostado de estar ao lado dela, mais do que admitira em voz alta.

Molly voltou para sala carregando uma bandeja com canecas e bolinhos, colocou-a na mesinha e sentou-se novamente ao lado de Sherlock, ela lhe deu uma das canecas de bolinhas e dois bolinhos num pires, serviu-se também e começou a comer.

Sherlock mordeu o primeiro bolinho e se surpreendeu ao constatar que a massa era vermelha, o segundo tinham as sete cores do arco íris misturadas, adorava o chocolate quente da legista, nem doce demais nem de menos, dessa vez ela não jogou marshmallows, realmente ela fazia o melhor chocolate quente com os melhores bolinhos.

— Então era isso que fazia tão absorta na cozinha? – perguntou limpando o ‘bigode de chocolate’

— Sim, ficaram bons?

— Os melhores que já provei – verdadeiramente sincero respondeu. Ela abriu um sorriso enorme, os olhos brilhando, aquele olhar que estava acostumado novamente ali. — Eles tem nome?

— Sim, Velvet Red e Rainbow – levantou-se — Vou pegar mais.

— Vou com você, tem mais chocolate?

— Sim.

Foram até a cozinha pegar mais bolinhos e chocolate quente, podiam ouvir o vento soprar do lado de fora, sentaram-se na sala novamente, dessa vez um de frente para o outro com os pés em cima do sofá, conversaram sobre possíveis experiências químicas, Molly caiu na risada quando Sherlock sujou o nariz com a cobertura branca de um bolinho, sua risada era tão sincera e contagiante que ele também riu.

Notou que passava da uma da madrugada, sem perceber tinha cochilado no sofá e Molly dormido, a colocaria na cama, levantou-se e pegou-a no colo, a meio caminho do quarto sentiu ela se enroscar em si, uma de suas mãos segurava sua camisa, a expressão em seu rosto era tão serena que deduziu que ela devia estar tendo bons sonhos, estava abaixando-se para colocá-la na cama quando a ouviu suspirar e depois dizer seu nome. Seu coração foi mais veloz que sua mente, bateu mais rápido.

“Desde quando isso acontecia quando estava perto dela? Até hoje nunca!” uma voz na sua mente perguntou e sua consciência lhe respondeu.

Não tentou entender o que estava diferente, cobriu-a e foi para sala tocar seu violino. Comporia algo, assim sua mente se focava em alguma coisa. Na manhã seguinte, Molly não foi trabalhar.


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Notas finais do capítulo

Comentem anyway, preciso saber como estou me saindo °w°