I Miss You escrita por mandyoca


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Desculpa a demora, tive problemas (muitos e muitos problemas) aqui em casa, além de estar escrevendo um livro como se fosse o último dia da minha vida, papapa...
Antes preciso falar uma coisa. Esse seria o penúltimo capítulo, mas não vou postar o último porque tem muitas partes riscadas (opção que não é possível de se fazer no Nyah!), e que seria apenas a carta da Kristal (vocês entendem depois). Ou seja, esse é o capítulo final, já que a carta não tem grande importância.
Tenho que dizer também que ele está meio bobinho! ODISODSIO Mil e uma desculpas, eu tentei fazer o máximo que eu conseguia.
Feliz natal e feliz ano novo atrasado... Sinto muito.
Boa leitura!



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Kristal

 

  Eu estava chocada, afinal, Dave esperou muito por essa data. E ele não disse que seu aniversário era na última semana de fevereiro. Ele disse um mês, não três semanas. Eu estava tão fora de mim, que o local em que o tiro me atingiu começou a doer com muita intensidade como se a raiva que eu sentia afetasse ali também. Mas Augusto e Hayley estavam lá, então eu não tive que me preocupar muito com essas dores. Tudo bem, eu tinha, porque senão eles ficariam loucos perguntando o que poderiam fazer para ajudar sendo que eles nem podem fazer nada.

  Eles disseram o quanto Dave era bom, e queriam saber que história era aquela de que eu já o conhecia antes de me mudar. Ele falou para eles, isso não foi o melhor ato seu. Sobrou para mim, é claro, apesar de eu ter dito: “Ele que começou o assunto, então ele que acabe!” Só que não deu certo e eu tive que contas. As câmeras, o site, a obsessão, o amor que tínhamos um pelo outro...

  Hayley disse que essa história daria um lindo livro. A partir dessa data eu não me separei daquele meu caderno-diário que talvez você nem lembre. Alguns anos depois ele foi publicado e eu ganhei muitos fãs. Isso não era o que eu esperava, certa vez de que eu só queria tornar realidade o que a minha melhor amiga disse.

  Voltando ao presente – por favor, né? -, o Augusto disse que arranjou o amor da vida dele, e quando Hayley saiu do quarto para ir ao banheiro, ele disse que era ela. Tem coisa mais fofa?

  Enfermeira Lins entrou muito tempo depois, dizendo que estavam me esperando para eu finalmente ir para casa. Ela me deu uma lista de cuidados que eu deveria tomar com esse meu machucado, e me levou até lá fora numa cadeira de rodas. Eu impliquei que o ferimento era na barriga, e não nas pernas, mas ela continuou dizendo que eu deveria ir na cadeira. Tudo bem, isso estava doendo mesmo.

  Então, esperando encontrar o carro da minha avó, achei outro carro. Um Honda CRV prateado estava me aguardando. Ele tinha vidros escuros e eu não sabia o quem estava ali. Num impulso tive vontade de sair gritando. Marie não comprou um carro novo, né? E de repente congelei.

  Hayley e Augusto congelaram também.

  Dave saiu do carro, vindo até nós, agradecendo a enfermeira Lins e me colocando no banco traseiro. Hayley e Augusto vieram conosco.

  - Eu estou achando até que sou o motorista particular de vocês. – Dave fez piada. – Ninguém veio comigo aqui na frente para comemorar o dia em que tirei a minha carteira? E olha, eu até comprei um carro.

  - Eu não sabia que esses sites rendiam tanto. – Hayley franziu o cenho. – Eu acho que vou criar um.

  - Estou contigo. – Augusto apoiou. – Assim nós vamos ganhar bastante e eu vou poder ter um carro melhor do que o de Dave, haha. É brincadeira, irmão.

  - Eu sei que é. – Dave estava brincalhão. – Sabe, talvez você devesse ficar nesse hospital, Kris, eu me preocupo com você. Como você vai se virar sozinha fazendo tudo o que alguém machucado não pode fazer?

  - Qualquer coisa eu falo com Marie. – dei de ombros. – Ela estará disposta a me ajudar sempre que eu precisar.

  - Ate parece. E se ela estiver em consulta? – sua voz rouca ficou mais séria. – Isso você não vai saber responder. – E eu não soube mesmo, então ele prosseguiu. – Eu vou te ajudar, Kris. Você tem um quarto sobrando? Tá, eu estou me convidando, mas é para o seu bem, não para o meu. Certo, tecnicamente é meu também, porque ficar com você é tudo o que eu quero.

  - Ohhhh! – Hayley apreciou.

  - Não precisa fazer isso, Dave. – falei sem vontade. Seria ótimo tê-lo ao meu lado vinte e quatro horas por dia. – É sério, eu me viro.

  - Responda, tem um quarto sobrando? – ele exigia.

  - Tem. – Revirei os olhos. – Por quê? Você não iria se eu dissesse que não? Porque aí eu vou me arrepender de ter dito que tem.

  - De jeito nenhum. – riu. – Só que ao invés de ficar no quarto, eu levava o meu colchão e dormia ao seu lado. Isso seria suficiente.

  - Você é tão impossível. – Mordi o canto da boca.

  - Eu me sinto no cinema. – Hayley comentou. – Isso é tão fofo, típico de filme! Os dois tão apaixonados, e o cara querendo cuidar de você... Isso é realmente e totalmente lindo, estou até sem palavras!

  - Dá para ver que você está sem palavras. – sussurrou Augusto. – Você tagarela, Hayley. Mas sabe, você ficaria o máximo num filme.

  Era incrível como ela não se tocava.

  Mas eu preferi ficar quieta. Isso evitaria muitas discussões entre nós, então eu prefiro não ficar reclamando pelo quanto ela é desligada às vezes.

  Só que quando eu olhei para o lado, ela e Augusto estavam num clima cem por cento aprovável. Oh, ela se tocoooou! Eles estão tão bonitinhos, e eu quase estraguei isso lançando uns comentários bobos do quanto ela devia prestar mais atenção nas falas que ele dizia e blábláblá.

  Minha vida estava completa, apesar de que os meus melhores amigos terão de voltar para a minha antiga cidade e tudo mais. Só que nada rompe visitas e tudo mais. Eu os adoro, eu os quero aqui para sempre!

  - Ei, Kristal, a coordenadora Joenne foi despedida. Você soube? – Dave informou com uma voz maliciosa.

  - Você estava filmando a conversa? – falei, boquiaberta. – Você que mostrou um vídeo para o diretor e acabou ferrando a mulher?

  - Que esperta. – elogiou. – Ninguém mandou que ela fosse tão preconceituosa, protegendo pessoas selecionadas.

  - Você é tão impossível. – repeti. – Impossível ao dobro, eu nunca vou conseguir entender as suas trapaças.

  - Relaxa. – deu de ombros. – Não tem para que entender. Eu vou deixar o site, só quero parar de ter essas coisas que não são legais. Adivinha qual será o último vídeo que eu vou postar?

  - Eu que vou saber? Você posta uns bons milhões de vídeos nele. – arfei. – Eu não vou conseguir adivinhar quando é que você estava gravando.

  Então ele encostou o carro na frente da minha casa e olhou para trás. Inclinou-se para frente e de algum lugar do painel tirou uma caneta. Apontou para minha direção, sorrindo com orgulho.

  - Diga oi para os meus fãs. – ele sugeriu.

  - Você é tão impossível. – Cobri o rosto com as duas mãos. – Ao cubo. Ér, “olá-fãs-do-Joe”.

  - Kris, já era. – ele sorriu, virando a caneta para si. – Joe Carter não passa de Dave Marcel Loyer. Obrigado por apreciar tanto o que eu escrevi, eu gostei muito desse tipo de atenção, mas para mim tudo acabou. O site se chama whereismyhappyending.com, e eu encontrei o meu final feliz. Espero que vocês encontrem os seus, porque o meu custou a ser achado.

  Ele olhou para mim com um sorriso tão bonito que eu imaginei estar em outro planeta. Eu delirei absolutamente.

  Então saiu do carro, abriu a porta para mim e me pegou no colo. Meu machucado começou a doer levemente, mas então Dave me deitou na cama e apoiou devagar a mão. Seu toque acalmava aquilo como se ele fosse um curador. Era tão horrível quando ele me levava embora.

  - Kris, a gente volta amanhã. – prometeu Augusto. – Depois da escola, a Hayley virá comigo.

  - Sem falta. – Hayley jurou.

  - Eu vou contar com isso. – falei, os encarando de forma contente. Eu podia ter um final mais feliz do que esse?

  Eu estava delirando, olhando para cima tão alegre que eu acho que minha alma podia sair de mim a qualquer instante. Eu não ficaria surpresa.

  Hayley e Augusto saíram, dando uns tchauzinhos de longe. Eles iam voltar amanhã, poxa, eu estava a mil! Eu só queria poder levantar e dar uns bons abraços nesses dois bobos, os melhores amigos do mundo.

  - Ei, Kris. – Dave sentou-se ao meu lado. Eu me sentei na cama, ficar deitada irritava. – Eu estava me lembrando de uma coisa.

  - De uma coisa. – zombei. – Legal.

  - No primeiro dia de aula, você estava usando verde. E parecia uma árvore de natal. – ele brincou.

  - Eu parecia? – quase me desesperei. Eu sabia que aquele all star verde não era muito recomendável. Nem aquela blusa!

  - Sim. Uma árvore linda. – Pegou minha mão. – E eu sabia que aquela planta andante era na verdade aquela garotinha linda que eu sempre amei, e que eu acabava me perguntando todo dia se ela estava viva. Todo dia, naquele site, eu escrevia muitos textos sobre você porque eu não tinha vídeos. Então eu digitava poemas, poesias, textos, coisas que vinham do meu coração.

  - Eu acho isso o máximo. De verdade. – elogiei. – Muita gente não costuma ter esse tipo de hábito, mas eu adoro garotos que gostem de escrever. A maioria acha isso coisa de nerd, e eu acho isso um absurdo. Você utiliza sua criatividade. Escrever é como ter uma nova vida numa folha de papel, onde tudo o que você fez e queria ter feito pode mudar. Não na realidade, infelizmente, mas é bom descobrir o futuro através de palavras que você pode criar.

  - Você é uma das únicas que acha isso. – sussurrou. – Ei, isso aí ainda dói? – Apontou com a cabeça o meu enorme machucado. Eu estava com uma roupa diferente e tudo mais, já que minha avó levou para mim (obrigada, vovó!), e o machucado precisava ficar descoberto. Isso é ridículo, que diferença vai fazer? “Arejar o ferimento”, dissera Lins. Ah, tá! E essas gases cheias de fitas adesivas? Aham.

  - Dói um pouco. – murmurei. – Eu sei que devia ser o contrário, mas normalmente ele para de doer quando alguém fica pressionando. – Coincidentemente, recomeçou a doer e eu coloquei as minhas duas mãos ali, com uma careta no rosto.

  - Hum... – refletiu. Depois, ele rastejou na cama pelo meu lado esquerdo (já que à direita havia parede e eu estava praticamente encostada nela) e colocou uma mão em cima das minhas. A outra ele utilizou para segurar-se na parede. – Deveria mesmo ser ao contrário, agora que está cheio de curativos.

  - Eu sou mesmo anormal. – admiti, sentindo o aperto no local do ferimento. Isso parecia mais um carinho do que um aperto, já que eu pressionava forte e ele deixava aquela mão quente sob as minhas. – Você não concorda? Mas eu estou sobrevivendo com isso, então não me esculache.

  - Ser anormal é bom. – comentou. – Eu não sou a pessoa mais normal do mundo, falando nisso. Quem filma cada segundo da vida da pessoa amada? Só Dave Loyer mesmo, o criminoso.

  - Eu não vou falar nada, você me chamou de árvore. – reclamei, brincando. – Quem chama os outros de árvore? Só você. E quer mesmo saber? Isso faz de você uma pessoa única, e eu acho isso a melhor coisa do mundo.

  - E se eu fosse um popularzinho? – perguntou.

  - Eu provavelmente gostaria de você da mesma forma. Dave, vai dizer que você não era popular aos dez anos, nem que fosse só na nossa sala!? – disse. – Todas as garotas babavam por você, isso era tão óbvio.

  - Eu nunca reparei. – lembrou. – Eu estava ocupado demais olhando para você, a garota que não deixava esse sentimento tão óbvio assim.

  - Que pena, eu realmente me arrependo disso. – falei. – Eu era muito besta e continuarei sendo uma. Não tire isso de mim, Dave Loyer, isso é o que eu sou e eu não vou mudar.

  - Eu acho isso ótimo. – sussurrou. – Porque eu te amo do jeito que você é.

  Ele se aproximou um pouco.

  Se eu ainda estivesse com aqueles aparelhos idiotas, eu provavelmente coraria com o “pi, pi, pi” que aumentaria a velocidade. Aquilo me deixou envergonhada. Poxa, o meu coração está se acelerando milhões de vezes agora. E eu acho que ele está sentindo, ou ouvindo. Não sei.

  Tirei minha mão no ferimento assim que ele tirou a sua e a colocou no meu queixo. Quando eu percebi, ele caiu em cima do machucado e aquilo foi uma onda de alívio, por mais estranho que pareça. Eu me sinto bem melhor com pressões maiores. E Dave ainda tomava cuidado com o seu peso porque ele sabia que me machucaria se colocasse pressão demais.

  Mas ele sabia que era bom ele ficar assim, do jeito que está – apesar de que ele está bem em cima de mim e tal – e isso é ótimo. Quer dizer, ele só está assim porque sabe, e não porque esqueceu.

  Ele viu minha expressão relaxar quando ele subiu, e eu percebi então que não estava mais sentada, e sim absolutamente deitada. Mas eu não ligava, não dá para ele pressionar o meu machucado com seu corpo se eu estiver sentada.

  - Você é impressionantemente demais, sabia? – ele disse perto demais.

  O jeito com que ele falava era constitucionalmente necessário na minha vida e eu não queria que ele me deixasse de forma alguma. Era bom saber que ele ia passar os seus próximos dias comigo.

  - Ei, Dave. – eu disse baixinho, tímida, sem querer mudando de assunto. – Eu preciso saber o que você quer ganhar de aniversário. Juro que quando eu melhorar vou comprar para você. Será atrasado, claro, mas de qualquer jeito a intenção valerá. Então vai dizendo. Eu vou dar alguma coisa de presente, não adianta negar.

  - Eu quero um beijo, Kris. – falou entre um sorriso. – É simples, não se gasta nada, e não será atrasado.

  - Quem dá um beijo de presente de aniversário? – perguntei, chocada um bocado. – Isso não é muito normal.

  - Você é normal? – Ele piscou de um só olho.

  - Não. – Revirei os olhos. – Mas eu ainda acho esquisito. Você não acha, ok. Mas vai dizendo outro presente, e se for muito caro, eu vou até trabalhar para ganhar dinheiro. Aliás, o que eu vou te dar para ganhar de um carro? Ah, sim, isso me faz sentir uma perfeita inútil. Quer dizer logo?

  - Você não é inútil. – rebateu. – Mas eu tenho uma coisa que ganha de um carro. Um beijo. Vamos, qual é o perigo?

  - Nenhum perigo, eu só sou tímida demais para sair dando beijos de presente, desculpe. – Dose de sinceridade, passou um pouco do que eu queria.

  - Você me beijou ontem. – lembrou.

  - Ah, sim. – Obrigada, agora sim eu estou tímida! – Se você não quisesse era só se separar, não estou dizendo nada. Eu não obriguei você a ficar lá, você que quis, então não me culpe.

  - Eu não culpo ninguém, Kris. – Suas pernas entrelaçaram nas minhas. Eu fiquei presa, para variar. – A não ser a mim. Eu não consigo me controlar perto de você, e tudo o que eu quero é ficar cada segundo ao seu lado, porque se-eu-não-ficar-eu-vou-ficar-triste-demais-e-eu-não-quero-isso. Mas a sua felicidade é mais importante que a minha, então desculpe.

  - Que presente você quer? – perguntei.

  - Um avião. – sorriu.

  - Três aviões. – brinquei. – É sério.

  - Eu quero uma carta de uma folha inteira dizendo tudo o que você pensa sobre mim. – pediu. – Tudo mesmo.

  - Fechado. – Agarrei seus cabelos. – Mas eu não ligo de dar a segunda parte. – Ele entendeu, colocando seus lábios nos meus.

  O nosso beijo foi intenso, provavelmente porque eu não deixava que ele saísse de cima de mim já que o meu machucado doeria se ele o fizesse. Mas não era só por isso, eu também não queria que ele saísse porque eu o amava com uma paixão eterna da qual eu jamais perdoaria eu mesma. Além disso, foi essa paixão que provocou ilusões, pensamentos, sonhos, fantasias... E tudo desde os meus oito anos de idade.

  Dave era tudo para mim, eu nunca escolheria deixá-lo. Tudo o que eu tenho agora é ele, e eu vou passar a eternidade com uma escravidão interminável. Contudo, eu o amo. 


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Notas finais do capítulo

Prontinho Então, o que acharam da história? Lembrem-se que essa autora aqui adoooora reviews, -Q. Eu espero demais que vocês tenham gostado!
Atualmente estou escrevendo outra fic, que se chama "Paranóia - Inteligência Sobrenatural". Eu meio que estou no começo dela, mas já dá para ter uma noção da situação. Lá eu não recebi reviews como aqui, então não sei se está valendo a pena escrevê-la. Se vocês pudessem dar uma lida e comentar se está boa ou ruim vai ser um incentivo para eu excluir ou continuar.
Obrigada por ler! *-----* Beijinhos finais. -Q