Dylan.

Sei que eu tinha ficado muito tempo fora, mas eu merecia tanto desprezo assim? Pelo visto, sim.

Nenhum dos meus antigos amigos olhavam na minha cara, nem mesmo Todd, o que me deixou extremamente irritado, pois ele, mais do que ninguém deveria me entender, já que quando ele precisou, eu entendi.

Alem deles, ainda tinha outro problema... Lídia. Essa daí deve estar uma fera comigo, afinal que tipo de cara te leva para a cama, faz juras de amor e depois some do mapa? Não me orgulho nem um pouquinho disso, mas serviu de uma grande lição na minha vida todo esse tempo que estive morando com minha irmã. E é por causa dela que estou de volta.

Desde que cheguei a Amsterdã, Jessica vivia tentando me fazer voltar, não porque não me queria por perto, mas sim porque dizia que eu precisava voltar para a minha vida normal, resgatar tudo o que eu tinha perdido, inclusive a família. Esse ultimo item foi tema de grande discussão, afinal, quem era que tinha saído de casa aos dezessete anos? Eu também, mas Jess tinha ido primeiro. Então ela juntou o inútil ao desagradável, empacotou todas as coisas que ela tinha e resolveu se mudar com a cara e coragem para cá. Joshua, seu marido, que eu tinha achado muito legal – achado, não acho mais – tinha concordado de primeira em se mudar, alegando que precisava de um lugar mais quente para sobreviver, já que não tinha sido feito para morar no frio. Pô Joshua, confiei em você para tirar essa ideia maluca da cabecinha da minha irmã, mas você foi o primeiro a fazer as malas.

E então eu voltei, somente com a cara, porque coragem eu já tinha esquecido muito mesmo antes de ir. A única coisa boa que também iria, era Mia, minha sobrinha de quatro anos, a princesinha da casa. Jess alegava que ela precisava conhecer os avós, mas sei que ela está com saudade de casa, não posso negar que por mais que tudo de ruim tivesse acontecido, eu também estava.

**

Quando eu pisei em solo americano, não encontrei ninguém conhecido, a não por Sam, minha namorada. Pois é, namorada. Quando meus amigos souberem, vão ficar malucos, a Lídia então, nem se fala.

O fato era que, Samantha tinha ido fazer intercambio, e ficou instalada na casa de frente para a da minha irmã, acabou que aconteceu. Sam é uma pessoa maravilhosa, boa em todos os sentidos, a única coisa que a estraga é seu ciúme possessivo. Só de saber que eu tinha muitas ex namoradas, ela pirou, nada que eu já não tivesse concertado.

Sam tinha posto na minha cabeça – mulheres sempre influenciam os homens, elas são um perigo para a sociedade masculina – que eu precisava fazer uma chegada triunfal, para que todos se lembrassem quem era Dylan McCallen.

E foi o que eu fiz... Cheguei no meio da reunião do time, e abalei as estruturas. O técnico e boa parte do time ficou feliz em me ver, somente Brandon, Simon e Jared que não. O único que me chateou foi Jar, afinal éramos amigos, mas eu o entendia, ninguém gosta quando sacaneiam a sua irmã.

E por falar em Lídia... Eu a vi, logo cedo, junto com o Adams, não me pergunte o que ele está fazendo com ela, isso eu também quero saber.  Os cabelos ruivos soltos estavam mais compridos, e ela também estava mais alta. Suspirei triste ao vê-la. Lídia era a pessoa da qual eu mais sentia saudades, todos os dias, mas eu não era o tipo de pessoa que ela merece ter ao lado, ainda mais depois do que eu tinha feito. Primeiro eu escondo e minto sobre muitas coisas, depois tenho uma noite maravilhosa com ela,faço juras de amor e no dia seguinte eu sumo, e para piorar, descubro que deixo a menina em um estado de depressão, mando um áudio filho da puta para ela, e depois volto falando um monte de baboseiras. QUE OTIMO! Ela deve me odiar com todas as forças existentes e inexistentes.

Quando eu saí, procurei por Samantha, que tinha dito que iria me esperar do lado de fora, para irmos embora juntos, mas a primeira coisa que eu vi foi a ruiva... Junto com o Adams. Sério, o que eles tanto conversam? Desde quando são amiguinhos assim? E pelo visto, bem mais do que amiguinhos, já que estavam indo embora de mãos dadas. QUE MERDA ERA AQUELA? Adams já não bastava ser o ex da minha atual, queria ser também o atual da minha ex?

Que merda, mil vezes merda. Quem devia estar tocando nas mãos dela era eu! De repente não sei por que me sinto tão incomodado, já que eu tinha ficado com tantas garotas, e agora eu namorava, não era como se Lídia fosse ficar amargurada no celibato, ainda mais depois de eu dizer que estava a esquecendo.

— Oi amor! – nem notei quando Sam me agarra com força. Sorrio para ela, e noto que eu tenho sorte, uma garota linda, que me ama apesar de tudo. Lídia não poderia ser assim, ela jamais me entenderia.

**

Na volta para casa, Sam vai contando as novidades, diz que vai se mudar para o mesmo colégio que o meu, afinal não quer olhar mais para a carranca de Adams. Fico aliviado em saber disso, mas sinto que vou ter um GPS grudado em mim, me monitorando vinte e quatro horas por dia. Porem era melhor ter Sam por perto, não queria que ela caísse na tentação de ter algo com Scott de novo, ela era minha, e ele já tinha a dele. Como assim Dylan? Lidia não iria cair na do Adams, ele não é nenhum bom moço, deixa só ela descobrir quem ele é de verdade.

— Dy – chama Sam com a voz melosa – Vamos tomar sorvete?

Olho para seus olhinhos de cachorrinho pidão, e não tem como dizer não.

— Vamos – ela pula e me arrasta até a sorveteria. Mil vezes eu gostaria de não ter aceitado, assim que cheguei dei de cara com Adams e Lídia. Eles pareciam felizes, sorrindo enquanto se lambuzavam de sorvete. Subitamente me senti enjoado, não acreditava que Lídia tinha me superado tão rápido, ainda mais depois de ficar toda depressiva.

Mas porque raios eu estava sendo tão frio em relação à Lidia? Eu sabia que ela deveria me odiar, e com certeza era melhor assim. Lídia e eu nunca daríamos certo, Samantha conversou muito comigo a respeito, mas no fundo, eu ainda nutria sentimentos por ela, e vê-la ali junto com outro cara, feliz, me incomodou muito mesmo.

— Amor – chamou Sam, puxando meu braço de leve. Ela sorria gentilmente, quase como se pudesse ler meus pensamentos. – Eu sei que é difícil, vou entender se não quiser ficar.

Samantha era um anjo mesmo. Quando eu a conheci, ela foi a única que ficou do meu lado, me deu carinho e cuidou de mim, sem qualquer tipo de julgamentos. Me amando exatamente pelo o que eu sou, coisa que Lidia jamais seria capaz de fazer.

— Não, vamos ficar.