A festa estava cheia, com pessoas que transbordavam vitalidade. Luzes muito coloridas e que faziam meus olhos doer transformavam o lugar em algo psicodélico, gelo-seco fazia aquela fumaça que parecia coisa vinda de filme de terror. E as pessoas, ah, as pessoas... todos aqueles seres humanos no qual eu era obrigada a encarar todo o santo dia, pessoas que dançavam como se fosse a ultima noite de vida delas. Meninas que jogavam os cabelos de um lado para o outro como se fossem cortinas que balançavam ao vento, garotos que riam e enchiam a cara enquanto observavam as garotas.

Na verdade aquilo ali estava parecendo a selva, os felinos olhando para a caça, como se quisessem dar o bote a qualquer momento. Pessoas se roçavam umas nas outras todas com os corpos brilhantes de suor, e erguiam constantemente os copos como se fosse uma comemoração especial para elas. Na verdade não era. Era apenas para Taylor que estava proporcionando aquela festa para o irmão gêmeo que estava voltando para morar com ela novamente, e de graça ela resolveu fazer a felicidade dos pobres, lhes dando comida, bebida e lazer gratuitamente.

– Ava – chamei a garota cujo andava segurando no meu braço para não se perder no meio da multidão.

– Oi? – gritou ela por cima do som alto que ritmava por cima de todos.

– Vamos para um canto mais sossegado? – falei de volta.

– Você esta tentando me levar para a cama Evans? Geralmente garotos que falam isso quando querem levar as garotas bêbadas da festa para um canto mais sossegado – Pelo Anjo, onde está a minha melhor amiga e o que fizeram com ela? Esse é somente um robô que se parece, anda e fala exatamente como Avallanah Smith.

– Eu sei, mas você não está bêbada! – continuei andando por meio daquelas pessoas, quando percebi que Ava não estava mais em meu encalço. – Onde você se meteu? – sussurrei baixinho olhando em volta para tentar encontra - lá.

– Bu! – alguém disse atrás de mim.

– Onde você estava? Achei que tinha ido para o tal canto sossegado com alguém – Ava riu e dessa vez foi ela quem me puxou para longe da vitalidade daquelas pessoas suadas.

– Um garoto me puxou para dançar, mas eu consegui me soltar dele – paramos em frente a cozinha, onde pessoas iam e vinham com garrafas e mais garrafas de bebidas.

– Amanha todos estarão de ressaca – disse a Ava que riu concordando.

– Olha, acho que a Taylor vai se pronunciar – disse ela apontando para um canto da sala que na verdade tinha virado a pista de dança, e onde se encontrava uma multidão de pessoas.

– Boa noite galera! – disse ela com um microfone. Todos responderam com gritos - como vocês sabem meu querido irmãozinho vai voltar hoje, por isso eu fiz essa festa surpresa. E ele já está chegando, então, por favor, silencio. Quando ele entrar por aquela porta ai vocês poderão gritar e dançar novamente.

Taylor deve ter ficado orgulhosa de si própria, pois todos no recinto de calaram imediatamente, e o lugar ficou na maior penumbra. Taylor ficou perto da porta, onde eu e Ava estamos próximas também, e podíamos ver o sorriso de orelha a orelha que a garota tinha. E seu sorriso se alargou mais – sim, foi possível- quando ouvimos barulho de pneus parando em frente à mansão Lewis. Em seguida o barulho de trinco se movendo na porta foi mais audível quando alguém irrompeu porta adentro. Foi quando as luzes se acenderam e todos gritaram e pularam.

O garoto na porta se assustou com toda a algazarra, mas logo abriu um sorriso tão idêntico ao da irmã, que correu para seus braços. Três garotos vinham atrás dele, meu irmão, Brandon e o Babaca McCallen.

– Hey que gatas – disse Jared olhando para mim e para Ava, logo os outros dois também pararam para nos observar.

– Jared, não acredito que você não possa ser tão estúpido de não reconhecer alguém da sua própria família – disse a ele cruzando os braços no peito.

– Lidia? – perguntou ele embasbacado.

– Sim, eu mesma, seu estúpido acéfalo.

– E suponho então que essa seja a nossa inocente Avallanah? – disse Brandon se pronunciando já que meu irmão estava tentando raciocinar e McCallen nos observava descaradamente.

– Sim, eu – respondeu Ava animadamente.

– Faltam panos nas roupas de vocês, é melhor vocês irem para casa – disse Jared.

– Cala a boca Jared. Só porque você resolveu prestar a atenção agora que sua irmã é gostosa e que eu estou arrumada que nos levar embora. Nós iremos ficar. – disse Avallanah para meu pobre irmãozinho que parecia ter sido estapeado na cara.

– É lógico que as minhas melhores amigas e anfitriãs irão ficar – disse Taylor aparecendo de braços dados com o garoto que era seu irmão.

– Achei que sua melhor amiga era a Blythe – disse ele.

– Você está desinformado querido. – disse ela sorrindo – Bom quero que conheça Avallanah Smith – ela apontou para Ava que deu um oi tímido e que em troca recebeu um abraço caloroso do garoto. – E a nossa queridíssima Lidia Evans, que é irmão do Jared, seu amigo do peito.

O garoto olhou no fundo dos meus olhos e sorriu, continuei com a mesma expressão de bosta que eu tinha para ele, até ele me puxar para um abraço. Passando a mão por volta da minha cintura e me puxando para próxima dele. Não movi um músculo, não queria abraçar ele. Mas tinha que admitir, o cara era cheiroso.

– Ok, bem vindo. Agora já pode me soltar – me desvencilhei dele e olhei para todos ao meu redor que nos encaravam – Que foi? To suja?

– Como você é grossa. O Todd acabou de chegar e você já está maltratando o menino, por Deus Lidia! – me repreendeu Jared.

– Tudo bem, pelo visto ela é assim mesmo – ele sorriu de canto em minha direção porem não devolvi, apenas a minha expressão de bosta para ele.

– Ok, já chega. Garotas venham comigo, vocês precisam conhecer certas pessoas. – Taylor me puxou pela mão e com a outra puxou Ava.

– Taylor – chamou alguém atrás de nós.

– Sim? – ela se virou para Dylan que nos encarava com as mãos dentro dos bolsos.

– Tome conta delas.

*

– Cadê as pessoas que nós iríamos conhecer? – perguntou Ava quando viu que Taylor estava fechando a porta atrás de si.

– Vocês já conhecem todos aqui, pelo menos por nome, e essas pessoas não são interessantes de se conhecer. A não ser o time de futebol, mas isso não vem ao caso. – disse ela.

– O que a gente ta fazendo aqui sendo que a festa é lá embaixo? – perguntou ela novamente.

– Vim aqui combinar a nossa aposta – disse Taylor se jogando na cama.

– De novo essa historia? A Ava já disse que não quer beijar o Jared. – disse a ela.

– Ah qual é garotas! Vocês querem sim, principalmente você senhorita Avallanah – disse Taylor apontando o dedinho na direção da castanha.

– Mas eu tenho vergonha, e outra, ele só vai ficar comigo porque eu estou bonita hoje, nos outros dias ele nem vai olhar para mim. – murmurou ela.

– Ok, então você irá descer e mostrar o que ele está perdendo. Sei de alguém que sempre olhou para você, mesmo quando você não estava tão arrumada assim.

– Quem? – perguntou ela sorridente e iluminosa.

– É, quem? – perguntei curiosa também.

– Simon Rolland – disse ela.

– Simon Rolland? Um dos jogadores do time de futebol? – perguntei indignada.

– O próprio. Ele me contou isso um tempo atrás, depois que eu terminei com Brandon. Ah e por falar nisso, a nossa odiada vaca Blythe está ai, engolindo o meu ex na minha casa, com o namorado dela pelos cantos procurando por ela.

– Ok, mas eu tenho duas perguntas – ergui a mão como se fosse pedir permissão para falar.

– Diga pequeno gafanhoto.

– Primeira: Simon disse exatamente o que da Ava? Conte mais. E segundo: já que você é tipo a melhor amiga do McCallen, porque você não conta para ele sobre a Blythe?

– Respondendo a sua primeira pergunta minha cara: nosso pretendente para a Ava, disse que sempre a achou linda e inteligente, e sempre teve vontade de conhecer ela melhor, porem o garoto é tímido demais para chegar em qualquer garota. Agora respondendo à sua segunda pergunta: não, não irei contar, pois o babaca do Dylan acredita em tudo que Blythe fala, faz e mais um pouco.

– Simon está na festa? –perguntou Ava repentinamente.

– Está, por quê? – perguntou ela curiosa.

– Preciso falar com ele – e saiu porta a fora apressadamente. Nem esperei para ir atrás daquela doida de pedra, e Taylor vinha ao meu encalço.

Ela cortava as pessoas rapidamente por entre a multidão até chegar num grupo de garotos. Ao topo da escada onde eu e Taylor estávamos conseguíamos ver tudo lá embaixo. A pequena e delicada Avallanah parou a conversa do grupo de garotos e chamou a atenção de um dos garotos. Depois disso não consegui ver mais nada, os dois haviam desaparecido.

– Onde será que eles se meteram? – perguntou Taylor.

– Ela não vai deixar ele fazer nada com ela, Ava é bem esperta. –falei começando a descer as escadas.

– Aonde você vai? – perguntou ela.

– Circular por ai, se eu descobrir o paradeiro de Ava te mando uma mensagem, ou vice e versa – ela concordou com a cabeça e desapareceu rapidamente também.

Comecei a andar pela multidão atenta para ver se encontrava Ava, mas nada, apenas me deparava com gente suada e que queria se esfregar em mim ate alguém me abraçar por trás.

– Perdida? – sussurrou ao pé do meu ouvido. Olhei para o dono da voz e vi que era algum dos caras do time de futebol.

– Me solta – tentei me desvencilhar, mas ele não me soltava.

– Acho que ela pediu para você soltar ela – disse Dylan que apareceu bruscamente na nossa frente.

– Na boa McCallen você já tem a Blythe, agora quer a novata aqui? – disse ele

– Caso você não saiba, essa a quem você chama de novata irá agredi-lo se você não a soltar imediatamente. – falei entre dentes.

– Vem logo Evans – Dylan me puxou pelo braço e o garoto me soltou.

– Agora é você que vai me pegar e não soltar mais?

– Bem que eu gostaria. – respondeu ele sarcasticamente.

– Essa frase deu duplo sentido, mas não foi o que eu quis dizer e você sabe disso.

– Eu sei Evans, mas fica quietinha um minuto e vem comigo. – fiz o que ele pediu, e fui seguindo ele ate chegarmos ao que eu supus que fosse o jardim ou algo assim.

Era lindo, cheio de arbustos e arvores e flores. E tinha uma piscina com espreguiçadeiras e tudo mais, bem coisa de gente podre de rica.

– Bonito aqui não? – perguntou ele se sentando em umas das cadeiras.

– Sim, bem legal –me sentei ao lado dele e olhei ao meu redor.

– Você este diferente – continuei olhando o lugar e evitei olhar nos olhos de Dylan que me encaravam.

– Apenas maquiagem, mas enfim, como você e Todd se tornaram amigos? – mudei de assunto, pois não queria deixar Dylan chegar aonde ele gostaria de ir.

– Nossos pais são bem amigos, assim como são amigos dos pais da Blythe e dos seus pais também, hoje em dia ele quase não tem muito contato por causa da vida social deles, mas foi assim que nos conhecemos, desde pequenos, correndo por essa casa, e ele na minha. Ele é meu melhor amigo, como um irmão.

– Achei que Brandon fosse seu melhor amigo quase irmão, você vivem juntos.

– Basicamente somos apenas amigos, convivemos juntos. Brandon é muito canalha, e quando eu digo isso é em todos os sentidos.

– Entendo, é como a Blythe e a Taylor.

– Quase isso, porem ate hoje eu não entendi o motivo certo das duas não estarem se falando.

– É complicado, um dia talvez você entenda. – olhei para ele que sorriu, um sorriso sincero, daqueles que arrancam suspiros de qualquer garota.

– Me diz por que eu e você somos tão complicados? – perguntou ele baixinho.

– Não somos complicados, apenas não temos tanto em comum.

Ele riu e olhou para mim, e quase imperceptivelmente se aproximou de mim, muito próximo, extremamente próximo.

– Você que complica tudo entre nós. – falou ele se aproximando mais.

– Não existe nós na mesma frase Dylan – falei baixinho.

– Nem isso existe então? – ele se aproximou rápido demais da minha boca e parou quando alguém pigarreou atrás de nós.

– Atrapalho? – perguntou uma Blythe totalmente emburrada.

– Sim – respondeu Dylan baixinho.

– Como? – perguntou ela novamente. Todd estava ao seu lado segurando o riso.

– Nada amor, vem, vamos entrar – e sem mais delongas entrou com ela sem olhar nenhuma vez para mim.

– Relaxa, ele é assim mesmo, só não vai cair na dele – disse Todd.

– Não caio em papo de malandro – disse a ele totalmente emburrada. Ótimo, meu humor estava mudando e eu estava descontando em quem menos merecia.

– Tudo bem, mas se lembra que quem avisa amigo é, e quem brinca com fogo, uma hora se queima.