Broken Crown. escrita por Paula Greene


Capítulo 18
Capitulo 18 - A Monster.


Notas iniciais do capítulo

Mais uma vez perdão pela demora.

— Emma, Regina, Henry, Ruby, Belle e Rumple estão em Neverland.
— Emma vai atras do lobo.
— Killian recebe uma mensagem.
— Regina se vê encurralada pelo menino perdido.



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Emma acordou com pingos finos de chuva caindo em sua face, ela a secou sentindo que algo não estava certo, lentamente abriu os olhos e ao mesmo tempo o desespero se expandiu dentro dela. Conforme se lembrava de onde estava e quem havia ido com ela seu peito bombeava com mais velocidade. Procurou a espada e não encontrou, procurou Regina, Henry, Peter Pan. A sua volta só uma densa mata fechada, sem sinais de vida, sem passos ou rastros lhe indicando a direção.

Começou a andar esquecendo-se dos instintos de direção que tinha, esquecendo os anos de treinamento, esquecendo de suas habilidades, só o que ainda se lembrava era que precisava encontrar sua rainha.

***

Belle sentia falta dos livros da biblioteca do castelo, também sentia falta da comida, dos lençóis limpos e do banho quente. Sentia falta das coisas mais fúteis como o cheiro do café pela manha. De se espreguiçar na cama depois de um dia corrido. De olhar pela janela da torre mais alta do castelo. Sentia falta até de quando o tempo fechava e era preciso se esconder de baixo das cobertas. Uma garota como ela que sempre sonhou tanto em sair das paginas dos livros e conhecer o mundo, que sempre sonhou em ser o personagem principal de uma história de aventura, que sempre quis se por a prova porque sentia tanta falta de casa?

Perguntava-se isso todos os dias.

Rumpelstiltskin insistia que mudassem de local diariamente, então todos os dias precisavam se locomover. Ela encontrava todos os tipos de coisas pelo caminho. Animais de espécies que ela nunca havia visto nos livros. Plantas com os mais variados tipos de utilidades, Rumple a ensinava todos, ele agora a pedia para que o chamasse assim. Ele tentava ser gentil sempre que podia, mas às vezes era difícil. Se escutasse alguma coisa suspeita exigia que saíssem imediatamente. Durante o dia sumia e só voltava depois de varias horas, durante a noite nunca dormia e às vezes também saia. No começo Belle se irritava quando ele a deixava sozinha, porém com o tempo passou a não se importar.

O tempo em Neverland era diferente, por isso era normal vez ou outra uma lua cheia enorme aparecer no céu e Belle adorava sentar em algum lugar e ficar olhando para ela. Era quando sentia menos falta de casa.

Rumple lhe explicou que era Peter Pan quem controlava o tempo na ilha, que ele tinha o controle de tudo o que acontecia. Não como um rei, mas como o dono de tudo. Dizia-lhe também que ele era um homem terrível e muito poderoso.

Belle se perguntava como alguém terrível podia desenhar uma lua tão bonita como aquela.

Quando viu o lobo pela primeira vez ele a encarava com enormes olhos amarelos selvagens. Belle ficou em pé e tentou controlar o nervosismo. A fera era assustadoramente imensa, mas era uma criatura tão bonita que chamá-la de fera seria incoerência. O coração da princesa acelerou descontrolado quando o lobo deu um passo em sua direção e seus olhos se fixaram nos dela, saindo das sombras era ainda mais bonita e ameaçadora, seus olhos mudaram de cor e Belle a reconheceu.

Algo fez barulho entre as árvores chamando a atenção de Belle, rápido como um sonho Ruby tinha ido embora.

***

Emma já havia andado mais de duas horas, a noite havia se estendido mais do que o normal e ela não chegava a lugar algum. Precisava parar para pensar, não podia continuar andando sem direção, mas não conseguia pensar em Regina nas mãos de Peter Pan.

Escutou o uivo de um lobo a quilômetros de distancia, uivo esse que uma pessoa normal não teria escutado, mas felizmente as habilidades da salvadora estavam voltando a funcionar.

– Talvez só precisasse esquentar um pouco o sangue. – Pensou sorrindo de lado.

O uivo soou novamente, Emma olhou para a lua cheia sabendo que ela a indicaria o caminho. Depois de passar um período tão importante de sua vida estudando sobre lobos ela soube como identificar aquele em particular. Não só por saber a diferença entre um uivo de um lobo e um lobisomem, mas por reconhecer aquele uivo, por nunca ter sido capaz de esquecer aquela briga. Ruby estava na ilha assim como a princesa e o mago com quem ela havia feito negócio. Não se importava com os outros dois, Ruby era quem lhe devia um grande favor e era quem iria ajudá-la.

***

Os primeiros raios de luz apareciam no céu ainda escuro. Ventos fortes sopravam as velas do Jolly Rogers lhe levando em direção ao norte rumo as terras do rei Midas. O capitão bocejava em sua cabine, já estava cansado de roubar reis e assaltar navios comerciantes. Resistiu aos convites insistentes da fada de ir dormir, queria se manter em alerta agora que não tinha mais seu braço direito.

Uma ave pousou sobre o mastro e começou a piar irritando o capitão, o sol já apontava lá longe e a ave insistia em piar. Era uma coruja de penas brancas e olhos ameaçadores, Killian se levantou irritado, pegou uma garrafa vazia de rum em cima de uma das mesas e atirou na ave. Quando voltou a se sentar a ave estava novamente em cima do mastro piando. Ele se levantou realmente estressado, pegou a espada e a teria acertado se não tivesse na hora notado o bilhete amarrado a sua pata. Ele abaixou a espada esfregou os olhos e com cuidado retirou o pedaço de papel da pata do animal. No mesmo instante ela levantou voou e desapareceu.

Killian leu e releu o bilhete varias vezes. Abriu outra garrafa de rum e deu uma grande golada. Desceu as escadas batendo com a garrafa em todas as portas das cabines. Gritou com alguns homens e subiu novamente. Alguns até acharam que estavam sendo atacados e saíram com seus pijamas mesmo.

– Atenção senhores. – Ele gritou entusiasmado. Belle o encarou quase sorrindo, a alegrava vê-lo animado. – E senhorita. – Continuou ele. – Acabo de receber uma mensagem, ou melhor, uma missão, Emma Swan esta em perigo.

Os marujos ficaram inquietos.

– O que aconteceu? – Tinker Bell perguntou.

– Eu não sei. – Killian respondeu. – Elas entraram em algum tipo de portal.

– Que tipo de portal? – Um dos marujos, o que tinha a cabeça torta perguntou.

– Um portal que leva a outro mundo, é óbvio. – Killian respondeu e deu outra boa golada na garrafa de rum.

– E pra onde esse portal foi? – O recém encontrado senhor Smee perguntou.

O capitão o ignorou.

– Porque ela esta correndo perigo? – Tinker perguntou desconfiada.

Killian fez uma careta. Tomou outro gole. Balançou a cabeça.

– Não sei.

– Killian... – Tinker começou, mas o capitão a interrompeu.

– Olhe, eu recebi esse bilhete em uma coruja. – Ele estendeu o pedaço de papel a ela. – Emma tinha um escudeiro, um rapaz chamado Quartz é ele quem temos que procurar, ele vai ter as respostas.

– Capitão, não podemos voltar a floresta encantada. – Disse um dos marujos, os outros concordaram. – Nos prenderão e depois nos enforcarão. Nossas cabeças serão exibidas na entrada do castelo. Somos cúmplices da assassina do rei.

Vários murmúrios mostravam que os outros concordavam com o protesto.

– Então você esta sendo convidado a se retirar do meu navio, marujo. – Killian cuspiu as palavras deixando os outros em silencio. – Todos vocês grandes covardes querem assaltar barquinhos de pescadores, querem roubar moças na calada da noite. Todos podem ir embora se quiserem.

Tinker ficou em silencio observando as várias expressões de cada pirata, alguns revoltados, outros confiantes. No final, nenhum decidiu sair.

– O Jolly Rogers esta voltando para floresta encantada. Agora. – Ele disse furioso e então todos começaram a trabalhar.

***

Regina estava na parte mais distante de toda a Neverland. Ela podia ver toda a ilha ali de cima e mesmo assim não sabia onde deveria ir. Assim que o primeiro raio de sol tocou seus olhos ela se levantou e começou a caminhar se preparando para o pior. Fizera o feitiço acontecer, tinha certeza disso. Lembrava-se de Emma e Henry ao lado dela antes de desmaiar, mas agora não sabia mais o que tinha acontecido. Perguntava-se o porque de nunca poder estar ao lado das pessoas que amava, se estava destinada a ser infeliz. Ainda podia sentir os braços de Emma a envolvendo e era isso o que mais doía.

Um dia inteiro já havia se passado, mas passara tão rápido que Regina nem se quer tinha consciência de o tanto que já havia andado. Precisava parar, precisava se alimentar. Assim que se sentou o frio a atingiu, não o havia percebido ainda e ele não conseguia ser mais forte que o frio dentro dela.

Olhou para os gravetos no chão, juntou alguns deles em um monte e se concentrou. Primeiro não sentiu nada, mas na segunda vez podia jurar ter visto um brilho dourado. Fechou os olhos lembrando-se das sensações que sentiu quando abriu o portal. Tinha feito aquilo por Henry e por Emma, tinha feito por amor. Abriu os olhos e uma chama se espalhava pelos gravetos.

Não pode evitar sorrir.

Mas o sorriso que ouvia não era o seu.

Virou-se rapidamente, não havia ninguém.

Olhou para frente e lá estava ele. Peter Pan. O rosto do menino perdido veio como um flash na cabeça de Regina, antes de desmaiar ela o havia visto.

– Você. – Disse ela pondo-se de pé.

O garoto sorriu de satisfação por ser reconhecido.

– Onde esta Emma e o meu filho? – Perguntou com autoridade.

– Seu filho esta comigo, majestade, saiba que ele esta sendo muito bem tratado.

– Eu quero vê-lo imediatamente. – Os olhos de Regina brilhavam ferozmente.

– Lamento, mas isso não será possível. – Peter caminhava de um lado para o outro irritantemente.

Regina saiu de onde estava, furiosa avançou contra o garoto. Com as mãos em seu pescoço o imprensou contra uma arvore. Ele riu sarcasticamente a irritando ainda mais.

– Onde esta o meu filho? – Ela gritou.

– Seu filho esta comigo e vai morrer ainda esta noite. – Ele disse excitado. – Sua amante esta correndo neste mesmo momento para uma morte certa. As coisas em Neverland acontecem da maneira como eu ordenar Regina.

As mãos dela começaram a pegar fogo, mataria aquele desgraçado ali mesmo. Mas no instante seguinte ele não estava mais lá.

– Você não é a única que conhece alguns truques.

Ele reapareceu próximo a ela estendendo-lhe um pedaço de pergaminho.

– Este mapa vai levá-la aonde deve ir. Se desviar seu caminho eu saberei e então a morte do garoto será sua culpa.

Ela encarou o papel e não havia nada escrito nele.

– Isso é algum tipo de jogo? Não tem nada aqui.

Peter bateu palmas animado.

– Sim, esse é um jogo do qual eu gosto eu gosto muito. Chama-se ‘encontre a si mesmo’.

– Eu não quero jogar esse seu jogo idiota. – Regina gritou, seu olhos eram de pura fúria e isso divertia o garoto.

– Mas você nem ao menos sabe qual é o premio ainda.

Ele enfiou a mão em um dos bolsos sujos e de lá tirou uma adaga. O objeto reluziu, os olhos verdes do menino brilharam, mas Regina não reconheceu. Ele a girou pelos dedos e enfim mostrou a ela a lâmina. Era ondulada, muito afiada e em um dos lados escrito com letras negras como o dono estava o nome do homem a quem ela um dia achou conhecer. Rumpelstiltskin.

– Com isso você poderá salvar a vida de alguém que ama muito.

– É uma faca. Posso conjurar uma faca agora mesmo se quiser. – Regina disse para provocá-lo, pois já imaginava que aquele objeto não era só uma faca qualquer.

Peter, ao contrario do que Regina pensava, não ficou aborrecido com o comentário. Ele ficou ainda mais entusiasmado, talvez por poder mostrar o quanto sabia ou o poder que aquilo lhe dava.

– Não, majestade. Não é uma faca, é uma adaga. A adaga do senhor das trevas.

Ele a olhou arregalando os olhos com extrema infantilidade.

– Com isso, você pode controlar o senhor das trevas. Sua mãe sabia muito bem disso.

Regina congelou.

Ele não precisou desviar os olhos da adaga para saber que tinha conseguido a atenção que precisava.

– Ela teria dado qualquer coisa para conseguir isso. Se naquela época eu soubesse sobre você teria mesmo feito um acordo. Cora não hesitaria em dar a própria filha em troca de poder, não foi a toa que ela se explodiu em mil pedaços pouco depois de você nascer.

– Você esta mentindo. – Disse ela sem conseguir acreditar nas próprias palavras.

– Ah qual é, Regina. Vai bancar a inocente agora? Comigo ainda por cima? Você sabe que é verdade.

Ela sabia, sabia que era verdade. Cora nunca hesitaria em abrir mão dela. Por um momento deixou sua decepção transparecer, mas então no outro segundo recuperou a postura.

– Isso não importa, foi há muito tempo atrás.

– É verdade. – Peter falou realmente perdendo o interesse no assunto. – Você sabe que estamos melhores sem nossas mães, mas agora preciso ir.

Ele voltou a enfiar a adaga no bolso.

– O mapa vai mostrar o caminho somente se você for verdadeira com ele. Se estiver fingindo ser alguém que você não é ele não te ajudará. Se fizer tudo certo quando a lua cheia voltar a aparecer já terá encontrado o seu filho. Caso contrario ele morrerá sabendo que você não conseguiu salvá-lo.

Regina olhou o papel em branco, seus dedos estavam vermelhos pela força que ela fazia.

A lua que acabara de aparecer no céu já desaparecia no horizonte dando lugar a um céu azul limpo e calmo. Regina sabia que aquilo não podia ser normal, o garoto estava brincando com o tempo, brincando com ela e ele era só uma criança. Uma criança que havia decidido ser rei, mas que no fundo não passava de um garoto perdido, sem amigos, sem família, sem amor. Dono de um império, mas sozinho. Peter e Regina não eram muito diferentes um do outro.

O pergaminho em sua mãe brilhou e levantou voou. Ela havia descoberto o que realmente era: Uma garota perdida, sozinha.


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