Broken Crown. escrita por Paula Greene


Capítulo 10
Capitulo 10 - Ghost.


Notas iniciais do capítulo

- A tão esperada cena do jardim.
— Regina e Emma discutem depois de tantos anos sem se verem.
— Emma se vê encurralada.
— Emma e Killian conversam sobre os reais motivos de estarem de volta....


Quanto tempo amores, espero que continuem ai ;)



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– Oi. – Emma disse ainda com aquele sorriso pretensioso no rosto.

– Olá. – Regina fechou a cara, como odiava aquele sorriso. Com o tempo aprendera a odiar tudo naquela mulher e todas as lembranças dela. Era a única forma de se manter forte. O amor era uma fraqueza dizia a si mesma.

– Nossa você esta... Diferente.

– E você continua exatamente igual. O que esta fazendo aqui?

O sorriso de Emma se desfez. Ela não tinha intenção de ir parar naquele lugar. Tudo o que ela estava procurando quando foi parar ali era um lugar calmo para pensar, um lugar que lhe soasse familiar para que ela não se sentisse tão sozinha. Era estranho, pois no momento em que chegou ali e viu as mudanças que Regina havia feito no lugar se sentiu mais sozinha do que jamais havia se sentido na vida e mesmo assim ali ainda estava ela.

– Eu só... Faz tanto tempo que não venho aqui, não imaginei que não seria bem vinda. – Respondeu com certa amargura na voz.

Regina não podia suportar tê-la tão perto. Ela podia dizer a ela ali mesmo o quanto a amava. Podia dizer a ela que durante todos esses anos esteve esperando que ela voltasse e que se arrependeu das coisas que disse há ela segundos após ter dito, mas então tudo mudaria. Se dissesse a ela, se falasse em voz alta ‘eu te amo’ todo o seu mundo mudaria e isso incluía Henry. Não poderia arriscar, mesmo que seu coração gritasse por ela não podia dizer, tinha de afastá-la.

– É proibida a entrada de pessoas estranhas aqui. – Regina falou secamente.

Emma sentiu um nó em sua garganta. Não sabia o que falar e provavelmente qualquer coisa que falasse naquele momento sairia estúpido.

– Me desculpe eu não... Não queria perturbá-la majestade. – Disse desviando os olhos, pois não conseguia mais encará-la.

Regina ficou aliviada quando aquele contato visual foi quebrado, mas quando Emma deu sinais de que estava indo embora todo seu corpo reagiu ela simplesmente não conseguia deixá-la ir embora mais uma vez.

– Swan, fique. Você pode ficar eu...

– Obrigada, mas vou voltar pro meu navio.

– Ah sim... – Regina disse caminhando por entre as plantas, quanto menos olhasse aqueles olhos melhor. – Jolly Rogers, não é? Henry sabe tudo sobre aquele navio. – Um breve sorriso ameaçou se formar em seus lábios.

– Henry? Seu filho? Eu o conheci essa tarde.

– Eu sei.

– Eu realmente preciso ir. – Emma disse já se distanciando, pensou em lhe apertar a mão ou em fazer uma reverencia, mas Regina provavelmente não pegaria na sua mãe e ela se lembrou de que não fazia reverencias.

Regina não disse nada dessa vez somente deixou que ela fosse, mas quando os cachos dourados de Emma saíram de seu campo de visão seu corpo inteiro começou a doer e ela achou que não seria mais capaz de respirar. Sentou-se embaixo da árvore e deixou que todas as lembranças invadissem sua alma.

***

Emma dizia palavrões em sua cabeça durante todo o caminho, o que estava pensando quando foi naquele lugar? Não imaginou que encontraria Regina ali uma hora daquelas, mas sabia que quanto mais ficava naquela cidade mais as chances de esbarrar com ela aumentavam, ela só teve azar de vê-la logo no dia em que chegou.

Regina visivelmente a odiava e Emma não a culpava por isso, havia fingido querer só a amizade dela quando secretamente a desejava, mas Emma não esperava por tanto desprezo.

Não houve um dia naqueles onze anos em que Emma não pensou nela e revê-la foi a coisa mais difícil que já teve de enfrentar. Tentou não demonstrar, mas sabia que Regina era esperta e provavelmente tinha visto o quanto às pernas de Emma tremiam. Ela caminhou o mais longe possível que fosse daquele jardim antes de deixar que as lágrimas chegassem a ela. O choro já era um velho amigo da senhorita Swan ele a visitava quase todas as noites quando acordava assustada depois de sonhar com aquela maldita árvore. Quase nunca via Regina em seus sonhos, mas sempre podia ver a árvore.

Quando chegou lá todo o jardim tinha sido modificado. Vai ver ela queria apagar todos os vestígios de que um dia eu estive aqui, pensou tristemente. Escutou o barulho de uma porta se abrindo e quase correu para se esconder, depois de todos aqueles anos enganando pessoas tinha ficado muito boa em se esconder, mas algo dentro de si a impediu e então ela apareceu. Regina ainda era a mulher mais bela em todo o mundo, mesmo depois de conhecer todos os cantos da terra e dos mares Emma nunca tinha visto uma mulher tão bonita. Naquele instante Emma pensou que talvez Regina tivesse se esquecido de tudo, que talvez pudessem ao menos ser amigas novamente. Emma daria tudo por isso, daria tudo o que tinha para fazer parte da vida daquela mulher mesmo que lhe fosse dado um papel insignificante ela o aceitaria, mas Regina não queria nada dela e o jeito como ela a olhou mostrava isso, Regina a odiava e não havia nada que pudesse fazer a não ser não ficar em seu caminho.

***

Emma não olhava o caminho por onde andava não se importava. Quando se deu por si já havia chegado ao navio, mas algo não estava certo. A maioria dos marujos estava lá caída na proa do navio, todos bêbados ela imaginou. Ela estava para entrar na cabine quando bateu violentamente contra alguém, a pessoa tinha um reflexo muito rápido e segurou Emma pelo braço antes que ela pudesse cair. A garota tirou o capuz vermelho que cobria o seu rosto e Emma se assustou, não pensou que fosse ver aquela mulher mais uma vez na sua vida, instintivamente retirou a espada a colocou contra o pescoço de Ruby.

– O que você esta fazendo aqui? Veio me matar? – Perguntou empurrando a garota contra a parede.

– Não, eu não... É claro que não. – Ruby falou, mas não convenceu a loira.

– Eu destruí o lobo e agora você veio se vingar achou que seria fácil assim, querida? Entraria aqui no meio da noite e me mataria? Acho que não. – Emma pressionou a espada contra o pescoço da morena, seus corpos estavam perigosamente próximos.

– Eu vim agradecer por isso. – Ruby disse ofegante. Seus olhos brilhantes tinham uma coloração diferente, não eram olhos totalmente humanos. Emma podia ver os riscos que viu na noite em que a derrotou, os olhos do lobo. Ruby estava tão perto que seus narizes quase se tocaram fazendo com que Emma sentisse uma agitação dentro de si. – Eu não faria mal a minha salvadora. – Concluiu num sussurro.

Emma a soltou, mas manteve seus olhos nela.

– Achei que você tivesse partido.

– E eu achei que você tivesse partido. – Ruby tinha um sorriso divertido.

Emma hesitou em guardar a espada, mas algo lhe dizia para confiar na garota. Estava começando a entendê-la, pois já havia recebido aquele tipo de ‘agradecimento’ antes e Ruby era uma mulher realmente bonita. Talvez fosse só isso que precisava para não sonhar com árvores quando fosse dormir.

– O que você esta fazendo aqui de verdade garota?

– Meu nome é Ruby.

– Ruby. – Emma repetiu. – É um nome bonito.

Ela sorriu.

– As pessoas no castelo só falam sobre a Salvadora e o Pirata que chegaram a cidade, também mencionarão algo sobre uma fada, mas isso não me interessa. Eu precisava vim ver por mim mesma se era verdade. – Ruby tirou a capa vermelha deixando a vista o decote que era bastante provocativo.

– Você mora no castelo? – Emma perguntou e Ruby fez que sim com a cabeça. – Interessante. O que você faz lá?

Ruby não se importava em falar sobre seu trabalho.

– Eu administro a biblioteca. Fica na torre mais alta do castelo.

Emma sorriu de lado, de repente aquela conversa tinha ficado muito interessante.

– Deve ser um lugar solitário, a torre mais alta, me lembra princesas aprisionadas. – Emma se virou em direção ao castelo, era mesmo imenso. Seu olhar vagou por ele parando no lugar onde costumava ficar o quarto de Regina.

– Não ah nenhuma princesa lá, só eu e Belle, mas realmente fica solitário às vezes. – Ruby colocou a mão sobre o ombro de Emma a fazendo olhar em seus olhos. Era desconcertante olhar naqueles olhos, mas Emma percebeu que precisava jogar aquele jogo.

– E essa Belle não te faz companhia? – Perguntou.

– Não o tipo de companhia que eu tenho em mente. – Suas mãos deslizaram dos ombros de Emma para o pescoço.

– Então talvez eu deva visitá-la algum dia. – Emma se afastou deixando a outra desconfortável. – Esta tarde, você devia ir, mas volte eu vou estar esperando. – Ela piscou dando indícios de que não estava realmente dispensando a garota, pensar que ela estava dando mole era essencial.

***

Emma acordou sentindo o sol bater em seu rosto, devia ser bem tarde o que a assustou, pois estava acostumada a acordar pela manha depois de uma noite turbulenta. Ao contrario do usual a noite de Emma não teve pesadelos, ela na verdade nem se lembrava de ter tido algum sonho o que era ótimo considerando que precisava descansar.

Ela se sentou na cama lembrando-se dos acontecimentos da noite anterior. Encontrou Regina no jardim, tentaria esquecer essa parte e depois a garota lobo, Ruby, apareceu no Jolly Roger com a desculpa de que queria agradecer a Emma por algo que ela lhe fez a uma década atrás. Acontece que Ruby não tinha noção do grande favor que fizera a Emma.

Ela saiu do quarto dando de cara com Tinker Bell que carregava um esfregão. A imagem era bastante engraçada.

– Que diabos você ta fazendo? – Emma perguntou sem esconder o riso.

– É dia de faxina Swan, isso são horas de acordar?

Emma a lançou um olhar desconfiado, a garota só estava com eles há alguns meses e já se sentia a dona da situação.

– Garota, isso é um navio pirata. É pra ser sujo.

– Me surpreende que não estejam todos doentes ainda, a ratos para todos os cantos. – A garota fez uma cara de nojo. – E teia de aranha em cada lugar...

– Ratos? Não mate os ratos estamos procurando o senhor Smee há meses. – Emma olhou com falsa preocupação ao redor. – De qualquer forma não me importa, onde esta o Killian?

– O capitão ainda não acordou e eu não o incomodaria se fosse você... – Ela se aproximou para cochichar. – Ele esta com uma dama.

– Uma dama? – Emma riu alto. – Eu duvido muito disso Tinker.

Ela passou pela fada e seguiu ate a cabine do capitão, talvez Tinker Bell estivesse certa esse navio precisava mesmo de uma geral e ela estava dando conta do recado, pois pelo caminho vários marujos passaram por ela correndo com uma escova ou um balde ou um esfregão, a cena era de matar.

Emma não esperou que Killian abrisse a porta e foi entrando, ele estava mesmo acompanhado, mas certamente não era por uma dama. Uma garota de cabelos loiros e olhos sonhadores passou ligeiramente por Emma quando ela entrou.

– Se eu não tivesse acabado de falar com ela diria que essa era a fada.

Killian ainda estava na cama, se espreguiçou e sorriu galanteador.

– O que eu iria querer com aquela fadinha Swan? Ela não passa de uma fonte de lucro. – Disse se levantando e vestindo as roupas, ele nunca se incomodava em ficar nu na frente de Emma.

– Vejo que esta de bom humor. – Disse ela se sentando em uma cadeira próxima a mesa do capitão.

Killian sorriu pra ela abrindo as janelas, ainda sem camisa.

– Sempre estou. Mas você esta diferente, o que já pode ter acontecido estamos aqui há apenas um dia. – Ele ergueu uma sobrancelha e ela sorriu de lado.

– Eu recebi uma visita muito interessante ontem à noite, uma garota chamada Ruby que trabalha no castelo. – Disse, pretendia esconder o resto da história que tinha com ela.

– O que isso tem de extraordinário? Você recebe muitas visitas de garotas, inclusive notei que você prefere as morenas. – Killian lançou um olhar a ela que apenas o ignorou.

– Ela trabalha no castelo...

– Eu escutei da primeira vez.

– Na biblioteca.

O assunto pareceu ficar mais interessante aos ouvidos de Killian ele sentou-se frente a ela com uma expressão pensativa.

– Na biblioteca?

– Com uma garota chamada Belle.

– Com uma garota chamada Belle, você diz. – Killian sorria de orelha a orelha. – Mas princesa Belle você quer dizer.

– É ela, você sabe que meus instintos nunca falham. – Falou já se levantando, tinha mais assuntos a resolver e acordara muito tarde.

Killian também se levantou a acompanhando até a porta.

– Sim querida e quando vai ser?

– O mais depressa possível, a pegamos e damos o fora desse lugar infernal.

Emma ainda conseguia ver perfeitamente os olhos mudados de Regina em sua cabeça.

– Chegamos ontem, o que já pode ter irritado tanto a salvadora? – Ele perguntou encostando o gancho no queixo dela, Emma desviou, pois odiava aquela coisa.

– Nada, só um fantasma.

Ela saiu do quarto deixando um pirata pensativo.

– Fantasmas assustam, mas não podem machucar de fato. – Murmurou ele enquanto ela se afastava.


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Notas finais do capítulo

"Fantasmas, fantasmas, fantasmas o que eles podem nos fazer afinal? Se são somente quadros nas paredes, memórias resistentes, frases decoradas e sorrisos que já foram amados. Nada, os fantasmas não são nada, os fantasmas somos nós."

Acho que a Ruby não é tão santinha assim não ein...