Senhorita PDV

Estava muito perto do nosso segredo ser revelado. Parece que eu mesma terei que assumir a partir daqui, afinal minha colega nessa missão acabou desviando-se do verdadeiro objetivo pelo qual estamos aqui. Não sei se devo comunicar ao mestre todo o acorrido, mas então sobrará para mim de qualquer jeito dispensar por hora a ajuda dela, pois ela tem outros objetivos agora.
A transformação do tal garoto Victor estava chegando ao fim, sem efeitos colaterais notáveis, foi realmente uma ótima idéia da minha comparsa. O tempo está se esgotando preciso de um plano, talvez o garoto possa me ajudar, mas é melhor não, é arriscado, o cheiro é um dos maiores problemas! Draga! Mas acho que eu mais minha companheira podemos dar um jeito nesse maldito cheiro de cachorro abandonado e teremos que submetê-lo a algumas lavagens celebrais, afinal não queremos um “fracote” sentimental e bondoso para essa missão de extermínio.

Já faz algumas semanas que o mestre não dá sinal de vida – se é que ele está vivo – estou meio tensa, se ele ligar agora, o que eu digo? A verdade? Não! Ele é capaz de arrancar a minha cabeça! Tentarei amenizar a situação, enquanto a outra... bem ela que tome uma providencia de melhorar sua ficha criminal, pois o chefe não dá segunda chances.
— Senhorita. Como estamos indo? – Sussurrou a minha companheira de missão.
— Estaria tudo certo, se não fosse sua obsessão por aquele...
— Não fale assim! Eu o amo! – Ela cuspiu entre dentes.
— Você não foi criada para amar! Foi criada para destruir! Foco garota!
Ela suspirou e ficou calada durante alguns segundos.
— O mestre...já fez contato? – Perguntou nervosa.
— Não! Mas se fizer só dou conta da minha parte! Não farei nada por você, então se prepare!
— Eu não tenho medo! Tenho certeza do que sinto, não importam quais sejam as consequências e alem de tudo tenho em mente todo que faremos nos próximos dias, e meu amor não precisa estar envolvido!
— É claro que está! Ele pertence à família, ao bando, seja lá o que for aquilo, não vejo como ele não vai estar envolvido!
— Pense bem! Ele pode ate nos ajudar e o melhor de tudo estará ao lado, o mestre não vai se incomodar, pois ele com certeza fará parte das suas peças preferidas, ele sempre quis isso! É só nós acabarmos com aquela...
— Cale a boca, o fedelho pode está nos ouvindo, não sabendo se ele é de confiança ou não! Está na hora da lavagem cerebral!
Antes que ela começasse o falatório, a puxei para próximo do garoto para que o trabalho fosse feito.
— O que eu devo lavar de sua memória? – Perguntou-me.
— Todo aquele sentimentalismo tolo, eu só quero ele com muita raiva, e troque aquele amor que ele sentia por desejo, apenas desejo. Tire algumas lembranças do dia em que você o sequestrou, quero que ele pense que foi algo que acontece por acaso.
— É só isso.
— Por enquanto.
Ela se ajoelhou perto do garoto que estava inconsciente no chão, colocou suas mãos na cabeça dele ao fazer isso o corpo do garoto tremeu por um instante, menos de dois segundos e o processo já havia acabado.
— Pronto!
— Agora é só o deixar acordar para começar o nosso plano e tomara que esse não falhe.
Estávamos esperando o tal Victor despertar, mas estava demorando mais do que imaginei, a noite caiu e sai para caçar deixando minha comparsa tomando conta do fedelho, não foi difícil achar comida, capturei um jovem rapaz que estava passando por um beco – seu sangue era divino, até que ele era bem bonito, mas eu não tinha tempo para diversão – tomei todo seu sangue e me lembrei de que o nosso lobinho quando acordasse poderia estar com fome, aproveitei e levei o corpo do rapaz para ele devorar algumas partes se ele quisesse.

— O que significa isso? – Perguntou minha cúmplice, a me ver com o cadáver nos ombros.
— Um lanche para o nosso hospede, pois ele pode despertar como fome. – Ela só me deu uma olhada de que entendeu e eu desci as escadas para o calabouço. Victor ainda continuava desmaiado, joguei o corpo no chão e comecei a dilacerar pegando algumas partes, coração, fígado, rins, alguns pedaços de musculatura. Joguei tudo em um saco e depois levei para cima junto como o “resto” do corpo.
— Coloque isso aqui na geladeira. – Joguei o saco, para minha companheira que estava sentada vendo o tempo passar, e sair para jogar o corpo em algum lugar.

Depois que me livrei do corpo voltei para “casa” e esperei o novo lobinho acordar. Passaram-se mais algumas horas e no meio da madrugada ouvimos a respiração dele mudar de ritmo, sinalizando que ele estava prestes a acordar, corri para nossa cozinha – montada para todo esse disfarce – joguei alguns pedaços dos órgãos, no liquidificador batendo com um pouco de água, fazendo assim um “suco” bem grosso e desci as escadas para o calabouço correndo com minha companheira logo atrás. Como não era noite de lua cheia, sabia que o garoto não trazia riscos, chegamos e ele estava abrindo seus olhos azuis, ao acordar completamente o garoto olhou para nós com medo, assustado, não sabia o que fazer, levantou em um movimento rápido, ficou surpreso com sua rapidez, o lençol que o cobria caiu no chão o deixando pelado em nossa frete, pois suas roupas foram destruídas com sua transformação um pouco conturbada, ele abaixou-se e pegou o lençol ainda sem dizer nada e enrolou em sua cintura, nos olhava como muito medo transpassando seu rosto.
— Tome isso, vai te fazer bem. – Fui a primeira a falar e me aproximar oferecendo o “suco”, um rosnado de protesto saiu de sua garganta. — CALMA, eu não vou te machucar, eu estou aqui para ajudar.
— Nós somos pessoas amigas. – Falou minha aliada, e percebi que ela estava usando os seus poderes, manipulando um pouco a mente do rapaz. — Nós vamos te contar o que aconteceu, mas primeiro tome isso que ela esta te oferecendo, você deve estar morto de fome.
Ele nós olho por um momento e pareceu confiar na gente, foi se aproximando devagar de mim e com muito cuidado lhe passei o copo grande que estava em minhas mãos, ele cheirou o que estava dentro do copo e pareceu gostar, pois de uma só vez tomou tudo que tinha. Depois nos olhou e deu um meio sorriso.
— Obrigado. – Finalmente ele falou. — Mas quem são vocês? Onde eu estou? E o que eu estou fazendo sem roupa? Porque eu mi sinto diferente? E o que são vocês? Porque vocês tem olhos vermelhos?
— Calma que vamos te responder tudo. Mas primeiro vamos subir, tem mais disso que você tomou lá em cima, ai podemos de responder tudo com calma. – Falei tentado passar confiança, pois ele tinha que confiar em nós para cooperar com nossos planos.
Ele concordou, e subimos, ele olhava tudo e por instinto – pois agora ele era um lobisomem – farejava tudo. Quando chegamos a nossa sala, convidamos ele para se sentar e eu fui a cozinha preparar mais do “suco”, resolvi fazer uma jarra, parecia que ele estava com muita fome, levei ate ele, que tomou tudo de uma só vez sem se preocupar em respirar, e se importa com nós ao seu lado.
— Isso realmente é muito bom, obrigado. – Falou ele, e parecia que já estava se acostumando com nossa presença. — Mas agora eu quero saber, de tudo, quem são vocês? Como eu vim parar aqui? Por que eu me sinto tão diferente? E por que vocês não me parecem, sei lá... Humanas?
— Realmente, não somos humanas! – Falou minha comparsa. — E você também não. – Os olhos de garoto se arregalados.
— O que vocês fizeram comigo? – Victor foi recuando-se do sofá, e medo emanava do seu rosto.
— Nós não fizemos nada! – Afirmou minha companheira, ela estava tentando controlar a mente do menino. — Nós o encontramos, você tinha uma ferida enorme na perna, de inicio não sabíamos o que era, trouxemos você para nossa casa e tratamos de você, só depois que percebemos o que tinha acontecido...
— E o que aconteceu comigo? – Perguntou ele em uma voz tremula.
— Pode parecer estranho, mas você acredita que no mundo possam existir mais coisas do que você conhece. – Ela sempre mantinha os olhos nos olhos dele.
— Não entendi.
— Você acredita, em vampiros, lobisomens?
— Não. – Falou ele.
— Pois é bom você acreditar, porque você se tornou um... Lobisomem!
— Não pode ser, isso... Isso não existe. – Ele não queria acreditar.
— Você não se lembra de algum lobo grande te atacando? – Perguntou minha aliada.
Ele pensou por um momento, ele estava muito confuso, desorientado, parecia que estava tentando organizar as lembranças, mas pela sua expressão não estava tendo muito êxito.
— Eu... Eu... A ultima coisa que eu me lembro com clareza foi que eu estava andando em rua a caminha de casa depois eu... Só consigo lembrar alguns relances não muito nítidos, eu me lembro de uma queimação no corpo, um vazio, parecia que eu estava morrendo.
— Foi tudo parte da transformação, essa queimação que você sentiu foi o veneno do lobo sendo espalhado pelo seu corpo.
— Eu não posso acreditar no que você esta dizendo isso... Isso é inacreditável, isso não existe.
— Então como você explica seu olfato, sua agilidade lá embaixo, e como você tomou uma jarra cheia de alguns órgãos crus batidos no liquidificador.
— Eu tomei o que?
— Isso não importa, o que importa é que você agora é um lobisomem, e tem que aprender a lidar com isso antes de aparecer de novo em publico.
Ele esperou um pouco, pensou e finalmente falou.
— Vamos dizer que eu acredito no que vocês estão falando, se eu sou um lobisomem vocês são o que? – Perguntou ele.
— Nós duas somos, vampiras!
— Vampiras? – Incredulidade emanava de sua voz. – E vocês tomam sangue e tem aqueles dentões pontiagudos.
— Chega, nós estamos tentando te falar à verdade e você acredite se quiser, estamos aqui para lhe ajudar, mas se você não quer ser ajudado é melhor se virar sozinho.
Depois que minha aliada falou isso, ele pareceu acreditar, eu sabia que ela usou seus poderes de controlar a mente do garoto, para conseguir isso. Então as coisas ficaram mais fáceis.
— Eu acredito em vocês, e eu quero ser ajudado.


Passaram-se alguns dias desde quando Victor acordara para sua nova vida, ele estava vivendo com agente de forma pacifica, de vez em quando ele perguntava sobre sua família, mas sempre enrolávamos, e ele caia como um patinho na nossa armadilha, tinha que admitir que esse Victor era um rapaz muito bonito e atraente, mas eu não podia me distrair da missão que o mestre tinha nos dado, minha comparsa ainda continuava suspirando pelo canto da casa por aquele... E isso estava dando nos nervos.

Agora estávamos treinando Victor para se comportar feito um humano, hoje seria lua cheia e finalmente ele vai se transformar e veremos como é sua forma de lobo, aproveitaremos ensinaremos ele a lutar juntamente com Samuel o lobisomem que o transformara, afinal um dia ele será muito útil para nós, se travarmos uma guerra para conseguirmos os nossos objetivos.

A noite estava começando a cair levamos Victor para a floresta mais próxima quando a lua subia ao céu, finalmente começou, ele se contorcia no chão, sua pele começou a rasgar, seus olhos estavam mudando de cor, gritos agonizantes ecoavam de sua garganta, ossos pareciam quebrar em corpo, e depois de muito sofrimento a transformação estava completa, no lugar de um garoto frágil estava um lobo enorme com pelugem negra com prata e em seus olhos vermelhos sangue dava para ver que ele gostou e estava disposto a ser um legitimo lobisomem.