A filha do diretor escrita por The Drama Queen


Capítulo 47
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

E é aqui que o caldo entorna. Muita treta, vish... Bom, espero, sinceramente, que vocês gostem. Não vou falar mais nada, porque... sei lá.
Boa leitura!



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Eu não estava brincando quando eu disse para Ruby que tínhamos uma ideia. Sarah e Paris realmente tiveram uma ideia. Uma muito boa até. Lembra quando eu perguntei se Peter não tinha um raio de um ponto fraco? Bom, ele tem. E elas me contaram. O plano é bem simples, na verdade. Só precisamos de uma pessoa específica: o cara que batia em Peter no orfanato.

Eu sei que não é certo mexer com o psicológico de alguém desse jeito, mas é o único jeito que achamos de parar Peter. É o único ponto fraco que sabemos que ele tem: o trauma daquele cara. Tenho que admitir, eu não sei direito o que Sarah e Paris planejam. Elas preferiram não me contar. Acho que estão com medo, depois do que aconteceu com a tia Sally.

Chloe veio falar comigo. Bom, acontece que Sarah e Lilyan não conseguiram falar com a Alysson. Quando ela soube que o assunto era eu, entrou logo na defensiva. Disse que não podia voltar comigo por causa do Peter. Parece que, depois que minha tia sofreu o acidente, todo mundo ficou meio paranoico. Até mesmo eu. Mas daí dizer que não pode ficar comigo por causa dele… Não sei.

Enfim, Chloe disse que falaria com ela. Parece que a conversa deu certo. Bom, em parte, pelo menos. Chloe explicou todo o plano que Peter tinha, me usando para fazer Alysson sofrer, e depois, para nos separar. Chloe contou que ela ouviu tudo com muita atenção e foi bem compreensiva até. Chloe conseguiu que Alysson aceitasse conversar comigo. Isso já é um grande progresso. Pelo que eu percebi, Alysson ainda é muito ligada a prima, mesmo depois de tudo o que ela aprontou. O que Sarah e Lilyan não conseguiram juntos, Chloe conseguiu sozinha e quase sem esforço nenhum.

Alguns podem desconfiar da súbita boa vontade da Chloe de me ajudar. Mas eu acredito no arrependimento. Acho que ela estava sendo sincera. Quer dizer, Alysson disse que ela é uma boa pessoa. Eu acredito na palavra dela.

Agora eu estou indo visitar a tia Sally no hospital.

O clima com o Anthony e Dylan não melhorou. Também não falei com tio Paul ainda. No caminho até o hospital fiquei pensando sobre isso. Tia Sally não gostaria de nos ver assim. Nós devíamos estar juntos nessa. Precisamos um dos outros. Ela não estaria nada orgulhosa de mim. Meus pais não estariam nada orgulhosos de mim.

Acho que não vou conseguir chegar ao hospital há tempo para o horário de visitas. Por quê? Porque o trânsito está caótico! Os carros não andam. O táxi em que eu estou está parado no lugar há uns 20 min. Trágico!

– É - o motorista disse. - Parece que a gente não vai sair daqui hoje.

– É, e eu preciso estar no hospital no mínimo daqui a 10 minutos, só pra conseguir dizer um “oi” pra minha tia.

– Sua tia está no hospital? Ela está bem? - Às vezes eu me impressiono com as perguntas idiotas que as pessoas fazem. Pensando pela lógica, se ela está no hospital, É ÓBVIO QUE ELA NÃO ESTÁ BEM! Mas eu posso estar sendo um pouco arrogante demais também.

– Ela está em coma - respondi, finalmente. - Acidente de carro.

– Sinto muito por isso. Melhoras para ela.

– Obrigado.

– Agora, esse trânsito aqui, não vou te enganar, não. Mas se você fosse a pé, chegaria mais rápido. - Bufei em descontentamento, mas não saí do carro. Mesmo que chegasse antes do carro, não chegaria a tempo.

– Acho que vou voltar para casa… a pé.

– Não te culpo por isso. - Assenti.

Paguei o que devia ao taxista e saí do carro. Tenho um longo caminho até em casa.

Atravessando a rua, senti o meu celular vibrar no bolso da minha calça jeans. Deve ser Dylan querendo saber se eu morri. Eu nunca deixo de ir no hospital. Peguei o celular e o nome Dylan piscou na tela. Eu não disse?

– Desculpa, Dylan. O trânsito está uma coisa horrível. Os carros mal saem do lugar.

Scott!

– Anthony? - É isso mesmo? Ele está falando comigo? - O que aconteceu? Dylan está bem? - Ouvi uma breve risada dele através do telefone.

Está sim. Todo mundo está bem, Scott. Muito bem.– Sua voz soou embargada.

– Anthony, você está chorando, cara?

Provavelmente– ele respondeu. - Ela acordou, Scott!

– O quê? - gritei no meio da rua. - Ela está bem? Ela disse alguma coisa? Você falou com ela? Quando ela volta pra casa?

Os médicos a estão avaliando. Não sei bem como está o estado dela. Ela acordou com meu pai lá dentro. Não pude vê-la ainda.– Pela sua voz, percebi que ele está chorando. Mas eu não o jugo. Eu também estou.

Ela não morreu. Ela não vai morrer. Ela venceu aquele coma estúpido! Mesmo que ainda sinta culpa, me sinto mais aliviado. E por que não, feliz? Radiante? Tia Sally, mais do que minha guardiã, minha mãe. Ela acordou. Ela voltou pra mim; Voltou pra nós.

O meu milagre aconteceu.

– Eu estou indo para aí.

Ela não pôde voltar para casa conosco ainda, mas insistiu que todos nós fôssemos.

– Eu não quero incomodar muito mais - ela disse.

Fala sério. Só a tia Sally pra dizer uma coisa dessas depois de sair de um coma de 3 meses.

Enfim, atendendo ao seu pedido, fomos todos para casa e comemos pizza, porque ninguém aqui sabe cozinhar além do meu tio, e o estado psicológico dele, no momento, não permite que ele faça muita coisa.

O dia que eu marquei para conversar com a Alysson é hoje. Se eu estou nervoso? É óbvio que eu estou nervoso. Isso pode significar a volta do meu namoro, ou não. Eu posso consertar as coisas, ou estragar tudo. Até onde eu sei, estaremos sozinhos na sua casa. Seus pais, como sempre, não estão em casa. Tudo vai depender do meu modo de usar as palavras. Eu tenho que saber o que dizer. Sarah não estará lá para me ajudar e Alysson, com certeza, vai vir com 5 pedras na mão para cima de mim.

Chegando na casa dos Cooper, toquei a campainha e esperei que ela atendesse a porta, o que não demorou. Alysson já estava esperando por mim. Entrei na casa sem dizer uma única palavra.

– Vamos para o meu quarto - ela disse, quebrando o silêncio. - Meu pai pode chegar e… Você sabe. Já passamos por isso.

– Várias vezes - confirmei. Ela assentiu e começou a subir as escadas, seguida por mim.

Depois de encostar a porta, se virou para mim. Ficamos nos encarando em silêncio no meio do quarto, durante um bom tempo. Eu não sei por onde começar, e acho que ela também. Vamos combinar que isso é no mínimo estranho. Mas um de nós tem que começar, e por que não eu?

Respirei fundo e comecei a dizer:

– Alysson, olha, eu…

– Não, Scott. Eu… - Pigarreou. - Eu te peço desculpas. Não deveria ter sido tão dura com você. Sim, você pisou muito feio na bola, mas foi no início. A aposta já acabou, certo? - Assenti. - E o lance do Peter, acho que você só me escondeu aquilo, porque… Sei lá. Acho que você não bate bem da cabeça. - Rimos um pouco.

– Foi você que fez isso comigo, Alysson. Há tempos atrás, eu seria incapaz de fazer qualquer coisa parecida por alguma garota. Como sempre, você foi a primeira. - Ela sorriu.

– Mas ainda assim, Scott. Não ouse fazer nada parecido novamente. Peter é perigoso.

– Eu sou mais. - Dei de ombros.

– Ele colocou sua tia numa cama de hospital! - ela gritou. - Dá pra parar de brincar com isso?

– Não estou brincando - manti meu tom baixo. - No momento, eu realmente sou mais perigoso do que ele. Sei seu ponto fraco, sei de cada passo dele, de cada pessoa que está tem trabalhando para ele. Eu sei como destruí-lo. - E eu estou falando muito sério. Eu sei como ferrar com a vida desse desgraçado.

– Ah, não! - ela lamentou.

– O quê?

– Você está entrando no jogo dele, Scott. Você está jogando como ele. Tem noção do que é isso? - Permaneci calado. - Você está ficando como ele. Está ficando maluco!

– Eu não acredito que você disse uma coisa dessas! Alysson, eu jamais faria as coisas que ele fez.

– Você está planejando a destruição dele, como ele planejou a minha. Pode não ser tão cruel quanto ele, mas está indo pelo mesmo caminho.

– Ele fez coisas piores do que você imagina.

– Ele não pode ter feito, porque tudo o que ele fez, eu não imaginei, eu vivi e presenciei.

– Você não sabe do que está falando.

– Não sei? Você, por acaso, é o alvo principal daquele psicopata sem nem saber o motivo? Eu acho que não. Você acabou de chegar, Scott. Você não sabe de nada - rebateu, dando ênfase no “você”.

– Sei mais coisas do que imagina.

– O quê? Que ele come cereais na hora do almoço?

– Eu até poderia te dizer o que é, mas não é a hora certa.

– Ah, eu imaginei - ela debochou. - Cadê o senhor “sei mais do que imagina” agora? Fala, Scott. O que eu não sei.

– Alysson, você está fora de si. Acho melhor conversarmos quando você estiver mais calma.

– Você não vai falar só porque a Sarah disse para não falar? Virou o cachorrinho dela agora?

– Caramba, Alysson! - gritei. - Para de ficar me provocando! Eu estou fazendo isso pro seu bem!

– Muito obrigada, Sr. Miller. Mas eu dispenso a sua caridade - gritou de volta. - Já me machucou tanto, que diferença faz mais uma ferida. Do que está com medo, Scott? - Ela não abaixou seu tom de voz em nenhum momento.

– Estou com medo de que você faça alguma besteira.

– Nada é tão grave assim, que me faça fazer uma besteira. Eu não sou como o Peter, não sou como o Kyle ou o Ethan. Não sou como você.

– Peter é o amante da sua mãe - eu disse de uma vez só. Eu não queria, mas acabou saindo. Sem querer. Sarah vai arrancar minha cabeça depois dessa.

Tenho certeza de que ficaríamos imersos num silêncio infinito, se alguém não tivesse dito atrás de mim:

– Que palhaçada é essa?

– Pai? - Alysson questionou.

É sério. Por que esse cara sempre chega nas horas que não deve?

– Nas próximas vezes, a gente conversa na minha casa - murmurei para Alysson.

– Que conversa é essa de amante? - John tornou a perguntar.

– Amante? Do que estão falando? - Uma mulher surgiu ao lado de John. Essa eu suponho que seja a tal Marie. Pele morena clara, olhos verdes e cabelos negros e lisos. Idêntica a Alysson.

– Esse… cidadão - disse John. - está alegando que você tem um amante. E o tal é um dos alunos do Wenderouth.

– Que absurdo! - ela gritou. - Quem é você pra dizer que sabe alguma coisa sobre mim? Você sabe que eu posso te processar por isso, não sabe, seu moleque?

– Dá um tempo, Marie - Alysson disse. - Que você tinha um amante até eu sabia. Aliás, fui eu que contei para o Scott. Eu só não te disse nada, pai, porque eu realmente não queria e não quero te ver sofrer.

– Alysson, estou falando muito sério. É melhor vocês pararem com essa brincadeira.

Alysson suspirou, meio nervosa. Entendo que, para ela, essa não é uma boa situação. Quer dizer, quem é que quer contar para o próprio pai que sua mãe está traindo ele com um aluno psicopata? Acho que ele fez bem em aproveitar esse momento para contar logo tudo. Melhor do que continuar mentindo. Ela já escondeu isso por tempo demais.

Alysson pegou os papéis, aqueles mesmos papéis que ela me mostrou quando me contou da traição. Entregou-as ao pai.

– Suponho que você conheça a letra da própria esposa. Ou quase esposa.

– Onde você encontrou isso? - Marie gritou de olhos arregalados. Ela disfarça muito mal.

– Você conhece esses papéis, Marie? - John perguntou.

– N-Não. Claro que não. Nunca vi na minha vida.

– Só uma dica, Marie - Alysson disse -: quando for mentir, tente não gaguejar. Passa mais confiança.

É difícil dizer o que exatamente ela está sentindo. Raiva? Alívio? Preocupação? Nervosismo? Vergonha, talvez? Sentimento de vingança? Eu não sei. Parece que é tudo isso ao mesmo tempo.

Eu permaneço no meu canto, calado. Esse assunto não me diz respeito. Me sinto até desconfortável de estar aqui. Eu não deveria estar participando dessa conversa.

– O que isso significa, Marie? - o diretor gritou.

Sinto pena dele. Diretor John Cooper não mereci algo assim. Certo que ele é assustador, meio arrogante às vezes, um pouco grosso de mais, muito sinistro, tem um olhar que parece te ameaçar de morte a todo momento. Mas ele é uma boa pessoa, e eu provei dessa bondade. Ele, definitivamente, não merecia isso.

– Eu não sei. Já disse que nunca vi isso antes!

Pensando bem agora, se eles tivessem escrito isso pela internet, teriam sido mais discretos.

– Não minta para mim, Marie! - John ordenou. - A verdade está bem aqui, na nossa frente. Não tente me fazer de idiota.

E foi aí que a máscara dela caiu.

– Você já é um idiota, John. Eu te enganei durante anos e você só descoriu isso agora. E ainda precisou da ajuda da sua filha e de um adolescente idiota. Francamente, John.

– Não acredito nisso - ele disse. - Então, é mesmo verdade?

– Não foi você que disse “a verdade está bem na nossa frente”? Está duvidando das próprias palavras?

– Como você teve a coragem de fazer isso comigo, com a nossa filha?

– Ah, uma pequena correção: minha filha.

– Como assim? - Alysson se desesperou. - O que você quer dizer com isso?

– Quero dizer que você não tem um pingo do sangue do papai aí. Ela não é sua filha John.

– Não invente coisas para me atingir, Marie - John disse. Ele está… Caramba! O diretor está chorando. É sério, eu não deveria mesmo estar aqui. - Não minta desse jeito para mim.

– Ah, John. Querido John. Pare de tentar se enganar. A verdade está bem aqui na nossa frente. E você nem desconfiava disso. Nunca percebeu que a menina não tem nada de você? Os olhos, a boca, o nariz, o queixo… Nada é seu ali.

Olhei para Alysson. Como eu já havia notado, idêntica à mãe. Linda, com uma beleza simples e cativante. Mas com os olhos vermelho e inchados, encolhida num canto do quarto, chorando compulsivamente… Não, de novo não. Quantas vezes eu ainda vou vê-la chorar?

Não hesitei em ir até ela. Enquanto os dois discutiam na porta, eu abracei a Alysson. É tudo que eu posso dar a ela no momento: carinho, amor. Mesmo que ela não estivesse lá quando eu precisei por causa da minha tia, antes ela estava. Ela sempre esteve. Não vou negar isso a ela. Mesmo que tenhamos brigado há poucos minutos, mesmo que ela tenha tentado, de todas as formas, me atingir, ela não se importou de eu estar ali com ela, e também não hesitou em agarrar minha camisa e enterrar seu rosto no meu peito. Alysson parece uma criança que se perdeu da mãe. Ou, nesse caso, do pai.


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Notas finais do capítulo

Então, gente. Está acabando. Estamos no finalzinho. Ai... Faltam só mais dois capítulos e o epílogo. Vou tentar postar o 47 agora, mas não sei se vou conseguir. O último capítulo e o epílogo é só no final do dia, ok?
Essa Marie... Vontade de quebrar a cara dessa mulher.
Alguém aí com pena do diretor? Tio John está sofrendo, gente. Chorando com ele aqui. E a Aly? Ai, cara. Socorro! O que acham do que a Marie disse sobre a Aly não ser filha do diretor? E Scalysson? Será que dessa vez vai?
Beijos de amora :*



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