Destino escrita por TaisePeixoto


Capítulo 5
Capítulo 4 - Decisão cruel


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo é o PDV do Alec. Agora a verdade começa a aparecer.



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“Eu não tinha um bom motivo para impedi-la, mas deixá-la ir podia significar que eu a perderia pra sempre.”

 

Pela milésima vez naquelas últimas décadas eu estava no meu quarto no alto da torre segurando aquele objeto em minhas mãos. Normalmente membros da guarda não tinham quartos, o que entre nós vampiros era mera formalidade, já que não dormíamos, era só um lugar onde podíamos ficar sozinhos e guardar nossas recordações. Eu e Jane éramos privilegiados, quase da família, Aro insistia que todos éramos uma família mas ele diferenciava muito bem. Nossos talentos fizeram com que as honras coubessem a mim e a minha irmã e durante anos fomos os preferidos de Aro, os poderosos, os invencíveis. Até ela aparecer.

Me lembro bem daquele dia. Eu e Jane estávamos de volta em Volterra, o resto da guarda havia seguido para a Europa a fim aplacar um pequeno motim, nada que fosse necessária a nossa presença. Eu estava no meu quarto na torre quando Jane veio me chamar furiosa.

- Aro quer nós dois lá em baixo agora.

Era estranho, ele nunca usava a Jane como menina de recados talvez fosse isso que a estivesse deixando furiosa. Quando chegamos ao grande saguão minha atenção se voltou para os três. Aro estava decididamente excitado, os olhos brilhavam, não era muito estranho, Aro sempre arrumava um jeito de se distrair, o que me espantava era os outros. Caius estava inquieto, se mexendo na cadeira o tempo todo e com uma expressão de cobiça nos olhos. Até Marcus a quem nada podia atingir estava com uma expressão ansiosa. Aro correu até mim.

- Alec meu filho tenho ótimas notícias!

Esperei que ele continuasse mas ele parecia animado demais pra falar. Caius falou impaciente.

- Recebemos um informante. Os Cullen criaram uma criança imortal. Na realidade parece que eles engravidaram a humana e o que nasceu é uma criatura extraordinária.

- Extraordinária é a palavra! – Aro praticamente gritou de felicidade – Parece que os poderes da menina são incomparáveis. Maiores que os seus ou os de Jane.

Olhei surpreso para Jane. Mais poderosa do que nós? Jane estava com uma expressão mortal nos olhos.

- E o que isso tem a ver conosco?

Aro pareceu se ofender com a minha pergunta. Então Marcus, cuja voz eu poucas vezes tinha ouvido, falou.

- Ela pode ser perigosa. Se os Cullen resolverem usá-la contra nós não poderemos detê-los nem com toda a nossa força.

- Como não queremos que ela seja usada contra nós vamos usá-la a nosso favor. – Caius estava decididamente com um olhar maligno.

Nem toda a guarda poderia detê-la? Que poderes essa garotinha tinha?

- Então vamos seqüestrá-la? – Jane perguntou furiosa.

- É claro que não! – Aro parecia ofendido novamente – Vamos induzi-los a dá-la para nós. Alec, Jane, reúnam a guarda, temos muito trabalho pela frente.

 

 

Era inverno e estávamos marchando para o norte da América. Até as esposas tinham vindo, eu nunca tinha visto tanta força reunida contra um só clã. Nós já tínhamos a desculpa, uma criança imortal era crime.

Mas quando chegamos nos foi impossível condená-los, eles tinham testemunhas para o crescimento da menina. Ela era humana. Nem eu nem Jane conseguimos romper o escudo que a ex-humana Isabella estava projetando. Mas Aro aparentemente tinha outros planos. Ele adiou a decisão para o outro dia de manhã. Eu pensei que atacaríamos a casa durante a noite mas as crianças da lua a estavam protegendo. Foi então que Aro nos avisou para nos reunirmos na clareira, a criança seria entregue. Estávamos reunidos embaixo da chuva, não que isso incomodasse. Um vulto com uma capa negra apareceu trazendo a criança adormecida nos braços. Nem Aro nem o vulto falaram nada. A criança foi passada para os braços de Aro, mas infelizmente pra nós ela acordou.

- Onde eu estou? O. o que estão fazendo? Não, vocês são maus. Não por favor, me deixem. Eu quero ficar, me solta, socorro.

Ela se desvencilhou de Aro, quando ele tentou agarrá-la aconteceu. Uma barreira enorme avermelhada em forma de cúpula apareceu em torno da menina, era como se um campo de energia se projetasse não deixando ninguém chegar perto. Ela olhou assustada em volta e correu na direção do vulto que estava congelado no lugar.

- Me ajude, por favor.

- Peguem ela. – A voz de Aro soava fria.

Félix, Demétri e os mais fortes da guarda avançaram. O escudo se projetou novamente mas para nossa surpresa ela não conseguia mantê-lo por muito tempo. Félix se recuperou logo e avançou para ela, dessa vez a força se projetou como uma lança e o atingiu em cheio no peito. Então ela não só se defendia, ela também atacava. Ela continuou atacando a todos quando de repente ela começou a tremer, seus olhos assumiram o mesmo vermelho do seu escudo. Uma força ainda maior começou a emanar dela. Ela estava fora de controle. Aro gritou em desespero:

- Peguem-na rápido.

Todos foram pra cima dela, ela repeliu um a um, mas não foi rápida o suficiente para Félix. Ele a agarrou por trás mas começou a ser afastado por aquela força. Fez a única coisa que podia, agarrou o bracinho que estava mais perto e mordeu. O grito de dor da criança ecoou por toda a clareira, a força vermelha começou a desaparecer e seus olhos voltaram ao normal. Félix a soltou. Aro correu em direção a menina que gemia e tremia convulsivamente.

- Felix seu idiota! Se ela perder os poderes eu mato você.

Mas os gemidos dela foram ficando cada vez mais fracos. E para nossa surpresa o ferimento começou a cicatrizar. Então ela era imune ao veneno.

- Vamos rápido Marcus antes que ela se recupere. Apague tudo.

Então era por isso que Marcus tinha vindo. Há séculos que ele não saía de Volterra. Poucos membros da guarda sabiam que Marcus tinha um talento, menos ainda sabiam que ele podia apagar memórias ou projetar lembranças que não existiam. Marcus a segurou e pôs as mãos nos lados do rosto da menina. Os olhos dela ficaram apagados e depois de alguns minutos ela desmaiou.

- Não consegui colocar nada no lugar, ela simplesmente não vai nem saber quem é. Se os poderes dela estivessem mais evoluídos eu não teria conseguido nada.

Aro a pegou no colo como se ela fosse um vaso de cristal muito raro. De repente virou-se para o vulto que ainda estava parado.

- Não se preocupe, você fez a coisa certa.

 

Durante anos Nesme viveu conosco. Jane que no início tinha um ciúme mortal dela acabou se apaixonando também. Elas se intitulavam as queridinhas do Aro. Renesmee cativava a todos nós, e a mim de uma maneira diferente. Há muitos anos eu havia me declarado, e por algum milagre ela tinha aceitado. Aro ficou radiante é claro, não por nós dois apesar de ele a amar como uma filha, mas porque Renesmee era humana o que significava que talvez ela pudesse engravidar, a perspectivas de como seriam nossos filhos o deixavam em êxtase. Ela não me amava do mesmo jeito, disso eu sabia, mas enquanto eu a tivesse eu seria feliz. Mas como eu poderia ser feliz de todo, sabendo que todos os dias eu mentia pra ela? Sabendo que eu a havia tirado dos pais dela pra transformá-la em algo que ela detestava ser. Cada vez que eu olhava a expressão dela depois das caçadas eu morria mais. Eu apertei ainda mais o objeto em minhas mãos.

Jane entrou no quarto como um furacão. Pela sua expressão eu pude ver que se ela ainda fosse humana estaria em prantos agora.

- Nesme vai nos abandonar!

- O quê?

Não, não podia ser.

- Ela está falando com o Aro. Vem, talvez você ela ouça.

No saguão Aro estava quase em desespero. Renesmee com frieza nos olhos.

- Eu já tomei minha decisão.

- Mas por que querida?

- Por que é o único jeito de eu continuar vivendo assim.

- Por que você quer ir agora? Você não nos ama mais? – Jane estava soluçante.

- O que vocês acham que eu vou fazer? Abandonar vocês pela minha família biológica? Vocês são loucos? – Ela parecia ofendida.

- Então o que você quer com eles?

- Quero a verdade. Quero saber por que me fizeram assim. Quero respostas e quero vingança. Quero saber se eles se arrependem pelo que me fizeram. E se não se arrependerem, eu vou ser júri e o carrasco.

Ela parecia furiosa. Então era isso. Não, ela não podia ir. Se ela fosse ela descobriria a verdade e nos abandonaria. Ela tinha que ficar.

- Nesme você não pode ir! – eu caminhei até ela, só então ela pareceu notar minha presença.

- Eu preciso Alec. Só assim vou poder dormir em paz de novo.

Eu não tinha um bom motivo para impedi-la, mas deixá-la ir podia significar que eu a perderia pra sempre.

- Então eu vou com você.

- Por quê?

- Porque pode ser perigoso, e vai ser difícil pra você. Quero estar por perto pra ajudar.

- Eu também vou. – Jane sabia ser intrometida quando queria. – Não vou me arriscar a perder você querida.

- Vocês são tão maravilhosos. – ela abraçou a Jane e me beijou – E então Aro, eu quero o nome e o lugar.

Aro pareceu considerar as possibilidades. Deixá-la ir era arriscado, mas impedi-la era se denunciar.

- Tudo bem, mas quero que tomem cuidado. Você sempre fez a coisa certa Nesme, confio em você. Mas não se esqueça nem por um segundo do que fomos pra você nesses anos todos. Eles vão tentar enganá-la pode ter certeza, não acredite neles.

- Tudo bem pai, os nomes?

- Eles são os Cullen, são um clã de oito vampiros e são perigosos. Eles moram no norte da América.

- Obrigado pai – ela o abraçou – não esqueça que eu amo você.

 

Mais tarde no meu quarto eu podia ouvir Nesme e Jane arrumando as malas e conversando animadas. Como eu pude mentir pra ela esse tempo todo. Aro havia me dito antes de eu deixar o saguão para controlar a situação. Mas será que eu ainda era capaz de mentir pra ela? Segurei o objeto em minhas mãos mais uma vez. Era uma jóia muito bonita. Ainda me lembro quando Aro a tirou do pescoço de Renesmee e mandou que eu me livrasse dela, não sei por que o guardei. Eu abri o pingente e fiquei encarando a foto. Um casal de feições perfeitas sorria para a foto, no meio deles uma garotinha sorridente. Ao lado uma inscrição em francês que me fez congelar embora eu já a tivesse lido muitas vezes: Mais que a minha própria vida.

 


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Notas finais do capítulo

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