Desliguei apressada o telefone, mal podia esperar para reencontrá-lo pessoalmente. Logo fui indo para o seu apartamento e quando cheguei lá pude notar que ele estava me esperando olhando através do olho mágico. Resolvi não caçoar da sua cara, pois isso era um bom sinal.

Bati na porta e ele prontamente abriu (ele com certeza ainda não sabia disfarçar). Quando o vi, meu coração começou a bater muito rápido e não pude conter minha vontade imensa de abraçá-lo. Meu abraço foi correspondido e ficamos daquela maneira por uns dez segundos, até nos separarmos no mesmo instante envergonhados por nossa atitude espontânea.

– Então... você vai... entrar? – Disse Freddie ainda envergonhado.

– Sim. – Eu disse sem graça.

Nós dois entramos no apartamento e vi que já eram dez horas da noite. Logo reparei que na mesa da cozinha haviam dois pratos, uma toalha por baixo e estavam presentes apenas duas cadeiras uma em frente da outra. “Como ele arrumou a mesa tão rápido?!” – Pensei.

– Bem, como pensei que sua viagem iria ser longa, resolvi arrumar a mesa pra nós jantarmos e conversarmos um pouco. O que você vai querer comer? – Freddie disse.

Eu realmente estava surpresa com o desempenho e a velocidade de Freddie ao arrumar a casa em segundos. Logo depois da pergunta que ele me fez respondi:

– A mamãe aqui come qualquer coisa que lhe derem.

– Tudo bem. – Ele me disse indo em direção da geladeira.

Logo ele colocou na mesa diversos alimentos em uma grande quantidade e então nós dois nos sentamos para jantarmos.

– E desde quando um nerd feito você pode ler a minha mente? Eu estou quase morrendo de fome! – Eu disse não perdendo a oportunidade de ser irônica.

– Eu ainda te conheço muito bem Princesa Puckett. – Ele disse.

Não pude conter um leve sorriso que se formou em meu rosto. Como eu amava ser chamada daquela maneira pelo meu Freddie.

– Então Sam, como foi a sua vida em Los Angeles nesses últimos quatro meses? – Ele me perguntou.

– Eu salvei uma garota chamada Cat de ser esmagada pelo caminhão de lixo, nos tornamos amigas e desde então eu moro com ela e nós trabalhamos como babás.

– Mas ela não tem pais?

– Cat morava com sua avó, mas ela decidiu ir para o asilo. Como Cat não queria ficar só, até porque ela nem deve saber fazer pipoca de micro-ondas sozinha, e eu não tinha pra onde ir, resolvemos morar juntas.

Nesse momento, Freddie e eu tivemos a mesma ideia de pegar o saleiro que estava em cima da mesa para salgarmos nossa comida e acidentalmente acabei pegando a mão dele que chegou ao objeto primeiro. Ficamos embaraçados com a situação e permanecemos imóveis até eu soltar sua mão e lhe pedir desculpa. Ficamos um tempo em silêncio até Freddie puxar assunto:

– E a sua mãe, Sam?

– Ela sumiu com mais um dos seus namorados e me deixou sozinha em Seattle. Por isso resolvi tomar um novo rumo e sair em busca de uma nova vida.

– Sobre sua mãe eu sinto muito. – Freddie me disse percebendo minha expressão de desapontada.

– Isso é o de menos, o importante mesmo é que agora eu tenho uma nova vida, uma nova amiga e estou com você. – Eu disse não conseguindo deixar de mostrar o quanto eu sentia a sua falta.

Freddie e eu ficamos novamente por algum tempo em silêncio até ele me perguntar:

– E por falar em amiga, o que aconteceu com a Carly?

– Às vezes nos falamos por telefone, ela sempre diz que está vivendo como sempre sonhou lá na Itália e que sente falta nossa e do iCarly. – Respondi.

Naquele momento acabamos de jantar e Freddie foi lavar a louça que sujamos. Resolvi ir ajudar ele até porque a sua mãe não podia desconfiar que eu estava lá.

Lavamos tudo em silêncio e toda hora que podia, aproveitava para esbarrar de leve com as suas mãos que também estavam sobre a pia, só para sentir sua pele.

Quando acabamos, ele me convidou para assistirmos um filme e me deixou escolher um DVD da estante. Escolhi um filme de ação, meu gênero favorito.

Enquanto assistíamos, eu sempre comentava sobre as cenas do filme. Eu realmente estava gostando muito dele, principalmente porque estava assistindo do lado da única pessoa que eu já amei. Mais ou menos na metade do filme, resolvi segurar uma das mãos de Freddie, que estava sentado do meu lado direito. Tanto eu quanto ele não nos manifestamos por causa do que estava acontecendo, motivo pelo qual aproveitei para ficar segurando sua mão até o fim do filme.

Quando acabamos de assisti-lo já era meia-noite e meia. Percebendo que já era essa hora resolvi perguntar:

–Que horas sua mãe chega?

– Ela foi a uma exposição de insetos com suas amigas e só volta amanhã, aliás, ela também queria me levar junto, mas eu consegui convencê-la a me deixar em casa. Depois de me passar mil e um avisos, incluindo um que dizia que não era para eu trazer ninguém em casa, ela foi embora.

– Você está falando, que eu não sou bem-vinda aqui? – Eu disse tentando parecer irritada.

– Não, só estou dizendo que quebrei uma regra por sua causa. – Ele disse tentando me mostrar que eu era importante.

Eu corei um pouco com o seu comentário, mas logo em seguida perguntei:

– Já que eu não tenho mais uma casa aqui em Seattle e sua mãe só chega amanhã da exposição, posso dormir aqui por uma noite?

– Claro que pode, só que você vai ter que dormir na mesma cama que eu, porque não tenho quarto de hóspedes. – Ele disse.

– Pode ser. – Respondi.

No mesmo instante que ele sugeriu que dormíssemos juntos, lembrei-me que o quarto de sua mãe estava vazio e ele que tinha dito aquilo de propósito, mas é claro que eu não podia perder uma oportunidade daquelas e me fiz de boba.

Nós dois fomos para o quarto que ele dormia e arrumamos a cama. Freddie me perguntou se eu tinha trazido pijama e eu disse que a única coisa que eu levava comigo era à roupa que estava vestindo. Por esse motivo ele foi ao banheiro colocar seu pijama enquanto eu esperava no quarto.

Depois de trocado, Freddie perguntou a mim uma coisa que nem mesmo eu tinha notado:

– Porque você está vestindo uma jaqueta minha desde quando chegou aqui?

Eu não podia acreditar na mancada que eu dei me esquecendo de tirar aquela jaqueta antes de sair de Los Angeles. Fiquei muito embaraçada e não conseguia dar uma resposta, até que disse:

– Essa jaqueta... mas... ela não é sua! Hã... bem... foi a Cat... a Cat que me emprestou, na verdade ela é... do... Robbie, o seu namorado e... eu ... esqueci de devolver! Foi isso.

– Entendi. – Disse ele não convencido da mentira que eu tinha acabado de inventar.

Depois do vexame que eu passei, finalmente nos deitamos. Naquele mesmo instante, começou a chover muito forte e eu tinha pavor de tempestades. Não consegui me conter e abracei Freddie que estava do meu lado. Ele retribuiu me abraçando também acabamos dormindo daquela maneira.