Notas iniciais??

(: Beijo :)

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Pássaro:::

(http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=bK0k5RCSe-AiOM&tbnid=Zcz0z-J5_gGMeM:&ved=0CAUQjRw&url=http%3A%2F%2Fwww.melanciaquadrada.com.br%2Fpd-2b00c-colar-passarinho.html&ei=0DuoU92sG4eF8gHO_oCYCg&bvm=bv.69411363,d.cWc&psig=AFQjCNGFvl6-x7gPajuWF-cQt5VVzFQGOw&ust=1403620680187349)

Depois de muita insistência, finalmente Anne, Mary e Lucy saíram. Com os rostos carregados de preocupação, deixaram um copo de suco de laranja e biscoitos. Bateram a porta, dizendo em coro:

—Boa noite, senhorita.

Olhei ao redor do quarto. Senti as lágrimas caírem, em ritmo continuo. Por que eu estava ali mesmo? Aquela casa, sequer era minha.

"O que eu fiz com a minha vida?" "Por Deus, onde estava com a cabeça, quando aceitei entrar nesse concurso insano?" — Pensei.

Meu peito doía, não uma dor comum, um aperto. Saudades de casa. Desprezo, culpa, receio, medo, esperança, amor. Tudo parecia se transformar em uma desculpa para voltar para casa. Pouco tempo atrás, estava em uma zona de conforto. Até.. até que A Seleção apareceu.

*Flashback on*

Em um dia de temporal forte, eu me sentei tremendo a mesa. Kenna namorava, Kota estava saindo de casa. May era pequena ainda. E eu estava preocupada.

Nunca havia visto tamanha fúria da natureza. Arvores, chicoteavam umas as outras com suas copas esvoaçantes. O vento entrava por frestas invisíveis nas janelas. Mamãe resmungava baixinho. Por conta da chuva forte, ela perdeu uma festa de casamento de uma dois.

Continuava tremendo, e agora batia os dentes de frio. Medo. Foi a primeira vez que ele se manifestou em mim. Minha mãe, mandou alguém fechar a cortina da sala. Tremendo, caminhei até lá e na verdade a janela estava aberta. Foi ai que vi a coisa mais estranha da minha vida.

Um papel embrulhado, na soleira da janela. Meu corpo mandava gritar e sair de perto. Mas minha curiosidade me traiu. Peguei o papel e o analisei, dobrei mais, revirei e finalmente abri. Não tive uma reação instantânea.. Dentro havia um desenho igual ao colar de pássaro que papai me dera.

Joguei o desenho, que caiu no quintal. Vi a chuva o molhar completamente, até existir apenas uma pequena mancha cinza em cima da grama molhada. Fechei a janela e voltei para jantar.

Nunca comentei nada com ninguém, até conhecer Aspen. Em nosso terceiro encontro, na casa da arvore, compartilhamos histórias engraçadas, tristes, inacreditáveis... Contei a ele, sobre o desenho na janela.

Aspen respirando fundo, sorriu e apenas concordou. Tive medo que ele me chamasse de louca ou simplesmente não quisesse mais me ver. Mas não, Aspen continuou com nossos encontros as escondidas, parecia até muito mais entusiasmado.

Nunca perguntei por que ele não correu de mim. Nunca desconfiei de nada. Pra que? Estava feliz assim. Mas nunca esqueci o pássaro, na soleira da janela.

*Flashback of*

Chorei ainda mais depois de lembrar esses momentos felizes. Momentos antes da Seleção. Sei que não posso culpa-la, mas por que ela existe? Por que reis existem? Nosso pais não seria melhor sem essas malditas castas e sem esse governo hipócrita?

As vezes, na calada da noite penso como os rebeldes podem ter razão. Uma noite, até imaginei em como seria ser um deles. Pode até ser loucura, mas sinto a adrenalina me dominar e imagino minha vida fora dessa jaula.

Não uma vida casada. Uma vida sem Aspen ou Maxon. Uma vida completamente diferente, sem castas ou medo. Sem fome. Um outro destino. Simplesmente outra escolha.

Mas essa é minha vida. Não há saída. Sei que quero mudar, mas devo aprender com meus erros. Não esquecerei o beijo dessa noite, por que me sinto cada vez mais culpada.

"Só pedimos desculpas por erros, gatinha". - A voz de meu pai ecoava na escuridão de meu quarto. Chorei.

Adormeci chorando e pensando nas palavras de meu pai. E se não tivesse cometido um erro?

***

Minhas criadas, entraram sem fazer barulho algum. Praticamente flutuavam arrumando o quarto. Abri os olhos e senti o sol invadir meu quarto, contrastando com meu humor. Anne, Mary e Lucy não falaram nada, além de bom dia. Com algum milagre, disfarçaram minhas olheiras. Deixaram meu cabelo solto.

(Vestido:http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&docid=hOdUBBYEZ1agsM&tbnid=aJxtMYvx5u5psM:&ved=0CAUQjRw&url=http%3A%2F%2Fweheartit.com%2Fentry%2Fgroup%2F5935110&ei=ckqoU7XZLrOI8QGF9IGQBQ&bvm=bv.69411363,d.cWc&psig=AFQjCNG8NdCnOZEy81K5YxpCGUXRu5mZSQ&ust=1403624273473945)

Desci para o café olhando para os lados, não queria encontrar ninguém antes que fosse necessário. Sorri ao me deparar com as portas para o jardim abertas. Queria correr para floresta e sumir.

Na mesa, Celeste me olhava animadamente, como se fôssemos amigas. Senti repulsa. Kriss não estava e Elsie chegou e sentou-se ao meu lado.

Durante todo o café, não atrevi levantar o olhar. Não estava pronta ainda. O sentimento de culpa me consumia. Mas as palavras de meu pai me enchiam de esperança.

"Só pedimos desculpas por erros, gatinha". Quase chorei novamente.

Gatinha.

—Senhorita America? - A voz de Maxon, me fez sair do devaneio. -Algum problema?

Percebi que o encarava descaradamente e todos me encaravam agora.

—"Parabéns America!'' - Pensei. Droga.

—Não vossa alteza, me desculpe. - Falei docemente.

Todos voltaram a comer, mas percebi Maxon mexer na ponta da orelha. Não retribui. Não seria capaz de olhar em seu rosto, fingir que estava tudo bem. Mas isso não significava que Maxon não falaria comigo.

Pela primeira vez que olhei para cima, além do prato de doce de laranja, me arrependi.

Maxon cochichava com Daphane e o sorriso dos dois não poderia ser mais largo. Giovane olhava atento para as escadas. Aspen me encarava. E o rei me olhava, com ar triunfante e de sobrancelha erguida. Um legitimo sinal de curiosidade e frustração.

Pedi licença e subi para meu quarto. Nicolleta me olhou e sorriu, desconfiada.

—Senhorita Singer. - O som da voz do rei me fez suar frio. - Os cozinheiros não conseguiram agradar seu paladar hoje?

—Majestade, a comida está excelente. Só estou um pouco indisposta.

Fiz uma breve reverencia e me dirigi para porta.

Giovane me alcançou no pé da escada.

—America pare! O que houve?

—Nada eu só... Desculpe.

—Pelo que?

—Por tudo..

—America, pedimos desculpas por erros. Tudo a que você se refere, foi maravilhoso. E lembre-se - Giovane segurou meu queixo, de modo que me obrigou olhar para ele. - Não cometemos erros por nada ou sozinhos.

Sorri.

Talvez ele tivesse razão. Mas não tive tempo para pensar. Ouvi um grito fino e agudo. Olhei para os lados.

Então o alarme soou.