Enemies escrita por MMenezes


Capítulo 8
Víbora Cara de Sapo




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Era a ultima semana de aulas antes do recesso de fim de ano. Os terrenos de Hogwarts estavam cobertos de neve e o castelo parecia mais frio do que nunca. Mary corria pelos corredores em direção a sua próxima aula, passara tanto tempo trancafiada no banheiro da Murta que tinha até se esquecido da hora. Mas ao menos estava tudo pronto, finalmente, depois de quase um mês de muito trabalho árduo, alguns furtos ao armário de ingredientes do professor Snape e uma carta muito “suspeita” que enviara a um endereço fictício ao leste de Londres sua vingança contra Umbridge estava pronta para ser posta em prática.

– Corporius nexus, o que um sente o outro também sentirá, se morto um deles for dois corpos terão que enterrar... – Mary repetia o feitiço enquanto virava o ultimo corredor. – É hoje que você vai experimentar do próprio veneno, vadia cara de sapo.

Mary entrou na sala momentos antes de Umbridge chegar mandando que os alunos se calassem.

– Hoje vamos estudar o capitulo sete do nosso livro de Magia Defensiva. – Falou cruzando a sala em direção a sua mesa. – Leiam o capitulo três vezes para obter maior absolvição. Não é necessário falar.

Assim como todos os outros alunos, Mary abriu o livro, mas não se preocupou em ler, apenas virava a folha ora ou outra enquanto repetia mentalmente o feitiço que seria sua principal arma contra Umbridge.

Os minutos se arrastavam. Quanto mais o fim da aula se aproximava, mais ansiosa Mary ficava. Suas mãos já tremiam levemente e seu corpo parecia formigar. Quando finalmente foi anunciado o fim da aula a garota já se martirizava arrependida de seu plano. – Onde eu estava com a cabeça quando inventei isso. – Ela pensou angustiada enquanto juntava seus livros.

Mary tentou ser rápida e sair da sala o mais depressa possível, mas antes que pudesse fazê-lo Umbridge pigarreou e chamou seu nome, parecendo muito mais animada do que o normal. - É agora. – Mary pensou respirando fundo e encontrando o olhar encorajador de Draco que parara na porta ao ouvir o nome da garota sendo chamado. Ele sabia, mesmo que ela não tivesse contado seu plano a ele. Ele sabia que seria hoje e tinha plena certeza de que, o que quer que ela tivesse planejado, daria certo. Ele não disse nada, mas Mary pode ler tudo isso em seus olhos, que apesar de frios e cinzentos, também eram encorajadores e confiantes.

– Srta. Black. – Umbridge repetiu tirando-a de seus devaneios. – Gostaria que a Srta. me acompanhasse até a minha sala, precisamos esclarecer alguns assuntos pendentes.

– Claro, professora. – Mary respondeu firmando a voz e retomando a coragem.

Dessa vez o caminho até a sala da Umbridge pareceu incrivelmente curto, Mary não se sentia sozinha, mas sim bem preparada, tinha pensado em todas as possibilidades, tinha feito tudo com perfeição e a essa altura o feitiço que conjurara e repetira durante toda a aula já deveria estar forte o suficiente para dar certo.

– Por favor, sente-se. – Umbridge falou assim que chegaram à sala.

Mary se aproximou da mesa e puxou a cadeira, mas foi interrompida antes que pudesse se sentar.

– Não nessa cadeira. – Umbridge falou. – Na cadeira para estudantes.

Só então Mary se deu conta da carteira posta perto da janela – Então esse é o cantinho da tortura – Ela pensou enquanto caminhava e se sentava na carteira que rangeu sob o seu peso.

– Bem, devo esclarecer o motivo pela qual a senhorita esta aqui. – Umbridge falou rondando a carteira de Mary. – Esta semana a Srta. enviou uma carta que foi sabiamente interceptada por mim, vou lê-la para que a senhorita tenha plena consciência sobre o que será interrogada. Bem, hehem... “A quem possa interessar, espero que esteja bem. Soube que tem se mudado com frequência e que está escondido em Londres. Se quiser um conselho, vá para o Brasil, ao menos lá você pode aproveitar a praia. Atenciosamente, Mary.” Bem, ficou claro pra mim que você estava tentando se comunicar com seu pai, foragido do Ministério da Magia, Sirius Black. O que tem a dizer sobre isso?

– Se eu quisesse me comunicar com Sirius Black então eu endereçaria a carta ao Sirius Black. – Mary falou descaradamente.

– Está claro pra mim que tanto o destinatário quanto o endereço são fictícios. – Umbridge falou caminhando pela sala com a voz calma e confiante. – Agora, senhorita Black, eu vou perguntar só mais uma vez. Onde está Sirius Black?

– Não sei. – Mary falou dando de ombros.

– Bem, eu tentei utilizar o dialogo com a senhorita, mas visto que isso não funcionou, serei obrigada a recorrer as minhas ferramentas de persuasão. – Umbridge falou pegando um papel sobre sua mesa, juntamente com uma pena e pondo-a sobre a mesa de Mary. – Vamos ver se isso refresca um pouco a sua memória.

– É agora. – Mary pensou sentindo as mãos voltarem a tremer.

– Quero que escreva “Eu sei onde Sirius Black está”. – Umbridge falou sentando-se em sua mesa, com um sorriso satisfeito, como se estivesse esperando por isso há anos.

– Não tenho tinta.

– Não é necessário. – Umbridge falou ainda sorrindo.

“Eu sei onde Sirius Black está” – Mary escreveu sentindo as costas da mão esquerda arder enquanto repetia mais uma vez o feitiço mental. – “Eu sei onde Sirius Black está. Eu sei onde Sirius Black está. Eu sei onde Sirius Black está.” Durante algum tempo nada aconteceu, depois de quase meia hora a mão esquerda de Mary começava a doer terrivelmente e já pingava sangue, ela já começava a achar que seu plano tinha fracassado quando, finalmente, Umbridge soltou uma exclamação de dor deixando cair a xícara de chá que tomava, olhando aterrorizada para a própria mão.

Mary voltou a escrever, agora forçando ao máximo a pena contra o papel sentindo a pele da própria mão rasgar e fazendo com que Umbridge soltasse mais um gritinho de dor.

– O que você está fazendo? O que é isso? - Umbridge perguntou parecendo desesperada, mas Mary não parou de escrever até que fosse arrancada da mesa sendo puxada pelos cabelos. – O que você fez? Como você fez isso? ME RESPONDA!

– Eu fiz você provar do próprio veneno sua víbora. – Mary respondeu desvencilhando-se da mão de Umbridge enquanto apertava a própria mão machucada contra o peito. – Fiz um feitiço de junção de corpos, tudo o que você fizer contra mim vai refletir em você mesma. Pode me azarar, me mutilar, me estapear ou qualquer outra coisa. Tudo o que fizer voltara pra você.

– Maldita. Você é uma delinquente igual ao seu pai. – Ela falou cheia de raiva, mas Mary não sentia mais medo, nem mesmo sentia sua mão arder, tudo o que ela queria era se vingar de Umbridge de uma forma que ela nunca mais fosse esquecer. – O ministro vai saber disso. Vamos mandar aqueles dois velhos imundos dos seus avós para uma casa de repouso das mais medíocres, e tratarei de arranjar um lar adotivo bem rigoroso para a sua irmã...

– Vá em frente. – Mary falou sentindo toda a sua fúria emanar e se espalhar pela sala. – Faça isso e eu juro que vou gastar cada dia da minha vida para tornar a sua um inferno. Toque nos meus avós, na minha irmã ou entre no meu caminho mais uma vez e eu juro que esse feitiço será apenas o começo da minha vingança.

Mary voltou até sua mesa e riscou o papel com força fazendo com que Umbridge soltasse um berro e se encolhesse contra a parede.

– A propósito, a carta foi só uma desculpa pra você me chamar até aqui.– Ela falou jogando a mochila nas costas antes de sair da sala. - Ou você é muito ingênua ou muito burra pra não perceber. Eu fico com a segunda opção.

Mary bateu a porta com força ao sair, sem se preocupar com a reação de Umbridge. Para sua sorte os corredores do castelo estavam desertos, deveria ir direto para a aula de Transfiguração, mas ao invés disso correu para o banheiro da Murta que Geme fechando a porta ao passar e dando de cara com um certo loiro de olhos acinzentados sentado sobre uma bancada.

– O que... – Mary falou surpresa. – O que você tá fazendo aqui?

– Vim saber como foi com a Umbridge. – Draco falou dando tapinhas na bancada ao seu lado convidando a garota a se sentar. – Foi hoje, não foi? Você colocou seu planozinho malvado em pratica, não é?

– Como me achou aqui? - Mary perguntou surpresa indo se sentar ao lado do garoto, não contara a ninguém sobre quando ou o que pretendia fazer com Umbridge, não tinha como Draco saber disso.

– Você começou a se atrasar para as aulas no ultimo mês, fiquei curioso e te segui. – Ele respondeu dando um grande sorriso cara de pau. – Descobri que você estava se escondendo aqui pra preparar um feitiço. Então deduzi que você fosse voltar aqui depois da sua vingancinha. E a propósito, você deveria cuidar da sua mão, está horrível.

– Tudo bem, a cara de terror da Umbridge compensou a dor. – Mary falou dando um meio sorriso.

O resto da manhã passou depressa. Mary contava cada detalhe a Draco enquanto tratava de limpar e cuidar da própria mão, demorou até que as feridas parassem de sangrar, mas depois de quase uma hora o machucado estava quase cicatrizado e podia-se ver claramente a frase “Eu sei onde Sirius Black está” juntamente com um enorme risco que cortava as palavras.

– Então, você realmente sabe onde seu pai está? - Draco perguntou quando estavam a caminho do Salão Principal para o almoço.

– Se você estivesse no meu lugar, responderia essa pergunta? – Mary perguntou erguendo uma sobrancelha.

– Não me imagino no seu lugar – Draco respondeu de nariz empinado e orgulho. – Meu pai é o maior bem feitor do mundo bruxo, doa galeões aos montes para o ministério da magia. Não consigo imagina-lo preso ou foragido.

– Foi o que eu pensei. – Mary falou dando um sorriso debochado enquanto rolava os olhos. – Acho que vou me sentar com o Nott, tanta “bem-feitoria” me deixou enojada.

E com isso Mary pôs-se a andar a passos largos, indo se sentar junto a Teodoro, deixando Draco ser atacado por Pansy que já o esperava apavorada com o sumiço do garoto durante a manhã.

– O que aconteceu com a sua mão? - Teodoro perguntou atraindo vários olhares curiosos para o largo curativo que cobria as costas da mão esquerda de Mary.

– Umbridge. – Ela respondeu fazendo uma careta.

– Aquela velha te pegou também? - Um sonserino mais novo sentado a dois lugares de distancia perguntou mostrando a própria mão machucada.

– Digamos que fui eu quem pegou ela. – Mary falou dando um sorriso maldoso.

– Como assim? - Teodoro perguntou confuso.

– Longa história. - Falou com simplicidade, sua vingança era algo particular e se dependesse dela poucas pessoas compartilhariam desse prazer.

Mas no fim do dia a história de Mary já tinha sido espalhada para a escola inteira e a faixa bem cuidada que cobria a mão esquerda de Umbridge na hora do jantar só confirmou os boatos espalhados por um certo sonserino língua solta.

– Ela é uma heroína. – Neville sussurrou durante o jantar, terminando de narrar a história que ouvira para o trio de ouro. – A defensora dos oprimidos.

– Ela foi inconsequente, isso sim. – Hermione falou fechando a cara. – Colocou a própria vida em risco, poderia ter se dado muito mal.

– Olha quem fala. – Rony debochou risonho. – A garota que criou um grupo secreto para treinar Defesa Contra as Artes das Trevas as escondidas.

– Ahh! Cala a boca Rony! – A garota respondeu brava.

– Vou falar com ela. – Harry falou se levantando apressado vendo Mary caminhar para fora do salão acompanhada por Teodoro Nott.

– Ela quem? - Rony perguntou.

– Como quem? Mary, é claro. – Ele respondeu rolando os olhos e deixando a mesa da Grifinória com pressa para alcançar a garota já no corredor que levava as masmorras.

– Hey Mary. – Ele falou fazendo-a parar e voltar-se para ele. – Boa noite Nott.

– Boa noite, Potter. – O garoto cumprimentou educadamente. – Mary te espero na Sala Comunal, pode ser?

– Pode. – Mary respondeu dando um meio sorriso para o amigo que pouco depois desapareceu na escuridão do corredor.

– Então – Harry começou parecendo encabulado passando uma das mãos nos cabelos escuros e rebeldes. – Você e o Nott estão juntos?

– Não! – Ela respondeu mais alto e depressa do que desejava. – Não. Quer dizer, nós somos só amigos, sabe, nada demais.

– Ah. – O garoto falou soltando a respiração aliviado. – Nada contra o Nott, ele até que é... simpático.

– Sim, ele é. – A garota respondeu soltando um riso baixo. – Mas não acho que você tenha vindo falar comigo por causa do Teodoro.

– Na verdade, soube o que você fez com a Umbridge, então vim perguntar como tá a sua mão.

– Ah, está bem. Mas duvido que a cicatriz vá sumir.

– Sei como é. – Harry respondeu mostrando a própria mão que tinha sido mutilada há semanas atrás.

– Eu odeio aquela vadia cara de sapo. – Mary resmungou puxando a mão do garoto e passando os dedos sobre as letras cicatrizadas ali.

– Você foi muito corajosa.

– Obrigado. – Mary respondeu ainda segurando a mão de Harry, ela podia sentir o calor que emanava do moreno, podia sentir a respiração dele se aproximando cada vez mais do seu rosto, assim como as batidas do coração de ambos que pareciam ficar mais rápidas e fortes... Mas nada aconteceu, pois logo os alunos começaram a sair aos montes do Salão Principal e os dois se viram obrigados a se despedir e seguir cada um para sua Sala Comunal, ambos imaginando o que teria acontecido se não fossem interrompidos. Ah, o inverno e suas surpresas.


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