Enemies escrita por MMenezes


Capítulo 1
Mary Marine




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Já passava do anoitecer e estava quase tudo pronto, o quarto de Harry estava arrumado, as malas estavam feitas e Edwiges já dormia tranquilamente dentro da gaiola, parecia tudo certo, diria até que perfeito demais para ser verdade.

A essa altura, a ansiedade de Harry era tão visível quanto seus belos olhos verdes. Desde que recebera a carta de Dumbleodore há quase uma semana atrás, sua mente especulava sobre o misterioso assunto contido na carta ao mesmo tempo em que sua incredulidade crescia, afinal, passar o verão longe dos Dursleys era maravilhoso e coisas maravilhosas raramente aconteciam com ele.

A campainha soou exatamente às nove horas. Harry agarrou sua mala e sua coruja, desceu as escadas dois degraus de cada vez, e abriu a porta inopinadamente encontrando o Sr. Weasley encarando a campainha com certa curiosidade.

– Harry! Vejo que você está pronto.

– Sim, Senhor Weasley. – Ele respondeu ofegante e visivelmente feliz. – É um prazer revelo.

– Igualmente, Harry. – Arthur respondeu sorridente enquanto procurava algo em seu casaco, encontrando um relógio de bolso gasto e levemente arranhado nas bordas. – Olha só a hora! Temos que ir, Dumbledore não gosta de atrasos.

– Ah, sim, claro.

Harry deu mais uma olhada para a sala vendo que seus tios estavam completamente alheios ao que se passava na porta, um frio na barriga o atingiu, essa era a ultima chance que seu tio teria de estragar tudo.

– Tio Valter, é... eu já vou. – Disse Harry cautelosamente, temendo que talvez Valter tivesse mudado que ideia, mas a resposta veio curta e fria.

– Feche a porta ao sair, moleque.

Era isso o que Harry queria ouvir, não exatamente nessas palavras é claro, mas ainda assim, aquela era a permissão da qual Harry precisava para ter o que já considerava o melhor verão de sua vida. Harry fechou a porta rapidamente e saiu com o coração ardendo em felicidade, era impossível esconder o qual satisfeito estava.

– Deixe que eu te ajudo Harry, isso parece estar pesado. – Disse o Sr. Weasley vendo a dificuldade do garoto em carregar a mala e a gaiola de sua coruja, fazendo com que ambas desaparecessem com um único movimento de sua varinha. – Não se preocupe, mandei tudo diretamente para a Toca. Agora, segure no meu braço e, por favor, não solte... ou vomite.

Harry obedeceu e logo ambos estavam envoltos na escuridão e na terrível sensação de falta de ar causada pelo ato de aparatar, mas o incomodo durou pouco e assim que se deu conta já estavam em frente à Toca.

A felicidade estampada no rosto do rapaz era mais do que compreensível, pela primeira vez Harry passaria o verão todo com as pessoas que mais amava e bem longe do pesadelo que eram os Durleys. Seus pensamentos foram interrompidos assim que a porta da cozinha se abriu mostrando uma silhueta rechonchuda que limpava as mãos num avental preso à cintura.

– Harry meu querido, como você está? – Perguntou a Sra. Weasley puxando-o para um abraço apertado, logo depois parando para analisa-lo – Vejamos... Ah, sim! Você está muito magro, vamos entre, nós temos que alimentá-lo o mais rápido possível.

A cozinha estava exatamente da forma como se lembrava, talvez mais vazia do que o comum, porém aparentemente igual.

Harry cumprimentou Fred e Jorge e avistou Rony e Hermione sentados próximos a sala de estar.

– Harry, seus tios deixaram você vir! – Exclamou Hermione com um largo sorriso antes de lançar-se sobre ele em um abraço.

– Cara, eu já estava me preparando para te escrever quando papai me contou que você viria. – Disse Rony dando-lhe tapinhas nas costas. Harry mal o ouviu, seus olhos estavam à procura de outra coisa, ou seria melhor disser outra pessoa.

– Olá Harry. – Chamou a voz que ele procurava. Virando-se para trás deparou-se com a linda ruiva sorridente trazendo uma bandeja cheia de copos usados.

– Olá Gina. – Respondeu Harry indo a sua direção, mas parando poucos passos depois incerto sobre como deveria cumprimentá-la.

– Rony querido, ajude o Harry a levar as coisas para o quarto, e Gina me ajude aqui, por favor.

– Claro, mamãe. – A ruiva respondeu visivelmente contrariada.

Harry subiu as escadas e estalou-se rapidamente enquanto Hermione e Rony conversavam animadamente sobre as expectativas desse verão.

– A essa altura eu só desejo um verão normal. – Hermione falou jogando-se na cama de Rony.

– Eu já ficaria feliz em poder dormir até mais tarde sem minha mãe berrando. – Rony completou. – E você Harry?

– Já estou feliz em sair da casa dos Dursleys, aconteça o que acontecer será melhor do que aturar o Duda. – Harry falou enquanto abria a gaiola de Edwiges, deixando-a livre para voar pelo quarto. – O que Dumbledore quer comigo?

– Não sei, mas deve ser importante. Quero dizer, ele não te traria até aqui por acaso. – Falou Hermione entusiasmada. - Talvez ele queira nos dizer algo sobre a Ordem.

– Ordem? – Harry perguntou erguendo uma sobrancelha.

– É, a Ordem da Fênix. – Hermione sussurrou depressa. – Uma sociedade secreta fundada por Dumbledore e formada por bruxos que lutaram contra Você-Sabe-Quem da ultima vez.

– Quem faz parte dela? - Harry perguntou curioso.

– Bastante gente. – Rony respondeu também sussurrando. – Já conhecemos umas vinte pessoas.

– Afinal de contas, porque estamos sussurrando? - Harry perguntou erguendo a voz novamente.

– Mamãe nos proibiu de falar sobre isso. – Rony respondeu fazendo uma careta. – Ela diz que somos jovens demais para participar da Ordem.

– Talvez Dumbledore tenha te chamado aqui para torná-lo membro da ordem? - Hermione respondeu esperançosa. - Talvez ele queira que você assista as reuniões ou coisa assim.

– Ou talvez Dumbledore esteja apenas com saudades. – Disse Rony, fazendo com que Harry o encarasse risonho.

– Saudades? – Hermione repetiu também rindo. – Dumbledore com saudades de nós. Com certeza Rony, é exatamente isso.

– Que foi? Eu posso estar certo, ok. Todos sabem que ele se afeiçoou a nós, ele é como um tataratataratataravô distante ou algo assim. – Rony completou debilmente enquanto Harry e Hermione gargalhavam.

– Hey pessoal! – Gina disse ofegante se apoiando na entrada do quarto. – O Professor Dumbledore chegou.

No mesmo instante os três se levantaram rapidamente e correram em direção à porta, avançando pelo pequeno corredor e descendo rapidamente dois degraus de cada vez até finalmente chegar ao ultimo lance de escadas onde Harry deparou-se com os olhos cinzentos e cabelos revoltos da ultima pessoa que esperava encontrar por ali.

– Sirius! – Falou ao avistar o padrinho, descendo os degraus restantes para abraça-lo. Sirius era a pessoa de quem Harry mais sentia falta e revê-lo depois de tanto tempo era melhor do que ele podia imaginar.

– Harry! – Respondeu Sirius retribuindo ao abraço do afilhado. – Você cresceu bem mais do que eu tinha imaginado.

Harry riu afastando-se do padrinho e voltando sua atenção a Dumbledore que assistia a tudo silenciosamente.

– Olá Harry.

– Olá Professor. – Cumprimentou Harry educadamente.

Só então Harry notou a presença da garota desconhecida logo atrás de Sirius. Perguntou-se quem ela era ao que Dumbledore parecendo ler seus pensamentos tratou de apresentá-la.

– Harry, esta é Mary Marine. – Ele falou apresentando-lhe a garota da mesma altura e aparentemente mesma idade de Harry.

– Oi! – A garota cumprimentou, encarando-o com visível curiosidade.

– Olá. – Respondeu Harry constrangido. Ela era linda. Seus cabelos eram negros como a noite e caiam pelas costas em uma mistura de ondas e cachos revoltos até a cintura, seu rosto era fino e simpático e sua pele pálida contrastava com as bochechas rosadas e os olhos azuis claros. A garota vestia roupas bruxas e uma capa de viagem de aparência fina e cara que parecia realçar ainda mais sua postura ereta e corpo curvilíneo.

– Mary. – Chamou uma voz manhosa e infantil, que o tirou de seus pensamentos. A garota mais velha deixou os olhos de Harry e voltou sua atenção para baixo onde uma pequena garotinha a encarava assustada enquanto se escondia atrás das pernas da mais velha.

– Quem é ele? – Sussurrou a garotinha apontando indiscretamente para Harry.

– Ele é o garoto sobre quem eu te falei. Você se lembra? – Mary respondeu.

A garotinha olhou para Harry analisando-o enquanto ele fazia o mesmo. A pequena também era muito bonita, tinha quatro ou cinco anos, cabelos castanhos claros e olhos azuis como os da garota mais velha, também usava roupas bruxas e mantinha a mesma postura ereta.

– Molly – Dumbledore chamou – Harry e eu podemos conversa em particular?

– Ah, claro. – Respondeu a Sra. Weasley um pouco corada. – Crianças venham me ajudar na cozinha, por favor.

Todos se retiraram um pouco a contra gosto. Harry não olhou para nenhum deles, seus olhos não desgrudavam da garota mais velha. Na sala ainda restavam as duas garotas, Dumbledore e seu padrinho, todos acomodados nos sofás e poltronas disponíveis na sala visivelmente tensos e desconfortáveis.

– Harry. – Dumbledore chamou pedindo sua atenção. – Como eu já disse na carta, o assunto é de extrema importância...

– Espere. – Interrompeu Sirius parecendo mais nervoso e agitado do que o normal. – Sou eu quem deve contar a ele.

Dumbledore assentiu com a cabeça, consentindo.

– Certo. Harry, eu realmente não sei por onde começar. – Disse Sirius passando uma das mãos pelos cabelos, deixando-os ainda mais bagunçados.

– Comece pelo começo. Que tal dizer quem são elas e porque estão aqui? – Harry falou sendo um tanto rude, não aguentava todo aquele suspense.

– Ah, sim. Estas são Mary Marine e Julie Lane, filhas de Emmeline Vance e Caradoc Dearborn. Emmeline e Caradoc eram da antiga Ordem, suponho que seus amigos já tenham lhe contado sobre a Ordem da Fênix, certo? - Harry assentiu desconfiado. – Bem, Emmeline e Caradoc foram encontrados mortos recentemente na casa em que moravam, se não me engano em Clermont-Ferrand na França, enfim, por sorte Mary e Julie estavam passando as férias na casa de seus avós aqui em Londres e não presenciaram o ataque.

– Ataque? - Harry repetiu confuso.

– Comensais da Morte. - Sirius explicou. - Eles atacaram um vilarejo próximo a Clermont matando dezenas de trouxas antes de seguirem até a casa de Emmeline e Caradoc.

– Sinto muito. – Harry falou as duas irmãs que estavam sentadas no sofá a sua frente.

– Eu me orgulho muito deles. – Falou a mais velha, apertando os braços em torno da irmã mais nova.

– Na verdade, Mary não é filha de Caradoc. – Sirius continuou, parecendo ficar mais nervoso à medida que falava. - Há 17 anos, muito antes de conhecer Caradoc, Emmeline se envolveu com outro membro da ordem, o verdadeiro pai de Mary Marine. Mas ele foi preso e levado a Azkaban antes mesmo que ela completasse seu primeiro ano de vida.

– O pai dela está preso em Azkaban? – Perguntou Harry debilmente. – Quero dizer, ao menos ele ainda está vivo?

– Sim Harry, ele está. - Sirius respondeu como se fosse obvio, para então completar. - O pai dela sou eu.

A boca de Harry se escancarou juntamente com os olhos verdes que pareciam quase saltar por trás dos óculos. Seu olhar passava de Mary para Sirius sem acreditar direito no que acabara de ouvir até que finalmente notou a semelhança gritante entre eles. Eram os mesmos cabelos negros e revoltos, o mesmo olhar displicente e até o mesmo jeito superior e levemente arrogante.

O silencio perdurou por alguns minutos, todos encaravam Harry com olhares preocupados como se ele fosse começar a surtar a qualquer momento ou algo assim, até que, finalmente, Dumbledore se pronunciou.

– É por isso que elas estão aqui Harry. As duas ficarão sob a guarda dos avós em Pumpherston até que a emancipação de Mary seja legalizada, enquanto isso Hogwarts estará de portas abertas caso a Srta. Black queira terminar os estudos e prestar seus N.O.M's.

– Hogwarts? - Harry perguntou surpreso. – Pensei que só aceitassem bruxos da Grâ-Bretanha.

– Marine é uma exceção. Foi difícil convencer o conselho a tal decisão, mas considerando que Emmeline e Sirius foram alunos de Hogwarts, achamos que era o mais sensato a se fazer. – Dumbledore explicou pacientemente para então completar sorrindo. - Madame Maxime pesou imensamente por sua transferência Srta. Black, imagino que tenha sido realmente difícil para ela abrir mão da melhor aluna de Beauxbatons.

– Aproposito. – Sirius falou puxando uma foto do bolso e entregando a garota. – Isso é seu.

Mary analisou a foto com atenção.Estreitou os olhos, franziu a testa, até que finalmente perguntou.

– Quem são eles?

– São seus padrinhos. – Explicou Sirius. – Lilian e Thiago Potter, os pais de Harry.

Harry encarou Sirius com os olhos arregalados e tão surpresos quanto antes. Há poucos minutos atrás aquela garota lhe era uma completa estranha e agora seus pais, seu padrinho e todo o seu passado estavam ligados a ela.

– Emmeline e Lilian eram grandes amigas, quanto a Tiago, bem,era óbvio que seria ele...

Harry mal ouvia o que Sirius dizia, estava confuso e sobrecarregado de informações. Como ele nunca tinha ouvido nada sobre essa garota? Era possível alguém saber menos sobre o próprio passado?

– Posso ver? – Perguntou Harry ainda pensativo.

– Claro. – Respondeu a garota entregando-lhe a foto.

Ele olhou para a foto e não conteve um sorriso. Lá estava sua mãe segurando um bebe de cabelos negros e olhos azuis que brincava com as mechas da ruiva, enquanto seu pai segurava outro bebe um pouco maior de olhos surpreendentemente verdes.

– Sei que ainda há muito a ser esclarecido Harry, mas no momento eu gostaria de falar a sós com Sirius, se me permitem. – Pediu Dumbledore educadamente.

Harry lançou um olhar inquisidor a Sirius que agora parecia bem mais tranquilo e despreocupado.

– Não se preocupe Harry são assuntos da Ordem. – Ele falou, deixando-o ainda mais curioso.

Harry seguiu Mary e Julie, saindo da sala a contra gosto. Queria saber mais sobre a Ordem da Fênix, queria saber o que Voldemort estava planejando, tinha milhares de duvidas e perguntas para fazer, mas ninguém parecia disposto a respondê-las.

Já passava da meia noite quando Sirius e Dumbledore saíram da sala. Em meio às despedidas Dumbledore se esquivou para fora da Toca sem trocar mais palavras com Harry. Mary e Julie desapareceram nas chamas da lareira de volta para a casa dos avós, sendo seguidas por Sirius que voltaria para a antiga casa dos Black. Harry pensou em puxar Rony e Hermione para a sala e lhes conta todos os detalhes da conversa com Sirius, mas logo a Sra. Weasley tratou de manda-los para a cama.

Já deitado Harry pensava e repensava nas ultimas horas do dia e já imaginava um futuro com Sirius, Mary e Julie, um futuro feliz e sem preocupações. Harry podia imaginar as coisas que fariam juntos e tudo o que ele e Mary Marine iriam compartilhar, e em meio a esses pensamentos ele finalmente adormeceu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do primeiro capitulo.
Enemies é minha relíquia, foi escrita a mais de cinco anos, mas só tive coragem de postar agora. Então seja bonzinho e deixe a sua opinião, critica ou elogio nos comentários, ficarei feliz em saber o que acharam da fic.

Beijos da Mia.