As Crônicas de Anúbis escrita por Sonhadora


Capítulo 4
Recebo um choque das estrelas


Notas iniciais do capítulo

Boa noite leitores e leitoras do meu coração!
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer àqueles que me prestigiaram com seus comentários e com seus incentivos. Amo todos vocês!
Em segundo lugar, gostaria de pedir aos fantasminhas que, por favor, me digam se estão ou não gostando da história. Sua opinião muito me interessa.
E, em último lugar, gostaria de dedicar este capítulo a minha querida Sarah Black, minha leitora mais assídua e mais pertubante (Não se ofenda!) da história do Nyah! Se não fosse por você, este capítulo não teria nascido.
Bjus. Boa leitura!
=D



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Minha cabeça ainda estava cheia. Assim que eu terminasse minha conversa com vovó Nut, eu iria pegar aquela alma resplandecente de cabelos dourados e obriga-la a me contar o que sabia. Eu faria isso, ou deixaria de me chama Anúbis!

Passei pelo portal, e me vi em uma sala feita de nuvens. Vovó me recebeu afavelmente, como era típico dela. Eu era encantado com ela. Ela tinha um semblante jovem e triste, mas não se importava que eu a chamasse de vovó. Ela sempre me olhava como... como se sentisse orgulho de mim. E eu gostava disso mais do que poderia admitir.

Hoje ela estava vestida com o céu do entardecer. Sua pele resplandecia com uma cena do crepúsculo (não o filme!) em tons laranja e violeta. E pequenas nuvens movimentavam-se em seu colo. Ela me olhou com curiosidade.

– Hmmm. Bem-vindo querido! É bom revê-lo. – ela me avaliou de cima a baixo – Você emagreceu. E com essas roupas antigas e fora de moda, nunca vai conseguir uma namorada. Achei que já tínhamos resolvido isso.

Eu senti o rubor invadir minha face. Lá vem ela de novo! Toda vez que eu venho visita-la é esse mesmo papo constrangedor.

– Olá, vó Nut. Eu também fico feliz em vê-la. Gostaria de saber as novidades debaixo dos céus.

Nut sorriu para mim.

– Falando desse jeito você está igualzinho a um deus fofoqueiro.

Agora me indignei! Deus fofoqueiro! Pegou pesado!

– Eu não sou fofoqueiro. – falei baixo, imprimindo ameaça na minha voz e olhando gelidamente. Ela gargalhou.

–Há! Há! Há! Há! Ai! Ai! Meu neto. Você é uma figura! – seus olhos brilhavam com divertimento. – E fica uma gracinha quando está com raiva. Vou gostar muito mais quando eu vir você com... bem, você vai ver! – ela piscou pra mim.

– O que eu vou ver?

Olhei desconfiado. O que ela sabia que não estava me contando? Argh! Estava saindo tudo errado.

– Vovó, eu não vim aqui pra pedir conselhos amorosos. – E nem preciso disso! – Eu senti uma alteração no Ma’at e vim pedir seus conselhos. Senti a presença de Lorde Osíris, mas agora não sinto mais. Não sei o que pensar.

Eu andava de um lado para outro enquanto falava. Desde que me entendo por gente, vovó tem o poder de me fazer sentir sem graça. E essa história de namorada não é de hoje. Lembro de uma vez em que eu namorei uma deusa. Achei que a vovó ia largar do meu pé, mas ela simplesmente me disse que aquele caso não daria certo. E não deu. Nunca mais consegui namorar ninguém depois daquilo.

Mas, pensando bem, acho que nunca mais namorei por que percebi que não fazia sentido. A garota era bonita e tals, mas estar com ela ou não dava na mesma. Não fazia falta, entende? Acho que vovó Nut percebeu isso antes mesmo de mim. O que me faz desconfiar de que ela ainda não desistiu de encontrar minha alma gêmea.

– Meu querido neto, você SEMPRE vêm aqui para saber sobre sua vida amorosa. – ela continuou, enquanto se dirigia a uma mesinha e servia o chá. – E eu estou SEMPRE interessada em saber sobre como você reagirá quando finalmente conhece-la. E quanto ao meu filho Osíris, sim, ele foi liberto, finalmente. (Mas, como é tonto, já foi preso de novo!).

Ela falou a última frase tão baixinho que eu não consegui ouvir direito. Eu estava chocado. Minha boca abriu e por alguns instantes, eu esqueci como se fala. Ela, não satisfeita, continuou.

– Mas, os outros também estão libertos. Sua mãe Néftis, sua tia Ísis, seu primo Horús (Não faça essa cara!) e, (Por favor, não pire!) seu pai, Set.

Nessa hora eu descobri onde minha voz tinha ido parar.

– Essa não! Ele não!

– Ele sim. Isso lá é maneira de falar do seu pai? – ela me olhou desaprovadora.

Deixe-me explicar outra coisa: Eu e meu pai, bem... nós não somos muito...chegados. Na verdade, estamos longe de sermos amigos. Relação PAI X FILHO = 0. Ele nunca foi com a minha cara e eu (graças aos deuses!) puxei a minha mãe. O fato de ele achar que eu sou um completo inútil não ajuda em nada a nossa relação. Também tem o fato de que fui criado por tia Ísis e Lorde Osíris (que é como se fosse meu pai de verdade), também prejudica a nossa relação. Não que eu me importe. Só não gosto da associação.

Por conta da minha habilidade em mumificação, meu tio Osíris me deu a responsabilidade de cuidar dos assuntos dos mortos. Sou eu quem peso os corações numa balança usando como contrapeso a Pena da Verdade no julgamento das almas e conduzo os mortos para que o Lorde Osíris julgue. Também sou eu quem alimenta o Ammit com os corações impuros. Faço isso com muito orgulho. Mas meu pai não entende isso. Acha que eu me rebaixei a Osíris. Mas a verdade é que eu faria qualquer coisa por mestre Osíris. Ele me deu o que eu chamo hoje de lar. E embora eu não seja seu filho de verdade, ele é mais meu pai do que Set. Dá pra comparar?

Portanto, eu não gostei da noticia de que meu pai foi liberto. Mas, Osíris livre? Isso é outra história! Mas, vovó Nut ainda não tinha terminado.

– O que me leva a próxima questão: preciso que encontre a Ísis para mim, por favor! E traga ela aqui para conversar comigo. – ela continuou.

– Onde posso encontrá-la? – perguntei.

– No Salão da Eras, no Primeiro Nomo. – ela me olhou com um brilho estranho nos olhos. Senti um leve arrepio na espinha. Isso não é normal!

– O que a tia Ísis (que acaba de ser liberta de uma prisão imposta pela Casa da Vida) iria fazer na Casa da Vida? Ela não sabe do perigo que corre?

Nut virou a cabeça como se considerasse a questão.

– Não acho que ela tenha alguma escolha a esse respeito. De qualquer forma, quando você encontra-la, pode ser que não a reconheça. Por isso, tome cuidado e preste atenção enquanto você estiver lá. Agora, sente-se e tome o seu sahlab antes que ele esfrie.

Tive de me lembrar de fechar minha boca. Ela mudava tão rápido de assunto que ficava difícil de acompanhar o seu raciocínio. Fechei a cara, me sentei no sofá de nuvens e tomei um delicioso sahlab (bebida parecida com baunilha quente, que era servida no Antigo Egito) com biscoitos de polvilho. Eu ainda estava perturbado com as informações que eu recebi. O que será que Ísis estava fazendo na Casa da Vida?

– Vó Nut, por que os deuses ainda não retornaram aos seus tronos?

Ela me olhou, considerando a questão por alguns segundos, depois respondeu:

– Creio que você terá de perguntar a cada um deles querido! Cada um está passando por uma provação diferente. E eles ainda estão fracos. Passaram muito tempo presos. Acredito que ainda irá demorar um pouco até que todos reestabeleçam sua antiga forma. Além disso, nós ainda temos a necessidade de reaver os antigos caminhos. Precisamos aprender novamente a trabalhar em comum com os magos. Mas, não são todos os que podem aprender este caminho.

– Como assim? – eu estava perplexo.

– Eu já vivi tempo o suficiente para saber que nem todos os humanos têm a capacidade de suportar a nossa essência. São criaturas muito frágeis esses humanos. Mas, eles podem surpreendê-lo! – ela me olhou, novamente, com aquele brilho estranho nos olhos.

– Humanos são patéticos! – eu afirmei.

Nut riu, silenciosamente.

– Não subestime os humanos, meu querido neto. Você pode se arrepender por ser tão arrogante.

– EU NÃO SOU ARROGANTE! – Agora eu estava indignado.

Nut gargalhou. Fiquei completamente desconcertado.

– Desculpe vovó! Não quis gritar com a senhora. – eu abaixei a cabeça, envergonhado.

– Meu querido neto, é melhor você voltar ao Duat. Você precisa estar no Salão das Eras ainda esta noite. E não esqueça de levar o presente que prometeu a meu pai. Você sabe que ele detesta quando se esquecem dele.

Ela piscou para mim. Eu entendi o recado. Curvei-me levemente em despedida e me transportei de volta ao Duat.

Após levar o perfume de rosas negras ao túmulo de Anne Grace, voltei ao Salão do Julgamento, pois pretendia falar com certa alma resplandecente. Mas, ao chegar lá, não a vi em lugar algum. Procurei em todos os lugares possíveis do Salão. E já estava me amaldiçoando por ter deixado ela sozinha, quando me lembrei que precisava ir atrás de Ísis. É claro que tive ajuda! Encontrei um amável bilhete, em cima da balança quebrada.

“Querido Anúbis,

Você não devia estar em outro lugar agora?

Nut.”

Isso me pôs no meu lugar, ou melhor, no Salão da Eras. Porém, não fui pessoalmente. Como eu só precisava encontrar Ísis e leva-la até Nut, eu podia me dar ao luxo de apenas projetar minha imagem no Salão das Eras, no Primeiro Nomo. Até por que os habitantes do Primeiro Nomo não eram os nossos maiores fãs.

Concentrei-me em Ísis. Minha projeção deveria me levar até ela. Quando abri os olhos estava em uma cena do início das Eras. Ísis estava grávida de Horús, sentada ao lado de Osíris. Eu conhecia aquela cena. Meu pai iria enganar Osíris e prendê-lo em uma caixa mágica. Depois iria enterrá-lo e começaria uma caçada em que minha mãe e tia Ísis correriam o mundo atrás de Osíris. Eu já havia assistido essa cena antes. É um dos motivos pelo qual detesto quando me comparam a meu pai.

Eu já estava me encaminhando para a figura no trono, quando notei um erro na cena. Um brilho dourado, muito forte. Quase igual ao de uma certa loira que eu estava procurando a algum tempo no Salão da Eras. Eu disse quase! Algo não estava certo. Como uma peça de quebra-cabeça que é parecida com a que você quer, mas que não se encaixa na imagem. O que eu estava vendo tinha o brilho de um ren, mas a aparência de um fantasma. E eu podia sentir o chamado da morte, mas bem fraco.

Me aproximei. Era estranho. Que eu saiba, rens não possuem forma humana. Possuem a forma de um faisão com rosto humano. Pude ver os cabelos loiros da criatura caindo por suas costas, sedosos e macios. Por um instante, tive uma vontade louca de tocá-los. Me repreendi mentalmente.

– Você é um fantasma? – perguntei.

A criatura virou para mim. E eu perdi o fôlego.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Se sim, eu quero reviews tá!
A postagem do próximo capítulo depende disso.
Se houver algum errinho de escrita, por favor, me avisem. Eu revisei, mas, vai saber!
Até o próximo capítulo!



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