As Crônicas de Anúbis escrita por Sonhadora


Capítulo 2
Eu tenho uma audiência com o Senhor dos Ventos


Notas iniciais do capítulo

Oiêêêê!!
Olha eu aqui outra vez!!
Quero agradecer aos leitores que comentaram a minha história.
Este capítulo está beeem maior que o anterior e (sinto muito!) ainda não temos a nossa heroína. Ela ainda vai demorar um pouquinho pra aparecer.
Mas tenham paciência. Juro que valerá a pena!
Boa leitura!



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O equilíbrio do Ma’at está abalado.

A alguns milênios atrás, os magos da Casa da Vida resolveram que não queriam mais trabalhar com os deuses. Então tiveram a brilhante ideia de aprisiona-los em diversos monumentos ao redor do mundo. Com a saída do Grande Rá para a sua aposentadoria forçada (se não conhece a história, pesquise no google!), muitos dos grandes deuses do Egito ficaram enfraquecidos. E a Casa da Vida se aproveitou disso e conseguiu aprisionar muitos deles.

Porém, houve aqueles os quais não conseguiram aprisionar. Entre eles eu, Anúbis, Senhor dos Funerais e blá, blá, blá. Você pode pensar que eu não fui contido por ser um dos deuses mais poderosos e coisa e tals! Mas, a verdade é um pouco menos glamurosa. Eu fui esquecido. Essa é a verdade! (Isso machuca sabe!)

Acharam que, capturando o Lorde Osíris, o Grande Juiz dos Mortos, não havia necessidade de me capturar também. Não que eu esteja reclamando de alguma coisa! Afinal, eu não estou preso a um objeto qualquer. Apenas fiquei com poucas opções de diálogos inteligentes, o que me tornou um pouco taciturno.

De qualquer forma, quando senti a onda de poder fui logo atrás da única que poderia me dar respostas. Minha avó, Nut.

Mas, antes de contar sobre a minha conversa com a vovó, deixe-me explicar uma coisa: Nut não é fácil de encontrar. Mesmo se você for o seu neto, querido e amado, salve, salve, EU. Você não chega, simplesmente, bate na porta dela e espera que ela te receba de braços abertos, como uma avó meiga e gentil. Você só pode ir até Nut se ela lhe chamar.

Mas, ao mesmo tempo, ela era a única que poderia me dar as respostas que eu buscava. Então, eu fiz o que qualquer neto aplicado faria: Fui falar com meu bisavô, pra ele falar com a minha avó, pra ver se ela me convidava para um chá.

Vesti minha melhor túnica negra. Meu bisavô não suportava qualquer tipo de modernidade. O que significava que, para conseguir qualquer coisa dele, eu precisava seguir suas regras de conduta. Mas, vamos combinar, eu prefiro calças jeans com correntes, camisa preta, jaqueta de couro e botas de combate. Fica bem melhor em mim do que aquela túnica velha. Fazer o quê! Certos sacrifícios são necessários.

Para quem não conhece meu bisavô, ele se chama Shu. (Não, não é sapato em inglês!) Ele é o Deus dos Ventos, e é casado com a Deusa das Chuvas, Tefnut (que, por um acaso, também é a irmã dele. ECA!)

A minha bisa é gente boa. Na maioria das vezes ela é calma e otimista. Ela gosta de refrescar dias de muito calor e é a única que consegue acalmar meu bisavô quando ele tem um acesso de fúria. Mas, se eu puder lhe dar um conselho é este: nunca fique perto dela se ela estiver com raiva. E nunca, jamais a ofenda se você quiser viver.

Vocês lembram do episódio do dilúvio de Noé? Pois é! Meu bisavô fez o favor de esquecer o aniversário de casamento deles e passou a noite fora de casa, passeando pela terra. Só que ela havia convidado os deuses para comemorarem com eles e, como ele não apareceu, ela levou para o lado pessoal. Fez cair sobre a terra chuvas torrenciais por 40 dias seguidos. Quase destrói toda a humanidade. Nem preciso dizer que o biso nunca mais esqueceu um aniversário sequer, né! E ele sempre leva um presente.

Já o meu bisavô, como descrevê-lo... Ele parece aqueles antigos soldados da velha guarda. Vive no passado. Sua principal atividade na vida é separar os filhos Nut e Geb, meu avós (nem pergunte!). Conta a lenda que minha avó, para poder dar a luz a meu pai e seus irmãos, fez uma aposta com Khonsu, deus da lua, onde ganhou raios de lua o suficiente para burlar as ordens de Rá, que estava com medo de uma profecia a respeito dos filhos de Nut. Desde lá, meu bisavô tem a missão de separá-los, o que (é claro!) ele faz muito bem.

Eu abri um portal para o meu cemitério preferido em Long Island, e de lá chamei meu bisavô. Deixe-me contar uma coisa sobre meu biso pra você: Eu não sei quem foi que disse pra ele que pena de avestruz na cabeça é considerado última moda(só se for do Egito Antigo, antes de eu nascer). Ainda mais que a impressão que eu tenho é que ele nunca viu um pente. Sério! Eu até que gosto de uma visual mais despojado, mas eu jamais sairia de casa se a minha cabeça parecesse um ninho de ratos embaraçado com penas de avestruz pra enfeitar. Eu tenho respeito por mim mesmo e uma reputação a zelar.

Ele veio com a delicadeza de sempre.

– Anúbis, o que você quer? Não vê que estou ocupado?

– É bom lhe ver também meu senhor.

Me inclinei levemente, de maneira elegante e discreta.

– Como não quero atrapalhar seus negócios, vou direto ao assunto. Necessito de uma audiência com Nut. E o senhor é o único com a capacidade e destreza necessária para encontra-la e interceder a meu favor.

Sou, ou não sou um bajulador de primeira linha!

– E por que eu deveria te ajudar? Isso atrapalharia ainda mais meu trabalho e eu tenho mais o que fazer.

Ele era difícil na queda, mas eu era mais persistente.

– Se o senhor puder fazer esse pequeno favor, eu poderia recompensá-lo lhe ajudando com o presente de aniversário de Tefnut.

O deus considerou a minha oferta com suspeitas no olhar.

– E o que o Deus dos Mortos saberia sobre o presente para a minha esposa?

Levantei uma sobrancelha, como quem diz: Dúvida?

– Sei que ela gostaria de ganhar um perfume de rosas negras que, por um acaso, crescem nos jardins da minha casa no Duat. Ouvi ela comentando outro dia que adoraria ganhar um desses. Eu posso conseguir um frasco do perfume que ela quer.

Ele pareceu considerar a proposta.

– E tudo o que tenho que fazer é dizer para a Nut que você quer vê-la?

Ponto para mim. Agora, desfecho com chave de ouro!

– Exatamente. Posso contar com sua inestimável ajuda?

– Quando recebo o perfume?

Opa! Golpe na área. Se eu entregar agora, ele nunca me dará o que eu quero.

– Você encontrará o perfume neste cemitério, embrulhado para presente, no túmulo de Anne Grace, bem ali, assim que ela me convidar para o chá. Tem a minha palavra!

– Certo. Vou ver o que posso fazer por você. Mas, não garanto nada.

– Seja como for, agradeço por seu auxilio.

O deus se transformou em ventania e desapareceu. Eu retornei ao Duat, para aguardar o convite. Ainda bem que eu ainda tinha um frasco da fragrância que prometi. É um presente caro, mas eu não tinha muita escolha.

Enquanto aguardava o chamado de Nut (Sim, tenho certeza de que ela vai me chamar!) fui dar uma olhada no Salão do Julgamento, pra ver se está tudo certo. Ou, pelo menos, tão certo quanto é possível. Tinha uma alma vagando por lá. O brilho que ela produz tem uma tonalidade dourada, reluzente, muito bela!

Me aproximo devagar. A alma vira-se para mim. É uma moça. Muito bonita. A julgar pela aparência de seu ren, ela deve ter sido radiante quando estava viva.

– Seja bem-vinda ao Salão do Julgamento. Posso ajuda-la?

Perguntei.

– Acredito que não, por enquanto. Mas, obrigada!

Ela tinha uma voz suave, mas ao mesmo tempo firme.

– O que você procura?

Eu estava ficando curioso.

– Meu marido acaba de dar início à uma importante mudança no Ma’at. E eu estou aguardando o desenrolar dos fatos.

De repente, eu senti como se um suor frio percorresse a base da minha coluna. Só tem um detalhe: Deuses não suam!

– Eu sou Anúbis, Senhor da Morte e dos Funerais. Quem é você?

A moça fantasma olhou dentro dos meus olhos, trazendo um arrepio desconhecido em minha nuca.

– Eu me chamo Ruby Kane. Sangue do Faraós.


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Notas finais do capítulo

E aí? Mereço reviews?



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