Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 8
Eu Ajudo Você!




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“Droga!” Emma havia chegado até a esquina onde o vulto entrara, porém não a tempo, embora tivesse corrido com todas as suas forças pra encontrá-lo, ela o havia perdido, ele desaparecera na névoa. Ela estava furiosa, “Seja quem for estava indo a algum lugar... então deve haver um lugar pra onde se possa ir... talvez com outras pessoas...” pensou enquanto parada, passava o olho na rua com esperança de revê-lo.

Foi então que, como num passe de mágica, Emma arregalou os olhos e lembrou-se de Sebastian, o havia deixado no posto há alguns minutos e temeu pelo que ele pudesse pensar ou fazer quando saísse e notasse sua falta, seu coração acelerou, ela deu mais uma olhada apressadamente, virou-se e pôs-se a correr de volta para o posto, mais rápido ainda do que quando saiu, afinal, a última coisa de que precisava era ficar sozinha ali naquele momento.

– Emma!! – Sebastian gritava enquanto andava de um lado para o outro no posto esperando que esta aparecesse – Emma!! – já havia começado a ficar assustado. “Será que aconteceu alguma coisa...?” Não era de se esperar as melhores respostas para essa questão quando se olhava aos arredores e se contemplava a aparência caótica daquele lugar. O rapaz continuava olhando para os lados quando uma dor aguda e repentina na perna o fez cair de joelhos na calçada.

– Argh! – Sebastian suspirou e puxou a aba da calça para ver o estado do seu ferimento, que havia começado a sangrar um pouco. – Emma... preciso ir ao hospital... – Ele temia por sua perna, ela não estava doendo tanto, era um fato, mas ele não queria que aquele ferimento se agravasse por falta de cuidado. Então, puxou o mapa da bolsa e confirmou que direção deveria tomar para chegar ao destino. – E se ela voltar? - Tal dúvida corroeu Sebastian por alguns momentos - Ela é esperta... vai conseguir deduzir onde irei... Ela vai ficar bem... quem me deixou aqui foi ela, certo? – dizia a si mesmo em voz baixa, enquanto colocava o mapa de volta na bolsa e seguia a rua, preocupado com o paradeiro de Emma.

Não demorou muito até que Emma chegasse de volta ao posto, ainda completamente vazio, ela correu através dele direto para a pequena conveniência, com esperança de encontrar seu aliado quando entrasse, porém, foi tomada de imensa frustração e desespero quando adentrou as portas de vidro e não o encontrou lá dentro, podendo ouvir apenas o sino que havia badalado com sua entrada. Sebastian já havia saído e embora ela não soubesse, não queria nem pensar nessa possibilidade, na possibilidade de se encontrar completamente sozinha naquele lugar.

– Sebastian? – Emma falou ofegante da correria até ali, entrando cuidadosamente na conveniência enquanto a porta se fechava atrás dela. – Sebastian? Responde por favor...

Silêncio.

– Não... – disse pondo a mão na cabeça.

Emma deu as costas e dirigiu-se a porta, precisava encontrá-lo e rápido, ele estava ferido... e não conseguiria ir muito longe naquelas condições. Andou apressadamente em direção à saída, pegou um salgadinho numa prateleira qualquer para comer depois e mal teve a oportunidade de pôr as mãos na barra da porta quando ouviu um som de passo vindo de fora, mas precisamente da lateral da conveniência, a qual fazia um beco com a parede do prédio vizinho, um som relativamente baixo, porém facilmente audível em meio aquele silêncio. Mesmo sem poder ver a origem do som, Emma pôde sentir o alívio na alma, Sebastian havia voltado pra lá e ela não estava mais sozinha. Ela liberou um pequeno sorriso antes de sair da conveniência, mas como não queria parecer feliz em vê-lo, fechou com cara, saiu da conveniência e dirigiu-se ao beco de braços cruzados, com cara de indignação e antes de mesmo de chegar no beco já havia começado a perguntar de onde o rapaz teria tirado tanta ousadia para deixá-la sozinha ali.

– O que você tem na cabeça? Não sabe qu... – Emma parou ao chegar na entrada do beco. Não era Sebastian que estava no beco esperando por ela. O medo a fez perder os sentidos por alguns momentos, ela pôs uma das mãos na boca para não gritar enquanto a outra deixou o salgadinho cair no chão sem que esta ao menos percebesse. Duas, não uma, mas duas daquelas bestas da noite anterior estavam ali, devorando a carcaça sem vida do que parecia ter sido uma terceira delas. O cheiro era horrível e o sangue, abundante. Algumas lágrimas começaram a cair do rosto de Emma, a qual, na dificuldade de engolir a própria saliva, teve a infeliz sorte de deixa escapar um soluço... ouvido pelas feras. As duas olharam para Emma furiosamente, mostrando os dentes encharcados de sangue, puseram-se em posição de ataque e começaram a andar lentamente em direção a garota, mais ou menos como feito na noite anterior. “ROOOAAAAAWRRRR”, esse rugido foi o bastante para que Emma despertasse do choque e corresse em pânico, seguida pelas feras.

Emma correu direto para dentro da conveniência, trancando a porta no exato momento em que uma das feras jogou com tudo sua cabeça contra a porta, o impacto proveniente da pancada trincou violentamente a porta e jogou Emma para trás, que escorregou com facilidade na camada de poeira que cobria o chão. Ela em vão tentou se segurar em uma das prateleiras laterais, na verdade, piorou sua situação, uma vez que a mesma caiu sobre ela, sendo segurada pela outra prateleira do corredor, tornando difícil movimentar-se. As bestas se jogavam e arranhavam o vidro da porta da conveniência freneticamente, que para a sorte de Emma era mais resistente do que aparentava, queriam a todo custo ter Emma como refeição, e pelo estado da porta, não estavam muito longe de conseguir, a cada batida era uma nova trincada na porta e não demoraria muito até que essa quebrasse. Emma engatinhou por baixo da prateleira e do monte de mercadorias caídos sobre ela até o fim da conveniência, onde havia avistado uma porta de madeira, talvez uma despensa para funcionários. Levantou-se e correu para em direção a porta e, ao abrir, tudo que pôde ouvir foram os estilhaços da porta central da conveniência sendo arremessados em todas as direções, um deles até acertou-a, tamanha a força com que as feras arrombaram a porta. Emma trancou a segunda a porta e escorou-se na parede oposta, onde tudo que podia ver e ouvir eram os esforços das criaturas para arrombarem a segunda porta também.

Ela enxugava as próprias lágrimas em desespero, enquanto procurava alguma saída naquela sala, mas não havia nenhuma. Era um sala pequena com paredes de concreto e algumas prateleiras preenchidas de entulho, nada mais. Emma não conseguia aceitar que morreria naquele momento... por um homem que não valia sua vida. As criaturas já haviam feito rachaduras na porta... e não havia mais o que fazer... Emma se derramou em lágrimas e sentou no canto da parede, já sem esperanças, afinal, não havia saída e nem por quem gritar. Era o fim. Ou melhor, seria o fim se Emma não tivesse percebido três pequenos fachos de luz em cima da porta. Ela rapidamente enxugou as lágrimas e levantou-se procurando a origem dos fachos, foi quando percebeu uma coisa que ainda não tinha visto. Na última prateleira uma caixa grande bloqueava o que parecia uma espécie de janelinha, pela qual Emma passaria sem muitos problemas, feliz, Emma arrastou com um pouco de esforço a caixa da prateleira e a derrubou no chão, espalhando uma grande quantidade objetos, entre eles um revólver comum e uma caixinha de munição. Ela olhou fixamente pra esses dois objetos, estendeu a mão mas... não queria pegá-los... Emma olhou por alguns segundos pra arma, algumas lágrimas correram pelo seu rosto, mas um impacto violento na porta fez com que Emma voltasse à realidade, pegasse a arma juntamente com munição, escalasse as prateleiras e se arrastasse pela janela para sair dali.

Emma caiu atrás da conveniência, levantou-se com dificuldade e pôs-se em pé. Estava aliviada por estar fora dali, mas ainda corria perigo, e ainda precisava encontrar Sebastian, ela também poderia estar correndo perigo. Mas para onde ela iria agora? Aonde Sebastian teria ido? “O hospital.” Foi a única coisa que passou pela sua cabeça. Emma olhou para a avenida que levava ao hospital, enxugou o rosto e, ofegante, correu com toda a sua força naquela direção. Infelizmente, ela teve seus passos ouvidos pelas criaturas, que a viram pela porta da conveniência e se puseram à caça. Emma corria desesperada através da rua, queria aproveitar a grande dianteira que havia conseguido em relação às bestas, ela corria enquanto ouvia os passos e rosnados atrás delas, até chegou a olhar para trás mas não conseguiu ver mais que vultos muito claros em meio a névoa... que estavam... parando!!! Emma foi tomada de felicidade, a névoa a havia escondido e os animais pararam a caça ao que não conseguiam ver. Ela estava radiante, nunca pensou que amaria tanto aquela névoa como amava naquele momento, mas mesmo assim continuou correndo com a cabeça virada para trás para ter a certeza que eles haviam parado e que se perderiam na névoa. Um grande erro. Emma deveria ter atentado para o que estava à sua frente. Num súbito momento, a garota sentiu o chão desaparecer dos seus pés, mais do que depressa virou o rosto para frente e ficou desesperada com o que viu: nada. Nem ruas, carros, prédios, árvores, nada... só uma grande imensidão branca, um enorme buraco onde parecia ser o fim da cidade.... E de qualquer outra coisa. Emma começou a cair, porém com um dos braços conseguiu segurar-se numa raiz vegetal que saía do paredão que delimitava o buraco. Em pânico, ela pensou num jeito de voltar, mas a borda estava fora do seu alcance, e como se não bastasse, a raiz começara a se romper... “Se eles não me mataram... a queda mata...”, pensou, ao olhar para baixo e ver que não era possível ver o fundo. Emma segurava firme e pensava numa forma de se salvar mas, novamente, não havia escapatória. Era uma questão de segundos até que a raiz se partisse e que o fio de sua vida também. Emma respirou... suspensa sobre uma imensidão sem fundo, fechou os olhos, baixou a cabeça e esperou o pior, apenas ouvindo o som da raiz se soltando, que era cada vez mais nítido.

Tão rápido quanto a raiz se partiu, uma mão emergiu da borda e segurou a mão de Emma, salvando-a por um triz. Emma olhou pra cima e pôde comtemplar o rosto do que parecia ser uma garota, debruçada na borda do penhasco segurando a mão de Emma e estendendo a outra.

– Me dê sua outra mão, eu ajudo você! – gritou a menina.

Emma jogou sua outra mão de encontro à mão da garota, que a puxou para cima sem muita cerimônia. Emma caiu de joelhos entre a garota e a borda daquele desfiladeiro, estava exausta e ofegante, seus últimos minutos foram uma montanha russa emocional com bruscas oscilações. Após algumas suspiradas, Emma levantou-se.

– Obrigado... – foi só o que conseguiu dizer olhando a menina mais de perto.

– Não me agradeça. – disse a garota. – Está tudo bem?

– Sim... está.... Obrigado de novo. – Emma pôde olhar para garota com mais calma.

Era uma garota mais ou menos da idade dela, trajava botas raladas e desgastadas, uma saia desbotada e encardida verde e um moletom azul, muito sujo. Tinha a pele clara e seus cabelos iam até um pouco abaixo da cintura. Eram negros mas com curiosas pontas loiras. Emma ficou intrigada com aquela garota, o que uma menina estaria fazendo ali e naquele estado?

– E você... está bem? – perguntou Emma.

– Sim, estou sim. – Emma não concordava com a resposta quando olhava pra o estado da garota.

– Sou Emma Carter... – a menina estava em silêncio olhando pro rosto de Emma causando um clima um tanto desconfortável - ... e você é....?

– Eu sou? – disse a menina olhando fixamente para baixo.

– Seu nome....

– Meu nome? – disse a menina, segurando a cabeça entre as mãos, como se tentasse lembrar.

– .... – alguns segundos se passaram - Não se lembra?

– Não...

– Do que lembra?

– Não lembro. – a conversa já estava deixando Emma impaciente.

– Não importa agora... - disse Emma olhando pros lados - Preciso achar o um amigo...

– Fala de um homem de casaco?

– Sim! – disse Emma com surpresa no rosto – Você o viu? Onde?

– Estava indo em direção ao hospital.

– Eu sabia. – Emma bateu uma mão fechada sobre a palma da aberta. – Sabe como chegar lá?

– Sei sim.

– Pode me levar até lá? – disse Emma segurando a menina pelos ombros, olhando-a nos olhos.

– Posso... – disse a menina já se pondo a caminho – Siga-me. – disse fazendo um gesto.


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Notas finais do capítulo

Sebastian se depara com a falta de Emma no posto e decidi seguir para o hospital sozinho. Após seu retorno ao posto Emma se dá conta que Sebastian não está lá e é forçada a enfrentar alguns inimigos, terminando com a posse de uma arma. Na fuga Emma acaba caindo em um buraco gigante que corta a cidade, mas é resgatada por uma estranha misteriosa. Que apesar de não lembrar de nada sobre si mesma, parece conhecer a cidade.



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