Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 6
O Melhor Amigo do Homem


Notas iniciais do capítulo

"Pois a coragem cresce com a ocasião." - William Shakespeare



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– Ah... que ótimo, chegamos. – Sebastian disse com um sorriso aliviado no rosto. – Talvez haja alguma pousada mais a alguns quilômetros à frente onde possamos nos hospedar.

De fato, a noite estava caindo, a escuridão se alastrava e tomava conta aos poucos de tudo que podia ser ver, e como se não bastasse, era quase impossível ver mais que alguns metros à frente da estrada com toda aquela neblina. Sebastian pisou fundo no acelerador, queria chegar em algum lugar o mais rápido possível onde pudessem ficar antes que não fosse mais seguro dirigir por ali, mas por mais que se esforçasse e acelerasse o carro, o tempo passava e não se conseguia ver nenhum sinal de civilização por ali, nenhum casa, fazenda ou estalagem... só estrada e neblina.

– Estranho... – Emma comentou.

– O quê?

– Reparou que desde que entramos nessa estrada não vimos carro nenhum? Nem indo ou voltando? – disse Emma, enquanto em sua mente associava o vazio da estrada com o vazio do lugar.

– Ah... – Sebastian pensou um pouco - Com essa neblina toda não acho difícil que as pessoas optem por uma outra estrada... Devem ter anunciado nos jornais que não era seguro, sei lá...

– Uhum... – Emma ergueu os ombros em sinal de aceitação e voltou a reclinar a cabeça na janela.

– E sabe de uma coisa? – Sebastian olhou para Emma – Será bem mais fácil arrum...

– SEBASTIAN, CUIDADO! – Emma saltou do banco apontando para estrada.

O carro sacudiu e derrapou bruscamente na pista, enquanto Sebastian pisava com toda sua força no freio, salvando o carro de por muito pouco não capotar. Eles haviam passado por cima de alguma coisa. O impacto havia feito Emma bater a cabeça fortemente contra o vidro, enquanto Sebastian deu de cara com o volante. Alguns instantes se passaram... sem que Emma e Sebastian se movessem...

– Urgh... – Sebastian gemeu enquanto erguia a cabeça levemente. Uma dor imensa vinha do seu rosto, mais precisamente do seu nariz, ele passou a mão e sentiu um líquido escorrendo... “Sangue...” ele pensou. – Emma... Emma você está bem?!

– Sim... – ela estava com a mão na cabeça – estou com a visão meio embaçada, mas está melhorando... vai passar...

– O que... o que aconteceu?

– Um buraco... na estrada...

– Oh, Jesus! – Sebastian limpou o sangue do nariz com a manga do seu sobretudo e saiu do carro, olhou em volta mas tudo que conseguia ver era uma escuridão homogênea feita pela neblina – Não consigo ver nada... a neblina... tomou conta de tudo...

– Aqui! – Emma puxou a chave da ignição e saiu do carro, indo em direção a Sebastian. – Tem uma lanterna no porta malas. – Emma abriu o compartimento e pegou o objeto.

A luz da lanterna não surtiu muito efeito naquele lugar, porém já era melhor que a escuridão em que estavam. Emma saiu apontando a lanterna em todas as direções da estrada até o achar o buraco causador dos seus problemas.

– Olha ali, achei.

– É enorme... – Sebastian havia olhado para onde o foco da lanterna apontava e tinha visto, era um buraco de mais ou menos 1 metro de diâmetro com vários centímetros de profundidade – Isso poderia ter... OS PNEUS!

Emma, movida pelo susto do rapaz, rapidamente virou e focou a lanterna nos pneus traseiros do carro.

– Ah...não... – o pneu esquerdo estava totalmente destruído pelo impacto que o buraco causara, Sebastian correu em direção ao carro e ajoelhou-se – Não, não... Um estepe. Diga que tem um estepe...

Emma só apontava a lanterna para ele... em silêncio.

– Vamos... diga. – Sebastian riu assustado.

– Eu não...

– Carrega uma lanterna e não um estepe? – Sebastian interrompeu trêmulo com um tom de indignação.

– Ei, não precisaríamos dele se fosse um bom motorista!

– Eu sou um ótimo motorista, você que é a desprovida aqui. – apontando Emma.

– Você que sugeriu que viéssemos a Silent Hill! Tem mais alguma sugestão? Por que já é noite e estamos parados numa estrada no meio do nada! E com esse carro não iremos a lugar nenhum. – Emma gritou.

– Nem com essa atitude... - Sebastian recuperou o fôlego e a calma – Tudo bem, escuta, já chegamos em Silent Hill, certo? Vamos andar mais um pouco... Deve ter algum lugar por aqui... e quem sabe a própria cidade... não deve estar muito longe certo? Vamos pegar tudo que nos for útil no carro e... vamos... andar...

– Ótimo... – disse Emma revirando os olhos.

Indo ao carro, Emma e Sebastian pegaram tudo que poderia ser útil ali, Emma pegou a pasta que haviam pegado no sobrado 544, enquanto Sebastian achou no porta malas uma bolsa de couro repleta com ferramentas, a qual ele esvaziou e levou consigo. Àquela hora a noite já era absoluta, a estrada estava escura e fria, provocando calafrios nos dois.

– Está pronta? – Sebastian perguntou.

– Bom... acho que não há mais nada útil dentro o carro.

– Ótimo, vamos indo. – fecharam o carro e começaram a seguir a estrada.

Eles haviam começado sua caminhada... Sebastian ia na frente apontando a lanterna enquanto Emma ia atrás acompanhando seus passos, ela não gostava daquela situação, se sentia a donzela indefesa, um estereótipo que sempre odiou, desde criança. Mas não podia mentir para si mesma, se sentia mais segura daquele jeito, estava num lugar desconhecido com uma aparência horripilante, grandes árvores formavam florestas profundas que eram preenchidas com neblina, dos dois lados da estrada, era bom ter alguém ali com ela.

Estavam perto da primeira hora de caminhada, a neblina se tornara mais densa e um obstáculo cada vez mais difícil de enfrentar... pois além de bloquear sua visão, parecia que a mesma ganhava um odor de queimado cada vez mais forte mediante a proximidade que eles ganhavam da cidade. Emma e Sebastian já estavam desanimados com aquela situação, andavam e andavam...nada. Não já deveriam ter encontrado alguma coisa? Parecia que não saiam do lugar... Para piorar a situação a lanterna começou a piscar, em sinal da falta de bateria.

– Oh... não! – Sebastian bateu na lanterna – Lanterna idiota, pegue, pegue! – após mais algumas batidas a lanterna recuperou a sua estabilidade.

– Estou cansada...

– Eu também... mas não podemos parar aqui, não sabemos nem onde estamos... e aliás...Ei! Ouviu isso? – Sebastian mudou para tom de sussurro, ele havia ouvido um chacoalho entre uns arbustos.

– Eu não ouvi nad...

– Shiiii... – disse Sebastian com o dedo entre os lábios.

– O quê? – disse Emma em voz baixa.

– Tem alguma coisa ali. – apontou para o arbusto, que chacoalhou de novo. Viu?

– Sim, mas....

“Grrrrrrr!” Um rosnado baixo foi ouvido vindo do arbusto... o som vinha nitidamente na direção dos dois, Sebastian assustado focou a lanterna e os dois esperaram o que sairia dali.

– Sebastian é melhor a gente ir... – disse Emma já ofegante, puxando a o ombro de Sebastian para trás.

– Meu Deus... – exclamou Sebastian, imóvel, sem acreditar no que estava vendo.

A criatura havia saído dos arbustos, rosnando baixo e encarando os dois, era algo parecido com um cachorro de grande porte, mas não era um. Era esquelético, grande parte do corpo dele estava em carne viva ou com os ossos à mostra, o que ainda havia de pelo estava sujo e acinzentado, suas garras e dentes eram enormes e afiadas, todas encardidas com sangue, aparentemente poderiam rasgar um ser humano sem muita dificuldade, seus olhos eram completamente brancos e sua mandíbula liberava um líquido que parecia uma mistura de sangue e saliva. Estava mais para um demônio. GRRRRR! A criatura rosnou mais alto e se posicionou como quem fosse atacar.

– Sebastian... – Emma estava chorando – A gente tem que ir...

– Corre Emma... – Sebastian falou baixo para não assustar a fera.

– O quê?

– CORRE! – Sebastian deu a partida correndo enquanto puxava Emma pelo braço, que começou a correr também. – CORRE – gritou novamente.

Sebastian apontou a lanterna para trás enquanto corria, a criatura estava no seu encalço, era rápida e corria ferozmente, como um predador corre atrás da sua presa. “Isso não é uma simples criatura selvagem, nenhuma poderia sequer estar viva nesse estado!” Ele continuou correndo cada vez mais rápido junto com Emma, que estava chorando. A criatura grunhiu de forma medonha.

– O que vamos fazer? – Emma gritou em meio a seu choro enquanto corria.

– Eu não sei, só corra!

Sebastian estava apontando a lanterna para todo lugar procurando uma saída. Estava desesperado, mas não queria demonstrar isso por causa de Emma, não queria deixa-la pior ou mais preocupada, novamente ele olhou para trás, a criatura estava a poucos dezenas de metros deles e não demoraria muito até que ela os pegasse, ele não sabia o que iria acontecer, mas sabia o que não iria acontecer: eles não morreriam ali. Ele novamente olhou para frente determinado e com sua lanterna fitou a salvação! Era uma casa no meio da floresta, parecia abandonada, mas e daí, era perfeito!

– Ali! – disse ele apontando com dificuldade para a casa.

– Uhum... – disse Emma limpando o rosto das lágrimas para poder ver melhor.

Ambos correram até a casa o mais rápido que puderam, nenhum dos dois tinha coragem de olhar para trás àquela altura... Sabiam que a qualquer momento seriam pegos. Chegando mais perto da casa viram algo desanimador: a porta estava bloqueada por um grande número de entulhos. Sebastian e Emma se desesperaram, não teriam tempo de tirar aquilo para entrar e não podiam parar de correr!

– Olha! – Emma apontou para a janela do 1º andar da casa, a única aberta.

– Como acha que entraremos ali? – gritou Sebastian, estavam chegando perto da casa e um plano deveria ser bolado logo!

– Por ali! – Emma apontou para um mural de madeira com flores secas que vinha da tal janela até o chão. – Usaremos como escada!

– Perfeito.

– Mas não vai dar tempo de entrarmos os dois!

– Vai você! – Sebastian olhou para uma pilha de madeira um pouco antes da casa, tendo mais uma ideia - Tenho um plano, segura a lanterna! – Emma a pegou.

Passando correndo pela pilha de madeira, Sebastian pegou um pedaço de pau e o segurou firme, entre as mãos. A alguns metros do mural da casa ele olhou para trás e viu que a criatura estava praticamente no seu pé! Ela deu um salto para agarrá-lo enquanto soltava um guincho medonho. O tempo parou, para Sebastian aquele era um momento decisivo, “É agora.” Pensou. Com o pedaço de pau empunhado, Sebastian bruscamente virou para a criatura para acertá-la no ar, ele só tinha um a chance, era viver ou morrer... ele fechou os olhos e foi com toda sua força. O golpe acertou em cheio o rosto da criatura, Sebastian pôde ouvir o som da sua mandíbula sendo estilhaçada. A fera guinchou de dor enquanto caiu e rolou para longe de Sebastian, que sorriu por ter acertado.

– Emma! – ele gritou.

– Aqui! – ela já tinha subido quase todo o mural – Vem logo.

Sebastian largou o pedaço de pau e correu para o mural, após ver que Emma já tinha subido e entrado pela janela ele agarrou-se e pôs-se a subir, estava feliz que tudo iria acabar, estavam salvos, ele só precisava... “GGGHHHRRAAAAU!!!!” Era a criatura. Não estava morta.

– AAAHHHHH!!! – ele gritou, de alguma forma a criatura o mordeu e pendurou-se me seu pé pela boca.

– Sebastian!!!! – disse Emma, acompanhando tudo da janela. – O mural não vai aguentar.

Emma estava certa, não aguentou, o suporte da mão direita de Sebastian havia quebrado, o que o forçou a segurar-se apenas com uma mão...

– Me dê sua mão! – disse Emma estendendo seu braço para Sebastian.

Sem dar ouvidos, Sebastian furioso, chutou o rosto do animal, que não aguentou e caiu no chão, porém o impulso que Sebastian havia aplicado rompeu o suporte da sua mão esquerda, o que o teria feito cair, se Emma não tivesse o segurado bem na hora H.

– Vem, sobe! – Emma o estava puxando.

– Obrigado... – Sebastian subiu e entrou pela janela.

– Sua perna...

– Não se preocupe com ela... foi só uma mordida... vou ficar bem...

– Ótimo. –Emma olhou em volta, examinando o lugar.

– Cão idiota...Ele ainda está aí fora?

– Sim... – Emma olhou pela janela – mas não pode entrar.

– Bom... então parece que passaremos a noite aqui.


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Notas finais do capítulo

Emma e Sebastian finalmente chegam em Silent Hill. Porém por um acaso eles acabam sofrendo um acidente e são forçados a continuar o caminho a pé. Sem entender o porque de tanta estrada os dois são atacados por uma criatura demoníaca semelhante a um cão, fugindo dela ambos se refugiam numa casa abandonada no meio da floresta e optam por passar a noite ali.



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