Silent Hill: Sombras do Passado escrita por EddieJJ


Capítulo 25
Rumo ao Lakeside Amusement Park


Notas iniciais do capítulo

"Terra onde os sonhos viram realidade: Lakeside Amusement Park!"



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O carro negro foi reduzindo a velocidade conforme o GPS indicava a proximidade da cidade e parou a beira da estrada, em meio a névoa.

– Você chegou a seu destino, à sua frente: Silent Hill. - disse a voz feminina do GPS anexado ao painel do carro, depois de dois "bipes".

Através do vidro pôde-se ver a placa gasta que dizia: "Bem vindo a Silent Hill".

– Silent Hill, não é? - disse a bela motorista da echarpe beje, abrindo a porta do carro e pisando com seus saltos sobre o asfalto da estrada, olhando para o topo dos sobrados, casas e edifícios que se revelavam em meio a névoa - Então foi pra cá que ela correu...

Ela abriu a mala do carro, tirou sua arma e alguns pentes de munição, que acoplou em alguns ganchos no seu cinto. Voltou a olhar pra cidade, completamente deserta e silenciosa, e após para a telinha do GPS, que em uma breve descrição, classificava Silent Hill como um dos pontos turísticos mais visitados daquela região.

– Turismo? - ela olhou irônica para a cidade fantasma - Douglas... Douglas... - recarregou sua arma - ... sua filha tem mesmo um péssimo gosto...

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– Adeus... - engatilhou a arma - Seja você quem for...

– Emma não! Por favor!! Não! - ela cobriu o rosto com os braços.

– Tem uma última chance! Fale!

– Por favor... eu...

– Você pediu isso! - Emma interrompeu, sem paciência - Antes você do que eu...

– Acha mesmo.... - a garota falou, com o rosto encolhido em seu peito.

– Huh?

– Acha mesmo que... que se eu fizesse parte desse... desse culto que você fala, acha mesmo que se eu quisesse causar problemas ou desejasse algum mal a você...

– Onde quer chegar?

– Acha mesmo que eu teria salvo sua vida? Acha mesmo que não teria deixado você cair?

– Para de falar... - embora quisesse permanecer dura e firme em sua decisão, as palavras da garota tocaram o íntimo de Emma.

– Ou que não teria ajudado você ao chegar no Alchemilla para encontrar o Sebastian? - a menina subiu seu tom.

– Eu mandei parar!

– Ou dito onde poderia achar um carro? Hein? ACHA MESMO?

– PAREEEE!!

Disparo.

A menina abriu lentamente seus olhos e viu a fumaça sair do cano da arma de Emma, porém a bala repousava, ainda quente, na areia do pátio, a centímetros dela.

– Desapareça... - Emma falou baixando a arma - ... da minha vista.

– O... obrigado... - disse, recuperando-se do susto.

– Eu já mandei desaparecer... ou a próxima será na sua cabeça...

A menina permaneceu ajoelhada no chão, enquanto Emma escorou-se no carro, ainda com a cabeça a mil e desanimada por lembrar de um pequeno detalhe: seu único meio de transporte, a ambulância, havia explodido e ir a pé até o parque seria, além de perigoso, cansativo.

Houve silêncio no pátio por longos minutos.

– A chave... - Emma sussurrou para si mesma, desescorando-se do carro e olhando-o, lembrando da pequena chave que havia na escrivaninha.

– Que chave? - a menina perguntou.

Emma a olhou, odiosa.

– Você ainda está aqui?! Não acha que é muita sorte sua ainda estar viva?

– Você é a única nessa cidade... eu não quero ficar sozinha... é ruim...

– Ah... Então vou te dar duas opções. Você pode ficar por aí sozinha, ou na minha companhia por dois minutos, que é o tempo que eu vou levar para entrar no quarto, pegar a chave desse carro e atirar em você, caso eu te pegue aqui quando eu voltar. - Emma dirigiu-se a porta do quarto e antes de entrar olhou novamente para a garota - Fique a vontade pra escolher, tem dois minutos.

Emma fechou a porta do quarto e dirigiu-se até a escrivaninha, pegou a gaveta da chave e a examinou, a palavra "Carter" gravada na chave denunciava ser do seu pai. Ela voltou ao pátio e sentiu-se ótima ao não ver nenhum sinal da garota.

– Escolheu bem...

Ela abriu a porta do carro com dificuldade, devido aos amassados feitos pelas criaturas na tentativa de pegar Sebastian , e deu a partida. O carro funcionou sem maiores problemas, ela pisou no acelerador e, enfim, saiu do Jacks.Inn para nunca mais voltar.

Reexaminando o mapa, Emma seguiu a direção indicada, passando, sem chamar muita atenção, pelas ruas vazias da cidade. Passados cerca de cinco minutos, o carro chegou à beira da ponte que atravessava o Lago Toluca. Tratava-se de uma velha e gasta ponte levadiça, cercada por corrimãos de ferro, que encontrava-se erguida, impedindo que continuasse o trajeto.

– Ótimo.... - ironizou.

Emma estacionou o carro a beira da pista e desceu, indo em direção a ponte, a procura de algum mecanismo para fazê-la descer.

Ela, porém, foi pega desprevenida pela incrível paisagem composta pela fusão da névoa no ar, da água no lago e do verde fosco das florestas silenciosas que rodeavam o lago e a cidade. O ambiente passava uma sensação enorme de tranquilidade para os sentidos e parecia ser o único lugar apresentável da cidade. O som da água em movimento lembrava de quando Emma ia passar o verão na casa de campo da família e pescava com seus pais em um lago próximo, semelhante aquele, onde passavam horas sobre o lago comendo sanduíches caseiros e rindo dos pequenos peixes que pegavam. Ela respirou fundo. Um tempo muito feliz da sua infância.

Ela passou um longo tempo ali, apenas olhando aquele lugar... ouvindo o som do vento e o sentindo balançar seus cabelos, vendo o movimento calmo da água e de vez em quando, um peixe pulando aqui ou ali. Havia esquecido da ponte, e por um instante, até do que estava fazendo naquela cidade.

Sua paz, no entanto, foi quebrada por um barulho nas redondezas, facilmente percebido por causa do silêncio do lugar, fazendo Emma voltar a si e retomar sua busca pelo que poderia descer a ponte. Não muito longe, uma pequeno prédio de concreto, do tamanho de uma sala, construído perto de onde a ponte começava chamou a atenção de Emma, parecia um centro de controle, e dele partia uma série de cabos e tubos que percorriam a ponte por baixo e chegavam a um grande sistema de engrenagens cobertos por placas de metal.

– Deve ser ali... - Emma correu até a pequena construção.

Dentro não havia nada mais que uma cadeira escorada em um painel repleto de alavancas e botões.

Emma olhou para o painel confusa, ainda que tivesse tudo a seu favor, não fazia ideia de como manusear aqueles mecanismos e descer a ponte. Vasculhando tudo a seu alcance à procura de um sinal ou uma dica, ela deparou-se com um pedaço de papel, deixado preso entre o painel e a parede, endereçado a um novo vigia: John. Dentro todas as instruções ditadas passo a passo de como descer ou subir a ponte.

Emma leu atenciosamente e operou no painel conforme o bilhete: nada. Os botões nas respondiam e as alavancas estavam todas presas. O painel parecia desativado.

– Droga... - ela observou uma pequena fenda em formato de "X" no canto do painel - Não pode facilitar... - ela sorriu com o canto da boca, sem se surpreender com um mais problema proposto pelo destino.

Era necessária uma chave para descer a ponte, outra chave. O paradeiro do tal objeto estava escrito num papel pregado na porta, percebido por Emma pouco depois de encontrar a fenda, onde falava de um endereço onde o tal John poderia pegar a chave para começar seu trabalho.

Emma não queria dar-se ao trabalho de ir atrás de mais uma chave em canto nenhum daquela cidade. Sua experiência com a última busca, bom, não foi muito agradável. Mas para seu azar, reexaminando o mapa, não havia caminhos para chegar ao parque se não por aquela ponte ou de barco, pelo que parecia ser um porto atrás de um antigo prédio histórico ali nas proximidades. E como não possuía uma experiência muito boa sobre a água, o jeito seria ter que pegar a tal chave.

"Se o bilhete para o tal John ainda está aqui... então ele não deve ter vindo e nem pegado a chave.", ela pensou.

Emma pegou o mapa e localizou a rua dita, ficava há apenas 10 ou 11 quarteirões de distância, no meio da zona residencial da cidade, um bairro composto apenas de casas, em raríssimas exceções, uma loja ou outra.

Ela não se incomodou com a situação, afinal estava de carro e na realidade "normal", logo, se agisse com rapidez, não teria problemas. Ela saiu da pequena construção e voltou ao carro, deu a partida e fez o retorno, indo em direção ao seu destino.

Antes de sair da rua, ouviu novamente o barulho que ouviu quando observava a paisagem. Olhando pelo retrovisor rapidamente, Emma viu um estranho vulto passar atrás do carro, meio escondido pela névoa. Não estava certa do que era, mas ainda conseguiu ver duas pernas, ao que pareciam, humanas, correndo para dentro da névoa. Ela parou o carro e pôs a cabeça para fora, tentando ver mais um pouco.

– Olá...? - ela perguntou, na esperança de que fosse alguém - Olá? - repetiu.

Do meio da névoa, as pernas rapidamente começaram a surgir, porém paravam por aí no que se assemelhavam a um humano. Sobre as pernas, cambaleantes e rápidas correndo em direção ao carro, um enorme e largo tronco sustentava uma cabeça careca e totalmente largada sobre o corpo como um saco, como se não houvesse nenhuma sustentação no que deveria ser o pescoço, os braços iam normais até os cotovelos mas depois convertiam-se em grandes facas que iam até o chão, servindo tanto como braços ou como patas dianteiras, dependendo da vontade da criatura.

Emma fez que não com a cabeça quando viu aquilo vindo em sua direção, e rapidamente escorou-se de volta no banco, ligando o carro com toda a pressa, reparando em uma outra, que surgia da névoa na parte da frente do carro. Emma passou a marcha e pisou fundo no acelerador para passar por cima da coisa, só que esta, mais rápida, pulou sobre o carro, seguida da outra, que agarrou-se, sem ser percebida por Emma, na parte de trás do veículo, fincando uma de suas garras antes da garota acelerar.

Com as duas coisas sobre seu carro tentando violentamente mata-la fincando freneticamente suas facas no teto do carro, Emma saiu acelerando desgovernada nas ruas da cidade. A névoa, que já não facilitava o ofício de motorista, só piorou as coisas quando Emma teve que dividir sua atenção com as criaturas, para não ter sua cabeça perfurada.

Era cada vez mais difícil virar uma rua a cada esquina que se passava, tanto por causa da velocidade como das criaturas. Emma nem sabia se estava, ao menos, na direção correta da zona residencial, apenas via os quarteirões passarem sem dar muita atenção, afinal, naquele momento, era mais importante livrar-se das criaturas do que chegar em seu destino, por isso permaneceu o com pé enterrado no acelerador, fazendo zigue-zagues a toda velocidade, tentando desequilibra-las.

Numa tentativa de se ajudar, Emma segurou o volante com apenas uma mão e sacou a arma com a outra, atirando sem parar sobre o teto do carro. Um dos muitos tiros dados atingiu uma das criaturas que, após grunhir e se desequilibrar, caiu sobre o capô frontal do carro: Emma viu a chance que precisava. Sem conseguir ver muita coisa à sua frente por causa da criatura, a garota avistou vagamente uma rua um quarteirão à sua frente. Passando mais uma marcha, ela pisou no acelerador com toda a força que tinha e ao chegar na tal rua, pisou com tudo no freio e girou agressivamente o volante, fazendo uma curva fechada e violenta para dentro da rua, jogando a criatura de cima do capô contra o poste da esquina e continuando seu caminho.

– Ha! - ela gritou em comemoração, olhando pelo retrovisor a criatura caída desaparecer na névoa - Agora só falta você!

Emma pisou no acelerador e tentou reproduzir a curva violenta duas esquinas adiante, mas tudo que conseguiu foi jogar a segunda criatura sobre o capô novamente. O monstro recuperou seu equilíbrio sobre o carro em movimento e fincou seus membros no para brisa do carro, arrancando-o e jogando-o na rua.

Ele grunhiu e tentou golpear Emma, acertando por azar o volante e enganchando-se nele, danificando a buzina do carro, que disparou. Aproveitando a segunda oportunidade, Emma engatilhou a arma e apontou para a cabeça da criatura, disparando contra ela.

O impacto da bala jogou a criatura para trás e a atirou na frente do carro, sendo atropelada sem misericórdia por Emma, que aproveitou com gosto cada centímetro que passou por cima dela, fazendo o carro balançar bruscamente. A criatura grunhiu de dor e o sangue espirrado chegou aos vidros do carro.

Emma debruçou-se na janela e olhou para trás, desviando, por alguns instantes, sua atenção da direção, vendo a carcaça sem vida e ensanguentada desaparecer na névoa atrás de si.

– Tenta de novo idiota! Você perdeu! - ela sentou-se de volta no banco antes de bater sua cabeça fortemente contra o volante perder repentinamente a consciência.


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Notas finais do capítulo

Após mais uma discussão, Emma decide deixar a menina ir. Ela pega o carro de Douglas e vai em direção ao tal parque, chegando então, na ponte que a levaria ao lugar, Emma descobre que tem pegar a chave da mesma na zona residencial da cidade. A caminho dessa zona, ela é atacada por criaturas, vencendo por muito pouco.



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