Fall No More escrita por Má Rocha


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Estou escrevendo enlouquecidamente, espero que gostem desse capítulo! Obrigada pelos comentários s2s2



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Encontramos agora um homem de roupão azul deitado em uma poltrona bem pequena, que certamente não acomodava o seu tamanho. O homem tinha cabelo cacheado preto, uma cara um pouco exótica e uma voz de barítono muito marcante. Algo nele lembrava um alien, mas um alien bem atraente. Apesar das aparências, Sherlock Holmes era um ser humano, aquela espécie terráquea nem sempre inteligente.

Estava em sua poltrona em seu apartamento no número 221B da Rua Baker Street sentindo-se entediado, como se sentia na maior parte do tempo. É muito fácil se sentir entediado quando se é o único detetive consultor do mundo sem nenhum caso para resolver. Quer dizer, ele até tinha algo em mente, mas estava esperando o amigo, o médico John Watson, desgrudar de sua noiva para ajudar no caso. O detetive tentou recorrer a Molly Hooper, a legista do St. Bartholomews Hospital que tinha uma quedinha por ele, mas ela escreveu um SMS dizendo que estava ocupada com assuntos confidenciais. Sherlock sabia muito bem que os assuntos confidenciais de Molly envolviam o seu estranho namorado, Tom, que por acaso se dizia um grande fã de Sherlock e inclusive se vestia como ele. Não tinha outro jeito, Sherlock Holmes tinha que esperar.

Enquanto isso ele observava um mural de fotos improvisado na parede que se ligavam numa teia bastante intrincada. As fotos mostravam três homens diferentes saindo de uma cabine de polícia dos anos 50 que aparecia em lugares aleatórios. Um dos homens vestia uma jaqueta de couro preta e era bem orelhudo. Outro tinha cabelos espetados e usava um sobretudo bege e All Star. Já o último parecia ser o mais estranho de todos, com um queixo grande e uma gravata borboleta. Sherlock estava intrigado com os homens da cabine azul desde o primeiro contato extraterrestre na Terra, que aconteceu em 2006. Toda essa coisa de ET’s incomodava bastante o detetive, que sempre achou o estudo de astronomia uma perda de tempo. Há pouco tempo tinha descoberto que a Terra girava em torno do Sol, algo que ele achava inútil em comparação com o seu conhecimento de identificar diferentes tipos de cinza. Mas os homens da cabine de polícia pareciam bem humanos, e Sherlock queria descobrir a conexão entre eles.

Perdido no seu palácio da mente, ele quase não percebeu que acabava de chegar uma nova mensagem de texto de um de seus contatos da rede de informantes sem-teto. O que quer que estivesse escrito naquela mensagem fez ele saltar da poltrona, vestir seu casaco, colocar a gola pra cima e andar em círculos pela sala de estar do apartamento. Então Sherlock olhou pela janela que dava para a rua e viu quem tanto esperava: um homem baixinho e grisalho, com um nariz de batata que o fazia parecer um hobbit (mas era um homo sapiens sapiens, até onde Sherlock sabia). O detetive em seguida saiu correndo escadas abaixo, quase tropeçando na senhora Hudson, a dona do apartamento.

– Sherlock, não vai tomar seu chá? Eu fiz biscoitos! – disse a senhora Hudson.

– Agora não, sra. Hudson! Agora não! – disse Sherlock já saindo pela porta principal.

Quando Sherlock saiu na calçada, John Watson estava acabando de chegar a pé, e estava bastante confuso com toda a pressa do amigo.

– Para onde vamos, Sherlock? Pra quê a pressa? – perguntou John.

– Só peça logo um táxi, John. Não há tempo para muita conversa.

Durante o caminho os dois ficaram naquele silêncio estranho que pareceu ter piorado depois da morte e ressurreição de Sherlock e o noivado de John. O médico fez uma tentativa de diálogo:

– E então, você não vai me dar uma pista do que estamos procurando mesmo?

– Eu podia te contar, mas quero analisar as suas primeiras impressões sem a minha interferência.

– Hmm... OK então. – assentiu John, desistindo da conversa

E esse foi basicamente a conversa que os dois tiveram no caminho. Logo o táxi parou, John Watson pagou – porque Sherlock já tinha descido e andava impaciente de um lado para o outro – e os dois se viram no pátio em frente à Galeria Nacional de Londres.

– Então... Um roubo de alguma obra de arte? Da Vinci, Van Gogh... Monet talvez?

– John, John... Concentre-se. Não está vendo nada de estranho nesse pátio? – disse Sherlock, com aquela típica irritação que o atingia toda vez que notava a estupidez alheia

– Não, não estou vendo nada.

Sherlock correu até uma cabine de polícia dos anos 50 parada no meio no pátio e apontou:

– Nada de estranho mesmo? Jura?

– Bem, agora que você mostrou... Não é mais uma daquelas performances pós-modernas que sempre tem na Galeria? Não entendo muito de arte, mas é o que está parecendo.

– Eu já chequei no site da Galeria, não tem nenhuma performance pós-moderna programada! Além do mais, ninguém está parando para reparar nessa cabine de polícia, se a intenção era chamar a atenção, algo deu errado. – falou Sherlock enquanto olhava alguns detalhes da grande caixa azul com uma lente de aumento

– Então... O que você sugere? – perguntou John

– Que tal entrar na grande e majestosa Galeria Nacional de Londres, que por acaso está com um sistema de segurança especial especificamente no dia de hoje? – disse Sherlock Holmes, e apontou para uma enorme quantidade de guardas que barravam a entrada de todas as pessoas que tentavam entrar.

– E como você pretende entrar? Acho que seu disfarce de garçom de restaurante francês não vai ser muito útil hoje.

– Você se esqueceu de uma das poucas vantagens que tenho em ser irmão de Mycroft Holmes? – foi dizendo Sherlock enquanto subia as escadarias

Os dois chegaram até a porta da Galeria e foram obviamente barrados por dois seguranças. Sherlock tirou um documento de dentro da carteira e mostrou para eles.

– Sou Mycroft Holmes, e eu acho melhor vocês deixarem eu e meu amigo John Watson passar ou vocês serão despedidos muito em breve.

Depois de uma breve discussão entre os seguranças, a passagem de Sherlock e John foi liberada.

– Perdão pela demora, senhor Holmes, acho que houve um pequeno mal entendido na segurança. Os senhores podem entrar. – disse um dos seguranças

Sherlock entrou na Galeria sem dizer uma palavra, e depois que se afastaram da porta, John Watson comentou:

– Ainda esse truque? Não sei como as pessoas caem nessa! – disse enquanto observava o documento que tinha a foto de Sherlock e o nome do irmão

– Primeiro dia de trabalho. Os dois. Fácil de enganar.

– É incrível como as pessoas são estúpidas! – disse John enquanto ria

Sherlock ensaiou dizer alguma coisa, mas preferiu ficar quieto e sorrir. Estava treinando essa coisa de tentar ser mais gentil e agradável com as pessoas depois dos dois anos de exílio. Os dois caminharam até o meio de uma das salas de exibição que estava completamente vazia, até que John perguntou:

– Tudo bem, não querendo ser insistente nem nada, mas o que estamos procurando aqui exatamente?

– Pistas. Algo relacionado à cabine de polícia. Ou um homem. Alto. Queixudo. Gravata borboleta e suspensórios. – disse o detetive

– Você sabe que isso não faz muito sentido, né? – disse John, do outro lado da sala

John foi se distanciando de Sherlock, um pouco distraído observando as obras de arte, e foi caminhando por um corredor. De repente alguém esbarrou nele de forma muito brusca, derrubando John Watson no chão.

– HEY, OLHA POR ONDE ANDA! – gritou ele

– Desculpa, eu estou com pressa e... – disse uma voz feminina

John levantou a cabeça e levou um susto ao descobrir quem estava ali no chão da Galeria Nacional de Londres com ele.

– Molly? O que você está fazendo aqui?


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Notas finais do capítulo

Espero que estejam gostando tanto quanto eu! Até o próximo capítulo :*