Vendo o corpo do amigo no chão, Percy sentiu raiva, raiva como nunca sentiu, olhou também para os corpos de Hazel e Frank que haviam ido de boa vontade ajuda-los só pra serem mortos, Nico correu para Hazel, ele tinha lágrimas nos olhos, Leo estava debruçado sobre o corpo de Frank. Então havia Luke, Percy não sabia como se sentia com a volta dele, mas agora não importa mais ele estava morto.

Então olhou para Jason, há quanto tempo ele o conhecia? Dois meses, mas Percy havia ficado amigo dele, parecia que se conheciam desde que nasceram. Piper agarrava o corpo imóvel dele, ele sacrificou a vida dele, usou suas últimas reservas para salvá-los, lágrimas ameaçavam cair dos seus olhos. Chega, ele disse a si mesmo, estava cansado de tudo isso, de ter sua vida controlada, de ver seus amigos morrerem, quando ele acha que as coisas vão finalmente melhorar, ele é trolado pelas parcas.

Ele se volta para Hécate – A culpa é sua! Por que vocês simplesmente não nos deixa em paz.

– Percy Jackson, você não percebe que isso é muito maior que você, eu não posso deixar você vivo, Pain vai encontrar um jeito de te usar.

Ele sentia seu corpo todo tremer de raiva – Então venha para mim, não é a mim que você quer?

Os olhos de Hécate eram duros, sem expressão.

– Você realmente não entende, você não sabe que isso é para o bem do mundo, é para o bem de todos os mundos.

Sem pensar muito ele avançou para atacar Hécate, ele estava cansado de ouvir a voz dela. Ele tentou acertá-la na barriga, mas ela se desfez em névoa, e reaparece atrás dele, ela encosta a mão na costela de Percy e ele senti uma dor agoniante no local onde ela tocou, ele ficou sem ar, a dor nas costas era muito grande, ele caiu no chão agonizando, com o canto do olho viu Hécate pegar uma espada.

Percy girou para o lado o mais longe que conseguia, Hécate tentou acertá-lo com a espada, mas Percy desviava, ao longe ele ouviu gritar, então com sua visão periférica ele viu Piper, Leo e Nico avançarem contra Hécate empunhado espadas. A deusa recuou, e o trio ficou entre Percy e a deusa.

Nico olhou para trás e sorriu para Percy, um sorriso sincero, então se voltou para Hécate – Se você quiser mata-lo vai ter que passar por nós primeiro, e garanto que não vai ser fácil.

Hécate sorriu – Com prazer.

Numa velocidade incrível Hécate apareceu em frente a Nico, fez um movimento com as mãos, e Leo e Piper foram jogados contra a parede, então uma espada apareceu em sua mão e enfiou no coração de Nico e retirou, tudo isso em menos de 5 segundos, Percy ficou atordoado demais, ele viu o corpo de Nico cair em cima dele. Percy rapidamente ajeitou o corpo do menino em seus braços, os olhos deles estavam arregalados então focaram nele.

– Percy...me desculpe, eu...eu não consegui te proteger, eu falh...eu falhei – Cada palavra parecia tirar mais um pouco da vida de Nico.

– Nico não se esforce cara, você vai ficar bem – Percy falou, mas ele viu que Nico não iria sair vivo dessa, ele sentiu lágrimas escorregarem pelas suas bochechas.

– Percy, eu te amo! – Ele se impulsou pra frente e encostou os lábios nos de Percy, e então Nico caiu morto nos braços de Percy, ele tinha um sorriso nos lábios.

Percy não aguentou se curvou e chorou, ele se lembrou de uma vez quando tinha 8 anos e se perdeu em Nova York, ele havia chorado tanto tempo, nem quando sua mãe havia o achado ele parou de chorar, ele sentia agora o mesmo desespero que sentiu naquela dia. Ele olhou para Piper e Leo, os dois estavam em ângulos estranhos e poças de sangue começavam a ser formar. Ele estava sozinho de novo, perdeu seus amigos, perdeu tudo, estavam todos mortos.

– Você acha que vale a pena tantas mortes Percy? – Hécate perguntou

Percy não respondeu.

– Acho que você merece saber por que tantas mortes aconteceram.

De repente, ele já não está na câmara, ele está numa livraria, viu várias prateleiras espalhadas por todo o lugar, perto dali estava um garoto de cabelos negros, lendo algum livro, Percy o reconheceu, era Pain com talvez uns 10 anos.

– Eu queria tanto que eles fossem reais – Pain murmurou, ele parecia imerso no livro, seus olhos brilhavam, Percy nunca pensou que ele fosse um dia apaixonado por livros.

– Você sabe quem ele é?

Percy assentiu, ele se curvou um pouco mais e tentou ver o que Pain estava lendo, ele leu o título “O Ladrão de Raios”, seu estômago se contorceu, Não pode ser, ele pensou. Ele olhou para uma cópia do livro que estava em uma prateleira próximo, ele pegou e viu outra parte “Percy Jackson & Os Olimpianos”, abriu o livro e leu as primeiras linhas e seu coração começou a bater mais rápidos, Percy lembrou que depois de seu primeiro verão no Acampamento, sua mãe havia dado um diário para escrever sobre as coisas que aconteceram, elas ainda perturbavam Percy naquela época. E todas as coisas que ele havia escrito estavam no livro, detalhe por detalhe.

– O que é isso? – Percy pergunta a Hécate – Onde estamos?

– É o seu livro Percy, ele conta a sua história.

Percy estava atordoado demais, um livro? Sobre ele? Hécate percebeu a expressão dele.

– Tudo bem, quando o universo foi criado, havia apenas um mundo, uma dimensão, o mundo matriz, depois de um tempo o mundo matriz começou a sozinho criar outros mundos, outras dimensões, todas elas espelhos do mundo matriz – Hécate parou, meio que esperando que ele processasse, outras dimensões? – Nosso mundo é nada mais que um espelho do mundo matriz, todos os outros são, alguns são mais parecidos chegando a ter os mesmos lugares, os mesmos países e as vezes as mesmas pessoas, como o nosso, outros são totalmente diferente, como aquele lugar irritante que chamam de Panem, mas todos os outros mundos de alguma forma refletem no mundo matriz, ou mundo “real”, como alguns gostam de chamar, lá nós somos produtos do entretenimento, uma coisa não real.

Algumas palavras flutuavam na cabeça de Percy, mas ele tentou não perder o foco sua cabeça já estava doendo – Ok, mas o que isso tem haver com o plano de Pain? – Ele involuntariamente olhou para o garoto sentado ali.

– Apesar de o mundo matriz ter formado nossos mundos, ele por si próprio não tem magia, é lugar miserável, sem esperança, e além de tudo Pain é de lá e não há outro jeito de voltar, sem ser com a Pedra. É pra isso que ele quer a pedra, ele vai levar magia e vai nos levar e quando ele chegar lá ele será ainda mais poderoso, apesar de eu achar que o objetivo final dele não seja esse.

A dor de cabeça de Percy aumentou, ele estava de volta a câmara, a conversa ainda na sua cabeça.

– Ele pode ressuscitar pessoas? O que vai acontecer com nosso mundo?

– Sim, ele pode e ele vai, eu o conheço, eu o treinei, ele vai ressuscitar todos aqueles que ele achar interessante, e depois que ele completar o feitiço, nosso mundo será apagado da existência – Hécate olhava para ele com falsa solidariedade – Você entende porque eu tenho que mata-lo, eu não posso deixar isso acontecer, eu tenho que te matar.

Ela ergueu a espada – Adeus, Percy Jackson.

Antes que sua espada baixasse, um raio de energia preta a atingiu, seu rosto se contorceu em dor e desespero e ela sumiu. Percy olhou para trás para Pain vindo em sua direção, ele estendeu uma mão para ajudar ele a se levantar, ele tinha um sorriso em seu rosto.

– Pelo menos ela me poupou de uma grande explicação, não estava a fim de explicar tudo à você – Se ele estava aqui significa que ele venceu a luta contra os deuses, Percy olhou para o rosto de Pain, não parecia que ele havia saído de uma luta contra os deuses.

– Você os venceu? – Percy perguntou meio boquiaberto.

Pain tentou parecer humilde, o que não deu muito certo – Eles eram fracos, foi fácil como tirar doce de criança, agora estamos perdendo tempo, pegue a Pedra Filosofal e me entregue.

– Você pode ressuscitá-los? – Percy apontou para seus amigos.

Pain revirou os olhos – Se você quer tanto assim, é só me dar a pedra.

Percy se encaminhou até o trono, colocou a mão em volta da luz roxa e percebeu que de fato era uma pedra e mais do que isso a pedra estava enviando energia pelo corpo de Percy, ele se virou para ir até Pain que estava com os olhos brilhando.

– Isso! Agora me dê a Pedra.

Percy parou no meio do caminho, ele percebeu que o que estava fazendo era egoísta, as pessoas não deveriam ressuscitar isso era contra as leis do universo, ele não podia entregar a Pedra à Pain, seus amigos morreram lutando, morreram como heróis, não era justo trazer eles de volta.

Então Percy correu, passou por Pain que tentou avançar sobre ele, mas uma barreira invisível repeliu o ataque dele, a Pedra Filosofal estava protegendo Percy. Ele correu o mais rápido que pode indo até a saída do lugar, viu o lado de fora e quando saiu, viu que o parque estava todo destruído, a batalha foi muito mais perigosa que Percy imaginou, ao longe viu um corpo jogado no chão, ele correu até o corpo, era seu pai, Poseidon.

– Pai! – Se ajoelhou perto de Poseidon – Você está bem?

Poseidon sorriu – Você esqueceu que eu sou imortal, nós não temos muito tempo Percy, eu vou lhe enviar até Annabeth, você pode conseguir salva-la sem a ajuda de Pain, eu sei que você pode!

– Como? Eu não sei fazer mágica.

– Use sua força de vontade, é por isso que a pedra te escolheu, porque ela reconhece sua força – Poseidon deu um longo olhar em Percy, antes de voltar falar – Acredite em si Percy, e se tudo der errado, saiba que eu te amo, independente do que aconteça.

Ele fez um movimento com a mão e Percy já não estava mais no parque, ele estava na enfermaria do Acampamento Júpiter, bem a frente à maca onde Annabeth se encontrava, Percy caiu sobre Annabeth, sentiu seu corpo, sua pele, era tão bom estar com ela, tudo que ele havia feito foi por causa dele, ele tinha que conseguir salvá-la, nem que isso custasse sua vida.

Ele olhou para Annabeth e em seguida para Pedra Filosofal que estava em suas mãos, ele fechou os olhos e pensou no que seu pai havia falado, ele tinha que conseguir, ele sentia poder vindo da pedra. Pensou em tudo que havia passado nos últimos cinco dias, cada frustração, cada pesadelo, cada morte, direcionou tudo isso para a Pedra, sentiu sua pele formigando e então toda sua força foi drenada e caiu no chão.

Ficou apagado por um tempo e quando acordou estava deitado no chão, a pedra ainda estava na sua mão, se levantou para ver se tinha conseguido, mas Annabeth continuava lá, sua respiração parecia mais fraca, Percy sentiu uma aperto no coração

– Você falhou Jackson – Se virou e lá estava Pain, seu olhar era de triunfo – Você não conseguiu canalizar magia.

Percy havia falhado, seu estômago se contorceu, ele havia falhado.

– Me entregue a Pedra Filosofal – Pain estendeu a mão. Percy percebeu que não havia outra opção, era um caminho sem volta, ele entregou a pedra.

Pain analisou a Pedra, sua expressão era puro triunfo – Sabe, o veneno que dei para Annabeth é bem simples, não precisava da pedra, eu tenho o antidoto.

Percy não acreditava, ele havia sido enganado. Pain pegou um pequeno frasco em seu bolso e jogou para Percy, ele pegou e hesitou antes de dar Annabeth. E se fosse outro truque, ele pensou. Então jogou o frasco na boca de Annabeth, ele precisava arriscar, quase que instantaneamente os olhos de Annabeth se abriram os olhos dela se focaram nele e começou a cair lágrimas, Percy percebeu que também estava chorando.

Annabeth o puxou para um beijo, um beijo longo, calmo e selvagem ao mesmo tempo, todo sofrimento que ele havia sentido nos últimos dias desapareceu, era tão bom sentir o cheiro dela de novo, ele só parou quando não sentia mais o ar em seus pulmões.

– Percy, eu achava que eu nunca mais ia te ver, eu te amo tanto.

– Eu te amos mais do que tudo Annabeth – Percy a puxou para outro beijo.

Pain pigarreou – Eu odeio interromper o momento piegas, mas vocês são os únicos personagens que estão vivos e eu preciso de uma plateia para me ver fazendo o feitiço mais poderoso do universo, então se não se importam.

Pain fez um movimento com a mão e não estavam mais na Enfermaria. A primeira coisa que Percy sentiu foi o frio congelante, ele estava usando roupas novas, uma jaqueta, camisa azul e uma calça preta, Annabeth usava um vestido branco, seu cabelo estava trançado. No que Percy podia dizer do lugar era que estavam ao norte, sobre um mar congelado, não via nada no horizonte. Pain estava parado sobre um furacão de fumaça preta, Percy podia sentir poder vindo, até onde conseguia ver o furacão não tinha fim no alto.

– Estamos no polo Norte – Annabeth disse – Ele começou o feitiço, temos que para-lo agora.

Percy caminhou até Pain e ficou perto dele – Pain, você não pode fazer isso, não pode destruir as leis do universo.

– Você não entende Jackson, o mundo matriz está uma merda, as pessoas só pensam em sexo e dinheiro, o capitalismo escravizou a todos, a violência domina tudo, e mesmo assim eles se conformam com isso, eles não sabem o que é dor – O olhar de Pain era de ódio puro – Percy você já ouviu a frase, sem dor, sem ganho? Eu entendo que só depois de sentir a dor, você pode ganhar algo.

Ele parou, Percy percebeu que o furacão estava se expandindo

– Eu odeio o mundo, eu vou transformá-lo, eu soltar todos os maus sobre aquele mundo – Ele se virou para Percy e sorri – Eu vou ressuscitar seus amigos, mas eu vou me certificar de que você e Annabeth nunca se encontrem no novo mundo, eu vou te ver sofrer Percy!

Percy não podia ficar parado ouvindo tudo aquilo, mas seus pés não se mexiam, ele havia sido tomado pelo terror.

– Talvez só uma coisa possa te livrar, Percy – Por um momento Pain não era mais o cara que queria destruir o mundo, ele era aquele garotinho de 10 anos que lia livros sobre Percy – Proteja minha irmã, ela é a única pessoa que eu pensaria duas vezes antes de matar, essa é sua missão.

Pain se virou para o furacão e gritou, o furacão de fumaça preta se expandiu e engoliu Annabeth e Percy. Tudo estava escuro, a única coisa que sentia era a mão de Annebth e depois de um tempo nem mais isso. Ele gritou por ela, não a sentia mais, ele estava no vazio. Percy então desmaiou.