Amor

Havia no ar algo indescritível, o silêncio apesar conhecido em partes por Anna agora parecia um mistério milenar avistado há poucos segundos, havia em seu peito um vazio imenso deixado por seu segredo, por sua história. Ela preferia assim, mas ele desconhecia as palavras escondidas por trás do silêncio e o quebrou mais rápido que o necessário.

_ Anna queria poder ajudar, mas perto de você sempre sou inútil. - Ele parecia uma criança prestes a desatar em um choro profundo, mas essa era uma avaliação superficial, pois podia ver que seus olhos estavam secos e que parecia mais velho naquele momento. Seus olhos aparentavam estar mais escuros, mas apenas pelo jogo de sombras talvez, mas o que realmente rompia toda a imagem de criança fazendo birra era sua voz, não era grossa como a do seu pai, mas soava como um trovão, mostrando uma superioridade indesejada naquele momento.

_ Roy, - chamou ela ignorando toda a pose dele. - Você poderia me fazer um favor?

_ Ah, claro. - Como um boneco de lego ele desmontou aquele ar preocupado rapidamente para se por em prontidão para ajuda-la.

_ Me diga,- Ela falava devagar ignorando novamente a pose dele, seus olhos estavam a esmo pelo quarto. - O que você sente por mim? - Então finalmente ela olhou para o garoto, a reação dele foi de espanto não pela pergunta que mal havia chegado aos seus ouvidos, mas pelo olhar, estava frio e sem vida, perdido, como se houvessem lhe tirado toda a humanidade.

_ Anna? O que há com você?

_ Como assim? O que há comigo? O que há com você? Por que não me responde? O QUE VOCÊ SENTE POR MIM? - Nesse momento algo surgiu em seu olhar, algo como um instinto, sua proteção. Mas estava muito além disso, havia raiva em seu olhar.

_ Anna fique calma. - Ele se aproximou dela segurou levemente seu ombro e calmamente ela voltou a se sentar. - Fique clama, eu vou lhe responder, apenas respire um pouco ok?

Ela olhou para ele, seus olhos ainda pareciam foscos, mas agora não havia mais raiva apenas uma grande tristeza estampada em seu azul.

_ O que eu sinto por você Anna? Uma pergunta bem estranha para se fazer nesse momento não? - Normalmente ele ficaria vermelho, mas naquele momento ele não estava, talvez só ele saiba por que. Havia algo de diferente naquele garoto normalmente brincalhão, ele estava sério, mas Anna não havia de perceber isso, pois naquele momento ele não olhava nos olhos dela.

_ Uma vez Anna você desejou o amor, eu achei impossível pensei até que você pudesse estar brincado, eu sempre achei que você soubesse, mas você tem o meu amor. - Nesse momento ele foi capaz de olhá-la, os olhos cor de céu já estavam claros, mas a tristeza se instalara por anos lá, mas o que partiu o coração do garoto foi o sorriso, havia no doce rosto dela um sorriso tão lindo que parecia maldade sorrir para alguém daquela forma, mas não havia felicidade ali, apenas uma leve alegria por ter ouvido o que havia pedido para ouvir, ou pelo menos era assim que pensava.

Ela bem baixinho agradeceu aquilo.

Ele pensou ter ouvido um “obrigada”, mas decidiu ignorar.

Ela acha que ele fez um favor a ela.

Ele acha que ela finalmente irá entender.

Os dois em seus mundos distintos se aquietaram um pouco, com ideias diferentes uma hora vão acabar se enfrentando, mas naquele momento ele ficaram satisfeitos e antes de dormir um pensou no outro.