Capsule escrita por Emily Ingred


Capítulo 2
O Sono de uma Flor


Notas iniciais do capítulo

Bem infelizmente ainda estou sem um beta, mas estou me esforçando e espero que notem isso pois é muito importante para mim. Bom o que posso fala desse capítulo é falará um pouco mais sobre Anna que as vezes até pra mim é um mistério kk



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As memórias nebulosas, cinzentas, atormentavam Anna, ele tentava apagar tudo novamente e voltar para onde estava, mas parecia impossível e seu passado parecia cada vez mais se aproximar.

_ Hey, Anna posso entrar? - Era Chloe, que trazia uma pasta na mão, parecia pesada então Anna a ajudou.

_ Fique a vontade, mas que papéis são esses? - Anna apontou o sofá para que ela sentasse e colocou água para ferver.

_ Ah, não sei, o Dr. Coiln me mandou te entregar.

_ Ah claro, tinha que ser ele. Aceita um pedaço de bolo? - Disse mostrando uma bandeja com variados tipos de bolo.

_ Não obrigada, mas Anna por que você não se dá bem com o Doutor Coiln?

_ Sabe Chloe, quando eu cheguei a Goung ele ainda não trabalhava aqui, mas só em ouvir o nome dele já me causava arrepios, só no modo de dizer, claro. Mas quando o conheci, não consegui gostar dele, não sei por que, sempre houve algo nele que me incomoda.

Anna fez um chá e ofereceu a Chloe que aceitou, elas conversaram como nunca antes, Anna parecia mais leve e estranhamente, Chloe parecia diferente.

Anna não queria encarar as coisas, queria voltar de onde estava, queria esquecer tudo, para então também esquecer o quão egoísta ela podia ser.

_ Dr.Coiln, gostaria de conversar com você.

_ O que deseja minha cara Anna?

_ Eu gostaria de participar do projeto que busca encontrar cura para as doenças causadas pela radiação. - Anna não sabia ao certo se era isso que ela queria, mas sabia que tinha que fazer algo por Luke.

_ Que projeto? - Disse o doutor com um sorriso irônico no rosto.

_ O projeto que busca a cura. - Respondeu ela irritada.

_ Claro, você poderia participar e seria muito bom se participasse, mas só se esse projeto existisse.

_ Como assim? - Anna incrédula, não conseguia ligar as palavras.

_ Pensei que você fosse mais inteligente Anna, mas olhe, pare para pensar um pouco... Você vê alguém aqui no instituto doente? Não! Você vê alguém procurando a cura? Não! Porque bem, minha fofíssima Anna, nós já temos a cura e mesmo se não tivéssemos não iriamos permitir que você perdesse tempo com algo tão banal.

_ E olhe Anna, logo todos esses vermes vão morrer mesmo.

Anna não conseguia acreditar no que estava ouvindo. Dr.Coiln ria do desespero da garota e ela não conseguia se controlar.

_ COMO VOCÊS PODEM SER TÃO IMUNDOS? - gritou - Têm crianças doentes.

_ Elas são burras, ou melhor, não são um gênio como você. - Ele acariciou o rosto dela como se tivesse feito um elogio, Anna já estava perdida, sem controle, e acabou lhe estapeando e com o rosto virado olhando para o chão ele disse.

_ Me bata o quanto quiser criança, mas você não pode salvar o mundo. - Ele a olhou sorrindo enquanto ela se afastava.

Anna estava deitada na cama improvisada, ela estava em pânico, não sabia o que fazer.

_ Eu nunca pedi para ser assim. - Ela parecia chorar, mas não havia lágrimas.

_ Assim como? - Era Roy, parecia que ele sempre sabia quando aquela pequena garota precisava dele.

_ Roy, o que faz aqui? - Não queria tocar no assunto, seria melhor se ele não soubesse sobre a cura.

_ Vim trazer isso para você. - ele entregou a ela uma caixa e em cima havia um bilhete.

Ei Anna, como está? Espero que esteja bem. Fiz esses bolinhos com o Roy para você, acho que você vai gostar, estou com saudades venha me visitar logo.

Beijos, Luke.

_ Agradeça a ele por mim. - O coração dela doía, mas ela não ia desistir tão fácil. - Roy, quer viajar comigo?

Roy estava dormindo, mas Anna não conseguia pegar no sono, saber que iria voltar à cidade onde tudo aconteceu a perturbava, mas a casa que ela possuía lá era suficientemente boa para o que planejava.

_ Por que não descansa um pouco?

_ Não estou com sono, além do mais, já estamos chegando.

_ Hn, mas Anna você ainda não respondeu minhas perguntas. Para onde estamos indo? Por que eu tenho que ir? E o que é isso onde estamos viajando?

_ Para Monk, minha cidade natal. Porque eu quero que você vá e isso é um projeto que fiz aos meus 11 anos de idade, é um meio de transporte rápido, subterrâneo que apenas os privilegiados têm direito de usar e sim se pode ir a quase todo lugar com isso. - Anna usou a ênfase no isso para mostrar que não gostou da forma come ele tratou sua máquina.

_ Qual é o nome disso?

_ O nome disso é H-23.

_ Anna, - ele sentia que devia perguntar e sabia que ele não estava ali apenas por que ela o queria lá. - está tudo bem pra você voltar para lá?

_ Sim. - Foi apenas o que ela disse, mas não estava tudo bem, ela estava mal, acumulando cada vez mais e mais suas tristezas.

Eles chegaram a Monk mais cedo do que ela esperava, a cidade era linda, muita neve para todos os lados, casas coloniais, todos conheciam todos, era o lugar perfeito para se esconder de quem quer que fosse.

_ Nossa, um lugar assim realmente existe?

_ Sim, não é lindo?

_ Muito mais que lindo. - O céu estava indiscutivelmente azul, algumas pequenas nuvens brancas o manchavam como em uma pintura. A neve parecia cegar com um branco tão intenso e todo aquele ar receptivo das casas fazia parecer um cenário de cidades antigas que já não existia, mas lá estava Monk resistindo a todo avanço da tecnologia, pelo menos em partes.

_ Mas não subestime a cidade, pode parecer que não, mas a tecnologia está em alguns lugares, eles só a usam em casos extremos, é por isso que amo essa cidade, pois aqui sou igual a todos.

_ Anna, sei que posso estar sendo chato, mas estou preocupado com você e também não faço a mínima ideia do que estamos fazendo aqui.

_ Ei Roy, não se preocupe, estou aqui para esclarecer algumas coisas.

Anna deixou seus pertences na pequena casa que lhe pertencia e decidiu por visitar o tumulo de seus pais, havia apenas um pequeno cemitério na cidade então não seria difícil encontra-lo. Roy acompanhou Anna até a floricultura, ele não queria incomoda-la, mas temia deixa-la a sós.

_ Fiquem à vontade, chamem se precisarem de algo. - O homem que os atendeu aparentava ser bem mais velho do que era, sua longa e grossa barba branca se destacava em seu pequeno corpo roliço, ele tinha um ar sábio e gentil como as flores, ele parecia saber mais sobre elas que sobre o resto do mundo e dedicava o resto de seus dias a dar amor a aquelas flores.

_ Nossa, essas flores são lindas. - Roy encantado com as flores únicas que ali, naquele frio esbanjavam beleza e a leveza que o mundo já não carregava.

Já Anna admirava calada algumas flores que estavam no fundo do estabelecimento, seus olhos mostravam um brilho e seu coração era capaz de reconhecer aquele perfume. Ela queria toca-las, ela queria ampara-las ou apenas ficar ali parada admirando-as sem mais se importar com um mundo ou um passado, mas tudo que ela viu naquelas flores únicas era o que acontecia dentro de si e ela ainda não enxergava.

Parecem solitárias, pensou, e sim pareciam assim como o sorriso que lhe surgiu ao rosto, mas logo se apagou.

_ São lindas. Que flor é essa?

_ São rosas. - Respondeu o velho que de longe olhava a reação de Anna. - Não conhecia? Pela sua expressão julguei que sabia qual era.

_ Minha expressão? Na verdade já ouvi falar sobre elas, sei que são raras, mas ver na minha frente, nunca vi. Mas o perfume é nostálgico.

_ Elas são mágicas, acredite, eu as planto todos os anos e elas sempre exalam esse perfume maravilhoso. Eu vivo por elas, elas me ensinaram tudo que sei e tudo que devo saber. É uma das flores mais belas que eu já vi.

_ “Uma das”?

_ Sim, uma vez, anos atrás eu vi tamanha beleza em uma flor que não pude sequer acreditar, mas ela já não é como antes. Ela nasceu apenas uma vez e desde então, mesmo murcha, nunca morreu.

_ Aonde você viu tal flor?

_ Pode parecer estranho, mas foi aqui, nessa pequena cidade, no cemitério. Não me recordo bem quando, mas ela era linda, poucas pessoas sabiam da existência dela, na verdade era mais as crianças que iam com frequência lá, se minha memória não me falta era um garoto e uma garota, eles admiravam aquela flor como se fosse única, mas um dia algo aconteceu e eles não voltaram mais lá e então a flor murchou. - Ele não olhava para Anna enquanto dizia, apenas as flores estavam em seu campo de vista, ela achou que ele não falava mais com ela, até que ele chamou-a.

_ Anna, você parece ser uma boa garota, mas me lembra muito aquela flor, uma beleza única, sozinha no mundo, mas se mantêm sobrevivendo, minha querida... - Agora ele olhava no fundo dos olhos da garota, ela se sentia um pouco indefesa com isso, mas se manteve lá. - Por favor, viva, o passado nos trás lições e o futuro esperança, mas o hoje é único, é nele que você faz útil o que aconteceu no passado e torna o futuro mais belo, então não se mantenha murcha por tanto tempo, porque você nasceu para ser única.

_ Eu não pedi isso. - Na sua voz pode-se ver, não ouvir, pois sua magoa estava nítida, ela já não conseguia esconder, pelo menos não naquela cidade, nem com aquelas palavras.

_ Às vezes por falta de escolha coisas que nunca almejamos para nossa vida ocorrem, mas em vez de se corroer e deixar ser levada, você tem que mostrar que apesar de não ter feito a escolha de ser assim, você escolheu o que fazer.

Anna apenas sorriu, não apenas porque não sabia o que dizer, mas também porque ela sentiu que era a única coisa a se fazer naquele momento.

_ Eu vou querer levar um buquê de rosas, por favor.

_ Claro, senhorita. - Ele embrulhou as rosas com um sorriso no olhar, não com a tristeza de dar ao outro algo muito precioso, mas com a alegria de dar a vida novamente a outra pessoa.

_ Quanto custa? - Anna já ia tirando o dinheiro da carteira quanto o velho fez um gesto para que parasse.

_ Nem tudo pode se pagar nessa vida, essas rosas são minha vida como já lhe disse, são meu amor, assim como você, tenho certeza, não seria capaz de vender amor eu também não sou. Meu sustento não tiro daqui. Dei minha vida a essas flores, para que elas fossem capazes de dar a vida a alguém, espero que finalmente elas o façam.

Anna aceitou as rosas, mais por culpa que por agradecimento. Não vendo amor, certamente, mas vendo a morte, que é pior. Pensou, mas ela se afundava cada vez mais na sua culpa e egoísmo que não enxergava o mal que causava.

v

Anna seguiu sozinha para o cemitério, ela queria estar sozinha, mas a cada passo uma parte do seu interior se quebrava novamente.

Já no túmulo de seus pais ela não sabia o que fazer, pela primeira vez ela sentiu o peso da realidade cair sobre si novamente. Seus joelhos cederam e ela ficou daquela maneira, ajoelhada na neve, encarando o infinito esperando que algo mudasse. Mas como sempre nada mudou.

_Sinto muito, mãe, pai, me lembro de tão pouco, mas sei que eu os amei da mesma forma que fui amada, sei que fui muito feliz com vocês. Perdoem-me, eu imploro, se não fosse por mim vocês estariam vivos, me perdoem por ser diferente, incapaz, por ser eu. - Anna queria chorar, mas não era capaz, há anos ela perdeu a capacidade de chorar, ela não se tornou fria, apenas se tornou assim.

Como uma resposta aos seus apelos um barulho fofo soou um pouco a sua frente, quando levantou seu rosto ela pôde ver entre os túmulos de seus pais havia a flor, que condenada ao sono eterno se mantinha “sobrevivendo” a tudo com suas pobres pétalas secas. Mas naquele momento, por emoção, insanidade ou apenas realidade ela foi capaz de ver algumas pétalas caírem ao chão para o renascimento de uma nova flor. Não se sabia quando, se demoraria, dias, meses ou até anos, mas ela sabia que aquela flor iria renascer.

Naquela noite Anna não dormiu, apenas pensou, pensou na flor, nos pais e no presente. Pensou no amor, ou na falta dele. Pensou na morte, nos pecados e nos seus erros, pensou em tudo, mas não pensou o quanto sofria com tudo isso.

_ Anna está dormindo? - Roy estava na porta do quarto de Anna, já era de manhã e ela nem havia percebido as horas passarem.

_ Não, pode entrar. - Anna se sentou a cama e olhou o céu que naquele momento tinha a mesma cor que seus olhos, um belo azul claro.

_ Ontem quando você chegou estava diferente, aconteceu algo? - Ele estava preocupado e ele não conseguia disfarçar apenas seus olhos já dizia o quanto ele se importava com ela.

_ Eu não estou morta. - Ele não entendeu, ela não explicou. - Eu não estou “sobrevivendo”, estou tentando viver, com medo, com passos lentos, não sei onde vou pisar e se eu pisar em alguma bomba nesse campo minado e destruir tudo de novo e se eu perder tudo que eu tenho de novo?

_ Anna?

_ Tem algo que eu preciso fazer Roy e eu preciso de sua ajuda.

Roy e Anna passaram alguns dias diretos no laboratório que de alguma forma ficava em baixo da casa de Anna, ele a ajudava da maior forma que podia, não sabia o que ela fazia, mas mesmo se ele soubesse e fosse algo que iria contra tudo que ele gostava ele a ajudaria e quando parava para pensar nisso sentia um pontada no peito que ele não sabia o nome, mas logo iria descobrir.


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