–Acorde Kate! Sua mãe foi trabalhar hoje mais cedo. Vamos, se não vai perder a hora. Vou te dar uma carona hoje querida.

–Papai? Que horas são?

–Já vai dar 07horas30minutos.

–Meu Deus! Eu prometi chegar mais cedo hoje para terminar o trabalho com a Lanie. Preciso correr. Porque mamãe não me acordou?

–Eu já lhe disse, ela foi trabalhar mais cedo hoje. Surgiram imprevistos. Mas eu estou aqui e o café está quase pronto. Se apresse.

Levantei-me como um furacão. Entrei e sai do banheiro em tempo recorde. Em menos de 10 minutos estava sentada perto do balcão da cozinha dando os últimos goles no café que papai tinha feito. Não era nem de perto o mesmo sabor do café da mamãe. Mas ele se esforçou e eu achava isso fofo. Mal me levantei do banco e papai estava na porta com as chaves em mãos. Ele com certeza iria se atrasar para o trabalho hoje. Minha escola era um roteiro totalmente diferente do trabalho dele. Realmente algo muito importante deve ter acontecido hoje com o trabalho da mamãe. No caminho tentei mil vezes fazer com que papai me dissesse o que foi que aconteceu em detalhes pra mamãe ter saído tão cedo de casa, mas ele pouco se aprofundou e fez questão de mudar de assunto. Assim como a mamãe, no sábado papai também parecia preocupado e desligado perante o jogo de baseball na TV. Alguma coisa não andava bem.

Lanie me esperava logo no jardim da entrada. Acenei para ela e ela simplesmente me sorriu cruzando os braços. Eu estava 20 minutos atrasada.

–Desculpa Lanie. Eu não despertei com o celular e mamãe que sempre me acorda teve que ir de ultima hora trabalhar mais cedo hoje. Acabou que não me acordou.

–Poxa Kate, pra isso que serve o celular não é?

–Eu sei Lanie, mas tentei vir o mais rápido que pude. Desculpa.

–Ok. Vamos! Eu já terminei o trabalho. A primeira aula hoje nós assistimos juntas. Está quase na hora.

Entramos na sala e meus olhos ainda procuravam pelos corredores a presença de Rick. Ele disse que viria hoje não é mesmo? Não sei ainda quais matérias ele iria pagar nem se em algum momento iriamos estar na mesma sala. Ele estava vindo de transferência. Não tinha a menor ideia de como ficaria a situação escolar dele agora. Essas questões me perseguiam. Lanie ainda me falava aos sussurros as pazes feitas com o Espo e de como ela estava animada por ele ter a convidado para sair na sexta-feira. Um local até então secreto, que ele só contaria para Lanie no dia do encontro. Por mais que eu tentasse prestar atenção na aula ou nos bilhetinhos da Lanie, não conseguia me desvincular do pensamento em Rick. Era tão estranho ele não ter entrado em contato com a gente pra saber informações sobre as aulas.

O sinal tocava e eu e Lanie nos separamos. Demorei rodando nos corredores e olhando discretamente as salas enquanto pude, antes que o inspetor pudesse me abordar. Não o achei.

Ansiava pelo o horário do intervalo. Seria o único momento em que eu teria a maior chance de encontrar Rick. O relógio parecia não andar. A senhora Lewis fazia questão de em tentativas frustradas me constranger pela minha aparente falta de atenção em história quando na última tentativa, prestes a me enrascar, fui salva pelo sinal do final da aula.

Fui direto para o armário, guardei o material o mais rápido que pude. Precisava encontrar Rick. Logo que entrei no refeitório um grupo de meninas riam e fofocavam entre si sobre um garoto novato que estava conversando com uma de suas amigas. Não sei dizer o porquê, mas pelo tipo de risada e comentários, algo me atinou de que o tal garoto novato seria Rick. Disfarcei e fiquei atrás de uma pilastra. Elas não me perceberam e pouco a pouco pude entender que o tal menino era realmente Richard Alexander Rodgers. Não podia acreditar nos relatos que ouvia. Mas de certa forma era como se o tempo todo eu fechasse os olhos pra uma verdade eminente. Rick havia se tornado um dos garotos mais bonitos da escola. Além de tudo, era carne nova no pedaço das meninas atiradas. Pude ouvir pouco, mas esse pouco para minha aflição era muito.

–Nossa a Sarah nem nos deu tempo para falarmos com Richard.

–Ela não deu tempo nem do garoto nos dirigir um olá.

–Ela realmente insiste em achar que é melhor que nós. Eu aposto que esse gatinho ainda vai dar um fora nela quando perceber a grande furada que ela é.

–Ela sempre faz isso com os caras. Os ilude, os chama para seu covil e depois se o garoto a deixa, faz o colégio inteiro acreditar que o menino não tem a menor virilidade. Ela não vale nada.

Já tinha ouvido demais. Caminhei em direção as bandejas e vi logo ao lado da última mesa Rick sentado imponente, com um braço envolvendo a cadeira da tal Sarah. Ela jogava os cabelos de forma sensual e amostrada. Rick fingia não ligar, continuava sorrindo e contando provavelmente as mesmas aventuras que ele contou para mim na festa. A menina realmente tinha uma cara de que não prestava. Já a tinha visto com uns 3 caras diferentes semanas atrás. Perdi o apetite e a única coisa que tinha sobre minha bandeja no final das opções era uma maçã. Lanie me avistou e gritou meu nome.

–Kate! Estamos aqui.

Acenei sem graça, ela havia gritado meu nome sem a menor necessidade e ao retornar meu olhar para a mesa de Rick ele agora olhava para mim pelo canto do olho. Mesmo visto seu quase imperceptível aceno eu o ignorei e caminhei rapidamente para a mesa da Lanie e do Espo.

Continua...