Eu estava no meu quarto escrevendo o MFW(Manual da Família Weasley)*, assinando-o na verdade, quando alguém bate na porta.

–Pode entrar!-Gritei.Hugo entrou no quarto, seguido de Lilly.-Que é?

–Oi!-Disse Lilly.Estreitei os olhos para os dois.

–O que vocês estão aprontando?-Indaguei.

–Oras, precisamos aprontar alguma coisa para entrar no seu quarto?-Perguntou Hugo.Inclinei a cabeça para o lado.

–Sim.-Respondi.Ele revirou os olhos.

–Só quero que você convença o papai a não nos levar para Bungórdia nessas férias.-Disse Ele.Franzi a testa.

–Bungórdia?-Perguntei.

–Uma vila bruxa da Escócia.-Ele disse.Arregalei os olhos.

–Ah, mas não vamos mesmo para essa vila com nome de bunda!-Eu disse ficando em pé.Lilly pareceu com medo.

–Hã, qualquer coisa eu tô no quarto do Hugo, Ok?-Disse ela e correu pela porta.

Desci as escadas batendo os pés.Entrei na cozinha e vi meu pai conversando em escocês com alguém no telefone.Não hesitei e pulei em cima dele.

–Hey!-Ele gritou, peguei o telefone de suas mãos.-Me devolve!

–Nós não vamos para a Bundolândia!-Berrei para o cara no telefone, e desliguei.Meu pai me olhou feio.

–Rose, pare de atrapalhar nossas férias!-Disse ele.

–Atrapalhar?Atrapalhar?!Eu estou é protegendo as nossas férias da Bundolândia!-Gritei exasperada.

–É Bungórdia!-Falou meu pai irritado.

–Tanto faz!-Eu falei.-Tem tanto lugar maneiro para ir e você resolve ir numa vila com nome de bunda?

–Ela não é tão ruim quanto você pensa!-Disse meu pai.-Ela tem vários museus da história bruxa, e tem uma fábrica de rapadura!

–Fábrica de rapadura?!-Eu berrei.-Porque, cargas d'água, eu iria achar uma fábrica de rapadura interessante!

–Oras, rapaduras são gostosas!!-Gritou meu pai.

–Não, não são não!!-Eu gritei.-Elas tem gosto de bunda de cavalo!Assim como a Bundolândia deve cheirar!

–Retire o que disse mocinha!-Gritou meu pai.Fiz pose de desafio.

–Venha retirar!

Então ele pulou em cima de mim e eu gritei.Ele tentou tomar o telefone das minhas mão mas eu o mordi.Nos debatíamos como duas minhocas no chão, uma gritando mais alto que a outra.

–SOCORRO!HUGO, ME SALVA!-Eu berrava.

–HERMIONE VENHA CONTER A SUA FILHA!-Bradava meu pai.

Ficamos assim, se batendo e gritando um com o outro até aparecer uma Hermione furiosa na escada.Paramos na hora de brigar.Se isso fosse um desenho animado ela estaria toda vermelha e soltando fumacinha pelas orelhas.

–OQUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI?!-Ela berrou tão alto que as janelas tremeram.Sem brincadeira, eu achei que o pinguim de cima da geladeira ia cair.

–Papai quer nos levar para a Bundolândia!

–Ela não quer ir para a Bungórdia!

Dissemos as frases ao mesmo tempo.Mas acho que isso não impediria minha mãe de fazer ensopado de Weasley pro jantar.Ela rosnou como um cão furioso.Então ela deu um passo para trás.E correu.

Enfim, como todos sabem eu corri mais rápido.Ela me perseguia pela casa enquanto eu corria em círculos na sala berrando "PREFIRO ISSO A IR PARA A BUNDOLÂNDIA!".Logo tínhamos uma plateia.Hugo olhava abasbacado, pensando em como me ajudar, talvez.Lilly estava apreensiva, olhando de mim e minha mãe para meu pai gritando "HERMIONE, HERMIONE!".

Então Hugo finalmente resolveu fazer alguma coisa.Ele correu até a sala e fez um dois com as mãos.Linguagem de sinal entre irmãos é tudo.Então ele fez a contagem nos dedos "3,2,1 e..." então berrou "JÁ!".

Nos jogamos em cima da minha mãe ao mesmo tempo.Ela parecia um hipogrifo furioso, se debatendo e mordendo nossas mãos.

Depois de um tempo todos estávamos calmos, e sentados na mesa de jantar.Lilly nos olhava torto, como se a qualquer momento pudéssemos pular em cima da mesa e começar um UFC.

–Bem...-Disse minha mãe.Ela estava descabelada e tinha um pouco de sangue na sua boca.Só para constar o sangue era meu, porque ela mordeu minha mão tão forte que ela começou a sangrar.-Acho que devemos decidir onde iremos nessas férias.

–Bundolândia não!-Dissemos eu e Hugo juntos.Minha mãe nos lançou um olhar furioso mas disse:

–Okay, Bungórdia não.-Ela nos olhou inquisitiva, como que perguntando se nós tínhamos um lugar melhor que o país das bundas.

–Suíça!-Dissemos eu, Hugo e Lilly juntos.Ela iria conosco para as férias, assim como Scorpius, que não estava ali porque meu pai meio que não sabe que ele vai com a gente.

–Suíça então.-Disse minha mãe rangendo os dentes.Explodimos em vivas e comemorações, eu e Hugo zoando meu pai por escolher um lugar tão estranho, que tinha uma fábrica de rapadura.Então a campainha tocou e os vivas cessaram, a explosão de felicidade acabou, e minha mãe foi atender a porta.

Eu gritei um "NÃO!" pulei em cima dela, deixei ela caída no chão e mais rápida que um raio me levantei e corri até a porta.Abri-a e lá estava Scorpius, todo charmoso e bonitão com sua jaqueta de couro.Tive que resistir para não fazer como uma menininha fanática por Scorpius e suspirar.

–Oi Ros...-Ele começou e me olhou.Claro, eu não estava com uma aparência boa.Meu cabelo devia estar um caos, tinha sangue na minha mão e marcas de unha na minha cara.Ele franziu a testa.-Oque rolou aqui?-Perguntou ele, mas acho que minha mãe respondeu por ele, porque ela surgiu como um zumbi na porta, rosnando e pronta para se jogar em cima de mim.

Fiz a coisa mais madura que eu pensei.Me joguei no colo de Scorpius e gritei feito uma taquara rachada.Minha mãe, assim que viu Scorpius, imediatamente se aprumou e tentou arrumar os cabelos.Porque?

Porque ela gosta de Scorpius e acha que se dar a aparência de louca ele não vai se casar comigo, como ela deseja, e eu vou morrer velha e sozinha numa casa preta com quarenta gatos, comendo um pote de sorvete de pistache.

–Olá Scorpius!-Disse minha mãe tentando parecer simpática.Mas acho que ela assustou Scorpius porque não era fácil parecer simpática com o cabelo como uma juba de leão, dentes manchados de sangue, marquinhas rochas aqui e ali, e uma marca vermelha de um tapa que sem querer eu dei na cara dela.Ouvi Scorpius engolir em seco.

–Olá S-senhora Weasley.-Disse Scorpius com medo.Desci de seu colo.

–Hã, mãe, eu já disse que Scorpius vai passar a férias com a gente?-Eu disse inocente.Ela me olhou, e eu fiquei com medo, porque, embora ela estivesse sorrindo, seus olhos brilhavam de uma forma maníaca, como se ela dissesse "Como ousa a fazer uma coisa dessas sem me avisar antes?!".

–Não, querida, mas claro que ele poderá passar as férias conosco!-Eu fiquei com vontade de dizer "Sério?, então porque não diz isso para sua cara, acho que ela ainda não sabe que tá de boa o Scorpius ir com a gente!".

Me virei para Scorpius e peguei suas malas, não sem antes sussurrar no seu ouvido "Mantenha a calma, e caso uma luta começar, não tente apartar!".Ele assentiu loucamente, acho que deu dor de cabeça.

Entrei em casa carregando as malas de Scorpius.Coloquei-as no sofá e fui até a mesa, junto com Scorpius.Scorpius sentou-se hesitante ao meu lado, com meu pai o fuzilando com o olhar.É claro que meu pai odeia Scorpius e prefere que eu morra sozinha a ficar com ele, mas ele tentava disfarçar isso.Creio que ele não estava se saindo bem nisso.

–Então amanhã bem cedo vamos viajar.-Disse meu pai.Assenti e comecei a sair da sala atrás de Hugo, quando meus pais me chamaram:

–Rose, senta.

Engoli em seco e me virei para eles.Scorpius do meu lado, pegou minha mão e a agarrou.Desvencilhei-me dele e disse bem baixinho para Scorp "Vá para o meu quarto, e fique bem quietinho lá!", este assentiu e correu escadas acima, como se sua vida dependesse disso.

Me sentei com cautela na cadeira de frente para meus pais, ambos com a aparência dando a entender que eles acabaram de sair de uma selva perigosa.

–Então...-Comecei.Acho que eu não devia ter feito isso, porque meu pai se levantou tão rápido que eu fiquei tonta, e com a mesma rapidez começou a gritar.

–COMOVOCÊOUSAATRAZERESSEGAROTOELEVAIESTRAGARASNOSSASFÉRIAS!!!

Quando se tem prática você entende tudinho oque meu pai falou.Engoli em seco, e abri a boca para falar mas minha mãe já estava de pé e gritando:

–ROSE WEASLEY, VOCÊ NÃO PENSA?OLHE O NOSSO ESTADO, O QUE VOCÊ ACHA QUE O GAROTO VAI PENSAR DE NÓS?!

Eu murmurei baixinho que ele já sabe que meus pais são doidos, mas não deu para escutar porque meu pai se virou para minha mãe e gritou:

–ENTÃO VOCÊ VAI DEFENDER O PIRRALHO?

–ELE É O MELHOR NAMORADO QUE A ROSE ARRANJOU DESDE O TERCEIRO ANO!

–ELE É RIDÍCULO!

–RIDÍCULO ERA AQUELE LUKE ZABINE QUE ELA TROUXE PARA CÁ NO NATAL DO QUARTO ANO!

–ELE ERA UM GAROTO EDUCADO!

–ELE TRAIU A NOSSA FILHA!

E com aquela discussão eu fui me retirando devagar dali.Subi as escadas de fininho até chegar ao meu quarto.Entrei rapidamente nele e tranquei a porta, escutando os gritos dos meus pais lá em baixo.Suspirei cansada me encostando na porta e deslizando até o chão.Eu fazia muito isso.

Olhei o quarto procurando Scorpius e o encontrei encolhido num canto, se balançando para frente e para trás, murmurando consigo mesmo aquela oração estranha dele.Me levantei e caminhei até ele, me sentando do seu lado.

–Tá tudo ok?-Perguntei.Ele me olhou, parando de murmurar.

–Como você sobrevive?-Eu ri e peguei meu caderno azul em cima da mesa, abri-o e mostrei para Scorpius.Ele riu.-Você criou um guia para os futuros Weasley's?

–Sim, mas esse guia é para mim também, sabe, me lembrando de nunca mais fingir que estou grávida para fazer palhaçada.-Scorpius estremeceu.

–Por favor.-Ele disse e eu ri.Ficamos em silêncio de novo, ouvindo ao longe os gritos dos meus pais lá em baixo.Então encostei a cabeça em seu ombro.Scorpius beijou minha testa e ficamos ali, até eu perceber que os gritos cessaram.

–Oh-ouh.-Falei, e peguei uma Orelha Extensível, enfiando-as pelo buraco no chão que dava para a cozinha.Consegui escutar vozes baixas.

–Desculpa amor.-Um gemidinho.

–Claro que te desculpo meu bem.-Um arquejo baixo.

Puxei a Orelha de volta e enfiei-a dentro da gaveta, me jogando na cama e me encolhendo ali.Tipo, só de lembrar que meus fazem...

Estremeci.

–Já é seguro sair?-Perguntou Scorp.

–Nem um pouco.-Falei.Scorpius riu.

–O que eles estão fazendo?-Perguntou.Chamei-o com o dedo e lhe sussurrei no ouvido o que meus pais estavam fazendo.Ele riu baixinho e mordeu minha orelha.-Que tal imitarmos eles?-Ele sussurrou no meu ouvido.Eu ri,mas sussurrei de volta.

–Seria ótimo.

Então ele me jogou na cama beijando meu pescoço, e bem, você já tem uma ideia do que aconteceu.

Foi uma loooooonga noite.