Continuamos andando pela galeria, por um tempo que pareciam horas, Olliver sempre a alguns à  passos em frente, o que Ollie me disse mais cedo pesou em meu coração, não conseguia em me comparar com a garota que costumava ser, eu já não era ela, parei e me agachei sentindo a água encharcar minhas roupas, não pude me conter e comecei a chorar, ouvi os passos de Olliver pausarem, então o ouvi em minha direção, ele segurou em meu braços e me levantou.

— Isso não é momento pra isso. - Ele respondeu olhando em meus olhos, quis protestar e gritar, dizer que ele estava sendo duro demais comigo, dizer que eu não era sua inimiga, mas não pude seu olhar de reprovação estava estampado em seu rosto. Então respirei fundo, e me soltei de seu aperto, o fazendo entender que não estava satisfeita com o jeito que ele me tratou, comecei a andar em sua frente, mas então parei e olhei para trás o vendo ainda no mesmo lugar com a expressão culpada, Abri um pequeno sorriso satisfeita.

— A onde vamos Olliver? - Perguntei séria.

— Para casa do meu advogado, devemos ser rápidos. - Ele afirmou despertando daquele momento, e passando em minha frente, eu só o seguia com os olhos fixos em suas costas.

Após alguns minutos, ele indicou alguns degraus e subiu na frente, abrindo a tampa e a empurrando para o lado, levantou a cabeça para checar o movimento e logo subiu, pediu para que eu esperasse, logo passou um carro acelerado, após o sinal de "ok" de Olliver subi, apoiando-me em sua mão direita, corremos para a calçada, e estávamos em uma rua com vários prédios residenciais, a noite já estava alta, e a movimentação de carros era minima, Olliver seguiu para um desses prédio e entrou, subimos até a cobertura e paramos na porta, Olliver tirou uma chave eletrônica do bolso e a abriu passagem para que eu entrasse, o interior do apartamento era totalmente impressionante, pensei ser essa a palavra para aquele lugar,  com uma decoração minimalista, no centro da sala encontrava-se um sofá cinza em frente a uma grande televisão que pendia do teto, ao olhar para o lado pude ver dois degraus de elevação onde levava até a mesa de jantar, do outro lado estava a bancada da cozinha, mas não pude evitar de ver um grande corredor próximo a mesa de jantar. Demos alguns passos quando um homem negro apareceu da cozinha.

— Eu sabia que vocês viriam. - Ele afirmou já avaliando a nossa situação.

— Sim, é por isso que você é meu advogado. 

— Nossa vocês estão péssimos, o que fizeram, nadaram no esgoto? - Ele perguntou voltando para a cozinha.

— Quase isso. - Olliver respondeu, o advogado voltar com sacos de lixo pretos, entregou um para mim e outro para Ollie.

— Inacreditável, sigam pelo corredor, tem dois quartos de hóspedes com plaquinhas na porta, tirem essas roupa imundas tomem um banho e venham jantar. - Concordei com a cabeça, tirando ali mesmo meus sapatos e colocando dentro do saco, segui pelo corredor sendo acompanhada por Olliver, entrei em um dos quartos e Olliver fez menção em ir atrás, ma o olhei furiosa, não conseguia sequer pensar na possibilidade de estar com Olliver, ele entendeu e seguiu para o outro quarto. Ao fechar a porta, fui em direção ao banheiro e entrei tirei minhas calças com dificuldade pois o tiro que tinha levado ainda latejava em minha coxa, e então tentei tirar a camiseta que estava toda manchada de sangue, o sangramento do ombro havia parado, mas a dor estava ali, após algumas tentativa eu urrava de dor, andei pelo quarto procurando alguma coisa afiada nas gavetas, achei na primeira gaveta do criado mudo uma tesoura, fui para frente do espelhos, comecei a cortar a camiseta, chateada por lembrar que era um das preferidas, mas depois consolei-me ela não prestaria para mais nada suja de sangue e com um buraco no ombro. Todas as minhas roupas se foram com a explosão da mansão, tudo o que eu tinha, então subitamente lembrei-me do livro e rosa seca que Ollie havia me enviado quando o deixei, ela tinha se queimado, não devia fazer diferença já que ele já estava seca antes, mas senti falta de olha-la sempre que tinha vontade.

Ao olhar-me no espelho pude ver gotículas de sangue em meu pescoço e em meu rosto, sangue de Liam, lavei-o e liguei o chuveiro, entrei embaixo deixando a água morna escorrer por meu corpo, comecei a lembrar do que havia feito então comecei a me lavar e me esfregar com toda força que podia fazer, vi minha pele ficar vermelha e senti a ardência me percorrer, desliguei o chuveiro e me enrolei em uma toalha, sai do banheiro vendo algumas roupas femininas em cima da cama, as peguei e levei para o banheiro, coloquei em cima da bancada e voltei para o espelho vendo as marcas e arranhões que deixei. Então senti meu olhar turvo e ouvi barulho de pingos no chão, olhei para baixo e vi sangue, olhei para minhas mãos que escorriam sangue, gritei o máximo que pude, já podia ver minha toalha ficando vermelha, continuei a gritar, Olliver entrou correndo e eu já sentia meus joelhos fraquejarem e pelo espelho vi olliver me segurar.

— Sangue, olha. -mostrei para ele que observou minhas mãos por alguns segundos, e franziu a testa.

— Não há sangue ai. - Ele afirmou cuidadoso, olhei para elas mas ele ainda estava lá.

— Tem sim, olha. - Gritei levantando minhas mãos, Olliver me virou para que eu o olhasse nos olhos.

— Você confia em mim? - O olhei confusa mas concordei.

— Então feche os olhos. - Fechei obediente.

— E a gora? - Perguntei chorando.

— Abra e não verá mais sangue. - Abri e realmente não havia mais sangue ali.

— Como?

— Sua mente está pregando peças em você. - Ele afirmou levando as mãos em meu rosto.

— Droga. - Ele disse disparando alguns palavrões.

— Oque? _ perguntei quando o vi Fixado em algum ponto de meu corpo, procurei o ponto e vi meu umbro em uma tonalidade roxa.

— Está infeccionado, você está com febre por isso está tendo alucinações.- Olhei, por algum tempo até sentir-me tonta.

— Estou tonta.- Disse olhando-o atentamente o vendo limpo com os cabelos úmidos.

— Vou te vestir e fazer você deitar. - Ele disse, já tirando minha toalha e colocando em mim um vestido, me ajudou a colocar a calcinha e me apoiou banheiro a fora até chegarmos na cama. Deite-me e me cobri, mas ainda sentia frio.

— Olliver estou com frio.

— Brian, chame um médico. - Olliver gritou desesperado.

— Calma Olliver vai ficar tudo bem. - Eu disse tentando acalma-lo, julguei ter dado certo quando sua expressão se transformou de preocupação para um meio sorriso.

— Tudo bem, vamos chamar um médico para você. - Ele afirmou mais para si mesmo.

— Você muito lindo. - Disse passando a mãos em seu rosto, vendo escapar uma lágrima de seus olhos, fechei os olhos e caí em um sono não tão tranquilo quanto eu desejava.