The Challenge escrita por Marquesa


Capítulo 5
Passeio com o diabo.


Notas iniciais do capítulo

Olá!! Por favor não me matem, tenho filhos para criar... Mentira, não tenho filhos, mas mesmo assim não me matem. Me desculpem a demora extrema, sério de coração. Eu já havia escrito ele a algumas semanas, no entanto, o site ficou offline e eu meio que fiquei off também. Mal tenho tempo de viver ultimamente mas ok, sem desculpas esfarrapadas, realmente eu fiquei muito atarefada. Então, mas e ai, já podem deduzir o capítulo apenas pelo título? Não? Pois deveriam haushaushaus. Eu achei bem divertido algumas partes e creio que vocês também vão... Matt ♥
Chega de blá blá e vão ler.

Ah claro, capítulo betado pela minha querida beta maravilhosa Boow.



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Definitivamente aquela foi a maior idiotice da minha vida.

Ou pelo menos a segunda maior já que a primeira de fato foi ter deixado minha bota Donna Deypresa entre o gelo das lajotas.

Droga. Eu teria que fazer horas extras para conseguir outro par.

– Eu não posso sair com você nessa situação! – Reclamei dentro do carro de Matthew, não posso dizer que estava desconfortável, pelo menos não no sentido literal da palavra, quer dizer, você entenderia o que estou querendo dizer se estivesse dentro de um carro quentinho e com bancos almofadados, enquanto um aquecedor trabalha para esquentar seu pé sem sapato. Ok, isso não era realmente verdade, o aquecedor de Matthew na verdade me parecia bastante inútil para esquentar meus pés, e o fato de eu estar sentada ao seu lado não era exatamente aconchegante. – Eu preciso ir pra casa – Completei tentando ser comovente. O que no meu caso, soava como a voz esganiçada de uma criança de seis anos. Sim, ridículo.

–Temos um acordo, ruiva. –Aquele ser extremamente estranho e, me condene mas tenho que ser sincera, incrivelmente gato respondeu sem tirar a atenção da estrada.

– Mas eu estou sem um par de sapato! – Explique com o tom de voz alterado – Não posso simplesmente sair por ai assim. – Pelo menos não com ele. Quer dizer, não que eu me importasse o que Matthew e com o que as pessoas do mundo perfeito dele estão pensando sobre mim, mas, pense comigo, seria bastante humilhante aparecer em um lugar publico e de classe refinada, com apenas um pé de sapato e um caro desse tipodo meu lado.

Humilhação era tudo o que eu não precisava. Não mais.

No entanto, de todas as maneiras, me vejo em tantos prováveis cenários que Matthew pode estar me levando. Que aos poucos vou começando a me sentir estranhamente deslocada. Preciso ir até minha casa. Preciso de outro par de sapatos, e quem sabe uma muda de roupas.

Ou talvez eu possa simplesmente inventar que estou com cólica e sou obrigada a deixar para outra hora. Ele vai acreditar. Tem que acreditar.Homens não sabem o que é uma cólica, então posso simplesmente dizer que estou morrendo aos poucos, e o canalha me liberaria da tortura, com medo de que eu morra em seu carro ou algo assim.

Estou pronta para encenar minha cólica, quando sou desarmada com o olhar de Matthew sobre minha meia vermelha -que nem combinam com meu casaco- e a sua risada espontânea. O cara não tinha o mínimo de bom senso que uma pessoa tem que ter. Estar apenas com um pé do par de sapatos, no carro de alguém que se apresentou como o diabo – lindo e rico –, de forma alguma era engraçado.

A não ser no mundo interno dele. Claro.

Eu observei que o carro passou a perder velocidade e após ver uma placa grande escrita “Estacionamento apenas para clientes” eu me dei conta que já tínhamos chegados ao destino de meu colega de classe semi-raptor de meninas inocentes. Tá, semi-inocentes.

Espera, 'colega'? Eu só podia estar com minha massa cinzenta congelada. Matthew não se encaixa na minha categoria de colegas e nem algo próximo a isso, é bem provável que nunca se encaixará em nenhuma, a não ser é claro que exista alguma que descreva nosso caso: O garoto inoportuno que 'salva' a garota de uma provável hipotermia, joga a bota dela no lixo, e depois decide cobrar pelo 'favor'. Cá pra nós, o fato de minha bota estar sozinha no meio de neve e lajotas cobertas de gelo, sem duvidas anulava qualquer resquício de boa ação daquele cara.

– Pegue. – Sai dos meus devaneios quando ouvi a porta sendo aberta do meu lado - Coloque isso aqui no seu pé. – Ele me estendeu um par de sandálias marrom, estilo gladiador.

Ele só podia estar de brincadeira.

Ou eu é quem estava sonhando.

– Isso não é sério, certo? – Perguntei e comecei a temer quando vi o arquear leve de sua sobrancelha esquerda. Por Deus, esse cara é o inferno.

– Parece que estou brincando? – Perguntou sério. Até demais.

– Eu não vou calçar isso, Não faço a menor ideia de qual a procedência disso e outra, isso não vai servir no meu pé. – Falei como se isso já não fosse algo visivelmente obvio para nós dois.

–Ruiva, nas suas condições você não está na posição de me exigir nada. – Matthew falava com uma firmeza na voz e de um modo intimidador. Quem ele pensa que é? Alias quando foi que ele começou a se achar no direito de me chamar de 'ruiva'. Isto era sem duvidas algo intimode mais para um cara... bom, Matthewde mais.

– Eu não vou calçar isso! – Exclamei tentando me impor. – E se me permite fazer um comentário... –

–Não, eu não permito! – Disse após ter me interrompido e logo depois riu ao perceber a minha raiva, tá não era raiva, assumo, ele me assustou um pouquinho gritando daquele modo. – Ou você coloca essas sandálias ou você vai descalça, escolhe. – Dessa vez ele havia voltado para a minha zona de conforto com seu tom debochado e irônico.

Espera, não.. Esqueçam isso! Eu não tenho nada, nem sequer parecido com uma zona de conforto perto daquele cara. Talvez um campo de concentração, ou de guerra. Mas nem de longe conforto.

–Eu não vou colocar essas sandálias porcas. – Sibilei para que ele pudesse entender nitidamente, já que ele parecia ter problemas em entender o que eu dizia.

Mesmo sentada de braços e pernas cruzadas e balançando meu pé desprovido de um calçado eu pude ver ele soltando uma risada sarcástica e dando uma volta em volta de si mesmo como alguém que observa a paisagem ao seu redor. Não que existisse algo além de mato e um estabelecimento comercial para ser observado.

– O que você está fazendo seu doente? – Perguntei quando vi que Matthew se abaixar ao meu lado e abrir o zíper da minha outra bota, ou melhor, da única que me restara.

– Estou tirando sua bota. – Rolei os olhos e tentei puxar meu pé mas a força que ele exercia para mate-lo imóvel era relativamente maior que a minha para tentar livrá-lo.

Resultado: Matthew um e Nathaly zero.

Ele saiu com minha bota nas mãos como se roubasse botas alheias todos os dias e a arremessou a metros de distancia para dento do mato que nos cercava. Os meu gritos e ordens para ele voltar novamente para o carro assim como qualquer coisa que eu dizia pra ele foi totalmente ignorado, claro, a não ser que fosse conveniente para ele.

– Agora você novamente tem duas opções – Disse com a maior naturalidade do mundo – Ou você coloca as sandálias ou você vai apenas de meias. – Completou apoiando-se na porta do carro. – E antes que pense em recusar já vou adiantando que você vai entrar nem que eu tenha que te levar no colo. – É, talvez eu devesse adotar 'humilhação' para ser meu novo sobrenome.

Certamente meu rosto deveria estar se igualando a um tomate de tanta raiva quando eu retirei a meia para colocar aquelas sandálias que só Deus sabe de onde veio, percebi que meus pés estavam quase roxos de tanto frio que eu sentia neles. Não que Matthew se importasse com meu sangue parado nas veias, aliás nada além de me humilhar com aquele par de sandálias imundo, parecia algo com importância o suficiente para aquele cara se dar ao trabalho de notar. Eu ainda procurava entender: Por que diabos eu aceitei entrar naquele carro? Talvez, eu esperava que no fundo ele pudesse ser uma boa pessoa e que não fosse o idiota que aparenta.

Tipo aquele filme ' a bela e a fera'onde a fera na verdade é um homem doce e gentil, mas muito julgado pelas aparências.

Oh céus, como estava errada.

Matthew não era uma fera fisicamente. Ah com certeza não. Mas sua personalidade era algo que sem duvidas não era possível tolerar nem que fosse eleito o cara mais gato de New Jersey. Não que eu o ache esse cara. Claro que não. E, segundo mais não menos importante, temos que concordar eu provavelmente não estou nem perto da enésima candidata a ser a bela da maldita Fera.

De qualquer forma, eu também não desejava isso. Céus, eu mereço algo melhor. Muito melhor.

Como por exemplo, alguém que higienize suas sandálias, e não jogue as botas de uma dama no quinto dos infernos.

Eu não falei nada enquanto colocava – contra minha eterna vontade – aquelas sandálias nojentas em meus pés. Se fosse possível também continuaria muda durante as duas próximas décadas. Ou pelo menos as partes onde eu tinha de me sacrificar para sobreviver no mesmo recinto que aquele ser, e toda a sua arrogância.

– Qual é ruiva, não seja birrenta – Disse depois de passar um tempo me olhando como se de repente até meus pensamentos ele pudesse ler. Permaneci em silêncio e o encarei com minha sobrancelha arqueada – E não bata a porta do meu carro! - Falou com um tom mais alto e eu ignorei-o.

Isso mesmo. Eu bati a porta com tanta força que não me surpreenderia se tivéssemos de usar um pé de cabra para abri-la mais tarde.

O estabelecimento era um bar. O maldito me trouxe em um bar!

–Um bar? Jura? – Questionei assim que demos alguns passos dentro do ambiente cheio de homens barbudos e com as roupas sujas de graxa, as únicas mulheres eram as garçonetes. – O seu plano é esse? – Perguntei me sentando com receio naquela cadeira.

–Que plano? – Perguntou depois de ter chamado uma garçonete de cabelos amarrados em um rabo-de-cavalo ruivos e intensos com a raiz castanha que entregava sua cor falsa.

De repente me senti só uma pontinha orgulhosa por ter meus cabelos 'água de salsicha' totalmente naturais.

–Me embebedar e depois tirar vantagem... – Respondi soando um pouco mais divertida, só que eu não entendia o por que, alias isso era um plano sujo, mas eu acho que era pelo fato de estar ali sentada com aquele cara sem nenhuma moral me olhando com profundidade e com uma ingenuidade que eu bem sabia não existir. Era como se ele me estudasse apenas com os olhos, era intrigante e sedutor ao mesmo tempo. Droga! Pra que tudo isso? Por que eu estou pensando nisso? Eu não o suporto, ele me faz não suportá-lo. E parece se divertis bastante com isso.

–Tenho cara de que faria isso? – Perguntou com uma voz baixa e não sei se foi proposital ou não, mas soou incrivelmente sexy. Eu apenas respondi para ele assentindo com a cabeça.

–E ai Matt, oque vai ser hoje? Claro, além da sua nova garota.

–Eu não sou a garota dele, tenho dignidade e minha razão está em perfeito estado. – Sorri debochada.

A mulher olhou confusa e Matt resolveu clarear a mente dela.

–Digamos que salvei a vida dela e agora ela me deve uma. – Respondeu á falsaruiva. - O de sempre Fátima, vodca. – Pediu e sorriu olhando para mim – E uma água pra criança que me acompanha. – Tive vontade de mostra a língua a ele, mas não queria confirmar sua acusação.

–Eu quero o mesmo que ele. – Corrigi seu pedido com a cara mais indiferente que eu podia. – Eu não sou criança!

–Mas se comporta como uma – Respondeu se recostando na cadeira. Ok, eu poderia ter ido dormir sem essa.

–=Vai se dana, você não me conhece. – Disse ríspida.

Ele pareceu pensar e antes que elaborasse uma resposta a garçonete chegou com as duas vodcas. Ele bebeu como se fosse água, enquanto eu tomava como se fosse um chá extremamente quente. Eu não era do tipo que bebia, não depois de ter me embriagado junto com Shane em uma festa no colegial e ter enfrentado a pior ressaca, eu jurei a mim mesma eu nunca mais faria tal coisa. Sem contar que Shane fez uma ótima curta estrelando: Nathaly e seu talento nato para covers de cantores falecidos.

– Me diz, já encontrou alguém pra alugar o quarto do seu apartamento? – Matthew perguntou após umas duas doses.

–Não. Pelo menos ninguém descente. – Respondi brincando com o copo na mesa. – Mas como você ficou sabendo?

–Digamos que notícias assim correm pelos corredores, e eu também vi no mural.

O tempo que passamos ali olhando um pra cara do outro falando bobagens nada interessantes eu bebi cerca de umas três doses de vodka. Confesso, eu era um pouco – muito – fraca para bebidas.

–Então você se mudou para Nova Jersey esse ano? – Ele perguntou antes de virar mais uma dose com a mesma facilidade de quem toma água.

–Exato, eu morava no Brooklyn. – Respondi rindo e não fazia ideia do porque. – Mas eu acho que é melhor você parar de beber. Você vai dirigir. – Disse em um pequeno surto de responsabilidade.

–Fique tranquila ruiva – Respondeu jogando o copo sobre a mesa e eu fiquei surpresa por ele não ter sido estilhaçado.

–Meu nome não é ruiva, é Nathaly! – Corrigi o ser que me chamara de ruiva o dia todo.

Eu fiquei esperando por alguma resposta grosseira ou algum flerte idiota mas ele apenas apoiou os braços sobre a mesa e permaneceu me olhando.

– Que foi? – Perguntei começando a ficar sem jeito.

–Qual é, por que você não me dá uma chance, ruiva?

Era bom demais pra ser verdade.

–Porque eu não quero. Você não é tudo isso que pensa ser. – Disse só para o caso de ele não ter ouvido isso ainda.

–Vai, confessa – Ele se apoiou um pouco mais sobre a mesa e disse baixo - Eu te atraio

–Errado. Você me da nojo – Respondi fazendo o mesmo que ele, indo para frente e apoiando os cotovelos na mesa. Outra burrice, meus olhos ficaram frente a frente com os dele. A boca dele estava entreaberta e eu podia sentir o aroma de menta com vodca saindo de seus lábios. Eu respirei fundo e mordisquei meu lábio inferior para controlar a vontade súbita que tive de beijá-lo - Eu quero ir embora. – Disse me jogando na cadeira e desviando meu olhar dele.

–Que foi? Não aguenta um contato mais próximo? – Ele disse cruzando os braços.

–É que o espaço está pequeno pra nós dois e o seu ego ridículo. Eu estou cansada e quero ir pra minha casa pode ser? – Me recusei a recorrer a desculpa sobre cólica. Havia passado por humilhações de mais em um só dia.

–E será que no carro vai caber nós dois, meu ego e suas sandálias novas? – Ele disse ironizando a frase.

Maldito!

–Essas sandálias ridículas que estão me machucando são suas. E quem me trouxe até aqui foi você, então vai ser você que vai me levar de volta! – Eu disse nervosa.

–Ok então, vou pagar a conta e vamos.

–Te espero naquela lata velha.

–Pelo menos ele não atola em lajotas de neve na calçada. – Ridículo, realmente ele não perdia a chance de me tirar do sério. Respirei fundo e rolei os olhos ignorando-o e indo para o estacionamento.

Eu estava me sentido uma doida andando naquelas sandálias que eram maiores que meus pés. Os olhos daqueles homens em mim e os comentários ridículos faziam com que minha raiva se alastrasse cada vez mais, além tudo, minha roupa também não tinha nada a ver com aqueles sapatos. Isso que dá dar um passeio com o diabo.

–O pessoal do bar amou seus sapatos. – Matthew chegou perto de mim com um sorriso estupidamente idiota nos lábios. – Inclusive eles amararam o jeito que você anda também.

–A culpa disso tudo é sua, sínico. – Respondi entrando no carro emburrada.

–Minha? Eu que te prendi naquele gelo? Ao contrário, eu fui solidário e te ajudei a sair de lá. – Disse o mesmo me encarando.

– Mas foi você que deixou uma das minhas botas lá enterrada e depois jogou a outra no mato! – Debati – Então sim, a culpa é sua. E agora vou ter que fazer as malditas horas extras para conseguir substituir minhas botas, que por acaso eram minhas favoritas!

–Ah então ta bom, da próxima vez eu te deixo lá, presa no gelo. – Ele discutiu em resposta.

–Seria um favor que me faria! Assim pelo menos não teria que aguentar você, seus flertes ridículos e nem teria que suportar você jogando na cara uma solidariedade que fez. – Desabafei num impulso e meu 'colega' sem nenhuma dignidade me olhou sem expressão. – Quer saber, eu vou andando. – Gritei em um último momento de revolta.

Juro! Em toda minha vida, nunca conheci um cara tão imbecil. Eu sai andando – ao menos tentando já que aquelas sandálias não cooperavam muito e também eu já tinha bebido um pouco mais da média – eu não conhecia aquela região da cidade, mas é exatamente para esse tipo de coisa que existem placas nas cidades, para ajudar cidadãos perdidos a se localizarem. Eu estava andando a quase dez minutos, mas a dor nos meus pés fazia parecer que era muito mais que semanas, com certeza, agora sim eu teria de amputar os pés, depois dessa caminhada eles não serviriam para mais nada.

A é, esqueci de comentar. Matthew e seu conversível do ano me acompanhavam a ridículos dois quilômetros por hora.

–Nathaly! – Ouvi ele gritar do carro – Deixa de ser burra garota, são quase dez quilômetros de caminhada, entre na merda do carro e deixa de agir como criança. – Disse de dentro do carro. Pelo menos ele reconhecia que a sua lataria do ano era uma 'merda de carro'.

–Caminhar faz bem. – Disse em resposta

–Você mal consegue ficar em pé em cima disso, não seja ridícula.

–Matthew, o trato era eu sair com você, já sai! – Disse parando e olhando para ele – Agora me deixa!

–Eu vou contar até três pra você entrar nesse carro ou eu vou te pegar a força e jogar no carro.

–Isso seria sequestro. – Debati, duplo se levarmos em conta que foi exatamente isso que ele fez antes de virmos parar aqui.

–Dane-se ruiva, 1 – ele começou a contar – 2 – eu continuei andando – e três.

Ele ficou dentro do carro me olhando e eu segui andando, eu sabia que ele não faria isso.

Bom, me enganei. O maldito pulou do carro sem me dar tempo para correr e jogou em seus braços fortes pela segunda vez no dia. Logo, também pela segunda vez, me soltou dentro do carro, como se eu fosse uma coisa qualquer e não uma pessoa. Droga, esse cara não conhecia a palavra delicadeza?

Eu não falei absolutamente nada dentro do carro, nem ao menos quando ele me perguntava qual direção ficava minha casa. O dia basicamente já tinha ido embora. O relógio no painel do carro indicava já ser quatro e cinquenta e sete da tarde e só de imaginar a bagunça que Sam e Rex podem ter feito no apartamento minha cabeça doía.

–Nathaly se você não me disser onde você mora, eu vou ser obrigado a enterrar você novamente. – Ele estava perdendo a paciência de verdade desta vez.

–Entra na próxima a direita.-- Respondi enfim.

Alguns metros depois ele estava dobrando a rua a direita e me deixando de frente com o edifício. Eu tentei sair do carro com o mínimo de dignidade que me restou desse dia, no entanto, as coisas não saíram como planejadas. Quando pisei para fora do carro, uma pedra enviada por satanás se posicionou em baixo dos meus pés e me fez ir de encontro com a calçada.

Sempre a espaço para mais uma humilhação publica.

–Você tá bem? – Ouvi Matthew perguntar rindo enquanto eu tentava sair do chão.

–Estou. - Respondi mesmo que não fosse verdade. Meu tornozelo direito doía mais que meus pés e eu não conseguia apoiar meu pé no chão, eu não conseguia nem me levantar.

–Que droga garota! Será que você pode parar de bancar a durona? - Ele disse saindo do carro e batendo a porta.

–Eu já disse, eu estou bem. – Ele rolou os olhos e se ajoelhou ao meu lado – Ai! – Gritei tirando a mão dele do meu tornozelo direito com um tapa.

–Viu. Você não está bem.

–E desde quando você se preocupa? – Perguntei tirando aquelas malditas sandálias dos pés.

–Desde quando eu não quero acrescentar mais nenhum motivo na sua lista pra você me odiar - Respondeu e pendurou meu braço em volta de seu pescoço me ajudando a levantar.

–Tarde demais, acabei de acrescentar um item a mais na minha enorme lista.

Ele não disse nada.

–Quer que eu te leve ao médico? – Perguntou ainda me segurando

–Não, só me ajuda a subir, por favor. – Disse me rendendo, dessa vez seria missão impossível tentar me virar sozinha com meu orgulho.

Ele novamente me pegou no colo – pela terceira vez em um só dia - e ia em direção ao elevador.

–Ainda está quebrado, só da para subir pelas escadas.

–Você ta me castigando por ter jogado sua bota fora?

–Ah claro, até por que sempre foi meu sonho ser carregada por você nessas escadas, arriscando cair e quebrar alguns ossos do meu corpo. – Ironizei - Sim, estou te castigando. – Completei ainda zombando, mas devido a sua cara de duvida sobre o que eu disse ser ou não rela resolvi reformular novamente – Não, o elevador está com problemas e o síndico não se importa, mas eu consigo subir andando, é só você me por no chão.

–E eu consigo subir com você no colo, até um gato seria mais pesado que você.

–Ridículo. - Resmunguei

Ele me carregou até o meu andar, eu estava realmente sem jeito e não via a hora de não ter que encará-lo mais. Na proximidade ao qual eu estava, era possível enxergar algumas falhas, malditas falhas, que só o tornava ainda mais desejável. Um sinal um pouco abaixo do queixo tinha um formato quase que de um coração, o que me fez rir, era engraçado, um cara que esbanjava tanta testosterona com um coração desenhado abaixo do queixo. Uma outra falha que o acrescentava um charme desnecessário era uma cicatriz, ela deveria ter uns três ou quatro milímetros de tamanho, ela era discreta e ficava acima de sua sobrancelha esquerda, apenas um traço pequeno e branco em sua pele perfeita. Ou nem tanto, como acabo de observar. Ele estava concentrado nos degraus, mas com a minha sorte era perigoso que um rato cruzasse suas pernas e nós dois rolássemos escada abaixo.

–Aquelas porta ali – Indiquei assim que chegamos ao andar. – Obrigado.

O salafrário não me respondeu, ao invés disso ele resolveu ter uma conversa comigo via olhares. Era quase que impossível você ter aqueles olhos esverdeados ligados aos seus e não se ligar a eles. Eles atraiam, e droga, o maldito sabia disso. Ele fazia de propósito, só podia.

É obvio que ele não faria aquilo por que simplesmente não conseguia deixar de me olhar, ele tinha mulheres muito mais interessantes que eu, fato. Eu correr pra dentro do meu quarto e me esconder, eu já tinha sofrido doses de Matthew Avery demais por hoje.

– Eu que agradeço, ruiva – Ele respondeu rente ao meu ouvido e novamente os pelos do meu corpo se eriçaram. O moreno de olhos verdes que ainda me sustentava em seus braços quase que sem eu perceber estava com o rosto colado no meu, eu queria me mexer. Óh céus, como eu queria sair dali. Eu já conseguia sentir novamente aquele hálito de menta de vodca batendo contra meu rosto e sua boca já roçava a minha.

Ok, eu não daria o braço a torcer.

–Me põe no chão, seu abusado! – Disse desviando meu rosto – Agora!– Ordenei, apesar de não ter soado como uma ordem.

–Como quiser. – Ele respondeu me largando no chão com suavidade pela primeira vez. Impressionante, devo assumir, mas não compensava o fato de ele ter tentado se aproveitar de mim segundos antes. Talvez o sorriso que ele havia recém-aberto amenizasse um pouco.

–Tchau. – Respondi procurando as chaves na minha bolsa.

–Não vai me convidar nem para um café? – Idiota, grande idiota.

–Vá tomar café no inferno, tchau.

Respondi a ele girando as chaves da porta e entrei para dentro do apartamento deixando um dos caras mais sexy de nova Jersey plantado na minha porta. Parabéns Nathaly!

Eu entrei dentro de casa e dei de cara com uma Samantha doida.

–Onde você estava Nathaly? – Gritou do sofá assim que me viu e veio atrás de mim no quarto – Você está cheirando a álcool, você estava bebendo? Nathaly Chloe, me responde!

–Sam, sério – Parei e olhei pra ela - Agora não.

–Só me responde, onde você estava? Eu estava preocupada, você não some assim.

–Eu fui cumprir um trato com o diabo.

–Que? Você está bêbada garota? – A loira perguntou enquanto eu juntava algumas peças de roupa para tomar um banho.

–Acho que não – Eu disse saindo do quarto e sendo seguida por ela – A noite a gente conversa. – Dito isso entrei no banheiro.

Eu passei alguns longos minutos ali debaixo d’água. Assim que sai e já estava vestida eu passei uma pomada no meu tornozelo e me joguei na cama.Eu estava encarando o teto quando senti Rex subindo na cama e deitando por cima da minha barriga. E eu, como a idiota que sou, resolvi acariciar o felino que sonha em ser um cão e acabei com os dentes deles cravados na minha mão.

Este gato sofria de sérios danos psicológicos, mas de forma alguma seria eu a tentar curá-los.

Meus olhos começaram-se a fechar-se e mesmo tendo consciência de que não havia ligado para minha tia, nem retornado algumas ligações perdidas de Shane, não pude me impedir de ceder ao cansaço.

Sim, eu sou uma péssima sobrinha, tão bem quanto amiga.

Mas de todas as formas, não estava me sentindo capaz de formular frases com mais de três palavras. O dia com Matthew havia me exigido muito mais do meu controle mental do que estou acostumada a usar.

Era sufocante estar com ele, mas agora no silencio do quarto com apenas o eco da sua risada irônica em minha cabeça me sinto quase... vazia. É impressionante né? Quero dizer, como uma pessoa apenas pode te sufocar com o simples fato de estar ao seu lado e de fragmentar ao te deixar sozinha.

Mas não era isso. Eu não estava fragmenta, eu me sentia confusa, humilhada e... feliz. Era estranho.

Estranho porque apesar de tudo, só agora notei que na verdade era confortável estar no carro com ele. Mesmo que usando aquelas sandálias ridículas e ouvindo asneiras.

Era confortável estar com Matthew Avery e saber disso era o que me sufocava.


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Notas finais do capítulo

Eae? O que acharam? O que será que foi isso do Matt? e da Nathaly? Será só charme pra leva a ruiva pra cama ou será que ele realmente está interessado nela? Veremos HAHAHAHA
Galera, daqui duas semanas eu saiu de férias na escola então vou ter um tempo a mais para postar com mais frequencia. Inclusive estou postando do meu trabalho, sim, sou dessas.

O próximo capítulo vai ser um POV de nosso dignissimo - mas nem tanto assim - amigo Matthew, e a partir dai a história vai desenrolar de verdade e por fim vou poder por minhas idéias absurdas em prática :) Até mais e espero os reviews de vocês para me motivarem a voltar mais rápido ok?

Beijos e beijos
Até ;*
Marquesa



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