The Challenge escrita por Marquesa


Capítulo 13
Star wars: A guerra no meu sofá.


Notas iniciais do capítulo

Mina gente, ésimas desculpas. Eu estou voltando ao poquinhos. Eu senti falta de vocês ♥ Quero agradecer a todos que continuaram acompanhando depois de todo esse hiatus. Vocês ganharam uma pedrinha em suas coroas.

Bom espero que curtam esse capítulo e que deixem seus valiosos comentários .

Como sempre, capítulo betado pela Boow.

Boa leitura.



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As luzes da cidade já cumpriam seu papel de iluminar as ruas já que a lua covarde estava escondida por nuvens, a vista da janela do quarto de Matthew chegava a ser quase deprimente. Um céu triste sem estrelas, uma rua vazia com árvores sem folhas e galhos decorados com neve e um prédio com a pintura anteriormente branca em ruínas.

Eu estava ali de forma clandestina, enquanto o dono do quarto estava quase morto deitado no meu sofá, que indiferente de estar ou não na casa que divido com outras duas pessoas, sempre seria meu. Matthew, dias antes havia deixado bem claro que não queria intrusos em seu quarto, mas Rex tinha sumido e levando em consideração alguns fatos do dia, procurá-lo naquele beiral não seria uma coisa fora de questão, nunca se sabe qual é o limite de aventura para um gato. Eu ainda não tinha tido notícias sobre Samantha ou Shane que havia saído daqui bravo. Era provável que a palestra ainda não tivesse terminado e Samantha talvez estivesse com uma amiga. Eu fechava a cortina cor de abóbora quando meus pensamentos foram interrompidos com o baque na porta de entrada. Custei acreditar que fosse Avery indo para uma de suas saideiras, e seguindo minha curiosidade, incredulidade e fúria sai do quarto às pressas. Quando coloquei meu dois pés no centro do corredor me deparei com Samanta. Seus olhos azuis não estavam tão vibrantes e não existia nenhum vestígio de um sorriso envolvente. Ao me ver ela deu um sorrisinho de canto e passou por mim com a cabeça baixa.


–Sam? – Chamei me virando para ela. A mesma parou de frente com a porta do seu quarto e com a mão direita na fechadura.


–Oi – Respondeu levantando o olhar a mim.


–Precisa conversar? – Falei baixinho, com cuidado. Ela encostou a cabeça na porta e passou alguns segundos encarando seus dedos unidos a maçaneta dourada.

Quando achei que ela fosse desistir de me dar uma resposta ouvi sua voz baixinha se propagar no corredor.


–Entra – Falou girando a maçaneta – O cueca ali no nosso sofá tem ouvido biônico. – completou, mas dessa vez usando uma voz firme com um leve tom de divertimento e insinuando que meu sofá na verdade era nosso. Surpreendentemente obteve uma resposta um tanto quanto “embriagada” de sono vinda do “cueca” em meu sofá.


–Eu ouvi isso Robbins! – Matthew gritou da sala e nós começamos a rir. Um item a acrescentar na minha próxima faxina sábado: Procurar escutas pela casa e câmeras escondidas.


O quarto da loira estava limpo e organizado, por dois segundos de insensibilidade passou em minha mente que esse poderia ser o motivo de sua tristeza. Sam jogou sua bolsa de camurça marrom com franjas dentro do guarda-roupa e depois se deitou de bruços na cama com o rosto enfiado entre os travesseiros. No primeiro momento hesitei em dizer algo, eu sabia que quando estivesse pronta ela mesma falaria.


Eu estava sentada na beira da sua cama com a cabeça baixa e brincando com meus próprios dedos sem saber exatamente o que fazer ou que esperava ouvir. Sabe-se lá o que podia fazer Sam parecer tão chateada.

Quando por fim ouvi sua voz, me virei em sua direção.

– O que aconteceu com a cara do Matthew? – Ela disse se levantando ficando sentada na cama de frente para mim. Eu não pude deixar de dar um risinho debochado.


–Qual que você quer saber primeiro? A cara amassada por estar deitado na mesma posição há mais de uma hora no sofá na tentativa de afundá-lo, ou os cortes por estar embriagado e ter se jogado contra o chão? – então ergui as sobrancelhas pensando um pouco e dando um suspiro cansado, esse não era um dos melhores sábados. – Ah e, por favor, não se esqueça da mão. – Disse acrescentando uma nota de ironia.

– Se eu não soubesse que você incapaz de matar um pernilongo eu diria que você tentou matá-lo. – Falou com tom divertido, mas, mesmo assim, seu olhar ainda era triste.

– A ideia não é ruim... Depois do dia de hoje estou repensando sobre minha moral, talvez o universo me agradeça por tirá-lo de circulação. Acho que se o universo nos der esse apartamento como agradecimento já terei ótimos motivos para pôr a ideia em prática.


No fim, acabei contando a ela sobre o dia de hoje e quase quem ficou deprimida foi eu. Havia pessoas usando o sábado para se divertir, estudar, assistir bons filmes e fazer compras. O meu estava mais resumido em brigar com meu melhor amigo, faltar em uma importante palestra e no fim me ver resumida a uma babá de um sujeito com barba e idade o suficiente para se virar sozinho, mas aparentemente mentalmente atrasado para conseguir fazer isso. Mas em meio a minha “animadora” linha de raciocino sobre meu adorável dia, fui interrompida de uma forma tão “verbalmente brutal” que apenas Samantha poderia fazer. E quando eu digo brutal quero dizer algo muito acima do que uma loira de olhos azuis e aparência quase meiga poderia fazer.


–Meu pai morreu. – Sem pausas ou um aviso-prévio para a notícia que viria. Ela simplesmente largou a bomba em um tom meio baixo, que eu diria esconder uma nota de lamentação, como se estivesse fazendo um comentário sobre o clima.


O riso do meu rosto se encerrou no mesmo instante. E não levou mais que um ou dois segundos para que visse os olhos azuis da loira outra vez perderem o seu brilho e darem espaço a tristeza. Ver Sam chorando era quase desolador.


– Eu... Nossa, eu lamento Sam... – Disse em um fio de voz sem saber se essas palavras podiam mesmo causar algum efeito a ela. Na duvida resolvi abraçá-la. Porque indiferente disso diminuir ou não sua dor, eu esperava que sem ter que usar palavras ela entendesse que eu estava ali para ajudá-la. Para qualquer coisa, mesmo não podendo fazer muito. E se ela achasse que eu não podia fazer nada, então eu queria que ela entendesse que eu também continuaria ali como um ombro amigo.


Qualquer pergunta que cogitasse fazer não parecia ser conveniente. Deixei para que ela falasse quando se sentisse a vontade para isso, afinal, eu já tinha passado por isso, podia compreendê-la. No velório da minha mãe, passei o dia dizendo “Estou bem, obrigada” quando eu realmente queria gritar até que meus pulmões não aguentassem mais, e chorar até que não existisse mais liquido no meu corpo. No entanto eu sobrevivi, por que no fim do dia nós sempre sobrevivemos.


–Era um alcoólatra, bebeu até morrer. Eu não deveria estar triste, ele não merecia que eu ficasse triste por sua morte. – As palavras iam saindo da boca de Sam e cada vez mais eu entendia menos. Eram palavras pesadas e um olhar lançado ao vazio repleto de dor.


Eu preferi não dizer nada.

– Você esta surpresa pela minha declaração? - Ela voltou a me olhar com os olhos ainda marejados, mas sem lagrimas rolando. Um sorriso nenhum pouco feliz brotou em seu rosto antes de retomar a fala. – Acredite minha história é emocionante e nem um pouco acolhedora.

Sabendo que começar aquela conversa, pelo menos naquele momento, não faria bem nenhum a Sam, eu resolvi intervir antes que ela pudesse entrar em detalhes.


–Não precisa remoer essas lembranças agora, vamos esquecer por algumas horas, tudo bem? – Disse segurando sua mão lhe oferecendo um sorriso acolhedor. – Vai tomar um banho e depois eu te encontro. – Dito isso sai do quarto já sabendo o que faria.


Fechei a porta com cuidado e segui em direção a sala onde aquele morto-vivo dormia. Parecia ser o melhor cara da Terra, tinha uma serenidade fora do comum com os olhos fechados, sua respiração era calma, até parecia um anjo dormindo.

Não se engane, ele apenas parecia.


–Sai da frente da TV por gentileza? – Ele disse abrindo um dos olhos comprovando a teoria de que sua aparência angelical era mesmo limitada apenas a aparência. – Pode continuar me admirando do outro lado, a visão é melhor daquele ângulo.


–Em primeiro lugar, eu não estava te admirando dormir! – Respondi corada. – Em segundo, você estava babando no meu sofá e em terceiro – disse erguendo o terceiro dedo pronta a continuar, mas ele fez o grande favor de interromper meu curto monólogo enumerado.


–Você precisa mesmo numerar suas colocações? Isso é estranho ruiva, até mesmo para você. – Matthew se sentou no sofá e passou a mão na cara amassada levando ela até seus fios de cabelo bagunçados.


–E em terceiro – continuei cruzando os braços e dando ênfase na frase dita – Você estava dormindo!

– E você me admirando – Disse com um sorriso idiota no rosto. Esse cara só podia ser a cruz por meus pecados. Se eu soubesse que murchar os pneus do carro da vizinha junto com Shane teria um preço tão alto, teria ficado em casa assistindo Thunder Cats.


Virei as costas e fui até meu quarto pegar meu notebook, eu sabia o que aumentaria o humor de Samantha, se isso não desse certo então nada mais funcionaria. A garota era simplesmente fissura nos filmes de Star Wars, eu particularmente não gostava de filmes antigos e ficção científica. Por mais que ele tenha recebido diversos prêmios para mim ele continuava sendo o filme mais sem graça da galáxia.


Instalei meu computador na televisão e deixei o filme carregando enquanto ela tomava banho. É claro que Matthew não saiu do sofá, caso contrário não seria ele. Fiz questão de me certificar que haveria comida suficiente para as duas horas de filme. Coloquei pipoca para estourar, não aquelas de micro-ondas por que Samantha não gostava, achava que elas eram sem gosto, então fiz a moda antiga. A loira tinha entrado em uma espécie de dieta e não tomava mais refrigerante, era estranha sua dieta já que alguns dias atrás ela comeu meia pizza sozinha e anteontem a fraguei com um pote de sorvete de flocos apesar do frio. Por mais esquisita que fosse resolvi ajudar e preparei sucos naturais. Ok, nem tão naturais assim, usei polpas de frutas congeladas que se compra no mercado.


Enquanto o liquidificador batia as polpas me debrucei cansada sobre o balcão da cozinha, aquele dia parecia estar durando mais do que o normal. Eu pensava no Matthew deitado no sofá o dia inteiro e não conseguia entender como ele podia viver tão sossegado. Ele parecia não ter problemas, e bom, julgando pelo carro que ele dirigia com certeza ele tina dinheiro suficiente para manter uma vida tão tranquila. Apoiei meus cotovelos sobre o balcão e afundei meu rosto em minhas mãos. Eu estava realmente exausta. Precisava parar por um minuto.


–Nathaly? – Ouvi uma voz masculina e rouca atrás de mim.


–Santo Deus, o que foi Avery? – Respondi grosseira por ele estar interrompendo meu um minuto de descanso.


–Vai sentar, eu termino isso aqui. – Ele tocou meu ombro e eu não me movi, ao menos não externamente. Quando senti aquela mão pesada e grande sobre meu ombro, senti como se algo dançasse dentro de mim.


Entender Matthew Avery era uma tarefa difícil.


Tentar entender o que ele causava em mim era uma tarefa mais difícil ainda.


–Você não está em condições de ficar perto do fogo, eu diria que nem em condições de sair da cama considerando sua maré de azar hoje, então, por favor, não atrapalha. – Respondi ignorando e desliguei o liquidificador.


–Por que você não me deixa te ajudar? – Ele disse com o tom de voz rude. – Você diz que eu só arrumo problema, mas quando eu tento mostrar o contrário você não deixa, qual é a sua, ruiva?


–Qual é a minha? – Ri debochada me virando para ele – A minha é bancar a babá de um marmanjo, então cumpra com o seu papel que eu vou agir de acordo com o meu. Volte pro seu sofá e me deixe em paz ao menos uns segundos.


–Você se acha melhor que todo mundo, não é? - Matthew estava bem próximo a mim quando disse isso e eu me virei, seus pés estavam descalços no chão frio da cozinha. O cabelo bagunçado do sofá e a cara ainda amassada. Era estressante aguentar as mudanças de humor dele. Em um minuto ele está mil amores, no segundo seguinte ele já está gritando e novamente em questão de milésimos ele está despejando em cima de você um olhar que mal sei explicar. É como se nele tivesse decepção e critica ao mesmo tempo. Um olhar humano, ou tanto quanto isso era possível em relação a ele.


Eu resolvi não respondê-lo e aparentemente ele viu isso como uma motivação para se aproximar mais. Me intimidar ou provocar mais, nunca sei ao certo, quando se trata dele. Mas ele estava tão perto que era impossível respirar sem sentir o cheiro de álcool que ele exalava.


–Você não é tão melhor que eu ruiva, você sabe disso. - E com essas sinceras palavras ele deixou a cozinha e ao mesmo tempo parecia que levava com ele o clima pesado que ele mesmo havia feito o favor de formar.

Tá, tudo bem, talvez eu tenha colaborado um pouco.


Mas ele ter dito que nós éramos semelhantes foi uma das maiores asneiras ditas por Avery, e olha que ele costuma dizer muitas em um tempo curto de vinte e quatro horas, certamente eu não poderia se esquecer de anotar isso na minha lista de coisas que me faziam odiar aquele cara.

Com algum tempo depois Sam veio para a sala sem que eu precisasse implorar. Acho que saber que um dos seus filmes favoritos esperava por ela junto a um pote de pipoca e suco de acerola ajudou muito.


–Nath, você odeia esse filme – Ela disse pegando a bacia enquanto eu me acomodava ao seu lado.


–Não odeio não – Menti descaradamente colocando mais pipoca na boca do que cabia. – Eu amo filmes antigos, da para extrair bastante conhecimento deles.


–Cloe, que conhecimento você pode extrair de um filme como esse? – Ela perguntou divertida.


–Certo, deixe eu ver... – Respondi tomando um gole do meu suco, afinal, aquele monte de pipoca precisava de uma ajudinha para descer e também era a única forma de arrumar tempo para inventar argumentos validos sobre o filme. –… Como sobreviver com seres de outros planetas e como se comportar em uma nave. Viu, podemos aprender com exatamente tudo. – Improvisei com um ar brincalhão que deixou na cara o quanto eu estava mentindo. Samantha riu e eu a acompanhei até que fomos interrompidas por uma voz vinda do corredor.


–Exato, só não da pra aprender a como lidar com seus desejos mais obscuros, não é Nathaly? – Matthew se encostou na quina da parede e cruzou os braços com um sorriso típico dele.


–Do que ele está falando? – Sam perguntou baixo, a intenção era só pra que eu escutasse, mas como já foi comprovado Matthew tinha uma audição de mutante.


–Você não se cansa de ouvir nossas conversas não? – perguntei ao Avery para me esgueirar da pergunta de Sam. No fim, nem eu sabia do que ele estava falando.


–Não. – Matthew respondeu e começou andar em direção ao sofá - Que filmes vamos assistir? – Matthew abusado Avery se enfiou entre mim e Samantha.


–Sam e eu vamos assistir Star Wars – Respondi colocando meu copo na mesinha ao lado, junto de um abajur simples. - Agora você eu não sei.


–Adoro esse filme – Matthew respondeu – Sam, se importa se eu ficar?


–Não. – Ela disse rindo da minha cara que estava implorando para que respondesse que sim – E a Nathaly também não, certo ruiva?


Respirei fundo e sorri gentilmente, ou quase. Aquela loira me pagaria por isso.

– Certo. – Respondi seca e depois de mais alguns gritos para o Matthew parar de enfiar a mão na minha pipoca e buscar uma para ele eu finalmente soltei o filme.
Duas horas intermináveis de filme. Os olhos da Samantha não desviam a atenção da tela por nada, agora a tarefa mais difícil não era se manter acordada, ou não obrigar a Samantha parar de dizer as falas do filme junto com os personagens e sim manter o controle. O controle que somente Avery era capaz de tirar. Matthew e eu estávamos tão próximos que era impossível uma formiga passar por nós. Eu escorreguei um pouco no sofá para que pudesse usar o braço do sofá como apoio para meu cotovelo, assim apoiaria minha cabeça em minha mão. O perfume do mau caráter ao meu lado parecia ter tomado conta do ambiente e até respirar não parecia ser mais uma opção viável. Aquele cheiro era viciante. Avery e sua áurea proibida eram viciantes.

Ok, agora eu estava definitivamente cansada de mais até para raciocinar direito.

Eu fechei meus olhos para tentar focar em outra coisa que não fosse ele ao meu lado com seu pé gelado tocando o meu sempre que algum de nós tentasse se ajeitar no sofá.

E só consegui abri-los outra vez depois da estranha sensação de algo subitamente se afastando do meu rosto, fazendo com que meus lábios parecessem frios. Com certeza era Rex pulando por cima de mim. Olhei ao redor lentamente e percebi que não estava mais na sala e sim no meu quarto.


–Droga não acredito que dormi – Resmunguei comigo mesma enquanto olhava a hora no celular, sem nem ao menos me preocupar em como fui parar na minha cama


Faltavam apenas alguns minutos para as três horas da madrugada. Eu soube que ainda tinha alguém acordado quando vi uma fresta de luz por debaixo da minha porta. Deveria ser Samantha em seus assaltos noturnos a geladeira. Eu ia sair para pegar um copo d’agua quando percebi que não era Sam, e sim Matthew no telefone.


–Está tudo sobre controle meu amigo, a ruiva gostosa não é um problema – Ouvi Matthew ao passar pelo corredor. Eu estava com a mão na fechadura para abri-la. – Não para mim, é só questão de tempo.


Não que eu quisesse ouvir a conversa, mas foi impossível. Será que ele se referia a mim como “Ruiva Gostosa”? Eu não podia julgá-lo, ou fazer qualquer suposição sobre o caso, afinal, eu ouvi a conversa pela metade e não existia apenas eu de ruiva em Nova Jersey. E convenhamos, eu estava longe de ser gostosa. Mudei de ideia em relação à água e voltei para cama. Antes de voltar a dormir mandei uma mensagem de texto para Shane pedindo novamente desculpa por ontem e pedindo pra ele me ligar assim que lesse a mensagem.

(…)


Domingos costumam ser dias preguiçosos, não para mim. A casa estava vazia, Avery tinha saído e tinha deixado um bilhete colado na minha porta avisando que mais tarde traria alguns amigos para assistirem ao jogo.


“...Por favor ruiva, não nos atrapalhe com suas coisas de garota, lembre-se que cuidei do Rex para Alexis e você ontem -Avery ”.


Se ele considera amarrar um gato com um cinto do lado de fora da janela como um cuidado, certamente eu não desejava conhecer sua visão de maus-tratos.

Samantha tinha pegado um turno extra na lanchonete para tentar não entrar em débito com o banco novamente, então aproveitei o sossego para fazer meu trabalho da faculdade, uma redação com 700 palavras sobre o que era o jornalismo para mim.


Shane ainda não havia retornado meu torpedo e toda vez que eu tentava ligar só caia na caixa postal. Ele era um pouco rancoroso, um péssimo defeito entre tantas qualidades extraordinárias. Alexis já tinha me enviado as fotos por e-mail da palestra de ontem, parecia ter sido ótimo, tinha muita gente e tudo parecia muito bem organizado. Desde o palanque onde a palestrante ficara até os assentos dos estudantes.
Já havia concluído minha redação depois de uma hora e meia, coloquei minhas roupas na lavadora e estava lavando alguns pratos quando ouvi a campainha tocar.

– Já vai – Gritei da cozinha secando as mãos em um pano de prato.


Joguei o pano em cima do balcão e fui até a porta, como de costume e sendo eternamente grata a quem inventou o olho mágico vi que se tratava de Zac, ele deveria ser um dos amigos de Matthew que viria para ver o jogo.

– Oi Nath – Ele disse arfando assim que abri a porta.

– Oi - respondi rindo da sua situação - Esta tudo bem? - Questionei.


–Sim - Respondeu tentando se recompor - Por acaso o Matthew esta?


–Por acaso eu estaria de tão bom humor se ele estivesse aqui? - Respondi divertida arqueando uma sobrancelha e cruzando os braços. - Entra - Falei e dei passagem a ele.


Zachary entrou e seus olhos exploraram o cômodo.

– Qual é Nath, vocês moram juntos, você não aceitaria ele aqui se não o suportasse como fala - Ele disse se virando para mim que estava fechando a porta e tinha um sorriso meio acusador em seus lábios.

– Meu doce e inocente Zac, quando você é uma garçonete e faz um curso de jornalismo você aceita até mesmo morar junto com o capeta para sobreviver- Respondi passando por ele e fazendo menção para que se sentasse.


Zac não respondeu e antes que eu dissesse algo a mais a porta se abriu e Matthew e mais dois amigos que eu não conhecia muito bem entraram rindo no apartamento, um eu acho que seu nome era Nathan, sei com certeza que ele era o gêmeo da Kimberly, amiga da Alexis.


–Desculpa, atrapalhamos algo? - Matthew perguntou irônico jogando as chaves da lata velha em cima da estante e fez um toque de mãos típico de garotos com Zac.


–Falando no inferno olha ai o demônio. - Eu disse com sarcasmo, me levantei e fui em direção a cozinha para terminar de lavar os pratos. - Olá para vocês. - Disse antes de sair e dar lugar para os outros dois se sentarem.


Eles conversavam aleatoriedades e quando baixavam o tom era porque estavam falando de alguma garota. Alexis chegou a ser assunto, mas eles resolveram mudar quando Zac ameaçou quebrar uma das garrafas de cerveja na cabeça de Nathan. Eles pareciam garotos do colegial na puberdade. Tinha um que eles chamavam de Brad. O cara não tirava os olhos de mim, eu havia notado isso e já começava a me incomodar.


–Avery, posso falar com você por um minuto? - Perguntei saindo da cozinha e indo em direção ao corredor dos quartos.


Eles soltaram uns grunhidos imbecis e logo que percebi que Avery estava atrás de mim.

– Da pra vocês não encherem a cara até terem uma overdose na minha sala? - Perguntei cruzando os braços. Matthew deu um de seus sorrisos: "eu esbanjo testosterona e você tem que me desejar". Já estava provado que ele não tinha limites, então só quis ter certeza que não seria necessário eu chamar uma ambulância.


–Jura?


–Juro, eu quero entrar no meu quarto e quando sair espero encontrar a casa exatamente do jeito que estou deixando. Se eu encontrar alguma mancha no sofá eu mato você, se vocês derrubarem alguma coisa no meu tapete eu mato você, se qualquer coisa for quebrada eu mato você e o mais importante, se aparecer qualquer garota e rolar alguma orgia naquela sala eu mato você!


–Em qual caso você não me mata? - Ele perguntou rindo, era absurdo ele achar graça naquilo. Era impossível aquele cara levar alguma coisa a sério.


–No caso que você se mata sozinho. – Respondi com um sorriso sínico.


–Eu tentei ontem e se bem lembro você não deixou - Matthew respondeu passando a mão sobre sua barba a fazer.

– Vai pro inferno - Respondi esbarrando nele e entrando no meu quarto.


–Qual é ruiva, não surta. - Ele disse rindo seguindo para a sala.


–Morre Avery! - Gritei de dentro do meu quarto e fechei a porta com um baque.


Como eu estava basicamente prisioneira no meu próprio quarto eu passei as seguintes três horas trancada estudando. Até consegui entender uma matéria que a dias me vinha quebrando a cabeça, mas com o passar das horas as paredes pareciam que iam se fechar em cima de mim, então decidi sair. Iria até a casa Shane procurar por ele. Troquei de roupa rapidamente, juntei meus livros e guardei nos lugares certos.


Eu abri a porta e sem sair do quarto já consegui ouvir a voz dos rapazes que aparentemente ainda estavam na sala, o som da TV já não estava tão alto e eu conseguia ouvi-los nitidamente.

– Serio Matthew, você ainda não transou com a ruivinha? Ela não pode ser tão difícil. - Eu não consegui saber de quem era a voz, mas eu já estava quase para sair na sala quando ouvi essa frase. Isso eu teria de ouvir.


–Não, Nathaly não é dessas - Ouvi a voz de Matthew responder. Ele deveria estar na cozinha - Ontem a noite ela basicamente dormiu em cima de mim e sem contar que eu faço a garota perder a estribeiras. – “Perder as estribeiras” o jeito que ele falava aquilo, e até a maneira como se referia a mim parecia suja. Como se estivesse falando de qualquer garota com quem ele tenha passado a noite, ou então esteja afim de passar para no outro dia jogar fora.


Zac levantou para pegar alguma coisa na estante e me viu no corredor, eu fiz sinal para que ele ficasse quieto.


–É... Gente da pra mudar de assunto? - Zac sugeriu aos rapazes voltando para o sofá.


Eu não sei, meus olhos estavam marejados e meu maxilar travado. Eu não sabia o que era, só podia ser raiva, tinha que ser.

– Droga, me molhei todo - Matthew resmungou - Ela não o tipo de garota que você leva pra cama na primeira vez, ela é diferente e... - Ele ia continuar, mas Zac interrompeu.


–Da pra calarem a boca e mudarem de assunto? - Ele disse com um tom mais incisivo e foi ignorado.


Eu tinha me encostado na parede, um ponto completamente cego do corredor.

– Zachary qual é o seu problema? Agora seu novo crush é Nathaly? - Matthew estava com camisa molhada e devia estar vindo trocá-la quando me viu no corredor.


–Droga. - Ele disse assim que me viu, parando de frente comigo como se tivesse visto um fantasma ou então alguém que certamente não deveria estar ouvindo aquela conversa. - Nathaly escuta, não é isso que eu quis dizer... - Ele tentou dizer completamente desconcertado.

Eu passei direto por ele indo feito um furacão em direção a porta de entrada do apartamento.


–Nathaly, espera, escuta - Matthew disse pegando meu braço quando eu já estava fora do apartamento.


–Escutar o que Matthew? Vocês fazendo insinuações com meu nome? Você planejando quando ira me seduzir pra me levar pra cama? Eu pensei que você fosse idiota, mas, na verdade, você só um nojento desprezível! - Falei com toda a raiva que cabia dentro de um ser como eu. - Por favor tire essa mão do meu braço, Avery, agora!


–Nathaly, me deixa explicar cassete! - Ele estava se alterando e estava desesperado para me contar uma mentira que me fizesse esquecer o que ouvi.

Eu provavelmente não esqueceria aquilo, nem nos próximos anos.


–Explicar o que? Que você não levou ruiva gostosa pra cama ainda por que ela se faz de difícil? Mas que você espera conquistá-la esbanjando sexualidade, e eu tenho que te querer? - Perguntei, dessa vez gritando sem me importar de iriamos ou não ganhar uma multa por exceder o limite de barulho do prédio. Talvez eu mandasse a multa para o raio que o parta por correio, onde certamente seria a próxima parada de Matthew, já que eu esperava nunca mais tê-lo que ver. Nem mesmo pintado a ouro. Quando sua mão largou do meu braço, tendo completa consciência dos meus olhos marejados e rosto avermelhado pelos gritos, respirei fundo e engoli em seco.


Por fim disse antes de partir:

– Quando eu voltar eu espero que você e seus trapos estejam fora desse apartamento.


Então virei às costas. Eu esperava que aquela imagem de um cara um tanto quanto assustado e decepcionado fosse a minha última visão de Matthew por um longo tempo.

Aquele maldito idiota.

"Lembre-se sempre, o seu foco determina a sua realidade."
Star Wars


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no próximo capítulo, não se esqueçam de comentar o que acham que vai rolar agora entre Nathaly e Avery .. afinal, ele ainda tem a aposta a cumprir.


Beijos!
Marquesa



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