Draco’s pov

Tomando coragem, que nem eu sabia que estava procurando, fiz minha mão percorrer o pequeno espaço que havia entre nós e pousei minha mão sobre a sua. Meu olhar caiu para nossas mãos, eu podia sentir minha cabeça anuviada pela bebida.

– Draco. – ela sussurrou, sua voz ligeiramente distorcida pelo álcool. – Eu...

– Eu sei. – tirei a mão da dela e a arregalando os olhos a olhei. – Desculpe-me, eu acho que deveria ir. – me levantei do sofá, alcançando com a mão meu suéter e casaco.

No entanto Hermione continuou ali, se encostando no mesmo e me olhando de baixo. Seus olhos castanhos estavam realmente pedintes nos meus.

– Não vá. – disse ela. – Isso é um possível efeito do álcool, mas eu não quero que vá. – ela desviou o olhar, suas mãos estavam apertadas uma contra a outra em seu colo. – Eu não quero ficar sozinha agora.

Eu tentei analisar a situação antes de tomar uma decisão, mas isso foi em vão visto que eu já sabia o que eu faria. E o que eu faria não tinha nada a ver com deixar a garota sozinha. Eu passaria o resto da noite na casa de Hermione Granger. Meu pai, nessas alturas, deveria estar se revirando no tumulo por minha traição. Eu realmente não me importava.

– Tudo bem. – sussurrei surpreso para mim mesmo. Voltei a me sentar em seu lado e para minha surpresa a garota se ajeitou de maneira a deitar com a cabeça em meu ombro.

– Obrigada. – pude vê-la fechar os olhos.

Minhas mãos involuntariamente passaram ao redor de sua cintura e a puxaram para mais perto. Segundo depois suspirei pesadamente, sequer percebendo que eu estava com a respiração presa. O que eu estava fazendo afinal?

– Hermione... – disse sem motivo algum, apenas testando o som daquele nome na minha língua.

– Sim?

– Me desculpe por tudo que te fiz passar.

– Achei que já havíamos passado por isso. – ela afastou seu rosto de mim, no entanto não a soltei de meus braços. – É passado Draco.

Ela sorriu amigavelmente e eu não evitei olhar para sua boca. Seu sorriso era lindo. Seus lábios eram tão carnudos e pareciam ser macios... antes que eu pudesse me controlar minha mão direita havia subido até o rosto da garota, acariciando suavemente sua bochecha. Seu sorriso sumiu e encarando todo seu rosto pude perceber surpresa.

Mas ela não me retardou, então continuei. Minha mão traçou uma trilha em encontro ao seu queixo, segurando o mesmo com suavidade. Olhei em seus olhos, encontrando a permissão que eu queria e então me aproximei de seu rosto. Meu coração palpitava com expectativa. Me deixei olhar para os olhos da garota mais uma vez, mas eles estavam fechados. Sorri de canto. Então meus lábios estavam nos dela, roçando suavemente, como se numa caricia já feita milhares de vezes.

Fora somente um selinho, mas aquilo fizera algo dentro de mim se mexer. Me afastei dela e a olhei assustado, maravilhado. O que estava acontecendo? desde quando alguma garota me fazia reagir assim somente com um encostar de lábios. Hermione me olhou ao me sentir afastar.

– Bem, - disse ela tímida – isso foi inesperado.

– É. – encontrei minha voz perdida em algum lugar dentro de mim. - Achei que essas alturas já teria corrido daqui passar desinfetante na boca ou achar sua varinha pra me amaldiçoar. – tentei dizer num tom brincalhão. Eu estava surpreso demais pra tentar esboçar meu bom normalmente irônico ou coisa assim.

– Você é um idiota. – ela revirou os olhos para mim.

– Eu sei. – eu sorri de canto, um sorriso que não tinha nada a ver com ironia ou o antigo sorriso falso que eu costumava dar. Era um sorriso novo, eu sabia. – Obrigada. – disse eu sincero e repentinamente.

– Desculpe-me? – ela tombou a cabeça para o lado questionadora.

– Por me aceitar mesmo depois do que fiz. – minha mão foi até seu cabelo castanho, percorrendo suas mechas com os dedos, brincando suavemente.

– Bem, no final das contas eu precisava de alguém comigo hoje. – ela tentou brincar.

– Estou me sentindo usado Granger.

– Você está sendo relativamente usado Malfoy.

– Relativamente? – arqueei uma sobrancelha.

– A principio era porque eu não me importaria se a própria Pansy estivesse aqui. Eu estava com medo do que eu faria se estivesse sozinha.

– Ai, essa doeu. A Pansy é tão importante quanto eu. – balancei a cabeça, fingindo desgosto.

– Não me entenda mal! Eu estou feliz por ser você. Possivelmente a Pansy teria me matado de raiva. – ela pareceu pensativa, como se medisse suas palavras antes de dizê-las. – No final das contas você é legal Malfoy... estou feliz por ser você aqui, não a Pansy.

– Eu também estou feliz por ser eu. – sorri genuinamente.

Aquelas eram palavras que eu nunca esperaria dela... sem realmente entender como aconteceu eu havia enlaçado a cintura da morena e a puxado para mim, nossos corpos estavam tão perto quanto podiam estar sem ela ficar em meu colo. Seus braços passaram por cima de meus ombros e suas mãos enlaçaram-se em meu cabelo. Sorri com aquilo e sem mais delongas encostei outra vez meus lábios nos dela.

Dessa vez foi realmente um beijo. Nossas línguas se encontraram de uma forma que parecia ensaiada. Eu podia sentir o gosto de álcool de sua boca. Eu não podia evitar sorrir entre o beijo. Enquanto nos beijávamos furiosamente, como se demonstrando a tristeza que cada um sentia, Hermione me puxava junto com ela, ao mesmo tempo que eu a empurrava contra o sofá. Antes que nos déssemos conta de nossos atos, eu estava por cima de seu corpo escultural, sobre o sofá, beijando-a com uma vontade que eu nunca tivera antes.

E então eu constatei com horror e deleite: eu a desejava.

– Hermione. – chamei ela entre o beijo, como se numa prece. Selei seus lábios com delicadeza e afastei meu rosto do dela, ainda com meu corpo sobre o dela, apoiei meus cotovelos no sofá e a encarei de cima.

– O que estamos fazendo? – perguntou ela. Ela já não parecia estar sob o efeito do álcool.

– Eu não sei. – disse eu, tomando consciência que ainda estava sobre a garota. Quando comecei a me levantar ela me segurou pelo braço.

– Eu não quero que se afaste. Eu preciso de você Draco. – meu nome em sua boca era algo... inexplicável. Sem meu consentimento meu coração parecia começar a bombear mais rapidamente meu sangue.

– Eu não quero me afastar tampouco Hermione. – sussurrei, encostando minha testa na dela. Fechei meus olhos.

– Então para de tentar fugir. – sussurrou ela de volta.

– Não vou mais. Nunca mais. – prometi a mim mesmo. Eu não iria embora a menos que ela mandasse. Eu a queria mais do que tudo que eu já havia desejado. E isso era ridículo vendo que somente a algumas horas eu e ela começamos a “nos dar bem”.

– Ok. – concordou ela. E então sua mão estava em meu rosto, me transmitindo calafrios.

O toque dela me fazia sentir coisas que eu nunca havia sentido. Era estranho, mas era uma sensação ótima. Seus dedos traçaram os contornos de meu rosto. Meus olhos não desviam dos dela, que pareciam tão atentos ao meu rosto.

Por fim, ela voltou seu olhar para o meu, seus olhos castanhos estavam preenchidos por um sentimento que eu não conseguiria identificar, mesmo que eu batalhasse para isso. E então, sem eu esperar, seu rosto se ergueu, seus lábios a procura dos meus. Seus lábios eram tão macios como eu suspeitava, seu beijo era algo que eu poderia conviver horas com. E suas caricias em meio aquilo me enlouqueciam.

Sua mão direita brincavam com meu cabelo, ao passo que sua mão esquerda estava em minhas costas, percorrendo suavemente com as pontas dos dedos, lançando arrepios por meu corpo. Prolongando o beijo me deixei pensar na ironia do contraste de nossas roupas que poderia refletir nossa alma.

Ela de branco e eu de preto, como sempre fora, não é? Ela sempre lutou pelo certo, enquanto eu corri o tempo todo para me afogar em escuridão. Mas ela estava me trazendo para a luz agora, e eu gostava. A luz não queimava como eu pensava, era algo bom.

Soltei um sussurrado lamento pela boca quando sua pequena mão puxou meu cabelo, e então soltei meu peso sob seu corpo, apertando-a contra o sofá, tentando sentir cada parte de seu corpo contra o meu. Uma de minhas mãos segurava seu rosto, enquanto a livre percorria a lateral de seu corpo, apertando sua cintura.

– Draco. – ela sussurrou ao meus lábios ao sentir-me apertar sua coxa sem pudor algum. Mas não a deixei falar mais nada, voltei com meus lábios aos dela, saboreando-os.

Mordi suavemente seu lábio e então desci por ali, levando minha boca até seu pescoço e mordendo suavemente ali, para então dar um beijo no mesmo local, fazendo-a fechar os olhos. Mesmo não estando tocando sua pele eu pude percebe-la se arrepiar. Sorri com isso.

– Draco – chamou ela baixinho.

– Sim? – respondi, dando um beijo em seu rosto.

– Passa a noite comigo?

– Achei que eu já tinha deixado claro que eu passaria. – sorri amigavelmente, acariciando seu braço. E então beijei sua testa.

– Você me faz esquecer... bem, você sabe. – disse ela tremendo suavemente.

– Então eu fico para sempre ou até enjoar de mim. – ela riu para mim.

– Não prometa o que não pode cumprir.

– Se você permitir Hermione, eu quero tentar cumprir. – tornei meu ar mais sério. Eu queria com todas minhas forças vê-la bem. – Nada é mais lindo que seu sorriso. – minha mão estava em seu rosto agora. – E nada no mundo deveria tirá-lo. Se sou eu que estou fazendo isso agora, - acariciei seus lábios ao vê-la sorrir para mim, um sorriso tímido – então eu quero ficar aqui até que eu já não consiga mais a fazer sorrir.