Amanhecer Sombrio escrita por Amanda Santos


Capítulo 8
Duplicidade


Notas iniciais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo passado e espero mais comentários dessa vez, heim!!!
Bora ler...



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Não reconheci o bairro de imediato, mas soube que era um bairro trouxa não muito longe da casa dos meus pais. Era uma casa grande mais parecida com uma mansão discreta, a porta estava trancada mas não me surpreendi quando Hermione pegou uma chave amarrada em seu pescoço e destrancou a porta. Ergui uma sobrancelha e ela deu de ombros.

– É uma casa encantada, as portas só podem ser abertas por chaves especiais, nem mesmo feitiços de arrombamento funcionam. - sua voz estava carregada e imaginei que ela fosse começar a chorar, mas com um suspiro a expressão determinada voltou ao seu rosto. - Dumbledore achou que protegeria minha família desta forma...

– Mas a casa está vazia, então acho que não deu muito certo, heim? - a pergunta saiu meio rude, mas se ela notou não demonstrou.

– Ninguém sabia das consequências de apagar a memória de trouxas a longo prazo, eles não conseguiram retomar a rotina normal. Algo faltava, alguém faltava. - ela andava pela sala enquanto falava, passava as mãos pelo móveis como se a história estivesse escrita ali de alguma forma. Ela pegou um porta retrato vazio e o encarou. - Eles não conseguiram aguentar a pressão de haver algo e não saber, tentaram escapar por meses e a única saída que encontraram foi a morte.

– Não foi uma saída muito inteligente. - resmunguei olhando ao redor.

– Não, não foi. Mas não posso culpá-los por isso. - ela acendeu a lareira e se jogou no sofá tirando as botas pretas. - As vezes, tudo que você quer é um fuga para tudo que te aflinge, quer saber de um lugar onde não haverá dor ou dúvidas, onde nada o magoará e mesmo com a certeza de que deixará tudo que ama para trás não têm medo de se jogar nos braços da morte. Eles foram corajosos.

Era estranho ouvir isso dela, era mais fácil imaginar que tudo na vida dela sempre fora perfeito. Era mais fácil imaginar que ela não sabia o que era ter dúvidas ou dores a atormentando, era mais fácil odiar a Hermione que eu não conhecia. Porque odiar essa Hermione, estava ficando cada vez mais difícil.

– As vezes acho que você não perdeu a memória, as vezes acho que você está apenas enganando a todos. - me sentei ao seu lado, encarando as chamas. - como você sabe disso tudo? Como diz que sabe como eu era no passado se não se lembrava nem de ter ido para Hogwarts?

– Eu disse que sabia, não que me lembrava.

Ela riu divertida e me lançou um olhar enigmático. Eu me surpreendia com quantas faces Hermione tinha, era como ver dúzias de garotas diferentes em uma só, e me surpreendi ainda mais por querer todas para mim.

– Venha comigo! - ela não esperou que eu respondesse, apenas correu até as escadas subindo-as pulando os degraus de dois em dois. Entrou em um quarto que parecia abandonado.

O quarto tinha as paredes brancas e uma imensa cama com dossel de ferro fundido, uma janela cobria toda uma parede e refletia a noite escura. Havia muitas prateleiras com livros e uma escrivaninha com pergaminhos e cadernos antigos, uma cômoda branca com perfumes e fotografias em cima. Uma fotografia dela com Weasley e Potter descansava inocentemente ao lado da cama, o ódio começou a crescer em meu peito e a turvar minha visão.

– Eu tinha uma péssima mania de anotar tudo que eu escutava nas aulas, e por um golpe de sorte, levei isso para minha vida. Fiz um diário dos meus anos em Hogwarts. - ela começou a falar enquanto tirava o vestido. Sua pele branca apereceu quando o tecido escorregou por suas curvas até parar aos seus pés, ela estava com um sutien e uma calcinha preta. Reparei em algo desenhado no lado esquerdo de sua cintura, o desenho era pequeno e ficava oculto pelo tecido elástico da calcinha. Me aproximei devagar, sentindo sua respiração acelerar.

– O que é isso? - perguntei quando meus dedos tocaram o fino pedaço de tecido e o abaixou apenas o suficiente para ver o desenho enigmático. Era uma runa antiga, eu a reconhecia das aulas alguns anos atrás, o símbolo negro se destacava em sua pele branca e delicada.

– Uma tatuagem. - respondeu entre sua respiração entrecortada.

– Sei o que é, quero saber o que significa a runa. - meu dedo acariciava o desenho fazendo-a soltar um arquejo desajeitado, sua pele estava arrepiada e ela parecia se esforçar para não se render ao desejo que tomava seu corpo aos poucos.

– Significa duplicidade, as duas partes de um todo. - ela se aproximou, colocando sua boca próxima ao meu ouvido. - Existe duas partes nas pessoas, uma boa e uma má. Um passado e um futuro. E devemos aceitar as duas partes em quem amamos.

Ela dava passos me empurrando em direção a porta, sua mão em meu peito e a outra em minha nuca. Ela parou no batente encostando a cintura na porta, deixando-me do lado de fora. Meus olhos percorreram seu corpo outra vez me deliciando com a visão e imaginando com seria tocá-la por inteiro.

– Espero que esteja gostando do que vê, porque não vai fazer nada mais que isso. - ela respondeu séria me fazendo rir.

– Agora sim se parece com a Hermione de antigamente, estraga-prazeres. - sua expressão se suavizou antes de fechar a porta.

Desci as escadas enquanto tirava o blaser ainda molhado, joguei-o nas chamas vendo-o queimar lentamente. Eu só havia usado-o duas vezes e em enterros, ele cheirava a morte e tristeza. Depois de dez minutos, Hermione desceu as escadas cheirando a perfume francês, estava com calça jeans e uma blusa preta de mangas longas. O cabelo molhado emoldurava seu rosto e ela sorriu quando jogou roupas em mim.

– Tem um banheiro no final do corredor, pode se trocar lá. Acho que as roupas vão servir.

– Eu poderia dizer obrigado, mas eu não estaria molhado se você não tivesse me deixado na chuva. - resmunguei.

– E eu poderia ter deixado você ir para onde quer que você more agora e passado a noite tendo pena de si próprio, mas você está aqui. Então, "de nada".

Tirei minhas roupas molhadas e vesti a calça jeans e a camisa xadrez de botões que ela havia me dado. Olhei no espelho, reparando que a camisa não era de manga longa e não escondia as cicatrizes que cobriam meus braços. Eu evitava olhar para elas como se fossem um lembrete que eu nunca seria forte o bastante para me sacrificar por outra pessoa.

O ar ficou pesado e senti o cheiro podre invadir minhas narinas. Ele estava aqui.

Você corre perigo, Draco.– sua voz parecia realmente preocupada, mas não me deixei enganar. Até os mais nobres eram capazes de mentir, e se ele dissera que estava do meu lado, por que havia incendiadado a casa dos meus pais?

– Muito obrigado, mas eu sei me cuidar muito bem. - vociferei.

Não direcione sua raiva para mim, só quero ajudá-lo. – ele suspirou. - Como ajudei da última vez.

– Você matou meus pais, em que lugar isso é ajudar alguém?

Parei o tempo, tentei alertá-lo e você está vivo, não está?– ele estava começando a ficar irritado, mas eu já estava a muito tempo. - Não fui eu que incendiei a casa.

– Não confio em você.

E não precisa confiar, tudo que precisa saber é que eu estou do seu lado.– o ar pareceu começar a desmanchar ao meu redor, e eu soube que o feitiço estava terminando. - Lembre-se de seus inimigos, eles estão próximos a você.

Não entendi o que suas palavras queriam dizer, afinal, não havia mais perigo desde que Voldemort morrera. Mas eu sentia a verdade em tudo que ele dissera, eu sentia o perigo rondando e ele estava perto. E era forte.


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Notas finais do capítulo

Eaí? Gostaram? mereço comentários?