Amanhecer Sombrio escrita por Amanda Santos


Capítulo 7
Luto


Notas iniciais do capítulo

Aqui estou eu de novo!! Falei que não iria demorar.
Vamos ao capítulo.



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Todos me encaravam com um misto de surpresa e pena nos olhos, havia uma aura de mistério pairando no ar, um cheiro de morte que me envolvia e sufocava como uma cobra. Meus olhos estavam secos, por alguma razão eu não conseguia chorar nem aguentar todas aquelas pessoas falsas chorando ao meu redor. De repente era como se todos fossem sentir saudades de meus pais, como se tudo que eles tinham feito no passado fosse apagado com suas mortes. Hipócritas!

– Pensei em vir falar com você. Estão todos preocupados com sua reação, é como se você estivesse aqui mas sua mente não. - a voz de Astória era meio chorosa e ela segurava um lenço negro e o levava aos olhos num ciclo sem fim.

– Tem razão, eu não estou aqui. E na verdade, por que deveria estar? - não havia uma gota de emoção em minhas palavras e pude sentir sua decepção quando dei as costas e comecei a caminhar para fora do cemitério.

Afroxei a gravata enquanto olhava de longe abaixarem os caixões nos túmulos conjuntos. Começou a chover e fiquei parado vendo a multidão desaparecer aos poucos, as gotas geladas de chuva escorriam devagar por meu rosto ajudando a esfriar minha cabeça. Eu a vi encostada em uma árvore, estava com um vestido preto de renda molhado, os cabelos escorriam ao redor de seu rosto pingando água nas pontas. Estava linda.

– O que está fazendo aqui? - perguntei deixando a raiva sair em minhas palavras.

– Prestando minhas últimas homenagens ao homem que ajudou a arruinar a minha vida. - ela apontou o dedo médio para a lápide de meu pai e sorriu. - Adeus, seu grande filho da puta.

Sorri, era bom ver alguém fazer algo que realmente queria fazer. Que não mentisse como todos os outros apenas porque tinham medo de fantasmas, era como se ela mostrasse o que sentia de verdade sem medo do que poderiam pensar.

– Então quer dizer que a sangue-ruim não é tão boazinha quanto parece, heim?

– E você não é tão detestável quanto parece, heim? - havia um sorriso perigoso pairando em seus lábios quando ela se aproximou. A chuva havia aumentado e trovãos ecoavam ao longe, mas tudo que eu conseguia ouvir era o som do meu sangue pulsando em meus ouvidos. - Na verdade estou surpresa que tenha vindo ao enterro, achei que iria fugir como um garotinho assustado.

Ela estava me provocando, eu podia ver seu olhar curioso esperando minha reação. A raiva ameaçava me controlar e nada viria de bom se eu perdesse o controle, principalmente estando tão perto dela.

– Você anda me seguindo, Granger? - perguntei, me lembrando de quando a vi no bar.

– Por que eu faria isso? - seus olhos brilhavam com uma excitação perigosa, meu corpo já começava a dar os sinais que ela estava perto demais. - Acho que você está pensando demais, eu consigo sentir seus pensamentos correndo em círculos sem conseguir chegar a lugar nenhum. Por que, simplesmente, não desliga?

– Não têm como desligar o pensamento. - sussurrei em sua orelha. Ela tremia de frio e ainda assim seu corpo emanava calor, seus lábios já começavam a ficar azuis quando ela os aproximou dos meus quase os tocando.

– Me deixe desligar seus pensamentos, me deixe fazer você se esquecer de tudo. - suas palavras me alcançaram como se eu estivesse num buraco fundo demais e aquela fosse a única saída. Era inrresístivel demais tê-la tão perto, sentir seu perfume, seus lábios estavam a menos de milímetros dos meus e eu sabia que era ali que eu a queria. - Você não vai fugir do desejo, vai?

O ódio e a raiva me acenderam e me fizeram acabar com a distância que nos separavam, minhas mãos avançaram em sua cintura impedindo-a de se afastar. Meus lábios se encontraram com os dela, engolindo-os, possuindo-os. Naquele momento eu não saberia dizer qual era meu nome e nem onde estava, era apenas Hermione em toda parte do meu cérebro e do meu corpo. Ela arqueou as costas pressionando seu quadril no meu me fazendo soltar um gemido de prazer, ela brincava comigo, roçando seus lábios nos meus sem realmente me deixar beijá-la, para só então tomar os meus a força. Aprofundei o beijo sentindo o gosto dela, minhas mãos em sua cintura, em suas costas e em seus cabelos confirmavam o que eu já suspeitava, seu corpo era perfeito.

– Você provocou algo que não pode controlar, Granger. - minha voz saiu rouca de desejo. - Achei que fosse inteligente.

Ela sorriu antes de piscar o olho direito e se apertar mais em mim, meu corpo parecia em chamas e era a melhor coisa que eu já havia sentido. Puxei-a para meu colo apoiando suas costas na árvore, suas pernas ao redor da minha cintura pressionando seu quadril no meu. Estava a ponto de explodir e ainda estávamos vestidos, minha mente vagava em maneiras de possuí-la, maneiras de torná-la minha. Ela se afastou, seus olhos brilhavam negros como a noite, seus lábios vermelhos e inchados, sua face corada estampavam um rubor não de vergonha, mas de excitação.

– Por que você me odeia, Malfoy? - suas palavras me acertaram em cheio, eu me lembrava exatamente de quando ela havia me perguntado isso antes. Ela poderia ter me feito perder o controle naquele dia, mas esperara até agora e isso martelava em minha cabeça.

– O quê? - ela sorriu, parecendo se divertir enquanto eu tentava me esquivar da pergunta. Seus lábios teciam um caminho em meu pescoço deixando uma trilha de queimaduras por onde passavam, sua pele molhada se grudava a minha como uma só.

– Eu perguntei, por quê você me odeia? - ela esperava algo que eu não podia dar, uma resposta que eu não sabia se conseguia dar. Naquele momento tudo estava tão claro quanto a mais pura água em minha mente, mas a simples ideia de por em palavras meus pensamentos me parecia loucura, porque dizendo o que ela queria tornava verdade uma coisa que não poderia ser. - Não entendo como pode beijar alguém que odeia, e como pode sentir desjo por alguém que odeia. Então me explique, por que você me odeia?

– Eu odeio sentir esse desejo incontrolável de tocar sua pele, de me afundar em seus beijos e me perder em seu calor. Odeio pensar em você o tempo todo e gostar disso, odeio vê-la em todo lugar mesmo quando você não está lá. - minhas palavras saíram todas de uma vez, atropeladas e desajeitadas. Seu rosto ainda tinha uma expressão divertida, mas eu sabia que por baixo daquilo ela estava pesando minhas palavras. - Eu odeio te querer a ponto de ignorar o quanto seu sangue é sujo. Odeio o fato de você ter sido presa ao rato Weasley por tanto tempo, odeio pensar que ele tocou você.

E enfim a verdade fora dita e a vergonha que eu esperava não veio, ao contrário, era como acabar de ter uma crise de raiva e explodir liberando tudo de uma vez só. Eu me sentia vazio, cansado e aliviado por não haver ninguém naquele cemitério. A chuva havia parado e começava a escurecer, Hermione havia se afastado e encarava meus olhos com uma profundidade desconcertante.

– Não me lembro do meu sangue fazer tanta diferença, não me lembro de estar com Rony Weasley apesar de seus esforços ultimamente. Simplismente não me lembro da minha antiga vida, e quer saber? Não tenho a menor vontade de me lembrar. - ela deu de ombros. - Eu não parecia ser uma pessoa muito divertida, as pessoas continuam insistindo que eu era legal. Mas no fundo eu sei que fiquei presa por muito tempo, fiquei nas sombras, um vulto que se contentava em existir mas não vivia.

– E quem é você? - perguntei num sussurro rouco em seu ouvido fazendo-a arrepiar, seu corpo se inclinou pressionando o meu instintivamente e engoli um gemido de prazer.

– Eu sou Hermione Granger, sem amarras, sem vergonha de ser quem sou. - ela sorriu, passando as mãos em meus cabelos molhados e me abraçando. - E neste momento o que quero fazer, não pode ser ao ar livre.

– O que está insinuando, Granger? - as palavras saíram meio enroladas, mas eu não conseguia parar de beijar seu pescoço. Tinha um gosto tão bom.

– Que estou molhada e com frio, não se empolgue tão rápido. - ela olhou em meus olhos e um brilho que eu não sabia definir faíscava em suas órbitas cor de avelã. - Você vem?

Eu já havia cometido loucuras demais aquela noite, mas segui-la para um lugar desconhecido seria a maior delas. Mas assim que imaginei seu corpo sem as roupas molhadas a luz de uma lareira, minha respiração falhou e meu membro deu sinais de vida como toda vez que Hermione se aproximava demais. Meu corpo necessitava dela como água no deserto, o gosto de sua pele era viciante. Mas mesmo com todos os alertas de meu cérebro me dizendo que não deveria me envolver mais, as palavras que saíram da minha boca, foram:

– É só me dizer para onde. - ela sorriu, antes de se apertar mais a mim e sentir o vácuo tomar conta de nós dois. Ela havia aparatado.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Acho que mereço comentários, heim?