Presa a Você escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 15
Vamos ter um bebê!


Notas iniciais do capítulo

Me deixem saber o que acharam



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Fui acordada com um empurrão repentino. Um Dean inquieto se remexia a meu lado, seu rosto exibia uma expressão sombria, atormentada.
Delicadamente me aproximei.
– Dean? - falei, afastando uma mecha de cabelo de seus olhos. Ele aquietou-se ao som de minha voz conforme sussurrava seu nome dizendo que ele estava bem e que tudo não passava de um sonho.
– Não é apenas um sonho - sua voz me assustou, a luz que invadia a janela era suficiente para que eu o visse. Meu coração se partia em mil pedaços ao vê-lo assim, pálido, assustado, assombrado.
Engolindo em seco, falei:
– Você quer conversar?
Sorrindo fracamente ele negou. Talvez seja egoísta dizer que senti certo alívio em não ter que ouvi-lo sobre o que quer que o atormentava. Seria ainda mais difícil ter de deixá-lo ir depois de ter permitido que ele se aproximasse ao ponto de me deixar vê-lo por inteiro. Eu tinha medo do que poderia encontrar se olhasse fundo o bastante, tinha medo do que esta descoberta poderia fazer a mim e a meus sentimentos. Tinha medo de mergulhar na escuridão de meu garoto problema, e nunca ser capaz de deixá-lo novamente.
Então apenas permiti que ele me abrasasse, e adormeci, com a lembrança de seus olhos tristes e sombrios.
Acordei com um aroma embriagante fazendo cócegas em meu nariz, era um cheiro que eu conhecia bem, o cheiro que me atormentava a todo momento, o cheiro dele. Dean ainda adormecido, calorosamente cobria meu corpo com o seu. Ele tinha sua cabeça descansando perigosamente entre meus seios, enquanto seus braços me apertavam e suas pernas se enganchavam as minhas. Era uma posição um tanto curiosa, peculiarmente maravilhosa, mesmo com todas as camadas de roupas que nos separavam. Fechei os olhos, mesmo tendo consciência de que raios de sol invadiam minha janela e pássaros já cantavam, anunciando um belo dia ensolarado, e adormeci novamente.

A música invadiu meu sonho sobre bebês e cachorros assassinos.
Aquilo realmente estava acontecendo? Dean estava cantando? E que cheiro maravilhoso era aquele?
Levantando da cama caminhei lenta e cuidadosamente para não assusta-lo.
Bingo! Usando apenas um jeans perigosamente baixo que deixava muito pouco para minha imaginação, lá estava ele, cantando na minha cozinha enquanto segurava uma frigideira.
Eu poderia ter anunciado minha presença, mas a cena que se desenrolava a minha frente era curiosamente mágica. Ainda não havia me acostumado a este novo Dean Hunt, que mais parecia ser o gêmeo bom de meu marido. Este Dean que sorria, cantava e até mesmo era um cavalheiro. Por um momento me vi presa a uma bolha de felicidade que não sabia descrever e nem ao menos entendia. Sorri e então comecei a cantar com ele.
Minutos depois tínhamos uma mesa de café da manhã muito digna, se assim posso dizer. Juntos preparamos ovos, bacon, waffles, algumas panquecas e suco de laranja. Ele trabalhava em minha cozinha como se fosse o dono do lugar, Dean a dominava com todo seu tamanho, e me peguei sorrindo, imaginando como as coisas poderiam ser...
Mas então minha pequena bolha se foi quando a lembrança de Dean e Jenna se forçou para dentro de minha cabeça, trazendo com ela um sabor amargo de decepção e derrota.
Era estupidez de minha parte continuar com aquilo.
– Algo errado? O suco está muito doce? - perguntou ele quando baixei meu copo.
– Você precisa ir embora - falei, desviando meu olhar de seus olhos. Evitar qualquer tipo de contato era o mais sensato a se fazer.
– O que quis dizer com isso? - sua voz era baixa e rouca. A alegria que a pouco o movimentava pelo cômodo, sumira.
– Isso - comecei, o fitando novamente, gesticulando entre nós dois -, nunca irá acontecer. Eu não quero que tenha falsas esperanças de uma família feliz, de uma casa com cercas brancas e toda essa baboseira que vemos em filmes - eu forçava as palavras para fora, sem nem ao menos entender por que precisava ser tão cruel, com ele e comigo mesma -, você e eu sabemos muito bem que pessoas como nós não devem ficar juntas, e antes que diga que não acredita nisso, eu preciso que pense com clareza. Eu ainda não decidi se quero essa criança ou não e...
– Não faça isso. Não seja uma vadia egoísta, não combina com você Emma. Você pode me dizer que me quer fora de sua vida quantas vezes quiser, pode continuar mentindo pra você ao negar que não me ama. Mas em momento algum pense que vou deixá-la se referir ao nosso bebê dessa maneira. Essa criança é tão sua quanto minha, e você não vai decidir nada. Nós teremos esse filho, juntos ou não..
Ele parecia pronto para continuar dizendo algo mais, porém seu celular vibrou.
– Tenho que ir, Ellie precisa de mim.
Então ele se levantou, calçou suas botas, vestiu sua camiseta e jaqueta, e saiu sem mais uma palavra, me deixando lá, me sentindo mais vazia do que nunca.
~

Passei o dia repassando em minha cabeça cada um dos momentos que me levaram até onde me encontro hoje. O amor de minha família, todas as academias de dança, as apresentações, as tardes com Vovô Steve na oficina, a paixão pelos livros e o exato momento em que comecei a criar e escrever minhas histórias. Essa era a essência de minha vida. Afinal o que seria de mim sem eles, quem eu seria? E o mais importante, estaria eu preparada para ser mãe? Preparada para repassar tudo aquilo que me foi ensinado a um pequenino ser que mudaria minha vida completamente? Um pequeno ser que me prenderia para sempre a Dean Hunt.
Já cansada de tanto encarar o teto de meu quarto e decidida sobre o que fazer, disquei o número de um restaurante italiano, pedi comida para quatro pessoas e fui preparar a banheira.
Agora dentro dela eu segurava meu celular pensando em como falar com ele...
Uma hora depois a mesa estava pronta e um James carrancudo e uma Sophie curiosa estavam sentados à minha frente esperando nosso convidado de honra.
A tensão na sala de jantar era palpável e quando a campainha tocou agradeci mentalmente. A confiança que tinha a pouco havia se esvaído de meu corpo, enquanto caminhava para a porta pensava em como essa decisão soava estupida agora. Tremendo um pouco alcancei a maçaneta e abri a porta para encontrar Dean, vestido de preto como de costume, me encarando, intrigado pelo convite inesperado e sem explicações.
"Preciso que venha ao meu apartamento as 8
E."
E lá estava ele, pontualmente.
– Entre - falei, sem demoras e voltei para a mesa.
Esperei até que ele se sentasse ao meu lado.
– Aproveitem - e então comecei a comer, esperando que eles me acompanhassem, esperando que ninguém notasse o quanto minhas mãos tremiam ao segurar o garfo e a faca.
– Emma...- começou James, mas o cortei.
– Por favor, vamos apenas aproveitar o jantar, e então lhes contarei o motivo dele.
Relutante ele se voltou para seu prato, embora sempre lançasse olhares irritados para mim e Dean, que comia em silêncio.
Quando todos acabaram, me levantei e Sophie me ajudou com os pratos. Eu evitava olhar em seus olhos, era como se eles me dissessem que ela já sabia o motivo deste jantar. Acabamos de colocar os pratos no lava-louças, quando ela me abraçou. Me agarrei a ela e contive as lágrimas. Não foram necessário palavras, a mensagem era clara, ela estaria comigo e me apoiaria, sempre.
Quando voltamos para sala de jantar fiquei feliz em constatar que ambos ainda permaneciam vivos. Com uma pequena ajuda do vinho que tomara durante a refeição mais tensa de minha vida, mesmo que Dean silenciosamente tenha protestado, caminhei até eles e me sentei mais uma vez.
– Dean e eu vamos ter um bebê...
O rosto vermelho de James foi a última coisa que vi antes que a mesa fosse atirada pelos ares...


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