POV: Percy

(...) Segui até o banheiro mais calmo, já havia ganhado uma boa distância da ruiva. Cheguei no sanitário masculino e ouvi um som abafado lá dentro.

Cacete, não podia ser verdade.

Luke e Thalia estavam se beijando.

POV: Luke

Thalia entrelaçou seus dedos em meu cabelo, me puxando. Ela mordia meu lábio inferior, e arranhava meu pescoço, fazendo com que eu a prensasse ainda mais a parede. Minhas mãos iam de sua cintura para suas pernas, enquanto eu alternava beijos de sua boca ao seu pescoço.

Quando o desejo foi maior que o meu bom senso, eu a ergui e a coloquei sentada em cima da pia do banheiro, sem separar nossas bocas. Minha mão se fechou em seus cabelos enquanto que suas pernas se fecharam em minha cintura.

E foi aqui que fomos pegos.

–MAS O QUE QUE TÁ ACONTECENDO AQUI? – Percy estava na porta do banheiro meio perplexo.

Puta que pariu.

–PERCY! Não é o que você tá pensando... – Que merda, é claro que é, eu sou péssimo com desculpas.

–Como não? Eu vi vocês dois se agarrando ai na parede, então sua ficante misteriosa era a Thalia? O Jason não vai gostar disso. – Ele ainda estava assustado.

–Perseu! É exatamente por esse motivo que nós estávamos guardando segredo, seu panaca! – Thalia estava vermelha e ofegante devido ao beijo.

–Peixinho, por favor, olha. Eu e Thalia estávamos saindo já faz um tempinho, mas não podíamos deixar ninguém saber por causa de Jason, eu e ela não sabemos como ele vai reagir. Então, pelo amor de todos os deuses, não conta nada pra ninguém!

–Eu não vou contar... Pelo menos por enquanto eu guardo segredo, mas só por enquanto, Jason tem que saber, e é melhor vocês mesmos contarem. – Ele passou a mão pelos cabelos se recuperando do susto.

–É por isso que você é demais! – Fiz um toquinho com ele.

–Não faz mais que a obrigação, se você contasse eu ia te dar de comida aos leões do zoológico. – Thalia fez um toquinho com Percy também.

–É bom que você, minha priminha, se comporte... Se não eu conto o que eu vi nesse banheiro para Jason hoje mesmo. – Ele fez um sorrisinho em vitória.

–Você se arrependeria, Jackson. – Thalia deu um tapinha na cabeça de Percy.

–Ai! Doeu. – Ele passou a mão no lugar no tapa e fez um biquinho.

–Nem vem que eu bati fraco. Quer ver o tapa que realmente dói?

–Hã, não, obrigada.

–Garoto esperto. – Thalia comentou.

–Mas sério. Vocês tem que contar logo.

–Eu sei, nós vamos contar. Só dá mais um tempinho pra gente, okay?

–Sim, mas tomem cuidado pra não se comerem no banheiro masculino de novo, da próxima vez quem pode entrar aqui e ver é Jason.

–Nós vamos tomar cuidado. – Abracei Thalia por trás.

–Bom casal, nós temos aula em cinco minutos, vão continuar se pegando aí ou vão para a sala? – Percy pergunto já indo em direção a porta.

–Nós já vamos... –Thalia mordeu meu pescoço.

–Eu vou pegar um extintor para apagar esse fogo de vocês dois, pera ai. – Percy fingiu procurar um.

–Rá, rá, rá. Bem engraçado. Já pensou em ser comediante?

–Não... Mas olha, eu tenho um talento. Agora tchau, que já vou para a sala. Tentem não causarem um incêndio com esse fogo todo, okay?

–Okay, nós vamos nos controlar. – Mordi a orelha de Thalia, acho que isso não serviu para ilustrar minha frase.

–Eu já não tenho tanta certeza. – Thalia empurrou Percy para fora. – Tchau.

–É melhor eu já ir chamando o corpo de bombeiros. – Percy saiu, e eu não sei dizer o quanto eu estou aliviado por ter sido Percy e não Jason a entrar aqui hoje, encontrar a irmã e o melhor amigo no banheiro da escola não é a melhor maneira de descobrir que os dois estão saindo.

Thalia me tirou de meus pensamentos com um beijo.

POV: Leo

Eeeba! Adivinha só quem está de detenção? Isso mesmo, o gato aqui. Mas a culpa não é minha, a culpa é do professor que deixou um liquido potencialmente explosivo ali, a acesso de qualquer um, quem devia receber uma detenção era o professor, e não eu. Eu até tentei dizer isso para o diretor e tentar mostrar que eu sou inocente, mas parece que o diretor está pouco se lixando para o que eu tenho a dizer. Onde o mundo vai parar com diretores que colocam a culpa em alunos inocentes?

Péééééééé.

Putz! O sinal bateu, significa que agora é prova e eu ainda não cheguei na sala! PELOS DEUSES! Comecei a correr que nem um desgovernado pelos corredores até chegar na sala que por sorte fica no primeiro andar então eu não preciso subir nenhuma escada, e que por falta de sorte já estava com a porta fechada. Mas se eu abrir devagarzinho talvez a professora que é uma velha gagá não note que eu cheguei atrasado.

Abri a porta (quase) silenciosamente, mas mesmo assim a professora conseguiu escutar. Eu vi minha vida passar diante dos meus olhos.

–Com licença. Posso entrar? Posso né. Obrigada. – Corri e sentei antes dela se manifestar.

–Atrasado em dia de prova? Ts, ts, ts, eu não deveria deixar você realizar a avaliação.

–Professora, eu tenho uma explicação decente.

–Não será necessário, poderá realizar a prova, porém está com falta nessa aula.

–Okay. – Hoje não é meu dia.

A professora distribuiu as provas, e eu vou rodar que nem bambolê na mão de criança, que coisa é essa? Eu nem sei responder que dia é hoje... Eu vou ter que chutar metade da prova! Ou talvez eu escolha por sorte, uni-duni-tê talvez? Bem hoje eu não consegui sentar atrás de um nerd, maravilha.

...

Sobre a prova: Meu boletim vai ficar uma graça com vermelha em filosofia.

Pelo menos essa foi a última aula do primeiro período, o que significa que eu tenho meia hora de intervalo antes de encarar de novo a cara daquela professora.

–Eai? – Perguntei ao sentar na mesa em que passávamos o intervalo.

–Bem, bem não tá, né? Depois daquela prova. – Percy comentou.

–Também quem manda não estudar? Eu como sou um aluno muito dedicado estudei... – Nico deu um sorriso “Sigam meu exemplo”.

–Não sei como você conseguiu tempo pra estudar, nós não estávamos em casa ontem...

–E quem disse que foi ontem? Eu estudo um pouco todos os dias...

–Nico, você é uma raça que precisa ser estudada!

–Gente, eu preciso ir... Não demoro. – Luke se levantou e trocou um olhar com o peixinho.

–Onde você vai que não fala pros amigos? – Perguntei jogando nele uma bolinha de papel.

–Vou dar um gato pra você cuidar das vidas deles e largar mão da minha, Leo.

–Não precisa, de gato em casa já basta eu.

–Tchau povo. Eu já volto.

–Tchau. – dissemos acenando.

–Luke tá muito estranho ultimamente... Nunca dizendo pra onde vai... – Jason comentou dando uma mordida no lanche dele.

–É... Pois é. Eu vou ir ali conversar com a Annabeth sobre a biblioteca. Já volto. – Percy se levantou.

–Ui, o garanhão vai pegar a nerd?

–Já disse que é sobre a biblioteca, parem de pegar no meu pé, bando de chulé!

–Amigo é pra essas coisas. Vai lá pegador. – Acenei para ele em direção a Annie.

–Implicante!

POV: Annie.

Eu estava comendo meu lindo lanche natural quando o Percy começou a me cutucar desesperadamente.

–Ai, para com isso, eu lá tenho cara de touchscreen? – Levantei. – Que foi?

–Eu tenho que falar com você sobre uma coisa. – Ele começou a me puxar para sei lá onde.

–Perseu, eu to com fome, deixa eu terminar meu lanche!

–Não, você pode comer depois. É importante!

–Mais importante que uma alimentação saudável?

–Sim.

–Que é?

–Assim, hoje eu não quero ir na biblioteca... Por favor, por favor deixa eu faltar?

–Não. Tchau, vou ir comer.

–Por quê? – Ele segurou meu braço e me virou.

–Porque eu to com fome.

–Não! Por que eu não posso faltar?

–Porque não, eu não vou fazer todo o trabalho sozinha.

–Ah, por favor! Eu to de ressaca, minha cabeça tá doendo muito e eu não to bem. – Ele fez uma carinha de cachorrinho que caiu da mudança que eu (quase) fiquei com dó.

–Viu? Quem mandou beber tanto?

–Nem vem que você também bebeu... – Ele cruzou os braços.

–Mas não a ponto de querer faltar com minha obrigação. Tchau, te espero lá. – Sai e o deixei ali indignado com a resposta que recebeu. Viu? Esse é um dos maiores problemas dele, ele está muito acostumado a fazerem tudo que ele pede, ai ele não consegue aceitar quando alguém o nega algo.

Sentei na minha mesa na esperança de poder comer tranquila, mas ele não desistiu tão fácil, ele se sentou ao meu lado o que causou muitos olhares assustados que queriam dizer “O que o capitão do time de basquete, o mais popular e mais gato do colégio está fazendo sentado na mesa dos nerds?”.

–Tá legal? O que você quer, Jackson? – O olhei esperando a resposta.

–Não sei do que você tá falando.

–O que quer para sair dessa mesa?

–Que eu possa faltar hoje na biblioteca...

–Para de se comportar como criança!

–Não, e eu não vou sair daqui enquanto você não concordar em me deixar faltar.

–Então espero que você goste de almoçar na mesa dos nerds, eu não vou deixar você faltar.

...

Olha, eu sou obrigada a concordar, ele tem força de vontade, ele ficou ali, parado, o intervalo inteirinho, com aquele sorrisinho bobo na cara esperando eu liberar ele do castigo, mas isso não significa que eu não fiz minha vontade valer, eu também bati o pé e não deixei que ele faltasse. Não mesmo, eu não vou fazer todo o trabalho sozinha, até porque a culpa de tudo isso é dele, se naquele dia ele não tivesse causado a discussão não teríamos que passar a semana toda arrumando a biblioteca. Pelo menos o fim de semana está aí já, e eu vou me livrar desse castigo.

Entrei na sala e já fui logo elogiada, gabaritei a avaliação, professora seu trabalho é dizer algo que eu não saiba! Parece que durante o intervalo ela corrigiu nossas provas e eu fui a única que tirou nota máxima.

–Deveriam seguir o exemplo da Srtª. Chase, ela foi a única que gabaritou o teste, eu somei sete vermelhas nessa sala, o que é muita coisa. – Ela direcionou o olhar severo para alguns alunos da sala. – Bom, eu irei entregar a avaliação.

Eu e as meninas tiramos todas azuis, vi Percy reclamar para a professora sobre seu 4,0, segundo ele “Mas professora, você não entende que esse enunciado deixa claro que essa resposta era pessoal? Eu mereço 5!”, ele continuou com a nota vermelha dele, o que não o agradou muito. Mas já era de se esperar que ele tivesse tirado nota baixa, ele não é o que se pode chamar de “inteligente”, ele está mais pra “dá pra passar”.

Recebi minha brilhante avaliação e quase pendurei em minha testa pra poder mostrar pra todo mundo quem é a nerd desse lugar!

...

As duas últimas aulas que eram de física e literatura passaram depressa, o que eu só posso lamentar. Por quê? Por dois motivos bem simples de serem entendidos. Motivo 1: Eu, diferentemente da maior parcela da população mundial, adoro essas duas matérias, são incríveis! Motivo 2: Isso significa que eu vou perder parte da vida que eu poderia gastar lendo trancada em uma biblioteca com o idiota do Jackson.

Em circunstâncias normais eu pularia de alegria se eu tivesse que ficar trancada em uma biblioteca, mas dessa vez não é assim, porque eu vou ter que dividir o ambiente com nada mais nada menos que Perseu Jackson. Valeu aí Senhor D.!

Entrei na biblioteca que a cada dia parece ter ficado mais bagunçada, ai que vem a questão que não quer calar: “Ninguém vem aqui, como que esses livros conseguem ficar bagunçados?” Essa nem eu sei a resposta.

Encontrei Percy sentado em uma mesa, (que falta de educação!) lendo um livro (QUE MILAGRE FOI ESSE?).

–Que milagre que aconteceu aqui?

–Hã? – Ele fechou o livro e me analisou confuso.

–Você estava lendo sem ser obrigado, que milagre foi esse?

–A resposta é: “O milagre de ter que esperar alguma mulher”. O tédio foi tão grande que eu tive que me distrair de algum jeito, e como meu celular está descarregado, BAM! Essa foi a melhor distração que eu arrumei.

–E o que acho de pegar um livro para ler?

–Chato. Não sei o que vocês nerds veem de legal em ler. – Ele fez uma expressão torta.

–Arrumando aqui comigo você vai aprender a gostar de ler... Eu vou te mostrar uns livros bem legais. – Quando vi que ele ia argumentar eu acrescentei. – Querendo você ou não.

–Okay, vamos ver então. – Eu aceitei aquilo como um desafio, eu vou fazer esse menino gostar de ler.

–Bom, mas agora vamos nos focar no que realmente importa no momento, arrumar essa bagaça! Vamos lá, nada de corpo mole! Levanta essa bunda da mesa e começa a arrumar, Percyto.

–Ain, não, eu não quero.

–Vamos logo! – Dei um monte de livros na mão dele. – Aqui está sua pilha, separe e as coloque em seus respectivos lugares.

–Tá, Miss Teimosia. – Ele se levantou e começou a separar sem critério nenhum, só olhava a capa e via se combina com outro livro.

–Para! Desse jeito não! Separa certo.

–Como você é mandona! Para com isso.

–Hã. Não.

–Hã. Não. – Ele me imitou com uma voz estridente.

–Eu não falo assim!

–Fala sim.

–Ai Perseu, cala a boca e separa logo esses livros, você está me irritando!

–Você tá me irritando. – Eu vou ignorar bravamente.

Depois de um tempo arrumando ele finalmente largou mão de ser preguiçoso e começou a fazer as coisas direito, mais ou menos também porque ele insistia em dizer que “Livro é tudo igual”, mas depois de eu teimar que não com ele incontáveis vezes, ele decidiu que discutir comigo não ia leva-lo a lugar nenhum. Garoto esperto.

–Annie. – Ele me chamou com uma voz de quem não quer nada. Ai tem coisa.

–Que é? – Coloquei os livros na mesa e o encarei esperando a resposta.

–Eu posso ir beber água? – Ele fez uma carinha de cachorrinho sem dono.

–Vai. Mas volta logo porque já estamos terminando.

–Brigada, é por isso que você é a nerd mais legal do mundo!

–Tá abusando já.

–Eu sei que você me ama! Deixa de implicância!

–Vai logo beber água, Percy!

–Merda! Annabeth, vem aqui, rápido!

–Que foi, Percy?

–A maçaneta saiu, estamos presos aqui.

Merda.