You Only Live Once escrita por Vero Almeida


Capítulo 7
Amor Bipolar


Notas iniciais do capítulo

Volteeei! Thays vai querer me xingar logo na primeira frase, aeee!
Sério, eu queria deixar claro aqui que a opinião da personagem NÃO É a minha ok? Ok.

Aproveitem amores! Beijos!



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PDV da Alícia

Estudar direito é a coisa mais insuportável do universo. (perdão para as pessoas que gostam, mas sabe como é, pra mim é extremamente chato). Nunca uma manhã passou tão devagar na minha vida.

Cheguei cedo na sala de aula, queria ter tempo para estudar o lugar, as pessoas. Minhas conclusões foram exatamente as que eu imaginava: Aquele lugar não era pra mim.

Bom, para começar, eu já cheguei irritada pelos comentários e apalpadas que levei ao longo do caminho. Maldita foto, aquela vadia do cabelo ruivo vai me pagar por isso. Não faço a mínima idéia de como, mas vai.

Meus colegas de classe pareciam tão sérios, concentrados, a maioria chegava e se acomodava em uma cadeira, sem muito contato com os outros, primeiro dia é sempre mais complicado. Alguns pareciam já se conhecer. Sei lá, de repente moravam juntos na mesma república ou se esbarraram por aí já que os cursos são divididos por pólos através do campus.

Me senti mal pelo resto da manhã, por estar sozinha, pelas aulas chatas, e principalmente porque estava me entregando a um futuro que eu não queria para mim.

E claro, como se não bastasse alguém estava me entregando flores macabras periodicamente e da última vez arrancou minha caixinha de correspondências junto.

Precisava descobrir o que estava acontecendo.

Me concentrei em tudo menos na bendita aula, e quando fui dispensada, um misto de alívio e medo me atingiu bem no meio da cara (e na boca do estômago também).

Peguei minhas coisas feliz por deixar finalmente aquele recinto odioso chamado sala de aula, e rumei vagarosamente para o pequeno restaurante localizado a umas duas quadras de distância dali. Pensei nos meus novos amigos. Se quisessem comer teriam que se render à toda a gordura trans dos fast foods ou ir para o fogão, já que o único restaurante decente do campus era longe demais da república para valer a viagem. Ri com o pensamento, eu fazia parte dos dois extremos: Os mimados, sofisticados e muito privilegiados do curso de Direito, e os vagabundos, largados e esquecidos estudantes de Arte. Era assim na Calloun. A universidade tinha um nome, excelentes cursos em todas as áreas, além de programas especiais de dar inveja, mas beneficiava alguns estudantes mais do que outros.

Já estava a meio quarteirão de distância quando saí de meus devaneios. Consultei o relógio, 13:15, Joshua logo chegaria. Um arrepio percorreu minha espinha diante desse pensamento.

– Boa tarde Senhorita. – Um garoto me interceptou na entrada do restaurante. Meus olhos percorreram-no de cima a baixo, e wow, a visão era arrebatadora. Ele tem estatura mediana, pele bem morena e imensos e brilhantes olhos cor de chocolate. Estava trajando um uniforme ridículo de cor vermelha, com um avental verde amarrado na cintura e um boné de mesma cor tapando parte dos cabelos quase pretos. E o sorriso... O sorriso enorme e branquíssimo formava uma covinha discreta e quase irresistível do lado esquerdo de seu rosto.

– Boa tarde... – Pisquei algumas vezes, esforçando-me para recuperar a postura. – Estou esperando ... – O que? Um amigo? Um colega? Um psicopata em potencial? – Uma pessoa. – Acrescentei por fim.

– Ah, claro! Por favor. – Sinalizou para que eu o seguisse. Meu Deus que olhos eram aqueles? E que sorriso era aquele? – Trata-se de um encontro casual, trabalho, romântico... Desculpe perguntar, é que temos alguns serviços especiais no caso de jantares românticos...

– Oh não, por favor. – Cortei, rapidamente, estremecendo só de pensar na possibilidade. E pensar que dias atrás eu teria corado diante de tal pergunta, talvez (provavelmente) até gostado da idéia. Pobre Joshua, eu nem sei se existe algum envolvimento da parte dele nessa história, nem sei se tem realmente uma história, mas graças àquela maldita flor eu teria que manter meu pé atrás com ele até esclarecer tudo. – É só um almoço, nada especial.

– Ok, pode ficar a vontade para escolher seu lugar. – Entramos em um salão de tamanho razoável, com belíssimas mesas de madeira recém envernizadas e toalhas brancas e vermelhas tão limpas que cheiravam de longe. O garoto parou diante de um balcão quadrado, tirando dali dois menus e duas taças, equilibrando-as elegantemente em apenas uma das mãos. – Onde quiser senhorita.

– Alícia. – Corrigi, rumando vagarosamente para uma mesa um pouco afastada, próxima a janela. Ele deixou os menus sobre a mesa, livrando uma das mãos para poder puxar a cadeira para mim. Fiquei encantada com tamanho ato de cavalheirismo, apesar de saber que provavelmente não passava de um gesto de praxe entre os empregados dali. – Você é bem novo... – Observei, enquanto o garoto ajeitava as taças caprichosamente diante dos pratos, e abria os menus deixando-os de pé diante dos dois acentos. – Trabalha bem para alguém tão novo.

– Não tenho outra opção. – Deu de ombros, observei seus músculos relaxarem por um segundo e sua postura mudar. De repente um ar mais largado tomou conta de seu rosto. – Estudo gastronomia, trabalho aqui como estagiário. Se fizer meu trabalho direitinho me deixam ajudar na cozinha duas vezes por semana. No resto do tempo sou meio que um faz tudo.

– Não importune os clientes, Williams. Atenha-se ao seu trabalho. – Uma voz grave veio da direção da porta que provavelmente levava a cozinha. O garoto voltou a sua postura original, endireitando a coluna e fazendo cara de poker. Gostava mais quando ele sorria.

– Ele não está me importunando. – Defendi, mas o gordão que agora abrira a porta e nos encarava não parecia muito afim de conversa. Apenas deu de ombros como quem diz “tanto faz” e voltou para dentro, coçando o enorme barrigão por cima da blusa.

– Obrigado. – Piscou para mim, sorrindo meio de lado. Oh Deus porque tão lindo? – Tenho que voltar pra porta.

E assim ele se foi, me deixando sozinha em minha mesa próxima à janela sem ao menos saber seu primeiro nome. Droga, eu estava curiosa sobre ele. Realmente estava.

_/_/_

PDV doRyan

O caminho até minha casa foi longo e silencioso. O único diálogo que tivemos foi sobre a mania irritante que Stella tem de colocar os pés sobre o painel do meu carro, e como eu detesto isso. Claro que os pés dela continuavam lá, ultimamente todas as oportunidades que tinha para me irritar eram imediatamente acatadas.

Chegamos à minha casa por volta da hora do almoço, e eu mal tinha parado o carro quando Stella saltou, correndo em direção à porta da frente e tocando a campainha alegremente. Não pude deixar de sorrir com a cena, preferia vê-la assim do que presa naquela casa de loucos sendo torturada psicologicamente pelos próprios pais.

Fui até o porta malas do carro e peguei a bagagem dela, depois tranquei tudo e rumei até a entrada. Stella já estava lá dentro.

Mal tinha pisado dentro de casa quando senti um par de braços magros e ossudos em volta do meu pescoço. A voz esganiçada chamou meu nome, mas o som foi abafado já que seu rosto estava perdido entre meu ombro e pescoço.

– Hey baixinha... – Apertei minha irmã mais nova contra mim, beijando-lhe a bochecha demoradamente. A menina tinha 10 anos, e era mais comprida e esguia do que as meninas de sua idade. Mas não importa, para mim continuava sendo a minha baixinha.

– Stella apertou minhas bochechas de novo. – Cochichou no meu ouvido, exibindo sua carranca típica de quando Stella estava por perto.

Eu ri, balançando seus fios loiros e curtos, como os da mãe. – Dê uma chance a ela, prometo que vão se divertir. – Dei-lhe uma piscadela.

– Ah, o bom filho a casa torna, não? – Marion ergueu os olhos por sobre o encosto do sofá onde estava sentada. As íris verdes estavam escondidas atrás de lentes cor de cinza, e os cabelos já curtos estavam uns 2 dedos menores do que da ultima vez que a vira (Há uma semana atrás, como pode alguém mudar tanto em uma semana?) – Em plena segunda feira, primeiro dia de aula. Porque não veio no fim de semana? Não vai perder aula né?

Fui até ela e beijei-lhe a testa, passando os braços por sobre seus ombros. Quase sumiu entre meus braços, ela é muito menor que eu.

– Oi Marion! – Afrouxei o abraço, mas a mantive ali, junto a mim. – Pode ficar tranqüila, esse semestre minhas aulas são noturnas. Vieram almoçar por aqui hoje?

Meu pai e Marion eram o casal mais legal que eu já conheci na vida. Eu tinha 6 anos quando se casaram, e desde então, não viveram um único dia sob o mesmo teto. Ela tem uma mente bem aberta, diferente, criativa, e simplesmente resolveu que morar na casa de outra pessoa ia interferir na sua individualidade, e se recusou a isso. Claro que na prática eles acabam dormindo juntos e fazendo ao menos uma refeição por dia todos juntos então não mudava muita coisa.

Eu sou extremamente grato a ela por muitas coisas. Ela fez de meu pai um homem feliz de novo, e se tornou a mulher mais importante da minha vida, embora eu nunca a tenha chamado de mãe. Pode parecer bizarro, mas graças a todas as histórias que eu sempre ouvi, e as poucas imagens que eu tenho em minha cabeça do quão deplorável meu pai ficou até encontrar Marion, eu associei a palavra mãe a uma coisa negativa. Chamá-la de mãe para mim seria como ofendê-la de alguma forma. Seria como igualá-la àquela mulher que largou o marido e o filho ainda bebê para farrear com um cantorzinho de merda que se dizia amigo do meu pai. Graças a Deus ela sabe que eu a amo da mesma maneira que pessoas normais amam suas mães, eu só chamo de maneira diferente.

– Pois é, viemos. E seu pai está atrasado pra variar, acredita? Vou pedir pra Lidia colocar mais dois lugares na mesa. – Alisou minha barba mal feita, sumindo corredor adentro.

Meus olhos passearam pela sala, Bridget, a baixinha, brincava no canto da sala com um daqueles vídeo games portáteis.

– Cadê a Stella? – Perguntei, espiando por entre o vão do corredor, e atrás das cortinas.

– Porão – Bridget respondeu, sem tirar os olhos do jogo.

Eu devia imaginar.

Desci os degraus de madeira vagarosamente, parando ao fim da escada e encostando-me na soleira da porta.

Stella estava deitada toda largada no sofá ao fundo da sala, seus olhos percorriam os prêmios nas paredes e vitrines, estava pensativa. Era estranho voltar a esse lugar estando brigado com ela, tivemos muitos momentos bons aqui. Naquele mesmo sofá nós já tínhamos feito inúmeros planos, todos loucos e irresponsáveis, mas eram nossos planos. Me lembro de ficar duplamente feliz, pois sentia que ela finalmente estava me deixando entrar na vida dela de maneira mais sólida e profunda. Eu a queria comigo o resto da minha vida, e pensava que esse sentimento era recíproco. Mas o tempo foi passando, e quanto mais eu tentava me aprofundar em nosso relacionamento, mais ela recuava, mais estranha ela ficava, e então eu percebi que tínhamos chegado ao limite. Nunca seríamos mais do que já éramos, e eu precisava de mais.

– Vai ficar aí parado feito um às de paus? – Perguntou, sem olhar diretamente para mim.

Suspirei longamente, caminhando até o velho sofá e sentando-me no braço do mesmo, ajeitando as pernas dela sobre meus joelhos.

– Por que? – Meus olhos fixaram-se em seu rosto, mas os olhos dela ainda fugiam dos meus. – Eu só quero saber por que é tão difícil pra você aceitar o meu amor.

– Ah Ryan na moral, me erra. – Bufou, virando-se de bruços no sofá e escondendo a cara na almofada. – Foda-se, você sabe que eu não sou uma menina fofinha, romantiquinha, amorosinha, se quer uma INHA procura uma e vai tomar no cu.

– Não quero uma INHA. Também não quero que você mude. Mas eu abri mão de muitas coisas por você, porque eu queria que desse certo. E você nunca moveu uma palha, não deixa que eu me aproxime.

– Eu não quero um marido, Ryan! Não queria nem um namorado. Mas você ganhou espaço meio contra a minha vontade. Só que mais do que isso não rola, ta legal? Eu não vou entregar minha vida pra você, nem pra ninguém. Minha vida É MINHA! Você diz que eu não cedi nada, mas é você que não entende quanto eu já cedi. Eu não posso mais, sinto muito. Não posso amar nem você nem ninguém.

Aquilo me doeu. Mais do que qualquer outra coisa que ela tenha me dito, mais do que aquela vez que jogou na minha cara o abandono da minha mãe. Cerrei os olhos, afinal eu ainda tinha um pouco de dignidade e pretendia mantê-la.

– É uma pena... –Murmurei. – Porque eu amo você.

– Então vamos inverter essa pergunta. – Ela sentou-se rapidamente, a almofada onde antes escondera sua cara agora estava acomodada entre suas pernas cruzadas tipo perna de índio. – Por que não podíamos continuar como estávamos? Era bom não era? Porra eu nunca escondi de ninguém que eu não sirvo pra compromisso. É difícil entender isso?

– Não... Eu aceitei seus termos quando começamos a namorar. Mas era diferente na época, meus sentimentos mudaram.

– Mas os meus não.

– Você está mentindo... Pode negar o quanto quiser, eu sei que você me ama. – Sentei-me ao seu lado, agarrando seus dois ombros por puro impulso. – Olha pra mim, olha bem pra mim. Eu não sou como seu pai, nós não somos como eles. Nós podemos fazer dar certo.

– Jura? – Seus olhos se cravaram nos meus pela primeira vez durante toda a conversa, um riso sarcástico acompanhou sua fala. – Isso que todo mundo procura é uma utopia, Ryan, você não é idiota, larga de bixisse! Seus próprios pais são exemplos disso. Olha como eles são diferentes, acha que estariam juntos até hoje se morassem juntos?

– Você não entende! – Ajeitei meus cabelos para trás, bufando inconformado. – Não precisamos ser comuns, muito menos tradicionais.

– Você que não entende! EU NÃO QUERO SER UM CASAL, NEM TRADICIONAL NEM DE JEITO NENHUM!

– Então você namorou comigo dois anos só pra me fazer de besta?

– Foi! – Ela diminuiu a distância entre nós, literalmente peitando-me. Aquele sofá estava ficando pequeno demais pra nós dois. – É divertido não é? Brincar de casinha um pouquinho, sair um pouco da monotonia.

– Está mentindo. – Aproximei-me também, meus olhos fixos nela. – Quer se afastar de mim porque não consegue mais controlar seus sentimentos. Isso te assusta.

Ela gargalhou, passando os braços em torno do meu pescoço, arranhando-o de leve. Contive um arrepio.

– Veremos... – Sussurrou, roçando nossos narizes. – Eu posso me controlar perfeitamente.

Passei meus braços em torno de sua cintura, prensando-a contra o encosto do sofá.

Mordisquei-lhe o lábio inferior enquanto minhas mãos passeavam por suas costas, alternando entre apertos e arranhões.

– Duvido.

Ah, foi a provocação que precisava para despertar até os instintos mais primitivos de Stella (Adoro estar certo). Ela sorriu de canto e contornou meus lábios com a língua, provocando-me. Entreabri os lábios dando-lhe passagem

O beijo era lento, porém intenso, e apesar disso ela não parecia muito afim de rodeios.

Suas mãos, antes no meu pescoço, desceram por minhas costas arranhando-me. E eu tinha certeza que ia ficar marcada essa porra. Alcançou a barra da minha camiseta, puxando-a para cima rapidamente.

– Hey, já? Tudo isso é o auto-controle que você diz que tem? – Provoquei.

– Cala a boca.

Jogou a camiseta longe e suas mãos voltaram a mim. Afrouxou o cinto e abriu o zíper de minha calça com uma delas, enquanto a outra desceu ainda mais e apertou minha bunda por cima da cueca.

Ok, se ela queria sem rodeios, então seria sem rodeios.

Subi sua camiseta até a altura da cintura, distribuindo beijos e mordidas por seu maxilar, depois descendo pro pescoço. Tinha a intenção de tirar a maldita camiseta, mas ela segurou minhas duas mãos, impedindo-me.

Suspirei desapontado.

Ela riu, divertida, mordendo meu lábio inferior.

– As damas primeiro. – Sussurrou. Suas mãos voltaram a minha calça, agora já aberta. Ela retirou o cinto ainda preso à calça e o colocou em torno do seu pescoço. Deixou a calça cair por minhas pernas, e então eu retirei-a com os pés. – Seja um cavalheiro e espere a sua vez.

Stella empurrou meus ombros invertendo nossas posições, agora quem estava de costas para o sofá era eu. Levou seus lábios ao meu pescoço, enquanto suas mãos arranhavam meu peitoral de maneira nada gentil. Logo sua boca seguiu seu caminho até meus ombros, e então o peito,alternando entre mordidas, lambidas e chupões.

As mãos desciam também, passaram por meu abdômen e chegaram a minha cueca.

Foi impossível conter um suspiro quando senti seus dedos estimulando-me por cima da cueca.

– Ryan... – Miou. Ah droga, ela sabe que não pode fazer isso comigo. Senti meu membro enrijecendo sobre seus dedos. – Eu senti sua falta sabia? Acho que esse reencontro merece uma brincadeirinha diferente.

– Diferente? – Perguntei, já com a voz rouca e respiração descompassada.

– É... Diferente. – Me empurrou, e apressou-se a sentar no meu colo, uma perna de cada lado do meu corpo – Uma coisa que eu sempre quis tentar.

E então tirou o cinto do pescoço, passando-o em volta dos meus dois pulsos, apertando um pouco.

– O que você pretende com isso? – Arqueei uma sobrancelha, desconfiado. Afinal, era a Stella.

– Relaaaxa, só vou te torturar um pouquinho... – Rebolou um pouco em meu colo só pra reforçar seu argumento.

Argh Porra!

E então,sem que me desse conta de como exatamente isso aconteceu (afinal ela estava me distraindo de maneiras totalmente injustas), ela acabou amarrando o cinto ainda preso em meus pulsos no suporte da estante, logo acima do sofá. Tentei retirar os pulsos, mas estava preso, bem preso a estante. E até que eu estava achando essa novidade interessante.

– Viu? Vai ser divertido... – Ela segurou meu queixo com uma das mãos, depositando um beijo indecente em meus lábios. –Eu pelo menos vou me divertir bastante!

Aí eu observei atônito enquanto ela recolhia minhas roupas no chão e saía correndo, me deixando sozinho no sofá, duro e só de cueca. Mas não sem antes se vangloriar, é claro.

– Parece que não sou eu quem não consegue se controlar aqui. – E subiu as escadas, feliz e saltitante.

– STELLA! – Gritei, inutilmente. – STELLA VOLTA AQUI!

Ela riu em resposta, já da metade da escada. Puta que pariu.

_/_/_

PDV da Alícia

Não pude mais ver o bonitão do sorrisão depois que teve que voltar para seu posto. E claro, cada vez que olhava para o relógio e via que o horário marcado com Joshua se aproximava, sentia meu estômago se revirar em resposta. Infelizmente, não era aquele nervosismo gostoso de primeiro encontro.

Estava tentando ao máximo não ser paranóica, juro. Mas uma sirene de alerta se acendeu na minha cabeça quando vi o espaço vazio onde deveria estar minha caixinha de correspondências. Para mim, a mensagem estava bastante clara: Não queremos você aqui.

Joshua chegou pontualmente as 13:30. Estava menos formal dessa vez, usava um jeans escuro com uma camisa social dois botões aberta e um sapatênis. Trazia flores.

Tive que fazer uma força tremenda para não recuar diante do buquê de rosas brancas e vermelhas. Peguei-o nos braços, acomodando-o na cadeira ao meu lado enquanto o garoto se sentava.

– Sem fita preta? – Perguntei, alisando as pétalas o mais suavemente possível

– Fita preta? – Ele fez uma careta de reprovação, enquanto ria suavemente. – Quem teria tamanho mal gosto?

– É o que eu estou tentando descobrir... – Murmurei, mais para mim mesma do que para ele.

Droga, eu precisava arrancar alguma coisa a mais. O que eu podia deduzir a partir de um buquê de flores sem fita? Absolutamente nada! Eu sou péssima nessas coisas, nunca soube ser discreta. Meu Deus aonde eu tinha me metido?

– Então... O que tem feito esses dias? – Perguntei, com um sorriso no rosto. Minha mente matutava tudo e nada ao mesmo tempo, buscava perguntas que poderiam me dar respostas mais conclusivas sem dar muita bandeira, e ao mesmo tempo procurava saídas de emergência caso fosse necessário

– Nada demais, saí com uns amigos no fim de semana, fomos farrear na cidade e acabamos dormindo por lá, Eu queria ter ajudado mais com aquele escândalo da foto, mas estava longe.

– Ah, tudo bem. As coisas estão melhorando. – Fora da cidade huh? Será? – Hoje por exemplo, fui cantada, humilhada, e até apalpada no caminho pra aula. E tinha uma cópia daquela maldita foto no mural do prédio. Nada que me abale muito. – Sinceramente, não abalava mesmo. Com os comentários eu me resolvia, e quanto a foto, bom, todo mundo já viu mesmo. – Hey, vocês tiraram fotos do fim de semana? Não conheci muitos lugares desde que vim da Argentina, adoraria poder ver mais.

– Fotos? Ah, claro. Minha câmera não esta aqui...

– Me dá o endereço da sua república, eu passo lá mais tarde. – Tirei uma caneta e uma folha de caderno da minha bolsa e estendi a ele.

– Na minha república...? – Ele parecia desconfortável, mas eu não podia afirmar se estava escondendo algo, afinal se uma pessoa que mal te conhece se oferece pra ir à sua casa, você fica desconfortável de qualquer jeito. Droga, eu simplesmente não consegui pensar em nada melhor. – Bom, tudo bem... – Pegou o papel e a caneta, anotando o endereço ali. – Mas eu posso fazer mais do que simplesmente te mostrar fotos... Podemos sair no fim de semana. Eu te levo a cidade.

– Cidade? Eu e você? Só? – Me segurei discretamente no braço da cadeira. Oh Deus, e agora?

Eu tinha que ficar lembrando a mim mesma que não tinha prova nenhuma contra ele, não tinha absolutamente nenhum motivo para temê-lo. Mesmo que a história de Ryan seja real, absolutamente nada o liga a ela. Mas sabe aquela sirene de alerta? Pois é, brilhava bastante perto dele.

– Bom... Ok, vai ser legal, eu acho.

Ele abriu um sorriso enorme. Seus dentes eram brancos e perfeitos, mas não pude deixar de lembrar do moreno do sorrisão. O sorriso de Joshua não era tão bonito quanto aquele.

– Podemos pedir? Eu ainda não comi nada hoje, estou morrendo de fome! – Disparei, sem rodeios. Ele riu me estendendo o cardápio.

– Gosto do seu jeito sincero.

– Jeito de ogra, você quer dizer.

– Exatamente. – Ele manteve os olhos em mim, senti-me enrubescer. – Uma ogra linda.

Ok, agora definitivamente eu era um pimentão.

– Er, por favor! – Chamei o garçom que passava. – Tem bife e batata frita?

– Tem sim senhorita. – Ele se aproximou, com seu bloquinho de anotações. – Mas nós temos vários outros pratos, não quer nem dar uma olhada?

– Qual o problema com a minha batata frita? – Perguntei, entre risos.

– Nenhum, imagina. Só não é um pedido usual.

– Ela não é uma garota usual. – Joshua se pronunciou, galante. Estava começando a duvidar que alguém tão gentil pudesse estar envolvido em uma coisa tão podre, mas a sirene insistia em piscar. – Pode trazer dois bifes com batata por favor. E um suco de abacaxi pra mim.

– Uma coca grande, por favor.

Joshua riu, enquanto o garçom anotava o pedido.

– Você é a gorda mais magra que eu já vi! – Brincou, sua mão alcançou a minha tão rapidamente que eu nem tive tempo de esboçar uma reação.

– Ah, obrigada, eu acho. – Respondi, vermelha.

O garçom acenou afirmativamente, tirando a primeira folha do bloquinho e colocando no bolso, provavelmente para entregá-la na cozinha. Em seguida agachou-se para trocar nossos guardanapos. Abri a boca para avisá-lo de que não era necessário, afinal os guardanapos eram claramente novos, e foram colocados a pouco. Ele piscou para mim antes que eu dissesse qualquer coisa.

Olhei para Joshua, que digitava alguma coisa no celular, distraído.

Aproveitei a deixa e fucei meu guardanapo. Deveria ter algum motivo para aquela troca.

Abri-o por debaixo da mesa, discretamente (ao menos tentando ser discreta, parece que estava conseguindo, YAAY), e no verso, escrito a caneta preta bem pequenininho, tinha um número de telefone.

Meus olhos vasculharam o restaurante, apenas para encontrar os brilhantes olhos chocolate do moreno do sorrisão. Ele piscou pra mim, e eu sorri em resposta.

Voltei minha atenção ao guardanapo, ao lado do número tinha um nome.

Landon Williams. Landon. Bonito nome.

O almoço ia ser loooongo... Mas talvez não tão chato quanto achei que fosse.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Não gostaram? Joshua presta ou não presta? O que vocês acham? Vamos amores, falem comigo ok? Juro que sou legal haushaushas.

Até o próximo, e o próximo PROMETE! Beijoos



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