Audiolivro - Capítulo 24

XXIV

Nico

O cansaço de poucas horas de sono, somado a falta de comida e ao esforço gasto para transportar o campista pelas sombras, fez com que Nico desmaiasse no chão do acampamento.

Acordando com a cabeça latejando Nico olhou ao redor e percebeu que estava novamente na enfermaria, mas dessa vez não teve a mesma recepção calorosa de antes, ninguém estava ali esperando que Nico acordasse, não que ele achasse que Reyna fosse ficar em seu leito esperando ele acordar para que seu rosto fosse a primeira coisa que Nico visse, claro que não, ele não estava esperando nada disso.

Colocando os pés no chão, Nico esperou um momento antes de levantar-se, queria ter certeza que não cairia de novo. Ficou de pé e colocou a mão na barriga, seu estomago roncava audivelmente, Nico tinha que comer alguma coisa rápido.

Quando saiu da enfermaria, Nico viu o acampamento turbulento, os ânimos tinham abaixado depois da noite passada, mas eles já estavam se preparando, o arsenal estava quase terminado, todo tipo de arma estava sendo feita as presas pelos filhos de Hefesto, Vulcano e por Tyson, o grandão mandava bem no que fazia.

Todos estavam encarregados de algo, os menores estavam consertando os estragos feitos nos chalés, alguns buracos no teto, portas quebradas, entre outros. Olhando para os chalés Nico percebeu que eles não eram realmente seguros, Nico não estaria seguro lá dentro quando estivesse no sono de morte, ele teria de arranjar outro local, isso era um problema.

Querendo falar sobre isso com Reyna, Nico começou a procura-la, antes parou para pegar algo para comer com os filhos de Deméter, eles ficaram encarregados dos estoques de comida. Nico comeu um pouco mais do que devia, queria tampar o vazio que estava sentindo. Uma filha de Deméter sorria o tempo todo para Nico enquanto ele comia, deixando-o sem jeito.

Após comer Nico agradeceu e se retirou rapidamente antes da garota falar algo. De longe Nico viu Dakota, desde que os acampamentos se uniram Nico não tinha falado muito com os romanos, na verdade Nico não tinha falado muito com ninguém.

Quando estava se aproximando de Dakota, ele avistou Nico e acenou.

“Olha só, quem diria, grego, heim?

Nico deu de ombros.

“Desculpe não dizer antes, você sabe, não podia com todo aquele risco de nos matarmos.”

Com um tom totalmente relaxado Dakota respondeu.

“Não que já não fizéssemos isso nos jogos de guerra, Octavian quem o diga.”

“É concordo.”

Nico teve de rir com essa.

“Enfim, no que posso ser útil?”

“Estou procurando por Reyna.”

Antes que Dakota respondesse, outra voz o fez.

“Ela está sobrevoando o acampamento nesse momento, pode falar comigo na ausência dela.”

Nico olhou feio para Octavian que se aproximava, enquanto isso Dakota ria como se tivesse ouvido a piada mais engraçado do mundo.

“Desculpe Octavian, mas ninguém o nomeou o vice no comando.”

Dakota disse, Octavian cruzou os braços e o encarou.

“Eu sou o Áugure, portanto sou o segundo no comando.”

“Ah, não é não, Percy e Frank estão na sua frente.”

Nico rebateu, as bochechas de Octavian ficaram rosadas de raiva.

“Eles não estão aqui, você tem que se reportar a mim!”
Dakota interveio.

“Não na verdade, não somos obrigados, estamos com os gregos agora, temos de aceitar algumas coisas do lado deles também e se for assim, o segundo no comando tem de ser grego. Me contaram que o Percy meio que era o líder junto com sua namorada, mas como ele não está aqui, acho que di Angelo é uma boa opção.”

Arregalando um pouco os olhos, Nico não sabia se o que ele tinha dito era brincadeira ou não, Octavian parecia a ponto de explodir, então Nico tinha que cair fora dali.

“Tudo bem, obrigado Dakota, se puder avisar a Reyna que estou procurando ela, eu agradeceria.”

“Sem problemas.”

Nico queria sair dali antes que Octavian dissesse mais alguma coisa, mas não conseguiu ser tão rápido.

“Sabe o que eu vejo, di Angelo?”

Não, Nico não queria saber, cogitou a ideia de jogar Octavian nas sombras e só tirar ele de lá quando tudo acabasse, mas achou que não seria uma boa ideia, apesar de ser tentador.

“Não, não quero saber.”

Novamente Nico tentou dar as costas, mas Octavian o parou, apontou uma adaga para Nico e continuou dizendo.

“Vou te falar o que vejo.”

Tirando um ursinho de pelúcia de dentro de sua toga. Ele realmente andava com ursinhos por ai? Pensou Nico. Cortando a cabeça do ursinho e depois estripando a pobre criatura, Octavian disse em um sussurro.

“Ela pode morrer e você não poderá impedir.”

Outros campistas paravam para ver a cena, gregos riam, alguns romanos também, outros olhavam apreensivos, aqueles que sabiam o que significava tudo aquilo. O sangue de Nico ferveu, Octavian era insuportável desde quando conhecera ele no acampamento Júpiter, todos achavam isso. Deixando-se levar por Octavian, perdendo o controle totalmente, Nico fez o que queria fazer com Octavian desde sempre, Nico socou o seu nariz.