Audiolivro - Capítulo 23

XXIII

Nico

Nico ainda olhava a semente em sua mão, já estava escuro dentro do chalé, a noite já tinha caído no acampamento, Nico colocou a semente novamente no bolso e foi se deitar, não se importou em ir comer algo, não estava com fome.

Deitado de barriga pra cima com as mãos embaixo do pescoço Nico pensou em Reyna. Nico não sabia como em tão pouco tempo poderia confiar em alguém da forma que confiava em Reyna, ele queria muito dizer o que estava sentindo, por mais confuso que pudesse estar, Nico sabia o que sentia, sabia como era bom esta perto de Reyna, como sua confiança o inspirava.

Depois de tanto tempo fazendo tudo sozinho, se sacrificando tanto sem ter ninguém em que se apoiar, além de Bianca que se fora, Nico sabia que podia contar com Reyna e ainda mais depois do que o treinador e Mellie disseram “confie no seu coração, dê uma chance para o amor” Millie sussurrou isso no ouvido de Nico quando o abraçara.

A confiança de Nico era ainda maior por causa do que o Cupido dissera, ele havia dado outra chance para Nico e ele não poderia desperdiçar. Nico não notou quando caiu no sono, o que o acordou fora a comoção do lado de fora, ouvia gritos de ordens por todo lado.

Levantando apresado Nico pensou que já era a segunda noite seguida que dormia com a roupa do corpo, já estava precisando de um banho, quando correu para a porta do chalé e a abriu.

O acampamento estava uma confusão, alguns chalés estavam pegando fogo, vários semideuses se mobilizavam para apagar as chamas, Nico notou que um grupo de uns doze semideuses estavam com arcos apontados para cima, Nico não entendeu de primeira no que eles miravam, até que a primeira tora em chamas caiu do céu a um metro de Nico.

Assim que a tora caiu os arqueiros atiraram, uma saraivada de flechas tentava acertar o que quer que fosse, Nico olhou para a escuridão do céu até que a viu, era uma fúria, ela tinha acabado de jogar aquela tora de madeira em chamas, Nico notou também que outras duas fúrias vinham com mais madeira em chamas.

Correndo para ajudar no que fosse preciso, Nico pegou baldes de água que estavam cheios e jogava no fogo. Afinal de contas que horas eram? Nico não sabia dizer, só sabia que a cada dia que passava era um a menos na conta, e agora o que faltavam? Cinco dias? Será que eles teriam mais cinco noites assim? E a barreira aguentaria?

Quando Nico pensou na barreira, automaticamente olhou para a árvore de Thalia, Nico ficou horrorizado quando a viu queimar. A árvore ardia em chamas de todo o seu lado esquerdo, já o seu lado direito, onde estava o velocino de ouro, ainda estava intacto.

O fogo não atingia o velocino nem nada ao seu redor, parecia que enquanto ele estivesse lá a árvore ia suportar. Por Zeus pensou Nico, a árvore tinha que suportar. Sem vacilar Nico e os outros apagavam os incêndios, olhando para o céu Nico focalizou pégasos e em um deles viu Reyna, eles estavam atacando as fúrias. Reyna era muito boa no ataque, conseguiu cortar as asas de uma delas que caiu em direção ao acampamento, ela bateu numa parede invisível e começou a escorregar fazendo um barulho engraçado de pele raspando em vidro, a cena foi bizarra.

Enquanto Reyna e os outros impediam as fúrias de jogar mais toras incendiadas, em terra Nico e os outros já tinham apagado todos os focos de incêndio e todos foram para a árvore.

As chamas já cobriam a copa da árvore, a cena era assustadora. Vários filhos de ares e alguns romanos seguravam duas mangueiras de incêndio. Olhando aliviado Nico reparou que as chamas estavam se apagando facilmente, até não haver mais nenhuma.

Eles haviam conseguido, parece que sobreviveriam aquela noite. Nico ouviu um grito, antes da última fúria fugir ela conseguirá matar um pégaso e derrubar o ocupante, que caia como uma bala em direção ao chão, Nico viu Reyna dar um mergulho com seu pégaso, mas era tarde demais, ela não conseguiria pega-lo.

Antes que tivesse tempo para pensar Nico fez um buraco de sobras bem aonde o campista iria cair, Nico estava treinando isso desde que perdera Reyna nas sombras. Ele tentava transportar objetos por elas de um lado para outro do seu quarto, estava funcionando, então Nico teve de arriscar.

Se concentrando o máximo possível, Nico esperou o garoto passar pelas sombras para transporta-lo, assim que viu ele sumir Reyna freou com seu pégaso, confusa, ainda sobrevoando ela olhava ao redor. Nico se concentrou em trazer o garoto de volta e em um estante ele apareceu do seu lado.

O garoto estava pálido e parecia tremer, mas estava intacto, Nico abaixou as mãos, sem perceber que estavam levantadas e ofegou cansado. Alguns campistas o olhavam com surpresa e talvez um pouco de admiração, Nico ficou sem graça, mas abaixou e falou com o garoto.

“Hey, você está bem?”

“O que foi isso?!”

Ele respondeu assustado.

“Desculpe, mas acho que você acabou de fazer sua primeira viagem nas sombras.”

O garoto olhou confuso, Nico sorriu fracamente e se levantou, dois campistas correram para darem assistência para o garoto. Mesmo ainda sentindo alguns olhares em suas costas, Nico se afastou da multidão cambaleando em direção a Reyna que acabara de pousar, antes que pudesse chegar até ela Nico desmaiou.