O Garoto da Última Casa escrita por Bruna Ribeiro


Capítulo 47
Cpítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Hey, desculpem a demora.
Mas ai está um capítulo. Um capítulo final.
Bem, sobre minha outra história, postarei apenas amanhã. Sobre essa, quero opiniões, pessoal.



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CAPÍTULO 46 - ANAGRAMAS

William Hãnsel

–O que Olaf está fazendo aqui? – apontei, para a figura de um homem relativamente alto, com cabelos castanhos e olhos da mesma cor, que tinha um sorriso torto nos lábios, como se estivesse se divertindo diante da minha confusão.

Tudo realmente estava uma bagunça aquela semana. Assim que Ashley descobriu que a Lua Minguante seria no próximo sábado, meio que todos nós enlouquecemos e começamos a tentar utilizar nosso tempo para qualquer coisa que pudesse ajudar. Não havia mais Jessica, não havia mais confusão, não havia mais efeitos colaterais da Maldição, havia apenas Sarah e havia apenas a nossa missão de fazer o possível e o impossível, para que ela ficasse onde quer que estivesse e por muito tempo. E agora, eu mal podia acreditar, que Alexis tinha faltado a reunião importante do nosso grupo sobre Sarah, para fazer um prova com a La Canters e tinha mandado Olaf em seu lugar. Bem, eu não odiava Olaf, mas certamente ainda não confiava nele totalmente. Sentia que não deveria.

–Olá, William – ele disse – Certamente, também é um prazer vê-lo.

–Bem, Olaf, não tenho nada contra você, mas, sei lá, é meio complicado.

–Acredito que seja – ele deu de ombros.

–Por que você não está me acusando ou algo assim? – perguntei. Olaf trocou o peso de um pé para o outro e cerrou os olhos em minha direção.

–Eu deveria?

–Você disse que meu nome antes de desmaiar, estava ferido, você foi atacado, Alexis me olhou torto por um tempo. Não vai me culpar?

–Minha memória foi ferida, William – ele respondeu – Não sei muita coisa sobre o que aconteceu sobre aquela semana e não sei nada sobre aquele dia. Também não sei porque disse seu nome, mas olhando para você agora – ele me avaliou dos pés á cabeça – Bem, certamente não foi você que me deixou naquele estado. Eu o venceria em um duelo.

Ashley segurou o riso, mas Henry não. Henry gargalhou alto e eu senti um quê de vingança quanto a essa risada exagerada. Mas me mantive quieto. Não queria insinuar que eu acabaria com Olaf – o que provavelmente aconteceria, por causa do meu excelente estado fisíco – e passar a impressão de que eu tinha algo a ver. Se eu poderia ter feito isso, se eu acabei de insinuar que eu poderia ter feito isso, o que me impediria de fazer?

Isso me traria problemas, mais dos que eu já tinha.

Alexis me olharia torto, porque certamente Henry faria questão de contar sobre o assunto e o resto dos meus companheiros fariam o mesmo. Era algo natural, julgar, e para mim também era normal ser julgado. Passei minha vida assim. As pessoas mundanas me olham com pena por meu pai ter matado toda a sua família e apenas ter me deixado vivo e os Bruxos me olhavam com desconfiança e desdém, porque dentro de mim vivia uma coisa maligna e ruim, que ameaçava não só a vida de algumas pessoas, mas da cidade inteira. Por falar em Maldição, eu realmente estava achando muito estranho toda aquela situação que estava vivendo sobre esse assunto. Eu me sentia o mesmo, eu fazia a mesma coisas. Eu não me sentia um Amaldiçoado como achei que deveria me sentir. Eu não deveria estar louco atrás de qualquer mulher? Eu não deveria já estar querendo me casar? Eu não deveria estar pronto para matar minha família? Mas, ao contrario disso, eu estava apenas como sempre fui. Confesso que o que aconteceu entre eu e Jessica foi estranho, mas era como se eu sentisse algo pulsando dentro de mim quando a via, era como se eu sentisse que a minha obrigação era estar com ela, que era a coisa certa a fazer. Mas então Alexis Miller entrou no meu quarto e me beijou. Sabe quando seus pais mandam você fazer algo e um de seus amigos diz que realmente não é necessário que você faça isso e então você não faz? Eu senti mais ou menos isso. Era como se a obrigação que eu sentia por Jessica sumisse, e desse lugar a um sentimento de desejo. Eu queria não ter dito ‘’Chame Jessica, por favor’’ para a Miller, eu queria ter dito ‘’Fique comigo’’. Mas eu não disse isso e muito menos ela ficou. Eu senti seu olhar decepcionado e isso me machucou um pouco. Assim que ela saiu do meu quarto, Jessica e eu resolvemos sair de casa e eu terminei o que tínhamos.

Jessica realmente não parecia a mesma e eu não me sentia o William de antes. Eu não me sentia tão otimista quanto a vida, não me sentia mais tão orgulhoso quanto a tudo, eu me sentia como qualquer um deveria se sentir. Normal. E era melhor por um fim nessa confusão, antes que ela se prolongasse.

–Tudo bem, chega de discussões – Ashley falou – Estou cheia disso. Temos que falar sobre as Bruxas e sobre Sarah.

–Não temos o que falar, esse é o problema – Henry interveio – Não sabemos quem é a irmã de Olívia. Só sabemos que ela precisa estar em um ponto alto da cidade e na Lua Minguante.

–Temos então que usar essas informações – Olaf comentou o óbvio. – Bem, Georgia me mostrou a carta que minha mãe mandou para ela. A carta que fala sobre um segredo e tal. Eu sei também que Olívia me disse que as Bruxas são orgulhosas. Mesmo disfarçadas elas precisam de alguma coisa que seja parte de quem elas são de verdade. Um acessório, um detalhe, um nome, uma roupa, qualquer coisa.

–Não faço ideia de quem foi a irmã de Olívia e muito menos quem tem algo parecido com ela. – disse.

–Eu sei – Olaf falou – Vamos pensar um pouco.

–Oi, pessoal, me desculpe, eu me atrasei – Brad entrou sem bater e Miranda sorriu torto em sua direção – Espero que não tenha perdido muita coisa.

–Certamente não perdeu – disse.

–Isso! Ganhei! – Gabriel gritou, com os óculos na ponta do nariz e o sorriso vitorioso, sentado na mesa de jantar.

–Você ganhou o quê? – Jessica perguntou, carrancuda.

–Eu me fiz uns desafios sobre anagramas – ele disse – Coloquei várias palavras que achei e estou mudando suas ordens para formar outras. Eu acabei de conseguir fazer isso com 100 palavras. Isso foi incrível.

–Hey, que maneiro cara, se não morremos até esse final de semana, podemos escrever você em um campeonato – disse e Gabriel abaixou os ombros. Eu era um idiota. Definitivamente. Meu primeiro intuito quando via uma pessoa feliz, era tentar abalar sua felicidade, porque eu não acreditava realmente em um felicidade completa e queria que as pessoas fizessem o mesmo, queria que elas sentissem um pouco do que eu sentia. Isso era egoísta e eu era um idiota egoísta.

–Me desculpe – ele disse – Mas eu preciso de mais palavras. Não posso impedir isso. – eu apenas acenei em sua direção.

–Hey, onde está a Alexis? – Brad perguntou.

–Com a La Canters, fazendo prova – respondi.

–A-há! La Canters, prova, Alexis! – Gabriel exclamou – Minhas novas palavras! – ele abaixou a cabeça e começou a escrever algumas coisas em um papel.

–Eu realmente acho que estou em um hospício as vezes – comentei.

–Esqueça isso – Olaf falou – Pensem. Minha mãe também falou sobre uma manchinha na clavícula. Deve ver alguém que se esconde por baixo de muita roupa.

–Freiras? Padres? Como vamos saber?

–William, se concentre.

–Oh, Meu Deus, estou concentrado, sou a pura concentração.

–O nome Alexis pode formar Laxis, Lixas e outras coisas sem sentido – Gabriel comentou e nos o ignoramos – a palavra prova pode formar pavor e La Canters pode formar La Centars, Lantacers, Lancaster...

–Merda! Lancaster! – olhei alarmado em sua direção – Droga! O nome! Ela mantém o nome!

Eu realmente estava histérico. O nerdizinho dos anagramas desvendou o maior de todos os jogos e isso não era fantástico?

Ashley abraçou Gabriel com tanta força, que sua pele muito branca, ficou avermelhada e eu ri disso, porque realmente me senti mais relaxado. O clima ficou melhor e Gabriel totalmente envergonhado.

–Alexis vai vibrar quando.... – Brad começou a falar, mas não terminou.

Todos nos ficamos em silêncio, olhando um para o outro.

Alexis, droga, Alexis estava com a Lancaster.

Mas ainda não tínhamos alcançado nosso ápice do terror.

Assim que viramos para correr pela porta, Miranda impediu nosso caminho. Ela parou bem na frente da entrada, de braços cruzados e com um sorriso malicioso.

–Realmente achei que vocês nunca fossem descobrir – ela disse, rindo – São tão idiotas!

–Miranda? – eu quase não conseguia juntar as letras e formar essa palavra. O que minha amiga e governanta estava dizendo?

–Meu nome é Alister, menino – ela corrigiu – E eu sou uma Bruxa da Maldição.

–Você ajuda a irmã de Olívia?

–Nós a chamamos de Calliope – ela respondeu – Lembra poder, para nós.

–Só pode estar brincando.

–William Hãnsel, eu cuido da sua família a anos – ela disse – Isso nunca lhe pareceu suspeito?

–Você era minha única amiga, você era minha família!

–Eu odeio sua família, garoto. Estou aqui para verificar se tudo está correndo bem com você. Na verdade, se tudo esta correndo mal – ela riu sozinha. – Agora, nesse momento, Alexis Miller deve estar tendo uma conversinha com sua titia.

–Se Calliope tocar em Alexis ela vai se arrepender – Olaf ameaçou.

–Infelizmente, ela não irá – a Bruxa rebateu – Assim como a Maldição requer o sangue e a morte da última descendente de Sarah, a invocação dessa nossa digníssima anfitriã também requer esse sangue. Como vê, a concretização da Maldição é importante, mas a invocação de Sarah é mais. Alexis Miller será morta nesse sábado, daqui a um dia. E vocês, pelo menos, estarão machucados demais para impedir. Esse é meu trabalho.

Ela então correu para cima de Ashley e arranhou seu braço, com suas unhas como facas. Houve um minutos de surpresa, aparados por gritos de uma garota magrinha e loira no chão – que estava se contorcendo de dor. Finalmente, nosso transe foi quebrado e nós corremos para ajudar.

A bruxa agarrou o braço de Brad e o jogou para o outro lado da sala, esticou a mão na direção de Gabriel e recitou alguma coisa em voz baixa – o garoto voou e se manteve paralisado na parede. Olaf foi acertado com uma cadeira e Henry com um criado mudo. Só restou Jessica e eu.

Como se soubéssemos o que fazer apenas com uma troca de olhares, eu tirei a adaga de meu pai de dentro de um bolso ao lado da minha calça e Jessica agarrou sua faca cintilante. A garota correu em direção a Bruxa que mal teve chance de se preparar, mas conseguiu jogar a Oliver no chão no momento exato que eu cheguei até ela.

Eu tentei cortar seu braço, mas ela se esquivou.

–Eu ensinei seus truques, garoto – ela disse, entre risadas ofegantes – Tirando sua Maldição, você ainda é um mundano.

–Mas eu não sou, senhora – Jessica levantou as mão e as fechou em forma de soco em direção a Bruxa, do chão. Em um segundo Miranda estava ao meu lado e no outro tinha atingido uma parede. Para a minha surpresa, ela se colocou de pé rapidamente e começou a gargalhar.

–Você é insana – ela disse – Eu sou uma poderosa Bruxa e não uma idiota Aberração.

Ela correu em direção a Jessica que ainda se mantinha caída, imóvel e assustada. Antes que ela alcançasse minha amiga, eu pulei em seu caminho, a joguei no chão e em um movimento rápido, perfurei com faca sua barriga. Eu nunca senti tanta dor em toda a minha vida. Não era só porque eu via o sangue jorrando de uma pessoa que eu amava, era também porque Miranda havia perfurado com suas unhas gigantescas minha perna, e uma ferida enorme começava a se abrir.

–Eu espero que você morra, William – ela disse com dificuldade – E eu espero que seja doloroso.

–Eu amo você, Miranda.

–Eu não sou Miranda!

–Por isso mesmo. A minha Miranda não é você e eu sempre vou amá-la.

–Não se pode amar uma ilusão.

–Você está enganada – eu disse – Se pode amar qualquer coisa.

–Você... Você é apenas um mundano, William – ela puxou mais o ar – E Alexis morrerá até sábado á noite.

–Você está errada – eu disse – Eu não sou apenas um mundano qualquer, eu sou William Hãnsel. E eu farei de tudo, acredite em mim, eu farei de tudo para que Alexis viva por muito tempo.

Ela fechou os olhos e eu também fechei os meus.

De raiva, de frustração e de medo.


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