Sobrevivendo pela Sorte escrita por Alexyana


Capítulo 8
Capítulo 8 - Não importa.


Notas iniciais do capítulo

Oi amiguinhos, tudo bem com vocês? Estou mexendo escondida da minha mãe x.x V1D4 L0K4 Esse capitulo está bem agitado, na minha opinião. Espero que gostem!



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“Lights go out and I can't be saved
Tides that I tried to swim against
You've put me down upon my knees
Oh I beg, I beg and I plead
Singing”
–Clocks, Coldplay

Entramos em uma espécie de casa/armazém, está escuro aqui dentro. Espio pela fresta enquanto eles estão em uma espécie de discussão sussurrada, lá fora há pessoas caminhando na rua, com casas normais, crianças. Definitivamente não parece um apocalipse, parece um lugar bom de viver.

Ouvimos um barulho de chave destrancando a porta, fodeu. Corremos e nos escondemos, é só um homem, Rick rapidamente o imobiliza. Até que ouvimos barulhos de tiros e gente gritando, definitivamente o lugar certo. Começamos a nos mover, pego minha AK-97 e deixo pronta para qualquer surpresa. Entramos em uma espécie de labirinto, há homens armados aqui. Uma voz masculina está falando algo, a voz de Maggie e Glenn é ouvida, agora começou.

Tonny pega as bombas de gases e joga na direção deles, não da para enxergar nada aqui, mas é nossa única chance. Pegamos Maggie e Glenn, os tiros começam a ecoar. Saímos meio correndo meio andando pelas ruas, as pessoas já descobriram que estamos aqui. Entramos novamente em uma casa, Glenn está totalmente machucado e michonne sumiu. Daryl pega mais bombas de nitrogênio.

–No três, um, dois – Fala Rick preparando para abrir a porta, estou totalmente apavorada. “Seja homem” ordeno a mim mesma- Três!

Recomeçamos a correr/andar em meio à nuvem de fumaça que se formou. Os guardas descobriram a gente, merda. Começo a atirar mesmo sem ver, faz tempo que não atiro, mas pelo jeito não perdi a prática. Vou andando pelo meio da rua, me escondendo atrás de arvores, sem parar de atirar em nenhum momento. Percebo que tem um homem mirando em Merle e atiro. Eu matei uma pessoa. A culpa me atinge, mas continuo.

De repente mãos me puxam para o muro, fico totalmente desesperada, será que um capanga me pegou? Será que vão me matar? Começo a me espernear tentado escapar.

–Para de escândalo baixinha, estamos em meio de um tiroteio- Fala o homem. Fico totalmente paralisada. O que ele está fazendo aqui? Como ele me encontrou?

Viro encarando-o: os mesmos cabelos pretos, os olhos verdes, a altura, enfim, é o meu primo. Abraço ele como se o mundo fosse acabar. Ops, irônico. Separamos-nos rapidamente, não temos todo tempo do mundo.

–Ai meu Deus Piter! Você está vivo! Está tudo bem?Como sobreviveu? O que você está fazendo aqui com o grupo inimigo? –Bombardeio ele de perguntas, enquanto o tiroteio continua.

–Cala boca Kath, estou bem, sobrevivi do mesmo jeito que você. Acho que eles nos enganaram, no nosso ponto de vista vocês são os vilões, mas isso não vem ao caso. Precisamos fugir - Fala ele rapidamente.

–Eu não posso fugir, meus amigos estão aqui, dependendo de mim também. Preciso ajuda-los. E a Ashley? Ela esta viva?

–Sim kath, mas ela não é mais a mesma, ela está diferente. - Responde ele vagamente.

–Como assim diferente? Me leve até minha amiga! –Exclamo.

–Para garota, agora não dá. Floresta, depois do almoço, daqui uma semana, perto de um riacho. Ok? Esteja lá. –Fala ele beijando o topo da minha cabeça e saindo novamente em direção à rua.

Recomeço a atirar mesmo sem ver, depois irei pensar nesse encontro com Piter. Sinto uma ardência na minha coxa esquerda e percebo que fui atingida de raspão, mas está meio fundo e sangue não para de sair, caralho. Meio mancando vou andando pelo meio da rua, me escondendo, sem parar de atirar em nenhum momento. Encontro Rick e os outros.

–Vão, vão, vão! –Grita Rick correndo em direção a uma parede, Tonny atrás de mim me dando cobertura, eu estaria preocupada agora, se eu tivesse tempo. Escondemos e pegamos mais bombas, parece que são infinitas.

–Temos que continuar. –Fala Rick- Temos que ir pro muro!

De vez em quando viro na direção da rua e atiro, me escondendo rapidamente logo em seguida.

–Vocês vão na frente, eu dou cobertura- Ordena Merle.

–Não, temos que ir todos juntos! –Discorda Maggie. Merle simplesmente ignora e lança o próximo gás em direção à rua.

Começamos a correr novamente, minha coxa está realmente doendo, mas ignoro. Tonny continua atrás de mim me mandando correr. Até que chegamos a um ônibus na fronteira, Maggie e Rick começam a subir, Tonny sobe e tenta me ajudar, mas minha perna está atrapalhando. Quanto azar! Tonny segura minha mão me puxando, até que consigo subir.

Então tudo acontece rápido demais, e ao mesmo tempo tão lentamente. Vejo um cara apontando a arma na minha direção, e então escuto um tiro. Fico esperando a dor, mas ela não vem. Olho para o lado e percebo que Tonny está caído no chão. Ele foi atingindo. Para me salvar.

–Tonny! Meu Deus! - Grito desesperadamente ajoelhando ao lado dele. Ele foi atingindo no tórax, mas ainda resta um pingo de vida nele. Sinto lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas.

– Por favor, por favor. Fique comigo! –imploro tentando estancar o sangramento, falhando miseravelmente. Não importa que esteja no meio de uma guerra. Não importa que possa ser atingida a qualquer momento. A única coisa que eu quero é salvar Tonny, mas nem isso eu consigo.

–Ka-Kath – Sussurra ele com dificuldade limpando minhas lágrimas – So-sobrevivência em primeiro lugar. Não importa o que você tenha que fa-fazer, seja forte, m-mas não deixe o mundo estragar a menina doce q-que você é. Promete?

–P-Prometo- Falo com voz embargada. Então ele fecha os olhos.

–Tonny! Tonny! Por favor! –Grito chacoalhando ele, mas não acontece nada. As lágrimas não param de cair, impedindo minha visão. Mas não importa. Tonny está morto. O homem que me salvou está morto.

–Por favor... –sussurro mais uma vez. Soluços incontroláveis saem da minha boca, e eu me encolho ao lado dele.

Então sinto mãos grandes me segurando, me ajudando a levantar. Acho que é Daryl, mas não tenho certeza. Eu não sei mais de nada, só que meu amigo está morto.

–Vamos garota, não podemos ficar aqui- Exclama Daryl urgentemente, me puxando novamente para cima do caminhão, onde Tonny acabou de ser baleado.

Olho para trás uma ultima vez, vendo o corpo imóvel dele. Lembro-me de algo, e volto para onde o corpo de Tonny está, encarando-o. Então aponto a arma em direção á cabeça dele e atiro. Ele não gostaria de virar uma daquelas coisas, ele não merece isso.

Volto para o ônibus onde Daryl esteve me esperando, ele me encara com compaixão. Lágrimas silenciosas ainda escorrem pela minha bochecha. Ele me ajuda a subir e estamos fora novamente, estou em um estado de topor ainda. “Preciso ser forte, eu prometi a ele”.

Alcançamos os outros, minha perna ainda dói, mas meu coração dói muito mais. Andamos agachados pela lateral em direção ao carro, Glenn está pior agora. Então Michonne chega totalmente machucada.

–Aonde você tava?- Questiona Rick apontando a arma para ela. Eles falam mais algumas coisas, mas estou totalmente alheia a isso.

Entramos no carro, me incomoda, mas estou pensando em outras coisas. Como a conversa minha e de Tonny algumas horas atrás, quando ele disse que tudo iria ficar bem. Porque quando alguém diz que tudo vai ficar bem acontece alguma morte? Fico perdida em pensamentos até que o carro para. Percebo que já está amanhecendo. Aos lados tem pinheiros altos, eu acharia perfeito em outro momento.

–Estão todos bem? –Pergunta Rick. Olho para os lados, Glenn machucado, Maggie ajudando-o, Daryl com uma expressão sombria, Rick, Michonne e eu. Cadê Merle?

–Onde está o Merle?- Pergunto ainda procurando.

–Ele... Ele não sobreviveu. - Murmura Maggie. Ah, mais uma morte.

Entramos no carro novamente e partimos em direção a prisão. As lágrimas não caem mais e eu não sinto a dor da minha perna, mas minha calça está totalmente encharcada de sangue. Como um simples tiro de raspão faz isso? Depois de um tempo paramos novamente, há um tronco e um carro impedindo a passagem. Glenn vai abrir o carro e um zumbi sai de lá, Glenn mata-o rapidamente, ele está realmente perturbado.

–Você não o matou- Fala Glenn para Rick.

–Não fomos lá para isso- Responde Rick

–E agora ele está lá vivo, pronto para atacar a prisão e matar mais pessoas. – Fala Glenn. Talvez ele esteja certo, o governador será um problema, e eu não me importaria se ele morresse. Geralmente eu não pensaria isso, mas agora é diferente.

Eles continuam a discussão, até que acaba e tiram o carro que impedia a passagem. Chegamos à prisão depois de algumas horas. Carol e Carl abrem o portão, ver Carl me conforta um pouco. Rick desce do carro e corre para abraça-lo, Hershel e Beth também chegam e Willian logo atrás.

Vendo-o não aguento e começo a chorar desesperadamente, ele olha para mim preocupado e corre para me abraçar, mesmo eu estando toda suja. Ele me acolhe em seus braços, como se nada pudesse passar por aquela barreira.

–Kath, você está bem? Por que você está chorando? – Pergunta ele olhando para mim angustiado.

–Na-não Will... Ele se foi, Tonny morreu- Sussurro chorando mais. Eu não sei por que estou assim, acho que nunca chorei tanto, a não ser quando meus pais morreram. Acho que não estou chorando só por Tonny, mas por todas as pessoas que já perdi.

–Vai ficar tudo bem - Murmura ele no meu pescoço. Minha vontade é de gritar com ele e falar que não vai ficar tudo bem, é impossível ficar tudo bem. Será que ninguém entende isso? É só uma frase idiota que usamos para convencer a nós mesmos, quando no fundo todo mundo sabe que é mentira.

Desvencilho-me do abraço dele e tento caminhar em direção à cela, falhando miseravelmente. Minha coxa ficou pior agora, eu mal consigo pisar no chão sem urrar de dor. E isso chamou atenção de todas as pessoas presentes. Magnífico.

–Ai meu Deus Kath! Você está ferida, porque não avisou antes? –Exclama Beth. Só porque ela falou isso minha visão começa a escurecer, e tudo girar. A última coisa que eu vejo é Carl vindo à minha direção.

“E a escuridão se torna tão maior. Estou caindo numa tristeza sem dor. Não é mau. Faz parte. Amanhã provavelmente terei alguma alegria, também sem grandes êxtases, só alegria, e isso também não é mau. É, mas não estou gostando muito deste pacto com a mediocridade de viver.” – Clarice Lispector


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Notas finais do capítulo

Quase chorei escrevendo :( E ai? O que acharam? Criticas? Sugestões? Sorvete?