I Am Watching You escrita por laah-way


Capítulo 1
O primeiro e-mail




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Eu sentei na praça de alimentação do shopping enquanto olhava para o meu celular.

Toca. Toca. Toca.

Nada. Suspiro.

Eram tantos problemas, confusões. Problemas na empresa, na família... e eu acabava de sair de um relacionamento. Como era difícil!

Fiquei enrolando meu cabelo castanho-escuro no dedo, olhando para o nada, enquanto tomava um suco de laranja, matando o tempo para poder voltar ao trabalho.

Há dois anos, desde que entrei nessa empresa, não tinha tempo nem para mim. Eram tantos problemas, e parecia que sempre que aparecia alguma tarefa, qualquer que fosse, colocavam em cima de mim, porque não? Porque Amanda pode fazer isso, Amanda pode fazer aquilo, Amanda pode fazer tudo! Mas eu continuava na minha mesinha no canto, não era promovida, não tinha aumento de salário, não tinha férias, nada.

Só de pensar que abandonei meus pais lá no interior, para vir para a capital em busca do meu sonho de um dia ser escritora. Só de pensar que sempre que eu vou lá, tenho que ouvir sermão dos meus pais, porque eu não deveria ter abandonado tudo, porque eu não cheguei lá, porque continuava com meu “empregozinho lixo”, e blábláblá. E era exatamente por isso que andava evitando-os nas últimas semanas. O aniversário da minha mãe estava chegando, e eu sabia que eles queriam minha presença lá. Lógico que eu amo minha mãe, claro que estou com saudades! Mas só de pensar em ouvir tudo aquilo...

E pra melhorar, meu namorado tinha terminado comigo ontem. Porque eu estava sem tempo pra ele, sempre que estávamos juntos, o celular tocava com problemas da empresa, e que eu estava muito dividida, e... bom, fiquei abalada. Não demonstrei na hora, claro, mas chorei a noite inteira, e, desde então, estou esperando o telefone tocar, e ouvi-lo dizer que sente muito.

Mas, sem mais tempos para devaneios, faltavam cinco minutos para o horário de almoço terminar, fui até o banheiro para dar uma última olhada no “visual”. Não que alguém pudesse ficar bonita com o uniforme da empresa, mas ainda assim, eu gostava do que via no espelho. Eu era bonita, não linda, mas bonita. Tinha puxado os olhos claros de minha mãe, o cabelo escuro de meu pai, tinha olhos grandes, expressivos, lábios finos que quase desapareciam quando eu sorria. Não gostava muito de maquiagem, apenas usava um pouco de delineador para olhos, e em algumas raras ocasiões, um batom de cor clara. “Beleza natural”, como diria Steven, o cara da empresa que era perdidamente apaixonado por mim. Muitos caras da empresa davam em cima de mim constantemente, mas Steven era diferente. Ele meio que me venerava, o que me dava certo receio de ficar perto dele.

Mas então, tive que voltar para o trabalho, e, bom, era o trabalho. Nada de novo, só trabalho.

Às 20:00, peguei um táxi para ir pra casa. Nevava. Cheguei ao prédio, falei com o porteiro, peguei o elevador. Sozinha. Era incrível como esse prédio ficava vazio tão cedo. Cheguei ao corredor do meu apartamento: vazio. Era um silêncio quase sinistro, ficaria com medo se não morasse aqui há tanto tempo e se já não estivesse acostumada. Entrei, liguei a luz, deixei a bolsa na estante, tirei o sobretudo melado de neve e joguei em qualquer lugar, fui correndo para a cama, tirando os sapatos e deitando lá, respirando, aliviada por estar finalmente em casa. Interessante, como esse lugar, onde eu morava sozinha, me fazia sentir mais em casa do que quando eu estava na casa de meus pais. Quando deixei de preguiça, fui tomar um belo banho quente, vesti uma roupa qualquer e fui para o computador. Mais interessante ainda era como eu reclamava o dia inteiro do meu trabalho, onde ficava o tempo inteiro na frente de um computador, e assim que chegava em casa, ia direto para ele. Ri para mim mesma, da ironia. Bom, pelo menos eu tinha um. Trabalho, quero dizer.

Uma coisa chamou minha atenção. Um e-mail de um remetente que eu não conhecia: “iwy.ch”, com uma foto anexada. “Vírus”, foi a primeira coisa que pensei. Mas uma curiosidade imensa ficou crescendo dentro de mim, então, sem pensar, abri o e-mail. Quão foi minha perplexidade, ao me ver na imagem. Havia uma mulher no desenho, com cara de pensativa, mas sem sombra de dúvidas, era eu. Na praça de alimentação do shopping, com as roupas que eu estava mais cedo, com um copo de suco na minha frente, olhando para um ponto na mesa. O celular, lembrei. Não sei por quanto tempo olhei o desenho. Sei que, estava tremendo, não conseguia pensar, agir. Meu coração batia rápido demais, estava aterrorizada. Calma, é só um desenho, é só um desenho. Não adiantava, estava em pânico. Quase caí da cadeira, quando o telefone tocou, um barulho estridente em meio a um silêncio quase mortal. Tirou-me do transe, mas ainda não conseguia ir até ele e atender. Observava o telefone tocar, muda.


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Notas finais do capítulo

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E aí, amaram? Odiaram? Bom, essa é a minha segunda fic, acho que vou levá-la pra frente sim, tenho bons planos em relação à ela. Mas preciso das reviews de vocês, que tal? Haha, por favor gente. Não faz sentido continuar, sem um incentivo! Quero saber o que vocês acharam, e, ah, obrigada por lerem! Beijinhos.