almoçamos todos em silêncio. depois mau-mau já me levava em seu carro até minha faculdade, então ele voltaria ao trabalho. ele estava sorrindo enquanto ouvia guns n' roses, e dirigia atento.

–mau-mau! -puxei assunto. - você não vai acreditar quem me ligou hoje pela manhã! eu estou chocada até agora.

– não sei mesmo. quem era?

– lucas. lembra dele?

– o seu... seu...seu...

– isso! meu ex-namorado.

– o que ele queria com você??

– disse que voltou da flórida. e a gente resolveu de se ver. vamos sair para jantar hoje a noite. não é o máximo??

ele não parecia empolgado, e sim irritado.

– você vai sair com ele depois dele ter te abandonado??!

– ele só me abandonou por que foi preciso. ele precisava ir para a flórida e eu não podia impedi-lo! a gente namorou durante um mês e meio apenas.

– tempo suficiente para você sofrer de amor por ele, quando ele partiu.

– mau-mau, eu sofri sim, mas.... passou! e agora ele voltou!! haa estou louca para vê-lo!!

– você sabe que eu não gosto dele, e nunca gostei!

– e eu não entendo o porquê. ele é tão...tão..

ele me interrompeu.

– tão estúpido!

– para de ser chato mau-mau!! poxa, você deveria estar feliz por mim.

– estar feliz por saber que você vai sofrer novamente?

– a gente só vai sair para conversar. não ha nada que diz que vamos voltar a namorar!

– pela sua empolgação, eu continuo duvidando!

– tudo bem então! fique aí com a sua dúvida estúpida e desnecessária! -gritei.

– você deve saber o que faz!

foi então que paramos de discutir. e de conversar também. assim que mau-mau parou o carro em frente ao meu colégio, eu abria a porta e pulei para fora dizendo um ''tchau'' bem seco. ele nem respondeu, então bati a porta do carro com força e me afastei. ele deu a partida e seguiu seu rumo.

eu nem acredito que a gente havia brigado por isso! mau-mau ficou muito exaltado. será que isso foi uma crise de ciúmes?

acho que mau-mau tem medo que eu vou deixá-lo. que eu vou dar mais atenção ao lucas do que à ele. quando lucas e eu namorava, eu tenho que confessar que não tinha muito tempo com mau-mau. acho que lucas também nunca gostou de mau-mau e eu não entendo o por que dos dois não se darem bem. sempre que eu estava com mau-mau, lucas aparecia e me chamava pra algum lugar. porém, mau-mau nunca havia reclamado daquilo. afinal, a gente era imaturo. eu tinha apenas dezessete anos, agora com dezenove, já devo estar bem mais madura do que antes.

a tarde na faculdade passou logo. me assustei quando vi que era Tadeu que havia vindo me buscar no fim da aula. ele voltara de seu trabalho na mesma hora que mau-mau, então por que ele havia vindo me buscar?

– achei que mau-mau quem me buscaria no colégio todos os dias.- falei entrando no carro.

– ele disse que estava com pressa, e pediu para que eu viesse. porque algum problema em ser comigo?

– não. eu só achei estranho! -sorri.

então ele deu a partida e fomos embora dali. mau-mau prometeu que me levaria e me buscaria todos os dias, será que ele está com tanta raiva de mim por cauda daquela história do lucas? a ponto de falar que estava com pressa em voltar para a república. acho que agora quem não tem tempo por aqui é ele!

ha meu deus, acho que estou pensando besteira!

chegamos na república e eu subi rapidamente ao quarto de mau-mau, queria uma explicação de tudo aquilo. eu passei a tarde toda pensando na briga que tivemos.

bati na porta e não obtive resposta. porém eu sabia que ele estava lá dentro. então, empurrei a porta com força e ela se abriu. mau-mau estava arrumando sua mochila.

– mau-mau... porque não veio me buscar? está chateado comigo ainda?

– eu estou ocupado agora, preciso arrumar minhas coisas e ir para a faculdade. depois a gente conversa.

– pára de agir como criança porra! que mal tem você conversar comigo enquanto arruma suas coisas?

–afinal, você deve ir se arrumar. logo o lucas estará aí pra te buscar!

– mau-mau, eu não acredito que estou ouvindo isso!

– vai mariana, eu estou ocupado não está vendo? agora sou eu quem não tem tempo para você.

– tudo bem. quando sua crise passar a gente conversa!

eu sai do quarto batendo a porta forte, e Samira ficou me olhando enquanto eu adentrava meu quarto. como mau-mau foi infantil! eu estava bufando de raiva.

então, peguei minha toalha e segui ao banheiro, por sorte não havia ninguém nele e eu pude tomar meu banho sossegada. depois, vesti-me com uma calça jeans vermelha apertada, uma blusa com a estampa da Inglaterra, e um tênis adidas.

estava pronta à espera de lucas. e muito ansiosa! me controlava para não roer e acabar com minhas unhas.

assim que a hora combinada chegou, ouvi a campainha tocar. como eu estava em meu quarto, provavelmente alguém já tivesse aberto a porta. então, desci as escadas e me deparei com Bruna conversando com um garoto lindo. LUCAS!

era ele, que estava sorrindo ao me ver. e mexia as mãos nervosamente enquanto eu descia da pequena escada, Bruna foi para a cozinha e lucas se aproximou das escadas.

como ele havia mudado!! estava com uma aparência de mais velho, mais homem. ele deve ter 20 anos agora,já que é apenas um ano mais velho que eu. estava lindo, com o cabelo todo arrumado em gel, uma calça jeans qualquer e um suéter verde que combinava com seu sapato.

pulei em seu pescoço assim que desci as escadas por completo. ele me rodopiou em seu braços por alguns segundos, ele estava tão cheiroso! provavelmente um perfume importado o qual eu não conhecia.

– como você está diferente! -falei ainda em seus braços e rodopios.

– você também está muito diferente! - falou me colocando ao chão. - está ainda mais linda!

– poxa! faz tanto tempo!

– é verdade! me desculpe por isso. por ter te deixado, não foi fácil para mim ter de ir.

– tudo bem. já passou! -sorri.

seus olhos castanhos escuros não paravam de encarar os meus, percorriam até minha boca e voltavam aos meus olhos.

– estou com muita saudade -ele confessou. - preciso disso!

sem que eu pudesse reagir e processar o que ele havia dito, senti suas mãos em minha cintura e seus lábios se encaixando aos meus. eu correspondi ao seu beijo delicado. também sentia saudade dele. acho que aquele sentimento que eu sentia por ele aos dezessete anos ainda vivia em mim.

então, de repente. abri meus olhos com a batida da porta de saída. uma batida violenta que afastou nossos rostos e pôs fim ao nosso beijo. corri rapidamente até a janela da sala e vi mau-mau entrando em seu carro.

chorando...