A Última Filha de Perséfone escrita por Miss Jackson


Capítulo 8
Coberto de gosma de drakon


Notas iniciais do capítulo

Não aguentei esperar mais dois míseros reviews para postar esse capítulo. Leitores, manifestem-se. ;A;



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Alguns dias depois...

POV Nico

Havíamos parado na entrada de uma mata para passarmos a noite. Anddie não havia mais dado nem sequer um sinal de que algo estava errado, e isso era bom.

Eu me sentei escorado em uma árvore e Anddie bocejou, me lançando um olhar antes de se deitar com a cabeça deitada no meu colo. Eu sorri e cocei atrás de sua orelha, ela grunhiu, balançando a cauda e fechando os olhos.

– Eu tô com fome – resmungou Natalie, passando a mão pela barriga. – Acho que se tivéssemos carne poderíamos dar um jeito de montar uma fogueira e assá-la.

– Mas de onde tiraríamos carne? – perguntou Percy, Natalie deu de ombros, deitado a cabeça em um ombro de Louis. – Eu também tô com fome.

Annabeth olhou para Anddie, que abriu os olhos, revirando-os, e se levantou.

– Anddie? – chamei, ela olhou para mim e depois para a mata.

– O quê ela vai fazer? – perguntou Louis, Anddie rosnou e saiu correndo mata adentro, nos deixando para trás. – Andrômeda!

– Ela foi caçar – disse Annabeth. – Preparem uma fogueira.

– Caçar? – perguntei, Annabeth assentiu.

– Ela é uma loba agora, Nico – disse ela. – Agora vamos preparar uma boa fogueira para assar uma carne.

POV Andrômeda

Juro que eu não queria ir caçar, mas meus instintos selvagens me diziam o que fazer. Eu mergulhei mata adentro, deixando-os para trás e disparando pela mata. Era legal conseguir correr tanto.

Fui diminuindo o passo quando eu ouvi ruídos vindos de um campo aberto logo na minha frente. Lembrei das posições dos lobos que eu havia visto em um documentário na TV e eu as imitei. Me abaixei e fui me escondendo por trás de tudo que dava até avistar um bando de cervos. Pelo que eu sei cervos não são animais noturnos, mas tudo bem, apenas agradeci mentalmente e continuei me aproximando.

Um dos cervos levantou a cabeça e produziu um ruído, os outros fizeram o mesmo e começaram a correr. Eu dei o bote, correndo com toda a minha velocidade atrás deles. Pulei para cima de um e mordi seu pescoço, paralizando-o. Não era legal matar animais, só pra ficar sabendo. Eu esperava que aquele cervo ali desse para alguma coisa, pois ele era bem gordinho.

Dei mais umas mordidas pois ele continuava resistindo e quando eu vi que ele estava morto eu comecei a arrastá-lo pela mata outra vez.

POV Nico

Não havia nem se passado uma hora quando a Anddie voltou trazendo um cervo bem gordinho para nós.

– Isso é nojento – comentou Natalie enquanto Anddie colocava o cervo ao lado da fogueira acesa. – O.k, quem aqui tem coragem de fazer o quê se deve fazer?

Todos nós ficamos calados. Louis bufou e levantou a mão.

– Minha mãe era fazendeira e produtora de carne, até que eu sirvo para alguma coisa – comentou ele, Annabeth jogou para ele a sua adaga de bronze celestial e todos nós saímos de perto, deixando Louis e Anddie sozinhos.

Alguns minutos depois nós retornamos, a carne já estava assando e Anddie estava em um canto, comendo de má vontade alguns restos do cervo.

– Coitada – lamentou Natalie, observando Anddie, que logo se cansou de ficar roendo ossos e arrastou o cervo para dentro da mata, depois voltou à sua posição inicial; Deitada com a cabeça no meu colo e olhos fechados.

– Será que carne de cervo é boa? – perguntou Annabeth.

– É carne – disse Percy, eu revirei os olhos.

– Deve ser – disse Louis. – Como Percy disse, é carne.

Anddie suspirou (aquele suspiro de cachorro) e deitou a cabeça um pouco para o lado.

– Qual a sensação de deitar no colo do Nico, Anddie? – riu Natalie, Anddie rosnou para ela, mas permaneceu de olhos fechados.

– Lembrem-se de perguntar qual a sensação de ser uma loba quando ela voltar a ser uma humana – disse Annabeth, mexendo na carne.

– E qual a sensação de lamber o rosto do Nico também – Natalie insistiu em provocar.

– E talvez qual a sensação de morder seu nariz, Natalie – eu forcei um falso sorriso, Anddie se remexeu e mostrou os dentes por alguns segundos, imaginei que ela teria rido.

– Poxa, Nico – Natalie revirou os olhos. – Só estou brincando.

– Eu também – retruquei.

– Brigaaaa – cantarolou Louis animadamente.

– Cale a boca, Louis – mandou Natalie, colocando sua boina sob os olhos. – Me chamem quando a carne estiver pronta.

. . .

Eu fui o primeiro a acordar, e bem cedo, só pra constar. Mas acho que eu só estava incluído na parte dos humanos, porque Anddie já estava acordada, rondando o lugar onde estávamos, mas parou assim que viu que eu estava acordado.

– Bom dia, Anddie – sorri assim que ela veio até mim e me farejou, eu ri quando ela lambeu minha bochecha. – Você está se aproveitando da sua forma de loba, sabia?

Ela me encarou por algum tempo e depois bufou, lambendo minha bochecha outra vez só pra me provocar.

– Ei!

E outra vez.

– O.k, o.k, já entendi.

Ela se parou na minha frente, vitoriosa.

– Você me daria esses beijos se fosse uma humana? – ergui as sobrancelhas, ela rosnou e mordeu de leve meu joelho, então deu as costas. – Eu só estava brincando.

Eu me levantei e ela grunhiu, correndo pra cima de mim e me derrubando. Colocou uma pata da frente no meu peito e a outra na barriga, cerrando os olhos.

– Eu te estressei? – perguntei, ela se deitou em cima de mim. – Você pretende ficar assim por quanto tempo, hein?

Eu sorri, ela fechou os olhos. Cocei atrás da orelha dela, sabendo que naquela forma ela gostava daquilo, e fechei os olhos também. Sei lá, mas era bom saber que aquela loba ali em cima de mim era a Andrômeda. Eu gostava dela, de verdade, só ainda não havia me decidido sobre sentimentos mais fortes.

De qualquer jeito, eu fiquei triste quando ela disse que não sabia sobre os sentimentos dela por mim. É estranho dizer isso, mas né, ela havia sido minha paixão de criança.

– Anddie! – chamei, ela veio correndo até mim.

– Oi? – disse ela.

– Bianca quer fazer um jogo com a gente – disse eu. – É algo como verdade ou consequência, sei lá o que é isso, as pessoas inventam cada coisa.

Ela sorriu docemente. Ah, como eu adorava aquele sorriso.

– Tudo bem, onde ela está nos esperando?

– Lá naquela sala vazia – peguei na mão dela e saímos correndo pela multidão do Cassino Lótus, só paramos para pegar algumas flores de lótus e voltamos a correr, entramos na sala e trancamos a porta. Bianca estava lá nos esperando, ela sorriu assim que nos sentamos nas cadeiras em volta da mesa redonda ali e começou a explicar o jogo.

– Prontos? – perguntou ela por fim, nós dois assentimos. Ela girou a garrafa e parou entre eu e a Anddie, mas a posição significava que a Anddie deveria perguntar para mim. – Anddie pergunta pro Nico.

– Nico, verdade ou consequência? – ela ergueu as sobrancelhas, passando as mãos para ajeitar os cabelos que estavam meio bagunçados.

– Hm, verdade.

Ela bufou e fez uma careta pensativa, eu e Bianca rimos com a expressão de Anddie.

– É verdade que você está meio magoado comigo só porque eu ganhei de você três vezes seguidas há algumas horas atrás jogando Mitomagia? – perguntou ela. Uau, aquela havia me pegado de surpresa.

– É... – senti meu rosto corar, Anddie sorriu vitoriosa e girou a garrafa, parando entre mim e Bianca. – De novo não!

– Verdade ou consequência, Nico? – perguntou Bianca.

– Consequência.

– Desafio você a dar um selinho inocente na Anddie – desafiou Bianca, erguendo as sobrancelhas, meu coração disparou.

– Por quê você ainda insiste com isso? – perguntei.

– Vá logo.

Anddie encarou o chão. Senti que eu estava corando mais do que eu já havia corado, e meu coração continuava disparado, mas na época eu não entendia o que aquilo significava, então eu simplesmente coloquei um dedo no queixo da Anddie e a puxei para perto de mim, selando nossos lábios por míseros cinco segundos. Bianca bateu palmas, animada, assim que eu soltei a Anddie, que corou e tornou a encarar o chão.

– Próxima – disse Anddie e sussurrou algo que eu não entendi, então continuamos o jogo.

– Você lembra – disse eu, Anddie abriu os olhos. – Do desafio, você lembra?

Ela balançou a cabeça negativamente e voltou a fechar os olhos.

– Eu gostava de você.

Ela suspirou, eu a empurrei para o lado e me levantei, mas foi o suficiente para ela se assustar e me olhar, estressada.

Mais ou menos uma hora depois todos já estavam acordados e já estávamos seguindo viagem.

– Prestar atenção na anfitriã... – murmurei. – Será que a tal filha de Hécate que transformou a Anddie em loba é a única que pode curá-la também?

– Não – disse uma voz feminina próxima de nós, todos olhamos para cima de uma árvore, onde uma garota estava sentada em um galho nos olhando com uma expressão divertida. Anddie rosnou para ela, mas ela a ignorou e saltou do galho, caminhando até nós. – Eu posso curar a amiguinha de vocês, mas não faço trabalhos gratuítos.

– Quem é você? – perguntou Annabeth. A garota deveria ter a nossa idade, tinha cabelos castanhos claros cheios de mechas coloridas que mudavam de cores sem esperar nem um minuto (estava me deixando tonto) e olhos com o mesmo dom das mechas.

– Apenas uma filha de Hécate que não gosta do acampamento – respondeu ela. – Mas se quiserem vocês podem me chamar de Beatriz.

Anddie se encolheu ao meu lado, parecia estar com medo da Beatriz.

– Agora, vocês vão querer ajudar ou não?

. . .

Beatriz nos levou até uma cabana um pouco afastada da estrada. Era pequena e estava cheia de entulhos que de certa forma serviam para magia e Beatriz tinha um gato preto de olhos dourados que parecia que a qualquer momento iria arranhar toda a Anddie, que estava encolhida em um canto e rosnando para o gato.

– O quê você quer que a gente faça para você? – perguntei.

– Estão faltando alguns ingredientes para uma poção minha, e acredito que vocês possam pegá-los para mim, não estão muito longe daqui – respondeu. – Posso teletransportá-los até lá.

– Ingredientes? Isso é fácil – sorriu Percy.

– Na verdade, não – ela balançou a cabeça negativamente. – Os ingredientes estão sendo guardados por um drakon.

– Isso não é fácil – corrigiu-se Percy.

– Mas conseguiremos – sorriu Louis.

– Você vai curar a Anddie? – perguntou Natalie, Beatriz assentiu.

– Juro pelo Rio Estige, mas só irei curá-la se vocês conseguirem os ingredientes.

– Eu consigo esses ingredientes nem que eu demore um dia, mas eu consigo – disse eu, todos olharam para mim e Natalie sorriu, como se estivesse emocionada. – Vamos logo com isso.

. . .

O drakon tinha mais ou menos uns 15 metros de comprimento. Parecia uma serpente africana cheia de escamas pelo corpo da cor negra com alguns detalhes de um amarelo cegante, que acredito eu que serviam para distrair os inimigos. Ele tinha somente duas patas com garras afiadas na frente, mas mesmo assim parecia voar perfeitamente com suas duas asas gigantes e pontudas.

Desembainhei minha espada e os outros seguiram meu gesto. O drakon nos olhou, seus olhos eram vermelhos sangue repletos de ódio. Ele sibilou e se aproximou um pouco, mas parou quando Anddie apareceu na nossa frente, rosnando para ele.

– Anddie, eu disse pra ficar parada! – disse eu, Anddie ganiu e pulou para cima do drakon, mordendo sua cabeça. Ele sibilou estressadamente e começou a se remexer, tentando tirá-la dali de cima, mas ela não saía. Percy correu para atacá-lo mas ele desviou e Percy bateu de cara em uma árvore. O drakon nos atacou, agora ignorando o fato de Anddie estar em cima dele o arranhando. Eu saltei, o atacando, mas sabia bem que aquele drakon não morria tão facilmente, não importava qual o ferro da espada.

O drakon conseguiu tirar Anddie de cima dele, ela se sacudiu, lambendo a perna e permaneceu rosnando para o monstro enquanto nós o golpeávamos. Ele bateu as asas, provocando um vento que nos afastou um pouco.

– Precisamos unir nossos poderes! – gritou Louis, atacando o monstro. Eu abri os braços e uma dezena de guerreiros esqueletos surgiram do chão que havia se aberto.

– Ataquem o drakon! – mandei, os guerreiros atenderam ao meu pedido.

– Alguém precisa derrotá-lo por dentro, é o único jeito – disse Annabeth.

– Eu vou – decidi.

– Não, Nico, eu vou – disse Natalie. – Anddie é minha amiga faz anos.

– Natalie, você sabe muito bem da minha história com ela, eu vou e já aproveito para pegar os ingredientes – lancei um último olhar para Anddie, que me olhava, preocupada. – Façam ele abrir a boca!

– Ei, cobrinhaaa – chamou Percy, o drakon abriu a boca para abocanhar Percy e eu pulei para dentro dele bem na hora em que a boca se fechou, quase trazendo Percy junto. Estava escuro e eu só conseguia enxergar as coisas com o brilho da espada. Eu precisava dos dois dentes menores dele, então comecei a procurar. Não demorou muito para eu achar o primeiro. Me segurei em um dente para não cair e golpeei a pele em volta do dente que eu queria, o drakon produziu um ruído ali dentro que eu quase fiquei surdo, mas continuei tentando arrancar o dente dele.

– POR QUÊ! ISSO! NÃO! SAI?! – gritei e minha voz ecoou por tudo, finalmente arranquei um dente e o drakon abriu a boca, rugindo. Aproveitei que havia clareado e olhei em volta, então avistei o outro dente que eu precisava, estava em cima, corri até lá e pulei no dente bem na hora que o drakon fechou a boca. Cravei minha espada na pele em volta daquele dente e me segurei nos outros dentes, que já estavam mais pontudos, começando a tentar tirar o dente. Dessa vez não demorou muito para que ele saísse. O drakon rugiu outra vez e eu pulei para a língua dele. Só havia um jeito de matá-lo, e eu tinha que arriscar.

Cravei minha espada bem fundo ali no centro da boca dele e continuei enfiando a espada cada vez mais para dentro da pele do monstro até sentir que não tinha mais como enfiar mais, então tirei, a espada estava coberta de um líquido roxo. O drakon começou a fazer ruídos estranhos e a se mexer, cravei a espada outra vez e me segurei enquanto lentamente o drakon explodia, e eu fui cuspido para fora segurando minha espada e os dois dentes.

Aquilo no meu corpo era... Baba de drakon?!

O drakon explodiu, jorrando uma gosma por todos os lados, atingindo tudo que estava em sua volta (isso incluía meus amigos e a Anddie), eu tossi e larguei as coisas no chão, olhando para a gosma no meu corpo.

– Isso é nojento – murmurei enquanto todos me cercavam.

– Ele conseguiu! – gritou Natalie. Anddie latiu. Eu sorri e ergui os dois dentes, olhando para Anddie.

– Está na hora de tirar você desse corpo – disse.


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