Son of Hephaestus escrita por Lissandré, Sherllye


Capítulo 6
Chapter 6 - Bunker 9


Notas iniciais do capítulo

Ooe, novo cap :)

Gente, to amando os reviews de vocês



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O céu já se coloria de índigo e rosa e Ally ainda passeava pela praia do acampamento. Ela estava andando ali, sozinha, há um bom tempo. O odor da água salgada, o barulho das ondas, a sensação da areia molhada em seus pés. Era relaxante, como quando você chega de um dia cheio, toma um banho quente e se enrola nos cobertores confortavelmente. Você sente cada músculo do seu corpo relaxar. Isso a distraía da sensação de fracasso que sentia. Gostara tanto do arco que escolhera no Arsenal. Mas, agora se sentia uma idiota por ter dito com tanta confiança que o queria.

–Como se eu conseguisse, ao menos, atirar com aquela porcaria. - murmurou infeliz, chutando um galho do seu caminho.

Segundo Nick, ela estava se subestimando demais. Acertara 7 flechas das 10 que haviam em sua aljava. As outras 3 haviam se perdido em lugares diferentes. A árvore a centímetros da cabeça de Jason, o espaço no chão entre os pés de Charlie e o apoio do alvo.

–Bem que você podia me ajudar, né pai?- disse ela se sentando na areia. Ally suspirou quando não obteve resposta. Percy comentara algo sobre as raras vezes que Poseidon respondia.

–Ei, Peixinho, você ta legal? - perguntou Charlie se aproximando.

–Hm... - ela balbuciou desanimada.

–Ah, qual é Ally! Você não é ruim e sabe disso. Foi melhor que eu! Lembra quando eu tentei atirar com o arco?

Ally sorriu lembrando-se da cena. Uma hora no treinamento, elas trocaram as armas por um tempo, apenas para testar. Charlie acertou 2 das 10 flechas. As outras 8 foram parar em diversos lugares. Uma delas passou raspando pelos cabelos pretos de Leo, que o deixou com uma expressão assustada.

Mas, por outro lado, Charlie fora absolutamente incrível com a espada. Aprendera facilmente diferentes tipos de ataque, desarme e defesa. Ela ria, se divertindo, a cada movimento.

–Você quase decepou o Leo. - murmurou Ally, desenhando espirais na areia com o dedo.

Charlie se sentou ao lado dela, abraçando os joelhos, e ficou olhando o horizonte. Ela sorriu timidamente lembrando-se de Leo.

–Você gosta dele. - murmurou Ally.

–Não. - disse Charlie.

–Gosta sim, se não, ao menos acha ele atraente.

–Primeiramente, ele tem namorada...

–Não se sabe... - interrompeu Ally

–... E segundo, eu não gosto e nem acho ele “atraente”, ok? – continuou ela, ignorando Ally.

–Ta bom. - disse Ally desdenhosa.

–Não acho que você tenha que desistir do arco.- disse Charlie mudando de assunto abruptamente.

–Boa virada de conversa. - comentou Ally.

–Obrigada. - disse Charlie, irônica. - Mas é sério, você é boa com o arco. Ele é muito bonito, e um mísero erro de 3 flechas não é grande coisa.

–Eu não posso errar. Se um monstro estiver vindo rapidamente na minha direção eu tenho que acertar a flecha ou eu morro.

–E a sua adaga? Você foi boa empunhando-a. Garanto que aquele boneco de treino vai pensar duas vezes antes de ofender os filhos do Deus do Mar. - disse Charlie, dando um leve empurrão em Ally.

Elas sorriram. Estrelas começaram a aparecer no céu completamente escuro, agora. Ally pensou que, talvez, apenas talvez, ela não fosse tão ruim assim no arco e flecha. Se ela treinasse um pouco mais e com um arco diferente, dessa vez. Aquele arco pareceu um tanto rígido na parte do fio. O que tornava difícil o ajuste de velocidade e precisão da flecha.

–Talvez um arco diferente ajude .- disse ela para Charlie.

Como se aquela simples frase fosse um feitiço, uma onda acertou Ally e Charlie. A filha de Poseidon saíra totalmente seca do banho, mas o mesmo não se podia falar da filha de Afrodite que estava encharcada da cabeça aos pés, cuspindo água salgada.

–Mas o qu... - disse Ally.

No colo de Ally brilhava uma adaga de bronze com o punho prateado e pequenos padrões de ondas. Quando Ally pegou a arma e a estudou atentamente, viu que a base tinha um detalhe da mesma cor da lâmina. Era móvel. Quando ela o girou, ficou olhando enquanto a arma se alongava e formando um arco prateado. Nas suas costas, Ally sentiu uma aljava dourada, o qual ela tinha certeza que não estava ali antes. Estava cheia de flechas, também prateadas.

Charlie fez o mesmo som estupefato que Ally, quando viu o arco. Tinha os mesmos detalhes de ondas que a adaga.

–Experimente. - disse ela.

–Mas o qu... Como?

–Ande, Ally!

A menina ruiva retirou uma flecha da aljava e pegou o arco. Ela posicionou a flecha, puxou o fio e mirou no galho de madeira que havia chutado. Ally respirou fundo e soltou a flecha. Diferente do arco negro que tentara, aquele era mil vezes mais cômodo e ajudava na precisão do tiro. A flecha que mirara em um nó no galho acertara exatamente o lugar. Ela colocou o arco ao seu lado, na areia.

–Uau. - suspirou Charlie.

Ally não respondeu, estava surpresa demais para falar alguma coisa. Ela voltou a estudar o arco. Percebeu um tipo anel no centro da arma, também era móvel, como a base da adaga. Ela girou a parte e, mais uma vez, ela se transformou na lâmina. A aljava, em suas costas, também já havia sumido

–Será que ela volta quando preciso? Como o arco das caçadoras? - perguntou Ally, guardando a adaga no cinto.

–Caçadoras? - perguntou Charlie.

–Basicamente são donzelas imortais que juraram serem virgens pra sempre, sendo leal a Deusa Ártemis. Percy me contou noite passada.

–Eu aposto que não existem Caçadoras filhas de Afrodite. - comentou Charlie, rindo.

–Eu acho difícil mesmo. - sorriu Ally. - Mas, minha nossa, Charlie, olhe essa adaga! Ela é incrível. É perfeito pra mim!

–É incrível mesmo. - concordou Charlie.

Ao longe, ouviu-se o sinal para o jantar.

–Venha, - disse Charlie se levantando e limpando a areia das roupas molhadas. - vamos comer alguma coisa.

–Desculpe pela onda.

–Tudo bem, antes do jantar vou trocar minha roupa e arrumar esse cabelo. - respondeu Charlie com uma careta.

Elas fizeram seu caminho pela areia da praia, de volta ao acampamento. Em uma oração silenciosa, Ally pensou:

–Obrigado... Pai.

***

Naquela noite, dormindo em sua cama, no Chalé 10, Charlie sonhara coisas estranhas:

Uma pomba branca, com reflexos rosa pela asa, encarava um espelho ornamentado, o mesmo que Charlie julgava ser seu. O animal parecia encará-la pelo reflexo no espelho. O animal voltou a se encarar, fascinado, seu reflexo. Tão entretida na própria beleza que não percebeu a enorme massa preta, verde e azul se aproximando.

“Cuidado!” Charlie quis gritar, fazê-lo voar para longe. Mas sua voz não saiu e a pomba estava distraída demais, amando sua imagem no espelho, para prestar a atenção a sua volta.

Antes que Charlie pudesse pensar em outra coisa para chamar a atenção do animal, a massa escura agarrou o espelho e voou para longe, deixando uma pomba voando desnorteada e, visivelmente, irritada.

Ela acordou quando a pomba voou diretamente para ela. Tímidas luzes do amanhecer entravam pela cortina de seda branca da janela. Charlie levantou de sua cama, ligeiramente trêmula, e olhou em volta. O Chalé 10 inteiro dormia tranquilamente. Drew, a mais insuportável filha de Afrodite, dormia tranquilamente parecendo um zumbi com o rosto cheio de uma ridícula mistura verde e duas fatias de pepino em cada olho. Charlie revirou os olhos e se dirigiu ao banheiro, jogou uma água no rosto e, quando levantou, viu que seu rosto estava pálido. O sonho a deixara perturbada porque agora tudo fazia sentido: Alguém roubara aquele espelho e entregara a ela, afinal.

“Mas quem?” pensou ela suspirando, enquanto escovava seus cabelos.

Ela voltou para o quarto e trocou seu pijama pela camiseta laranja do acampamento, shorts, um tênis normal e colocou sua espada no cinto. Quando ia sair do chalé, reparou em um objeto novo em cima da sua cômoda. O espelho.

–Você não estava aqui antes. - sussurrou ela, guardando o espelho embaixo de seu travesseiro. Iria devolvê-lo depois que a Casa Grande tivesse acordado.

Quando saiu do chalé, se dirigiu ao Pavilhão do Refeitório. Estava quase vazio aquela hora, com exceção de alguns campistas de Hefesto, que trabalhavam o máximo que podiam nas Forjas, e alguns poucos de Deméter que estavam se encaminhando para os campos de morango.

Charlie comeu algumas frutas no café-da-manhã, com o olhar da pomba de seu sonho na cabeça.

Ela se levantou da vazia mesa de Afrodite e foi dar uma volta pela floresta do acampamento. Ouvira falar que havia monstros naquele bosque. Mas seria bom treinar um pouco, pensou ela. Vira algumas dríades correndo entre as árvores e um regato solitário durante o caminho. Pássaros voavam e cantavam alegremente a sua volta. Passados uns dez minutos de caminhada, ela chegou a uma parte mais fechada da floresta, alguns poucos raios de sol passavam entre os galhos. Charlie desembainhou sua espada por segurança – o lugar estava quieto demais.

Charlie andou mais alguns passos quando, de repente, algo a puxou pela cintura.

–Leo! – ela gritou.- Que susto!

–Oi, Charlie. – respondeu ele rindo.

–Oi? Oi o caralho! Nunca mais me assuste desse jeito seu... Idiota... Retardado... Estúpido!- disse ela, emendando um tapa a cada insulto.

–Desculpe! Desculpe! – disse ele com as mãos em rendição, ainda rindo.

–Eu podia ter cortado você ao meio! - disse ela tirando os cabelos do rosto, relaxando sua expressão irritada para um sorriso. Ela apontou um dedo pra ele e tentou fazer uma cara ameaçadora, enquanto segurava o riso. – Nunca mais faça isso, Valdez!

–Nossa, que medo de você... – ela continuou encarando-o, com um sorriso maléfico no rosto. - Tudo bem, eu prometo!... É perigoso você andar nessa parte da floresta assim, sozinha, sabia?

–É verdade, Leo, meninas sozinhas aqui? Nossa, cuidado, viu fofa? – disse ela sarcasticamente.

–Ha ha, muito engraçado, menina dos olhos coloridos. – respondeu ele no mesmo tom.

Eles se encararam por alguns segundos e começaram a rir.

–Mas falando sério, eu sei me cuidar. Obrigada.

–Oh, elas crescem tão rápido! – disse ele piscando os olhos, fazendo o tom de voz de uma mãe exasperada.

–Engraçadinho. – respondeu ela. – O que está fazendo aqui?- perguntou se encostando em uma árvore.

–Apenas dando um passeio até... Um lugar.- respondeu Leo.

Ele hesitou, não sabia se contava a ela sobre o Bunker 9. Não eram todos os campistas que sabia dele.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo, o qual Charlie passou o dedo distraidamente na lâmina de sua espada, relembrando de seu sonho. Um arrepio passou pela sua espinha, e ela baixou a espada com uma expressão séria.

–Você está bem?- perguntou ele, franzindo o cenho.

Ela afirmou, evitando seu olhar.

–Você não parece bem.- concluiu ele.

Ela deu um leve sorriso. Leo podia jurar que aquele pequeno gesto iluminou aquela clareira escura. Ele sentiu seu coração acelerar, o que não era bom.

–Foi esse sonho que eu tive. Ele está me perturbando.

–Que sonho?- perguntou ele cruzando os braços, Charlie percebeu uma expressão de preocupação em Leo. Ela não pode deixar de perceber a enorme vontade de sorrir que teve e o pequeno formigamento no estômago.

“Não, isso não! Lembre-se da pomba raivosa!” pensou ela.

Ela contou a ele o sonho sobre o espelho.

–Quíron comentou algo assim. Disse que sua mãe andava um tanto... Brava, você sabe. Alguém havia roubado algo dela.

–E por que ninguém me contou isso?- perguntou ela se irritando, tentou se concentrar em seus olhos, não iria demonstrar a fraqueza de ter seus sentimentos expostos. – Acho que tenho o direito de saber já que o espelho era meu!

–Eu não... Eu não sei Charlie. Eu não disse nada porque... Achei que Quíron ia te falar. Se ele não fez isso, tem seus motivos.

–Tanto faz. - bufou ela.

Charlie começou a se afastar pra dentro da floresta, sem falar mais nada para ele. Leo não queria que ela fosse, por isso a chamou.

–Charlie.

–O que é, Valdez? – rebateu ela. Charlie não sabia por que, mas estava irritada com o Leo. Ele não tinha culpa de nada, mas ela estava com muita vontade de socar a cara dele.

“Ah, ótimo.” Pensou Leo. “Agora tenho uma garota legal e... linda, é linda mesmo, com raiva de mim”

Ele respirou fundo e disse:

–Quero te mostrar uma coisa... - Leo estendeu a mão pra ela. Charlie o encarou, uma sobrancelha levantada. – O que foi? Não confia em mim? – disse ele sorrindo, de lado.

Ela o encarou relutante mas, no fim, pegou sua mão.

Ele a guiou mais para dentro da floresta durante uns 30 minutos.

–Pra onde está me levando? Japão? – reclamou ela. Leo deu um sorriso.

–Até o Japão, depois, pegamos um desvio a esquerda.

Ela revirou os olhos e deu um leve sorriso, sua raiva se esvaindo. Eles andaram tanto que Charlie começou a se perguntar se ainda estavam nos limites do acampamento. As árvores começaram a se fechar em volta deles, ficando cada vez mais altas, deixando o espaço por onde andavam muito escuro. Alguns poucos raios de sol passavam entre as árvores.

–Está escuro aqui. - murmurou ela.

Ela ouviu um estalo e uma chama irrompeu da palma da mão de Leo. Ela hesitou.

–Eu não... Eu não... Fogo... Não gosto de fogo.

Leo parou.

–O que?

–É sério, eu... - ela deu um passo para trás. – Não gosto, mesmo, de fogo.- Charlie olhou em volta, para as altas árvores.- Ainda mais perto dessa madeira, toda.

–Charlie, é sério qu... – sua voz morreu. Charlie estava parada a uns 3 passos dele, seus olhos estavam cheios de lágrimas, ela estava pálida e tremia. Naquele momento, ele entendeu que ela estava falando sério.

Ele apagou rapidamente o fogo de sua mão e se aproximou dela, colocou suas mãos nos ombros dela. Ela hesitou quando ele encostou a mesma mão que havia o fogo.

–Olhe, está tudo bem, ok? Minhas mãos estão apagadas, viu? – ela baixou o olhar, mas Leo se inclinou, fazendo-a olhar para ele. – Quer falar sobre isso?

–É só... Um trauma de infância. Ta tudo bem. – disse ela, suspirando e secando as lágrimas rapidamente.

– Escute, eu não consigo me guiar por aqui sem enxergar. Eu preciso do fogo, mas você vai ter que confiar em mim.

–Leo, não é isso. Eu confio em você, eu só... Eu, realmente, não gosto de fogo. Você não pode tirar uma lanterna ou sei lá o que do seu cinto?

–Infelizmente, meu cinto ficou nesse lugar que eu quero te mostrar.

–Então, eu... Me desculpe, Leo. Eu não pos...

–Charlie, esse lugar que eu quero te mostrar, é super importante para mim. Não é todo o acampamento que sabe dele, ok? Se eu quero te mostrar... É por que você é especial.

Charlie não pode deixar de dar um sorriso. Leo também sorriu pra ela, se sentiu feliz por fazê-la sorrir. Antes que a coragem se Leo se fosse, ele a abraçou.

–Você vem? – perguntou ele quando se afastaram. Charlie ainda sorria quando afirmou. Leo passou o braço pela cintura dela e estalou os dedos, fazendo outra chama aparecer. Charlie apertou seu braço.

–Tudo bem, eu to aqui.- disse ele.

Charlie e Leo continuaram andando, cruzaram um pequeno riacho até chegarem a um caminho sem saída. Uma colina de calcário de trinta metros de altura.

–Ahm... Você me trouxe até aqui para me mostrar pedras?- perguntou Charlie quando Leo soltou sua cintura.

Ele sorriu maliciosamente e se aproximou da parede de pedra. Charlie se afastou ao perceber os dedos de Leo pegando, formando linha ao redor como brilhantes linhas vermelha fogo. Ele se afastou e a porta se abriu.

–Você na frente. – disse ele.

–Não tem mais fogo aí dentro? – perguntou ela, hesitante.

Ele riu.

–Não, eu prometo.

Ela entrou pelo espaço escuro seguida por Leo. As portas se fecharam e luzes fluorescentes se acenderam. O lugar era enorme, maior que um hangar de avião, com várias mesas e caixas lotadas com as mais variadas coisas. Havia escadas que levavam a plataformas superiores. Um barco enorme com o casco quebrado ocupava metade do lugar. Nele, uma cabeça de bronze rangia.

–Oi, Festus... – disse Leo.

–Leo... Meus Deuses – suspirou Charlie, olhando em volta. – Que lugar é esse?

–Bem vinda ao Bunker 9, Charlie...

–O que é isso? – perguntou ela, apontando para o barco.

–É o Argo II, ele ta meio destruído por causa dessa coisa da guerra contra Gaia e etc.

Mais rangidos vindo da cabeça do dragão.

–Ok, ok, e esse é Festus. – disse ele, indicando a cabeça do dragão.

–Ta me dizendo... Que você ta falando com essa cabeça de dragão? – perguntou ela.

–“Essa cabeça de dragão”, não. Festus. Ele se ofende fácil.

–Ahm... Desculpe, acho. – disse Charlie.

–Vem, eu te mostro.- disse Leo, puxando a mão de Charlie. Eles se aproximaram da base do casco e Leo olhou para cima.- Sabe, Festus, seria muita gentileza se... Ah, obrigado!

Uma escada de corda caiu por cima do barco, como se um tripulante invisível a tivesse jogado.

–Uau.- disse Charlie, quando pisou na proa. O lugar era incrível. Leo a guiou até Festus, que era maior do que aparentava de baixo.

–Ele é um velho amigo meu. Me ajudou na minha primeira missão, e foi destruindo pelas armadilhas de um estúpido rei viciado em ouro.

–Ele é incrível. - murmurou ela, passando a mão entre os olhos do animal. Ele soltou outro leve rangido.

–Ele disse que quer mais aqui. – disse Leo sorrindo, pegando delicadamente a mão de Charlie e colocando no topo da cabeça do dragão. Ela sorriu para Leo e seus olhares se encontraram. Ficou assim por alguns segundos, mas Charlie baixou rapidamente o olhar. Seu coração começara a acelerar.

Ela deu uma leve risada.

Leo se afastou até o painel de controle, do outro lado do convés e começou a estudar os botões e mexer num controle de vídeo game.

–Já volto. – sussurrou ela para Festus. Charlie andou calmamente até onde Leo estava. Um cartaz apagado, do outro lado do hangar, estava escrito alguma coisa com um 9 no meio. Ela presumiu que fosse “Bunker 9”. – E aí? Brincando de Super Mário?

Leo deu um sorriso.

–O Batman é mais legal – disse ele.

Ela cruzou os braços em cima do painel, estudando os botões que Leo olhava com tanta intensidade.

–E isso? Pra que serve? – perguntou ela mordendo o lábio inferior e levantando as sobrancelhas. Na opinião de Leo, ela parecia uma criancinha conhecendo o mundo. Ele sorriu para ela.

–Meu painel de controle.

–Hum... Interessante. – murmurou ela pensativamente.

–Você não achou interessante, e se apaixonou pelo Festus. – disse Leo. Ele não parecia zangado ou triste, ele tinha uma expressão divertida no rosto.

–Acertou... – disse ela rindo. – Mas, é interessante sim. Esse lugar é incrivelmente incrível.

–Incrivelmente incrível? – perguntou ele.

–Incrivelmente incrível. – riu ela.

Ele pegou seu cinto de baixo de um compartimento do painel e o colocou.

–Vou consertar algumas coisas no casco. Você vem?

–Ahm... Pra ajudar?

–De preferência.

–E se eu piorar tudo?

–Por isso eu to aqui. – respondeu ele, rindo.

–Ok...

Eles desceram outra vez pela escada. Passaram o resto da manhã arrumando e ajustando placas de bronze para o barco. Charlie era um total desastre em montar pequenas peças, mas com a ajuda de Leo, conseguiu martelar algumas coisas.

–Isso é relaxante! – disse ela, acima do barulho das marteladas.

Leo riu enquanto arrumava algumas peças em sua mão. Quando ele se aproximava de Charlie para ajudá-la em algo, Festus rangia alguma coisa e Leo sempre respondia: “Não vou fazer isso!”

–O que? – perguntou Charlie. – O que Festus insiste tanto em querer que você faça?

Leo não queria falar pra ela que Festus o enchia tanto para beijá-la. Ele não ia fazer isso, tinha Calipso e Charlie era uma ótima amiga. Isso começava a deixá-lo frustrado.

–Nada, ele quer que eu faça uns ajustes para ele falar normalmente, você sabe, inglês. E não apenas rangidos e grunhidos. – mentiu Leo.

Ela deu de ombros.

–Falta meia hora para o almoço, acho melhor voltarmos. – disse Charlie, consultando seu relógio.

Ele afirmou e começaram a se preparar para sair do enorme hangar. Eles voltaram pelo caminho entre as árvores, agora um pouco mais visível devido a posição do sol, e chegaram a parte mais cheia do acampamento.

Enquanto eles passavam pela quadra de vôlei do acampamento, Calipso saia da Casa Grande. Quando viu Leo, seu rosto tinha uma expressão séria. Mas, quando viu Charlie sorrindo e conversando alegremente com Leo, seu rosto se transformou em uma expressão assassina.

–Leo!- ela chamou.

–Ah não, de novo não.


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Notas finais do capítulo

Espero que os reviews divos de vcs continuem vindo, fico muito feliz, ok? Ok.
Ai, sei que é chato isso mas, você tão gostando mesmo da fic?

Bjinhos de Amortentia da EP :*