Son of Hephaestus escrita por Lissandré, Sherllye


Capítulo 21
Chapter 21 - Leaving


Notas iniciais do capítulo

Bom, aqui ta a parte que eu temo vocês não gostarem e tal... Ele ta comprido cara, amei isso :3

Lá em baixo a gente se fala :)

GOGOGO



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O plano começaria a noite. Ela não tinha algo real para organizar, então apenas ficou imaginando como seria cada etapa. Precisava de um esconderijo, seu espelho e o elemento surpresa. Ela retirou o artefato de debaixo da banheira e encarou seu reflexo, pela primeira vez, desde que saíra em missão.

Estava limpa, afinal tomara um banho de uma hora após aquele homem asqueroso tocá-la, mas seus cabelos pareciam ter desbotado tal qual sua pele. Em contraste com as manchas escuras abaixo dos olhos, ela parecia um fantasma de uma moça que, quando viva, era bela e triste. Charlie se focou em seus olhos, como na noite em que chegara ao acampamento. Nesse momento, algo incomum acontecia, eles estavam azuis, mas oscilavam em seus tons. A sua volta, tudo escureceu e ela sussurrou outra vez: “Spathí”.

Ela olhou para a escuridão lá fora, pela janela do banheiro e sentiu, mais do que nunca, a agonia por estar presa. Iria vingar sua mãe. E precisava, acima de tudo, ser livre.

***

Era agoniante viajar pelas sombras.

Leo se sentia em uma caixa escura e abafada. Eles resolveram partir a noite, por ser mais viável a Nico. Quando chegaram à base da colina do Acampamento Meio-Sangue, Leo se sentiu livre. Ele olhou saudoso para o topo do Pinheiro de Thalia, visível apenas a silhueta entre as estrelas, e sorriu.

Em seguida, um forte sentimento de desapontamento tomou conta dele. Se sentia culpado de se sentir feliz por estar em casa sendo que Charlie estava longe, involuntariamente, passando pelos deuses sabem o quê.

–Vai ficar tudo bem, cara. – reconfortou Allycia. – Ela vai voltar em segurança.

Leo afirmou, desanimado, e arrumou a mochila nos ombros, começando a subir a colina, quando percebeu que estava sozinho.

–Você vai vir? – perguntou Ally, ácida.

–Já disse que não, Ally. Desculpe.

Allycia não gostava de admitir e, se lhe perguntassem, negaria até a morte, mas algo dentro dela explodia positivamente sempre que Nico a chamava de Ally e o tom triste que ele usou quando disse “desculpe” a destruiu. Os deuses sabem o quanto ela o odiava e, no momento, ela não sentia nenhuma vontade de expressar ele.

–Por favor, Nico. Eles sabem que você está com a gente. Por favor, não nos faça entrar lá sozinhos, derrotados.

–Eu... – Nico levantou o olhar e algo na expressão dela o assustou.

Seu coração começou a bater descompassado e ele não entendia por que. Ally estava perfeitamente normal, uma mão apoiada na adaga em seu cinto e a outra na alça da mochila. Seus cabelos alaranjados estavam soltos e bagunçados pelo vento caindo sobre os ombros sardentos. Ele sorriu internamente. Ele as achava tão fofas, as sardas. Marcavam todo o seu rosto arredondado. O coração dele voltou a bater forte, outra vez. Desde quando começara a notar a forma do rosto dela ou suas sardas?!

–Sim. – ele se pegou dizendo, sem hesitar.

Um sorriso controlado se abriu no rosto de Ally e ele se forçou a curvar apenas os lábios. Ela se virou e começou a subir a colina com Nico logo atrás. Ele se perguntou o que estava acontecendo. Ele percebeu que pensava e notava coisas sobre Ally que passariam despercebidos aos outros. Levantando o olhar, ele a viu mais a frente, apenas sua silhueta vista sobre a luz da lua. Estava com os cabelos por cima de um dos ombros, deixando o outro livre. Nico apreciava o fato de eles serem pequenos e delicados. Marcados por aquelas manchinhas. Mais uma das coisas que adicionava a lista do que gostava em Allycia Sparks. Seus cabelos compridos, suas sardas, o cheiro de praia, a curva da sua cintura abaixo dos seios, as mãos pequenas de unhas roídas, o modo como o nariz franzia quando o sol a incomodava e, como de um segundo para o outro, ela podia passar de um mar calmo e relaxante a uma tempestade fria e poderosa.

“Deuses, o que está acontecendo comigo?” pensou ele.

Ela o atraía de um modo que ele nunca pensara que uma garota faria, afinal ele era... bem... gay, não? Ele gostava de Percy. Gostava muito. Mas o que ele sentia por Ally era... intenso. Interessante. Instigante. Ele esbarrou em algo e desequilibrou-se.

–Cuidado, Mortiça. – provocou Ally, com um sorriso, ajudando-o a se equilibrar.

–Cale a boca, Cara de Cavalo – respondeu ele.

–Leo? – chamou ela, tentando localizá-lo no escuro, entre as árvores.

–Sim? – respondeu ele, com a voz fraca, não muito longe.

Ally sentiu um enorme afeto pelo filho de Hefesto, naquele momento. Leo era uma pessoa incrível, inteligente e engraçada. Ela via o porquê de Charlie gostar tanto dele e ele dela. Ele se sentirá preso no acampamento, e Ally também. Nos últimos dias, Charlie virara uma melhor amiga para ela. O que eles mais queriam, naquele instante, era ter ela de volta.

Um leve pio e o barulho de um galho quebrando se ouviu.

***

Charlie ouviu passos se aproximando do lado de fora e foi para o roupeiro vazio em seu quarto.

“Elemento surpresa” ela pensava “Elemento surpresa”

O espelho estava firme em seus dedos. Tão firme que ela pensou que se tivesse alguma iluminação ali dentro, veria o nó dos dedos brancos. Ela tremia levemente, mas a determinação era maior que o medo. Os deuses sabem o que aconteceria se tudo desse errado. O pensamento se desfez quando Scott, o tolo maravilha – Charlie chegou a conclusão que, dos dois capangas, ele era o único que ainda estava “sonhando acordado” – entrara no quarto. Trazia uma bandeja com um hamburguês murcho em um prato trincado. O estômago de Charlie reclamou. Tudo bem que era uma comida péssima, mas desde que fora tirada do acampamento, não comia nada por não saber de onde essa gente tirava a comida que lhe ofereciam.

O homem olhou, meio perdido, em volta, não visualizando Charlie em lugar algum.

–Lonny? – chamou ele, em voz sonolenta. Ouviu-se um grunhido em resposta. – Não vejo a garota...

–Deve estar no banheiro – rosnou Lonny.

–A... – um bocejo – porta do banheiro está aberta... Está vazio.

–Caralho, Scott, sabe que o maricas do Morfeu colocou algo me impedindo de entrar aí! Procure-a, seu merda! E trate de dar um jeito nessa vadia por se esconder.

–Sim, Lonny...

O homem fechou a porta e deixou a bandeja em cima da cama, indo até o banheiro. Charlie se espremeu contra a parede do armário, sentindo a estaca que afiara de um pedaço de madeira da cadeira. Ela pensou melhor e trocou seu espelho – que não acertaria, realmente, um mortal – pela estaca e tentou tomar coragem. Ela ouviu alguns passos no azulejo e, em seguida, uma sonolenta exclamação de surpresa. Charlie lembrou-se da janelinha do banheiro que, afinal, era pequena demais para ela passar e que quebrara.

–Ela fugiu! – gritou ele.

Ela ouviu o estrondo de uma cadeira caindo do lado de fora do quarto e, em seguida, a porta abriu, mas Lonny não entrou no quarto. Parecia impedido por uma parede de vidro.

–O que aconteceu? – ele berrou.

–A... Janela... – um bocejo mais comprido. Lonny se impacientou. – está quebrada...

–Vasculhe o quarto, seu idiota. Vou olhar lá fora! Ela não deve ter ido longe. É bem fácil se perder nesses bosques.

Após o brutamonte saiu, Scott se dirigiu lentamente até a cama e olhou debaixo dela. Quando o outro estava para se retirar do quarto, olhou por cima do ombro, olhando diretamente para o armário. O nervosismo e o medo de Charlie era impossível explicar. Mas ela precisava fazer isso. Precisava sair dali. Seu coração já estava na garganta quando ele abriu a porta do armário e, num impulso, Charlie enfiou a estaca em seu estômago. Sua mão já estava cheia de sangue quando Scott tombou, com a estaca ainda em sua barriga. Charlie estava petrificada, não era esse o plano.

–Não... – lágrimas queimavam o fundo de seus olhos. O que fizera? – Não... Por favor, me desculpe. – sua garganta doía e ela se ajoelhou ao lado dele, tentando fazer algo para salvá-lo.

–Não... – com espanto, ela percebeu que sua voz não estava mais sonolenta, mas sim derrotada. – Pra mim já deu. Acordei... Agora.

–Por favor...

–Vá, não entregue o espelho. Lonny é perigoso... Virou um seguidor de Hera... Não é mais um mortal...

–Me desculpe... – sussurrou ela.

–O espelho... – o homem engasgou e seu peito parou de subir.

Charlie se levantou zonza, e cambaleou até a porta, que fora deixada aberta. Um arrepio ultrapassou todo seu corpo. Ele estava lá fora, lúcido, com ódio dela e estava tal qual um monstro qualquer da mitologia. Sem falar que era noite, estava tudo escuro entre as árvores. Charlie engoliu o medo e saiu correndo daquele corredor imundo onde estava. Quando passara pela porta da frente, em direção a floresta, percebeu que estava em um casebre velho no meio da clareira daquele bosque familiar. Isso a agoniava.

Enquanto corria pelas árvores, podia ouvir barulhos de galhos e folhas secas quebrando sobre seus pés. Tinha medo que o homem a ouvisse. Ela não via nada a mais de dois passos a sua frente. Tropeçou e escorregou em trilhões de raízes de árvores pela floresta, o que fazia ela querer chorar por ser tão estabanada. Deveria colocar o máximo de distâncias entre a casa e ela, não ralar seus joelhos e braços, atrasando sua fuga. Seu coração batia a mil quando, vencida pelo cansaço, caiu exausta perto de uma árvore, sem conseguir mover as pernas. Olhou uma última vez para frente e seu coração pulou ao ver a casa de campo estilo colonial a sua frente.

–Por favor! Alguém me ajude! – ela gritou. as lágrimas molhando suas bochechas sem que notasse. – Socorro! Socorro!

Foi com enorme alívio que ela viu uma silhueta se aproximando. Alto, forte, com o andar gingado. Ela ficou em silêncio, torcendo para ele não tê-la localizado. Por que fora tão burra em gritar? Devia ser o único lugar habitado em milhas da casa, seria o primeiro lugar para o qual correria. Ela se arrastou mais para perto da árvore, no escuro, se escondendo. Chorava desesperadamente, suas pernas estavam doloridas, estava com medo, não tinha mais forças e estava apavorada com o que viria em seguida. Ela temeu que ele a achasse pela altura do barulho que seu coração fazia agora que batia forte e acelerado. Ele não podia acha-la. Não quando tudo estava começando a dar certo. Ela se odiava profundamente por ter gritado. Era seu fim.

–Olá, garotinha. Está perdida? – ele rosnou em seu ouvido, sentindo outra vez o forte cheiro de cigarro. – Você não é tão esperta quando é bonita.

Ele a arrastou pelos cabelos até a clareira ao lado e a jogou com violência no chão. Charlie bateu a cabeça numa raíz com força, seus olhos se encheram outra vez e ela gritou.

–Sua puta! Está fugindo é? Achou que seria fácil, huh? Pois bem, agora você está fodida. É, é... Agora não adianta chorar. – ele se precipitou para ela.

–Não toque em mim!

–Ou o quê?

Ele a agarrou pelos ombros e a jogou no chão, como uma boneca de pano velha, fazendo-a bater a cabeça outra vez na raiz. Ela sentiu a visão escurecer, mas negou-se a perder a consciência. Não iria dar esse gostinho a ele.

–Vadia! – ele chutou sua perna.

–Não! Você não pode fazer isso!

–Eu vou é mata-la e tomar esse caralho de espelho que está em seu bolso!

–Então ele aparecerá com meu cadáver, seu merda! Covarde!

–Cale a boca! – ele berrou, puxando o cabelo dela.

Charlie gritou, mas de ódio. Ela só queria estraçalhar aquele homem.

“Me ajude, mãe!” ela implorou. Era sua última esperança.

–Mas, antes da sobremesa, porque não brincar um pouco com o jantar? – grunhiu ele.

Com um movimento violento das mãos, ele rasgou a blusa dela, deixando-a descoberta, com exceção do sutiã. Charlie queria vomitar. Ela caiu para trás e sentiu algo cortar sua pele. Uma faca, pelo tamanho. O espelho mudara automaticamente e ela tinha certeza de que tinha algo a ver com Afrodite. Deuses, como ela estava grata por isso.

O homem se jogou em cima dela e nojo era uma palavra pequena para definir o que ela sentia naquele momento. Ela pegou a faca disfarçadamente – facilitada pelo fato de o homem tê-la deixado com os braços para trás – e olhou para ele.

–Olhe em meus olhos quando o fizer. – disse, usando o charme. O homem sorriu e ela sentiu que ia desmaiar de tanto ódio. Ela envolveu o homem, delicadamente e torceu pelos deuses que, dessa vez, Bronze Celestial pudesse matar ou ferir seriamente um mortal.

Ela enfiou a adaga em suas costas sem remorso algum. O homem, surpreso, rolou de cima dela e Charlie, prontamente se levantou, pondo-se ao lado com a adaga firme nas mãos. Ela a desceu no peito dele, repetidas vezes, extravasando todo seu ódio.

–Seu monstro. Nojento. Escroto. Lixo. Verme. Troglodita. Idiota! Odeio você. Odeio você. Odeio. Você! – ela gritava a cada facada. O homem já não se mexia há muito tempo. Não sentia nenhum arrependimento, nenhum ódio. Nada. – O jantar aqui é você, otário! – ela cuspiu nele, se levantou e andou até a casa. Sua dose de adrenalina se esvaindo lentamente.

Sentia morta por dentro, destruída.

***

Nico dera o último golpe em Ethon enquanto Leo ajudava Ally a se levantar. Aquela águia aparecera do nada, bicando diretamente Ally, quem estava mais perto. Bicara boa parte de seu braço com seu bico afiado e agora ela estava coberta com o próprio sangue. Doía, doía muito, mas ela não chorava. Apenas dava bufos de insatisfação por ter se machucado.

Nico gostava disso nela, mas tentou se focar em ajudar Leo a levantá-la. Ethon já não existia, agora era só pó.

–Essa coisa não tinha sido destruída por Héracles? – questionou Ally, irritada.

–É um monstro, não deixa de ser. Vai para o tártaro, depois de um tempo voltam. Achei que já tinha se acostumado com isso. – esclareceu Nico.

–Eu sei, já me acostumei. Mas sei lá, foi tipo... Hércules que matou ela.

–Só porque ele é um semideus famoso? – perguntou Nico.

–É... Sei lá... Não, isso não fez sentido. Esquece. – ela deu uma leve risada, mas parou rapidamente com a reclamação de uma dor. Além dos braços, seu rosto estava completamente arranhado.

–Vamos, temos que chegar de uma vez ao acampamento. Isso pode piorar. – disse Nico, em voz grave.

–Agora você não vai poder ir embora, assim. Terá de cuidar de mim. – provocou Ally.

–Mesmo ferrada você consegue ser insuportável, sabia?

–Eu sei. – sorriu ela, com voz fraca.

–Nico? O qu... Ally! – gritou Hazel, subindo o pouco que faltava da colina para ajudar os meninos.

–O que aconteceu? – perguntou Frank, que acompanhava Hazel.

–Ethon. Fomos atacados na entrada do Acampamento. – esclareceu Nico.

–Temos de leva-la até a Casa Grande. –disse Hazel, agitada.

–Tudo bem. São só alguns cortes... Ta doendo um pouco – disse Ally.

–Ela foi atacada primeiro, foi rápido demais. – disse Leo, quando começaram a ir em direção a Casa Grande.

Uma sensação de aquecimento o preencheu ao rever o acampamento, o velho cheiro de morangos e as tochas iluminando o lugar.

–Ta, talvez esteja doendo pra caralho. – reforçou Ally.

–Estamos chegando, tudo bem. – confortou Nico.

Hazel e Frank trocaram olhares, rapidamente.

***

Charlotte chegou quase desmaiando a casa – ou o que deveria ser ela. Caiu, exausta, de joelhos, no pátio, desolada. Sem conseguir se conter, começou a chorar. Agora tudo fazia sentido, o porquê daquele lugar ser tão familiar... Já correra mil vezes por aqueles bosques, ralara os joelhos, inúmeras vezes colhera muitas maçãs daquelas árvores para ajudar a avó a fazer a torta que ela tanto amava. Seu coração voltou a doer com algo que há muito, pensou ter superado. Achava que seu pai, após tudo, houvesse demolido a propriedade. Mas ainda estavam lá, as paredes enegrecidas pelo fogo, as janelas em cinzas e a grama queimada. A antiga casa dos seus avós. Algo afastado, bonito, envolto por naturezas e paisagens. Amava aquele lugar mais que a sua casa. Ela foi até a entrada, lentamente, absorvendo tudo a sua volta. As lágrimas ainda desciam de saudade, lentamente, silenciosas. Há quantos anos não ia ali? Seis...? Sete...? Talvez mais.

Charlie viu que a casa estava vazia, relativamente limpa. Os móveis queimados já não estavam mais lá e não havia sinais de cinza. Apenas pó e manchas. Abandonada. Nunca pensara que encontraria aquela casa abandonada. Charlotte tocou nos tijolos do que um dia fora a lareira de seus avós e seu coração apertou demais, ela não conseguia fazer aquela dor passar. Era apenas coincidência o fato de estar ali? Ou era tudo um sonho bizarro e doentio de Morfeu?

Charlie abriu os olhos e olhou para si, seu grito ficou preso na garganta. Estava coberta de sangue e o mais perturbador era que nem era dela. Sentia-se vingada por Lonny, mas culpada por Scott. Virara uma assassina por matar alguém inocente? Não era esse o plano, nunca fora. Ela se perguntava onde estava Hera, onde estava Morfeu. Eles foram burros o suficiente para deixar dois mortais tomar conta dela?

Como se por mágica, Charlie ouviu um barulho atrás dela. Quando se virou, viu Morfeu parado no arco da porta da antiga sala de visitas. Com uma leve exclamação de terror, ela pegou a adaga do bolso. Não esperava que fosse tã fácil, de qualquer jeito. Ele levantou o olhar, mas ela não viu ódio.

–Não... Não precisa se armar. Não vou ataca-la. – ele disse em voz baixa. Charlie não baixou a mão. – Eu entendo... Mas você não pode me matar.

–Mas posso machucar, se complicar minha fuga. Já estou fodida mesmo, matei dois caras.

–Eu vi... Está feliz no que se tornou?

–Não. Não era o plano... Ao menos para Scott.

–Está me dizendo que está feliz por ter matado um homem cego pelo poder? Sem nenhuma chance.

–Ele me atacou outra vez, me defendi.

–Não se pergunta como pode feri-lo com Bronze Celestial, sendo um mortal?

–Ele virou um seguidor de Hera. Deixou de ser mortal para ser o cachorro aquela vaca.

–De modo meio “sutil” da sua parte, mas sim.

–Por que está aqui? Não vou voltar para lá.

–Não vim forçá-la a nada. Mas Hera é... ela fará tudo por esse espelho. Você, por mim, está livre para ir.

–Ela não vai deixar isso barato para você.

–Sua mãe... Uma deusa adorável, Afrodite. Muito amável. Você é... quase parecida com ela. Mas eu falei com ela. Tudo se resolverá.

–Está dizendo simplesmente... Que estou livre.

–Sim.

–Mas...

–Eu, se fosse você, iria logo. Hera voltará.

–Para que ela o quer? O espelho, eu digo.

–Sua mãe explicará.

–Onde ela está? Onde está Afrodite?

–Hollywood.

–Disso eu sei. – respondeu Charlie, ácida.

–Nunca mudará seu humor. – sorriu ele. – Sabe, realmente, me apeguei a você. O pouco tempo que cuidei e fiquei com sua família, você se mostrou uma pessoa forte, um tanto cabeça-quente, irritada, mas forte. Você defende seus direitos. Uma ótima mulher, você será.

–Matei um inocente, estou coberta de sangue. Não serei uma ótima pessoa. – disse ela, indicando o sangue pelo corpo.

–Oh, sim. – ele estalou os dedos e sua blusa voltou ao normal. O sangue se fora.

–Obrigada. – ela disse a contragosto. – Por que trabalha com ela?

–Ela me obrigou, ganharia perdão do Olimpo. Não é uma vida se te odeiam, principalmente se forem deuses.

–E você está me libertando, abrindo mão disso.

–Os sonhos tem seu lado obscuro como tem seu lado bom. O que não vale é deixar a pessoa sonhando coisas estranhas até a insanidade. Eu acordei, digamos assim. Não é justo fazer algo errado com você se a culpada é Hera.

–Eu...

–Não diga nada, vá. – falou ele. – Hera já sabe que se foi. Corra. – Morfeu estava agitado.

Charlie saiu, sem nem olhar para trás, passando por ele.

–Charlotte? - Charlie parou, sem olhar para ele, esperando... – Teatro Grauman, Calçada da Fama.

Ela saiu.


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Notas finais do capítulo

Ta, desculpem tê-la transformando numa killer :p eu já disse, to me explorando .-.
Se vocês não gostarem, desculpa, e comentem explicando o pq, me ajudaria muito. Mas lembrando: MAIOR DE 16 ANOS! .-.


Bjs de Amortentia da EP :*



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