Son of Hephaestus escrita por Lissandré, Sherllye


Capítulo 14
Chapter 14 - Soldatino


Notas iniciais do capítulo

Hey, hey, hey!

cap novo o/ Queria dizer: BEM VINDAS LEITORAS NOVAS, SUAS DIVAS!

lamento ter demorado, criatividade ft. inspiração tava 0 e eu tava me virando em 400 pra escrever a fic e combinar com tudo :p

mas ta aí!

GOGOGO o/



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–E aqui, é a área das máquinas e jogos, crianças. – disse ele, finalizando um discurso que nenhum deles conseguiu ouvir. – E então? O que fazem neste... Humilde... Cassino?

–Esse lugar é só para deuses? – perguntou Ally.

–Ah sim, Lorde Dionísio ajuda bastante aqui. Ele mandou suas mênades para ajudar com as bebidas e comidas... Elas são muito boas se tiver... O charme encantador de um Deus do Sol... – ele olhou por cima do ombro e deu uma leve piscadela.

–Hum... Senhor Apolo? Nós queremos saber... – começou Charlie.

–Ora, tudo a seu tempo querida... – disse ele. – Aqui, junte-se a esse outro semideus que chegou há um tempo, coma alguma coisa, descansem... – disse ele, indicando um menino com um olhar pensativo, um prato com hambúrguer na sua frente, intocado.

–Ah, eu não acredito... É sério isso? – murmurou Leo, com um sorriso debochado.

–O quê? Você conhece aquele menino? – perguntou Ally.

Ele afirmou.

–Bem, - disse Apolo. – vão socializar, então. Quanto a você... – ele se dirigiu a Ally. – me acompanhe.

Ally olhou perdida para Charlie e Leo, mas Apolo agarrou seu braço e a puxou para longe.

–Vou comer alguma coisa.

–Vá comer alguma coisa... – Charlie e Leo falaram ao mesmo tempo. Ela sorriu, com uma leve risada. – Vou dar uma volta, ver se acho minha mãe... Já que deuses veem aqui...

–Ok... – disse Leo, e se dirigiu ao balcão, onde o outro semideus estava sentado, com um sorriso zombeteiro.

Charlie deu a volta pelo saguão de jogos e pelo lobby, atrás de algum deus que pudesse identificar, sem sucesso. Até que ela achou uma porta dourada, em um lugar estratégico, atrás da escada. Um banheiro.

“Um espelho seria bom, agora...” pensou ela, lembrando o vento forte do deserto e o quanto o cabelo dela deveria estar uma palha.

Ela empurrou a porta, sem perceber um par de olhos a seguindo, e se deparou com um banheiro imaculadamente limpo e um tanto escuro. Ela se pegou tendo o estúpido pensamento se deuses usavam o banheiro. Ela balançou a cabeça, sabendo que estava andando com Leo demais, para ter esse tipo de pensamento. Charlie tateou o ladrilho branco e frio, atrás do interruptor e o achou. O pequeno espaço se iluminou com uma luz prateada, deixando clara a parede vermelho escura que formava as cabines e a placa de mogno que formavam as pias, encabeçadas por um espelho que ocupava a parede inteira. Ela se dirigiu a ele e tateou a procura dos itens de beleza que havia trazido, achando a escova e arrumando como podia o cabelo. Ela o amarrou em uma trança lateral e saiu do banheiro. Enquanto andava e guardava a escova de volta na mochila, ela trombou com alguém.

–Você... – sussurrou a pessoa.

–Desculpe, - disse Charlie. – eu estava distraída e não vi voc... Rainha Hera? – disse ela, lembrando-se das aulas com Annabeth e Quíron de como lidar com um deus, caso o encotre, principalmente se forem os reis do Olimpo.

–Charlotte Madison. – disse a mulher, em tom superior. Agora que Charlie levantou a cabeça, ela podia vê-la melhor. Se não fosse pelos desenhos extremamente exatos que tem nos livros do acampamento e as descrições ultraeducadas de Annabeth, ela não teria reconhecido a deusa. O mesmo rosto com uma mistura de expressões arrogantes e maternas e o mesmo cabelo castanho escuro trançado em volta da cabeça, mas tirando isso, usava roupas típicas de mães americanas. Casaco de cashmere cinza, uma blusa branca e calças jeans largas. Um pequeno colar com pingente de pavão brilhava em sua garganta. O olhar de Hera lhe deu arrepios, era estranhamente familiar, aqueles olhos azuis.

–Como sabe meu nome? – indagou ela.

–Eu sou uma deusa, criança... – disse a mulher, e ficou em silêncio durante um tempo. Charlie achou que a mulher não fosse falar mais nada e tentou passar por ela. Ela deu alguns passos quando Hera falou, em tom de zombaria: - Então ela mandou você devolver o espelho?

–Ela quem? – perguntou Charlie, automaticamente, antes de se dar conta que ela falava de sua mãe.

–A sua querida... mãe... – disse ela, se aproximando de Charlie. Ela arrumou uma mecha do cabelo ondulado que formava sua franja, atrás da orelha e sorriu de um jeito afetado, como se ela não tivesse percebido e fosse algo reconfortante. Mas Charlie sentiu que os dedos de Hera eram frios e repugnantes, por algum motivo. – Pobre menina, sendo feita de escrava até mesmo pela própria mãe.

–Do que está falando? – perguntou Charlie, tentando esconder a raiva crescente em sua voz.

–Ora, querida, não é nada. Apenas saiba que você não é obrigada a nada. Aquele menino Valdez... – disse a mulher, e Charlie sentiu seu interior queimar, lembrando-se do que Leo contara, sobre Hera ter sido sua babá psicótica e tê-lo colocado na lareira. – Ah sim, você gosta dele não é? Uma pena, uma pena... Mas veja o que a missão causou a ele, veneno de manticore em seu ombro... Ele está machucado, mas podia ter desistido, ido embora, ser tratado com mais recursos no acampamento. Mas ficou por você. Como se sente sabendo que a sua mãe transferiu a culpa por Leo ter se machucado, a você?

–Usada... – disse ela, antes que pudesse se conter.

–Isso... – concordou Hera.

–O que vai ganhar com isso? – disse Charlie, mas sua voz falhou.

–Como?

–O que vai ganhar com isso? – repetiu, determinada.

–Eu? Nada... Apenas querendo abrir seus olhos...

–Você não gosta de semideuses... – lembrou Charlie. – Acha que eles tiram a estabilidade do Olimpo, principalmente os semideuses de Zeus...

–E tenho razão... Sua mãe está culpando os semideuses dos outros deuses de roubo, visto que um deus não pode pegar o símbolo de poder do outro. A não ser os semideuses que tem um pouco mais de... permissividade, digamos assim.

–Permissividade? – ecoou Charlie.

–Claro... Como o livre-arbítrio de completar ou não uma missão.

–Eu não tenho porque desistir desta missão.

–Nem se seu namorado estiver machucado?

–Ele não é meu namorado e eu não tenho por que te escutar. Agora, com licença, tenho uma missão pela frente, algo mais importante do que ficar jogando veneno para cima de semideuses... E até deuses. Achou que me enganaria? Eu sei que você e Afrodite não se suportam.

–Você se arrependerá disso, prole de Afrodite. – ameaçou Hera.

–Adeus. – disse Charlie, dando as costas e tendo plena consciência que agora ela estava ferrada, Hera iria se vingar. Ela acabara de fazer uma inimiga e ela era, ninguém mais, ninguém menos que a Rainha do Olimpo.

Charlie ouviu gritos altos e risadas do outro lado do lobby, na entrada que levava ao restaurante do Cassino. Quando chegou a porta, viu que havia uma enorme concentração de pessoas – deuses – no canto do salão. Quando se aproximou, com inúmeros “com licença”, enxergou duas figuras destacadas do resto da multidão. Um cara alto e loiro e uma garota ruiva, na mesma posição. Foi com surpresa que Charlie percebeu que Ally e Apolo estavam armados de arco, apontando para as mesas, que haviam se transformado em alvos.

–Allycia... – suspirou ela, exasperada.

–Charlie! – disse Ally, se virando para a multidão.

–O que está fazendo? – perguntou Charlie, olhando por cima da cabeça de Ally para as mesas com flechas presas.

–Apolo me convidou para uma competição! – disse ela, sorrindo. Estava extasiada. – Obviamente, eu estou perdendo, mas por muito pouco. Todos esses deuses... – disse ela apontando em volta e, em seguida, baixando a voz – e até Zeus está aqui. Apolo é um cara bem legal, me deu um abraço superforte e quente quando acertei a primeira flecha! – disse ela, e corou furiosamente.

–Allycia Sparks, você está competindo com um deus? E nem com qualquer deus, um dos 12 Olimpianos!

–Charlie, eu estou perdendo! Ele vai ganhar e vai ficar tudo bem. É só um jogo.

–Então por que está tão feliz?

–Por que estou competindo com um deus! Ele havia me chamado porque gostou de mim e se interessou pelo meu arco, ainda mais sendo filha de Poseidon... E ele conhece Percy!

–Ok, ok...

–Onde está Leo?

–Acho que ainda está falando com aquele garoto do bar. Eu preciso falar com vocês então... Dá pra acabar logo essa competição aí?

–Não vai demorar muito... – Ally deu de ombros.

Charlie afirmou e a menina ruiva voltou a se posicionar ao lado de Apolo. Ela arriscou mais um olhar na multidão de deuses e teve um vislumbre de Zeus, forte e imponente, ao lado de Hera, que lança um olhar irritado a Charlie, mas nada de Afrodite. Ela voltou a lobby e o atravessou, voltando a área das máquinas. Leo estava encostado no balcão, um prato de batatas-fritas ao lado, falando casualmente com o menino de mais cedo.

–Daí então... – dizia ele.

–Ah, batata-frita! – disse Charlie, se precipitando para o prato.

Ela se sentou ao banco, entre o garoto e o Leo, e arriscou uma olhada pro menino. Pálido, cabelos um tanto comprido, caindo em seus olhos, tão escuros quanto os cabelos e bolsas embaixo deles. Usava um casaco de aviador, calças pretas e uma blusa de caveira. Ele tinha um ar melancólico e assustador em volta dele.

–Charlie, Nico Di Angelo, filho de Hades. Nico, Charlotte Madison, filha de Afrodite. Nico nos ajudou pra caramba na guerra contra Gaia.

Era, definitivamente, como Charlie imaginava um filho de Hades. Ela se perguntou como Hazel podia ser tão diferente de Nico.

Nico deu de ombros e um leve aceno com a cabeça.

–Eu tenho que... – disse Nico, se levantando.

–Gente, perdi! – disse Ally, se juntando a eles, sorrindo.

Ela parou, ainda sorrindo, olhando para o menino que estava em pé agora. Ele parecia ter estacado, olhando fixamente o rosto de Ally. Ela piscou, o sorriso se desmanchando.

–E você é...? – perguntou ela, lançando um olhar para Charlie.

–Nico... Nico di Angelo. Essa é Ally... – disse Charlie, dando um empurrãozinho discreto em Ally.

–Você, eu... – Nico sentia o coração acelerado, algo que apenas uma única pessoa, infelizmente, já conseguiu. E então ele percebe, é seus olhos, o modo de parar e falar... Parece Percy. Um ódio irreal por aquela menina se apoderou dele.

–Ela é irmã de Percy, Nico. É filha de Poseidon. – esclareceu Leo.

–Ima... Imaginei. Agora, eu tenho que ir. Foi quase legal encontrar você, Leo.

–Digo o mesmo, Nico. – sorri Leo.

Nico arruma a espada negra no cinto e larga uma nota de vinte dólares ao lado do hambúrguer com apenas uma mordida, em seguida se afasta, em direção à porta.

–O que ele está fazendo aqui? – perguntou Charlie.

–Ele diz que teve um leve desentendimento com o pai dele e saiu do submundo, por um tempo. Ele vive nessa coisa de não parar em um único lugar. Já andou por quase todo o país.

Ally deu de ombros.

–Leo! Ele pode saber alguma coisa! – disse Charlie.

–Eu acho que não, ele não...

–Você falou com ele?

–Nós conversamos sobre algumas coisas, contei pra ele sobre a missão, ele não deve saber de nada. Não faz o tipo do Nico saber de coisas sobre a deusa do amor.

–Perguntou sobre Afrodite?

–Não, mas...

–Perguntou pra ele se sabe sobre alguém ter roubado um espelho?

–Não, eu só...

–Então como pode saber que ele não sabe? – disse Charlie e, sem esperar resposta, saiu correndo da área de máquinas, atrás do filho de Hades. – Nico!

–Charlotte, o qu...?

Ela parou perto dele, a mão estendida, pedindo para ele esperar ela tomar fôlego.

–Charlie. – ela disse, afinal. – Me chame de Charlie.

–Ok... Eu acho...

–Escute, Leo contou a você sobre a nossa missão, certo?

Ele afirmou. De repente, seu olhar foi desviado de Charlie, para algo atrás dela. Algum tempo depois, Ally apareceu de braços cruzados, seguida por Leo. Ele desvia seu olhar para Charlie outra vez.

–Então, você anda bastante por aí, não? Por favor, você sabe alguma coisa, qualquer coisa, sobre onde pode estar a minha mãe?

–Lamento... Charlie... Mas não sei... – seu olhar desviou rapidamente para Ally, e voltou para Charlie.

–Tem certeza? – insistiu a filha de Poseidon.

–Tenho. – respondeu ele, secamente. Ally levantou as sobrancelhas com a repentina mudança de humor do menino.

Por algum motivo, talvez pela impaciência do garoto, ou o fato de que ele não mantém seu olhar sobre Charlie para falar, faz ela não acreditar na resposta.

–Escute-me – ela diz, usando o máximo de charme que conseguiu colocar em sua voz. Nico desviou seu olhar para os olhos verdes de Charlie e a assistiu atentamente. – nós precisamos, realmente, realmente mesmo, encontrar Afrodite. É impossível que você ande os E.U.A. inteiro e não saiba ou tenha a mínima pista de onde está Afrodite...

–Eu sei... – respondeu ele, monótono, mas ele começou a piscar, saindo do efeito do charme. Charlie pegou o rosto de Nico em suas mãos, forçando-o a continuar a escutar.

–Então porque não nos disse?

–Por causa dela. – ele disse rapidamente, apontando para Ally, sem desviar o olhar.

Charlie ouviu Ally suspirar, exasperada.

–Mas o qu...

–Espere, Ally... – sussurrou Leo.

–Por favor, nos leve até lá... – Charlie percebeu Nico piscar, e sair levemente do transe.

Ela se afastou e se juntou a Leo e Ally.

–Por favor... – repetiu ela.

Nico fica um tempo parado, Charlie tem certeza de que ele ta voltando do estupor do charme. Ele fica um tempo encarando Ally, que o olha de volta, com o cenho franzido e os braços cruzados. Quando ele finalmente responde, sua voz é baixa: - Tudo bem.

***

A certa altura da noite, Ally estava muito inquieta. Infelizmente, o tal “O Olimpo” era apenas um cassino. Nada de quarto, nada de hotel. Por sorte, eles tinham uma caixa na mochila e a montaram em um lugar silencioso, perto do cassino. Era o mais viável, visto que estavam cansados e longe demais da placa da cidade – e não tinham táxis naquela parte da estrada. Nico insistira em não dormir e mantinha um tanto afastado de Charlie, que ficara de vigia na entrada da barraca. Durante a montagem do acampamento, Ally e o filho de Hades haviam tido uma discussão sobre o porque de Nico não gostar dela e Ally entrara, irritada, na barraca. Ela já havia se retirado, junto com Leo, para o interior aquecido, há uma hora e meia e Charlie conseguia ouvi-la bufando e resmungando lá dentro.

–Ally! Você vai acabar acordando Leo desse jeito! – sussurrou Charlie, pela a lona.

–Desculpe! – bufou Ally. – Mas esse garoto é um idiota e me irritou!

Charlie reprimiu uma risada. Não era necessário ser uma filha de Afrodite para perceber o primeiro olhar interessado que a garota ruiva lançou a Nico.

–Vá dormir, Peixinho! – disse Charlie, e ouviu uma pequena risada na barraca.

Depois que a barraca silenciou, Charlie se levantou e se aproximou de Nico. Ele não percebeu ela se aproximando, até ela já estar sentada ao seu lado em um tronco oco de árvore seca , tombado não muito longe do pequeno acampamento. Ela amarrou os cabelos negros em um nó e colocou as mãos entre os joelhos. Ela os mecheu três vezes, fazendo as palmas se baterem e Nico lançou um olhar mau-humorado a ela. Charlie sorriu.

–Qual o seu problema? – perguntou ela.

Nico ia lançar uma resposta cortante, quando percebeu que o tom dela não era acusatório ou ríspido. Apenas casual.

–Os filhos de Hades, normalmente, têm muitos problemas. – ele deu de ombros.

–Você sabe que não é disso que estou falando.

–Então, não sei ao que se refere. – disse ele, em tom monótono.

–Estou falando da Allycia.

–O que tem ela?

–Qual o seu problema com ela?

–Não tenho problema com ela.

–Você disse que não nos contou nada sobre a missão por causa dela. Vocês já se conheciam?

Ele franziu o cenho, olhando para a lua.

–Não, nunca tinha visto ela na vida. É só... Ela me lembra de alguém pelo qual eu sinto... Aversão, digamos assim.

–Você está falando de Percy.

Seu rosto perdeu a expressão e ele encarou o horizonte.

–O-o quê?

–Você agiu como se a conhecesse. E Leo disse: “Irmã de Percy”. E então... Um olhar de reconhecimento passou pelo seu rosto. – disse Charlie, e quis acrescentar um “olhar de reconhecimento e mágoa”, mas não o fez.

–Eu não...

–Não minta. – disse ela, usando um pouco de charme. Não que ela quisesse se intrometer, ela apenas precisava saber... entendê-lo.

–Eu... Sim. –murmurou ele, derrotado, baixando o olhar.

–Mas... Você sabe... Que não pode brigar... Com a Ally... Por causa de Percy.

–Não é você quem diz o que eu posso ou não fazer, Charlie.

–Mas posso ver o que é certo e o que é errado, Nico. E acho que você tem discernimento suficiente pra constatar o mesmo e saber que isso é errado.

–Você não entende, é só...

–É impressão minha ou você está prestes a dar uma desculpa por brigar com Ally?

–Eu não estou dando uma desculpa. – disse ele, entre dentes. – Eu só não posso... Não consigo... Lidar com mais um como... Como ele.

Eles se encararam por um tempo. Nico tinha uma expressão desolada... Desesperada. Ele queria que Charlie entendesse e ela entendeu. Mais do que poderia imaginar. A resposta apareceu na sua cabeça, como se trazida pela brisa fria do deserto noturno. E a pegou totalmente de surpresa. Tudo se encaixou.

–Você gosta de Percy. – sussurrou, levando a mão a boca. A expressão dele confirmou tudo.

–Como... Como você... Filha de Afrodite. – concluiu ele. Nico baixou a cabeça e seu cabelo caiu em seu rosto, escondendo, o que Charlie presumiu, uma decepção completa em seus olhos.

–Nico... – ela levou a mão até seu ombro, mas hesitou no meio do caminho. Ela era filha da deusa do amor, devia saber o que dizer nesses momentos.

–Eu gostei... Gostava dele. Mas não vejo como isso pode ser da sua conta.

–Nico, eu... Não quis... Merda! Olha, pode não ser da minha conta, mas eu duvido que você conheça outra pessoa que saiba e... Bem, entenda. Mas, se quiser falar sobre isso...

–Não quero falar, quero esquecer.

–Escute eu... Apenas saiba que eu nunca vou contar a ninguém sobre isso... Juro... Juro pelo Estige.

Nico ficou em silêncio e Charlie se levantou, andando em direção à barraca. No meio do caminho, parou e se virou, outra vez, na direção do tronco.

–Eu só quero que saiba que... Ally não é o Percy. Nunca vai ser, então... Pega leve. Vou chamar ela para ficar de guarda. Tente dormir um pouco, você não é de pedra.

Charlie entrou na barraca, sem esperar algum sinal de que ele a havia ouvido.

–O que foi? – murmurou Ally, sonolenta.

–Eu apenas não me aguento mais de pé. Pode ficar de guarda? – pediu Charlie.

–Tem certeza que é por isso? Não é por causa do garoto-Mortiça Adams lá fora? – perguntou a menina ruiva.

–Dê um tempo a ele, ok? Não é fácil ser um filho de Hades nesse mundo.

–Desculpe, defensora dos frascos e comprimidos. – disse Ally, na saída da barraca.

–O certo é “fracos e oprimidos”, peixinho. – sorriu Charlie.

Ally revirou os olhos, rindo, e saiu. Mas Charlie não estava realmente cansada. Ela se encolheu num canto da barraca, abraçou seus joelhos e encostou seu queixo neles. O olhar perdido. Ela pensou se, de manhã, Nico ainda estaria do lado de fora da barraca ou teria desistido de ajudá-los. Perguntou-se se Nico a odiaria por tê-lo feito confessar algo que ele, certamente, esconde muito bem ou se voltaria a brigar com Ally.

–O que foi? –murmurou Leo. Ela nem havia percebido que o estava olhando.

–Não é nada, apenas não consigo dormir, mas não estou alerta o bastante para ficar de guarda. Volte a dormir.

Ele ficou em silêncio um tempo e se arrumou nos cobertores, ficando de barriga para cima. Ele se sentou e encostou precariamente na parede da barraca. Ele empurrou o cobertor, levemente, de lado e olhou para Charlie com um sorriso leve e as sobrancelhas erguidas. Ela reprimiu um sorriso quando disse:

–O que está fazendo?

Ele riu, e bateu ao seu lado no cobertor com a mão boa. Charlie se arrastou até seu lado e eles ficaram ombro a ombro, as pernas aquecidas pelos cobertores. Charlie pegou o braço bom de Leo e o passou por cima de seu ombro e deitou no dele.

–E agora? Sou eu quem está fazendo algo? – perguntou ele, com uma falsa voz inocente.

Charlie riu.

–Apenas me ajude a dormir.

–Claro, esses fortes braços já fizeram muitas garotas dormirem.

Ela levantou a cabeça levemente, e o encarou com as sobrancelhas erguidas.

–É meio óbvio que é brincadeira.

–Essa cara era por causa dos “fortes braços” inexistentes. – disse Charlie.

–Você é muito sem graça, Madison.

–Me ame.

–Ame meus músculos.

–Não da pra amar o que não existe, Valdez.

–Ok, você passou dos limites, vá dormir.

Eles riram e Charlie voltou a deitar em se ombro. Leo encostou sua cabeça na dela e Charlie o abraçou. Ela odiava o fato de se sentir tão confortável apoiada em Leo e de sentir que precisava, muito, abraçar ele. Dava a impressão de que ela estava “se atirando”. Ela podia sentir o coração de Leo batendo e isso a acalmou de um modo irreal. Ele tinha o cheiro mecânico do bunker e algo mais amadeirado. Ela amava muito o cheiro dele. Quase instantaneamente, ela adormeceu, abraçada em Leo.


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Notas finais do capítulo

Eaê? Eaê? Eaê? Gostaram? Hein? Hein? Hein?

CHARLEO É MAIS QUE SHIPPÁVEL, PQP! *O* Ah, oi, Nico, bem vindo a fic

Mesmo esqueminha de sempre: review, favoritem, acompanhem, RECOMENDEM ;) Mostrem que existem, amo vcs



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