Então a Cabeça de Vento tentou me controlar?! E apagou memórias minhas?

–-Uma perguntinha Rose. –digo desconfiada.

–-Sim?

–-Você sempre soube da existência dele e da Cabeça de Vento?

–-Sim, ele a deixava feliz e como você não o mencionava para mim eu quis descobrir por mim mesma onde e com quem você praticava seus poderes e quem lhe deixava tão feliz, então eu os espionava, até um dia eu sentir cheiro de enxofre e soube que um demônio estava por perto, Hannah, no caso...

–-E como você sabia que ela era um demônio? Por que nunca me contou?

Ela suspira:

–-Eu não queria preocupá-la, assim como você sempre quis me proteger, como o fez em diversas ocasiões, eu também sempre quis protegê-la, omitir a existência de Hannah foi a forma que achei... E... Sobre como eu sabia o que ela era... Eu... Bem... Sempre dizem que o submundo, lugar os demônios vivem em muitas crenças era embaixo da terra, meu elemento, então procurei me manter informada sobre esses assuntos...

–-Falando em seu elemento... Veio pegá-lo de volta? –digo meio receosa, sempre quis que ela voltasse, mas ela não voltou realmente, é apenas um sonho e eu me acostumei com seu dom, é como se fosse parte de mim agora...

Ela sorri:

–-Bem... Eu não preciso mais deles onde me encontro... Então considere presente de aniversário atrasado e adiantado... –responde ela.

–-Mas eu não lhe dei nada! –reclamo.

–-Viva... Seja feliz... Seja você, estou observando e isso já o bastante, não ouse ir com flores ao meu túmulo! Não consigo mais evitar que morram e ninguém se dá o trabalho de ir cuidar delas... –ela se revolta com isso e eu dou risada, dou uma risada verdadeira, eis minha irmã verdadeira aqui!

Foi bom dar risada, minha primeira risada verdadeira em muito tempo, até ALGUÉM aparecer e estragar o momento:

–-Ouvi risadas, achei que fosse impressão minha, mas ao que parece, a senhorita Kiewn é capaz de rir... –diz L sorrindo provocante me fazendo fechar o rosto: --Ah, não pare, é uma cena agradável vê-la rindo, posso saber o motivo?

Olho de relance para o espelho e minha irmã me encara com um sorriso que dizia saber de tudo e mais ainda:

–-E então, o que irá fazer? Irá ajudá-lo ou não? –pergunta antes de desaparecer lentamente.

–-Espere! --- eu digo avançando para o espelho, que agora apenas mostrava meu reflexo me encarando com uma expressão idiota.

–-O espelho não vai a lugar algum... –diz ele zombando.

–-Não falei com o Idiota mor do local! –resmungo.

E ele ri:

–-Não era eu falando com um espelho...

–-Não sou eu quem precisa de ajuda para não morrer...

Ele senta-se na cama despreocupado:

–-Morrer já não me assusta tanto, já vivi o bastante... Mas adoraria que me ajudasse a me libertar de Hannah, posso ajudá-la matar a “Cabeça de Vento”.

Ajudá-lo ou não ajuda-lo, eis a questão... E melhor ainda: Como ajudá-lo se eu resolver fazer isso?

–-Nós nos conhecemos antes né? Há muito tempo atrás... –pergunto para ter certeza.

Ele congela:

–-Você se lembra?

–-Levarei isso como um sim...

–-O que Hannah fez para você naquele tempo? –pergunta assustado levantando-se e se aproximando de mim, fez menção de me tocar, mas coloquei o espelho entre nós.

–-Ela não conseguiu fazer nada, tentou me controlar, mas diferente de você, consigo lutar contra isso!

Ele me olha pasmo:

–-Você o que?

–-Consigo. Lutar. Contra. Isso. Difícil demais para o idiota? –pergunto zombeteira.

–-Mas como?

–-Não faço ideia, apenas sei que já o fiz!

–-Deve ser por isso que você pode me ajudar...

–-Gênio! –digo revirando os olhos, ele demora a ligar pontos...

–-Irá me ajudar? –pergunta ele sério e preocupando-se mesmo com a resposta.

Penso um pouco, lembro das cenas que vi, aquele tempo parecia divertido, além do mais, preciso de ajuda mesmo para matar Hannah, ainda não sei como se mata um demônio, ele deve saber, afinal, convive com ela por séculos! Contanto que seja eu a matá-la, acho que...

–-Irei. –respondo com convicção.