"--Você sobreviveu!"
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Dou risada:
–-Não, isso aqui é meu fantasma, você é médium! respondo sarcasticamente.
Ele sorri:
–-Fico feliz por ter sobrevivido, o que faz por aqui?
–-Resolvi acampar! A propósito o que VOCÊ faz por aqui?
–-Bem... Eu... Segui o gato...
–-Sabia que você era um cachorro até seguir gato você faz! Se resolver atacá-lo eu te mato!
O Nerd ri constrangido e olha para o chão reparando no meu tornozelo:
–-O que você fez? Deve estar doendo, se apoia em mim, vou te levar ao médico!
–-Que médico o que, apenas colocar gelo deve bastar, sabe sair daqui?
–-Bem, minha casa é quase perto daqui, se conseguir caminhar até lá podemos ir...
–-Quase perto?
–-É, bem, não é perto, mas é menos de um dia de caminhada...
–-Como conseguiu chegar até aqui nesse escuro? tem algo muito estranho nesse garoto, não posso julgá-lo é claro, mas ele esconde algo...
Ele não responde, apenas se aproxima de mim para me ajudara levantar, recuso a ajuda, ele não vai tocar em mim com essas patas imundas!
–-Quero ajudar! diz ele preocupado.
–-Recuso. Vamos prosseguir agora?
–-Se não se importar...
–-Não me importo. digo levantando apoiada na árvore e apoiando cuidadosamente meu pé direito no chão, logo percebo que dessa vez ele irá me cobrar pela caminhada apressada que tive para fugir das bolas de ar, ele se recusa a me sustentar:
–-Aceita ajuda agora?
Dou de ombros e deixo-o se aproximar colocando um braço meu por cima de seu pescoço e um seu na minha cintura:
–-Se esse braço descer você ficará sem braços!
Ele ri concordando, nosso progresso não é muito rápido e o gatinho sempre nos seguia animadamente, quando estava amanhecendo chegamos numa casa enorme, bege com janelas e porta brancas:
–Bem vinda a minha casa!
–-Um Nerd rico! Isso é novidade!
–-Bem, meus pais são bem de vida! Você também é rica não?
–-Eu não, meu irmão Matt e seus pais o são, eu viveria naquela floresta de boa!
–-Se esse tal Matt é seu irmão, os pais dele não deveriam ser seus também?
–-Não.
–-Não entendi...
–-Sempre pensei que Nerds fossem inteligentes, mas vejo que me enganei... digo pensativa.
–-Bem, não ensinam isso na escola... Ted se justifica.
Ele me ajuda a entrar na enorme casa e me põe sentada no sofá com o pé para cima em uma almofada:
–-Fica aí, vou pegar algo pra você comer!
–-Não tem como eu sair daqui... E o cachorro é você, não precisa pegar nada para eu comer! reclamo.
Ele ri:
–-Bom, pense em usar seu cachorro de escravo, muito mais útil do que apenas guarda de casa não? responde ele.
Dou de ombros aceitando o sanduíche que ele oferece. Ted senta-se ao meu lado e meu gatinho em meu colo, legal, estou rodeada de animais, um bonitinho e outro... Bem, outro um Nerd!
Um Nerd que por acaso estava seguindo um gato preto no meio da noite em uma floresta...
–-O que fazia andando pela floresta? pergunto desconfiada.
–-Eu... Bem... Já disse, estava seguindo o gato!
–-Mentira, o gato veio de uma direção diferente da sua!
–-Você reparou nisso? pergunta ele surpreso.
–-Não, joguei em branco, mas pelo visto é verdade, conta a verdade! fico na defensiva pronta para atacar e defender se for necessário.
Pela expressão dele me vem na cabeça um cachorrinho triste, ele não percebeu que esse olhar comigo não funciona? Ele suspira e se afasta um pouco de mim, o que acho ótimo, mas quero a verdade, que tipo de pessoa me rodeia?
–-Eu não sou humano. Ao menos não completamente.
–-Sei, você é um cachorro.
Ele ri tristemente:
–-Na verdade sou um Nephilim e sou seu anjo da guarda, ou melhor Nephilim da guarda, eu deveria evitar que você se aproximasse das pessoas erradas e se metesse em confusões, mas isso me parece impossível, você adora confusões e ainda quem acabou salvando quem foi você... Sou péssimo em minha função... termina ele suspirando.
Reviro os olhos, ele poderia ser menos chorão, que tipo de pessoa eu sou para merecer um anjo da guarda assim? Que tipo de pessoa eu sou para ter um anjo da guarda e ponto! Problemas e confusões fazem parte de mim, não sou religiosa, não me importo com os demais e nunca pedi para ser protegida!
–-Meu cachorro tem asas, que estranho... murmuro.
–-Não vai me culpar pelo meu péssimo trabalho como Nephilim da guarda?!
–-Não, mas irei te demitir, tchau, não pagarei suas contas porque não foi eu quem lhe contratou, boa viagem e vá pela sombra, mas antes pode me deixar no meu quarto? De preferência sem contatos com Marck e Karoline, Matt não me importo muito, mas prefiro evitá-lo...
Ele ri:
–-Bom, não pode me demitir, é algo meio voluntário...
–-Droga!
Ele vai me seguir o resto da vida? Vou ser uma boa menina, me tira esse cão! OK, não serei exatamente uma menina perfeita e nem boazinha, mas não baterei no meu gatinho! Isso é algo bom né? Só tira esse vira-lata de perto de mim!
–-Posso dar uma olhada em seu tornozelo? pergunta ele cautelosamente.
–-Você ainda não é médico, então... NÃO!
Ele me ignora e começa metendo as patas aonde não foi chamado, ele toca num local sensível e eu puxo o fôlego rapidamente para reprimir um grito:
–-TIRA AS PATAS DAÍ! grito, esse grito pode sair...
Ele ergue as mãos em sinal de rendimento:
–-Ok, desculpe... Vou te levar para casa...
Ele novamente me ergue pela cintura e coloca meu braço em seu pescoço me guiando até seu carro, eu não sabia que ele tinha carro, mas não sei nada sobre ele mesmo, quer dizer, quase nada...
–-Quem diria, meu cão sabe dirigir!
–-Ainda me vê como um cão, mesmo sabendo o que sou?
–-Como assim te vendo como um cão? Você É um cão.