Por toda a minha vida escrita por Elle Targaryen


Capítulo 45
Capítulo 45


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoas.. desculpa pela demora.
Obrigada meninas pelas últimas recomendações: Vivi, Ysabeau, BlackQueen e Jell.
Gente.. vcs tem de agradecer mta a Jell que fica lá no WhatsApp sempre perguntando quando vou atualizar a fic. hehehehe...
bem.. obrigada quem comentou com indicações de nomes para a personagem nova. Ela vai surgir no capítulo 46, o próximo.
Então é isso.. boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/467517/chapter/45

Ouvia o último sino soar enquanto arrumava, pacientemente, os livros nas estantes e o ranger de cadeiras no chão de madeira da biblioteca zunia em seus ouvidos. Poucos minutos depois e espaço estava quase vazio de gente.

–Vai continuar aí? Sabes que se não largas essa pilha de livros não sais mais da biblioteca, Emma Swan? – Pergunta com um ar de preocupação.

Na falta da professora de literatura o grupo de leitura em que Emma entrara após sair do time de Rugby havia sido desfeito. Regina substituíra a professora, mas não tinha tempo para se dedicar ao grupo. Foi aí que Emma passou a ocupar suas tardes ajudando Dr. Hooper, psicólogo da escola e bibliotecário nas horas vagas. A garota tinha o trabalho de separar os livros devolvidos, colocá-los em sessões e arrumá-los nas prateleiras. Era bem diferente da sua atividade anterior em que se sentia viva ao sair de campo cheia de hematomas; porém, tinha mais tempo para pensar, refletir, acalmar os ânimos. Desde sua chegada em Storybrooke, meses atrás, a loira havia perdido aquela tranquilidade que só uma boa biblioteca proporciona. Era terapêutico passar suas horas ali, principalmente após o termino das atividades quando todos os alunos e seus grupos de estudos deixavam tudo vazio.

–Não se preocupe, Dr. Hooper. São mais duas sessões e tranco quando sair. – Diz sorrindo.

O homem consente com a cabeça também num sorriso. Pega seu guarda-chuva preto, fiel escudeiro e, fazendo-o de bengala, deixa a biblioteca.

Emma volta sua atenção ao trabalho. Havia separado no carrinho os livros na ordem das sessões. Primeiro arrumaria os de química que ficavam no lado A, à esquerda da entrada; depois os de Literatura no outro extremo, as últimas estantes do lado B. A garota põe o iPod no bolso da saia xadrez e regula o volume dos fones no máximo.

"I, I can't get these memories

Out of my mind

And some kind of madness

Is starting to evolve

And I, I tried so hard to let you go

But some kind of madness

Is swallowing me whole, yeah

I have finally seen the light

And I have finally realized

What you mean...

Cantarolava alto enquanto levava os livros do carrinho para as prateleiras. Química orgânica nas prateleiras de cima e química inorgânica nas de baixo. Sorri distraída ao se lembrar dos garotos Nerds que andam com aqueles livros pesados pra cima e pra baixo pelos corredores da escola. Não conseguia imaginar como devia ser chato passar a tarde toda enfiada no laboratório como uma extensão das aulas chatas de química, mas..., cada um com suas manias. Ri de si mesma quando se lembra de sua pequena maluquice com cheiro de livros novos.

"Now, I need to know is this real love

Or is it just madness

Keeping us afloat, mmmm".

Em Boston às vezes entrava em livrarias mesmo sem nenhum dinheiro para comprar, apenas para manusear os livros, obervar com atenção capa, orelhas, contra capa, a lombar, as costas e cheirar as páginas novinhas. Sorri mais uma vez enquanto a música continuava distraindo-a dos ruídos em volta, como a porta que abria e o barulho de saltos no piso de madeira.

“Come to me

Just in a dream

Come on and rescue me

Yes I know

I can't be wrong

Maybe, I'm too headstrong

Our love is

(Mad, mad, mad)

Madness”.

Não demora muitos minutos e termina o trabalho daquele lado. A música em seus fones já era outra e Emma canta o refrão distraidamente quando, ao se aproximar do lado B, vê os cabelos negros e curtos de Regina entre Chateaubriand e Musset:

“I go crazy cause here isn't where I wanna be

And satisfaction feels like a distant memory

And I can't help myself

All I wanna hear her say is "Are you mine?”.

– Regina? - Questiona com surpresa. Retira os fones do ouvido e aperta mais os olhos atrás dos óculos. Era ela ali parada do outro lado da estante na sessão de literatura francesa. A diretora levanta os olhos do livro que tinha em mãos e aproxima-se mais das prateleiras. Entre elas, páginas e mais páginas de poesia.

– Gostei das músicas que estava cantando, principalmente da última. É aquela banda que você gosta? – Pergunta fitando os olhos verdes da garota por cima dos livros.

–A última sim. Arctic Monkeys. – Responde sem entender a situação.

–Hum..., tenho curiosidade em ouvir.

–Sério? Por quê?

–É algo que você gosta.

–Nunca pensei que você se interessaria por algo que gosto.

–Por que não? Sou velha demais?

–Não, não, não nunca... – Diz completamente sem jeito. Conseguia ver apenas os olhos castanhos da morena do outro lado da prateleira. O que Regina estaria fazendo ali? Estava ali o tempo todo? Tinha a ouvido cantar?

Regina sorri do jeito sem jeito de Emma.

–Veio procurar um livro? – Pergunta encarando os olhos de Regina.

–Na verdade não. Estava indo embora quando vi que a biblioteca ainda estava aberta. Entrei, ouvi você cantando e resolvi não atrapalhar, apenas ouvir.

–Ok, isso é meio embaraçoso. – Diz sorrindo.

–Talvez. – Responde desfazendo o contato visual com a garota e concentrando-se no livro que ainda tinha em mãos. – Você canta bem. – Comenta antes de ambas ficam em silencio por alguns minutos enquanto Emma arrumava alguns livros fechando sua visão da morena conforme preenchia a prateleira.

O silencio permanece por um tempo até Regina cortá-lo:

–Em 1823 François René de Chateaubriand escreveu Carta à Condessa de Castellane...

–Aula de literatura? Agora? – Emma pergunta interrompendo a morena enquanto livrava-se do ultimo livro do carrinho.

–Não. Não quer ouvir um trecho? – Pergunta à loira. – É bem bonito.

–Ok. Você ouve as músicas que gosto e eu ouço o que você gosta. Estamos num ótimo nível. – Fala divertida.

–É esse o espírito. – Diz se aproximando mais da prateleira afastando um dos livros que cobria sua visão da loira. Encara-a com intensidade daqueles olhos castanhos que falavam sem precisar dizer.

Regina toma ar nos pulmões. Dedilha as páginas do livro por alguns segundos e em seguida, lê:

– “Nunca te vira tão linda e sedutora ao mesmo tempo como ontem à noite. Dava a vida para te apertar contra o meu peito. Diz-me, era o amor que eu te inspiro que te fazia assim tão bela? Seria a paixão que me abrasa que te tornava tão atraente a meus olhos? Bem viste: não podia deixar de olhar para ti, nem de beijar a candeiazinha de oiro. Quanto tu saíste tive vontade de me prosternar a teus pés e de te adorar como a uma divindade. Ah! Se tu me quisesses metade do que eu te quero! Deste volta à minha pobre cabeça; repara no mal que me fizeste querendo-me como me queres. Às oito, esperar-te-ei numa ansiedade.”

Regina fecha o livro e fita novamente os olhos esmeralda do outro lado. Emma estava parada e olhava para ela com uma expressão surpresa.

–Te espero às oito. – Diz sem pressa fechando o livro e colocando-o em sua prateleira de origem. Emma ouve apenas o barulho dos saltos de Regina atravessando a porta de entrada e tornando-se cada vez menos audíveis.

A garota sorri. Havia entendido direito? Se sim não iria ficar ali para pensar a respeito. Dá uma última checada no seu trabalho. Pega o casaco e a mochila na sala de serviços. Passa a chave na porta da biblioteca e segue apressada pelos corredores da escola.

***

Chega a casa como um furacão e entra sem falar com ninguém. Eram sete horas. Precisava tomar um banho mega rápido e pensar, mais rápido ainda, em como se vestiria. Não queria parecer ansiosa, como que esperava por aquilo, mas também não iria relaxada como costumava se vestir em dias normais. Sai do banho soltando os cabelos e largando a toalha pelo chão do quarto. Vai até o armário e pega uma calça jeans preta, um suéter branco de linho, uma jaqueta de couro laranja e as costumeiras botas.

–Mãe, Pai, Paul... estou saindo mas prometo não demorar. – Avisa enquanto desce as escadas.

–Pra onde vais, Emma? Hoje é segunda-feira. – David pergunta preocupado.

–Eu sei..., Mulan quer falar comigo.

–Não existe celular para isso? – Questiona.

–É, mas deve ser importante, muito importante.

–David... – Mary Margaret chama a atenção do marido lhe indicando um olhar como quem diz, “para de encher o saco da garota”.

–Ok, não volte tarde.

***

Emma sorri aprovando com a cabeça e lançando uma piscadela à mãe antes de sair de casa.

O cais estava silencioso. Depois das dezoito horas, apenas o vigia ficava na cabine próximo às primeiras plataformas assistindo TV e comendo salgadinhos.

Emma bate a porta do fusca o mais devagar possível. Estacionara no lugar de sempre, atrás do armazém de pesca da família de Eric. Atravessa a pequena rua até a última plataforma. Vê o Mercedes de Regina estacionado e sorri enquanto arruma os cabelos bagunçados pelo vento salgado. Vai andando ansiosa até o Jolly Roger enquanto observa a opulência do navio que mesmo antigo mantinha um ar de altivez e força. Imaginava como o navio devia ser em uso. Desce as escadas lentamente fechando alçapão acima de si. Caminha lenta até o quarto do capitão. Não ouvia música, nenhum ruído vindo de lá. Será que Regina realmente estava ali? Para no vão da porta e seus olhos correm todo o cômodo. Nem sinal da morena.

– Regina?! - pergunta levantando um pouco a voz.

– Aqui. - a voz da morena vem de outro lugar. Emma vira-se de volta ao corredor. - Aqui atrás. - Diz novamente a voz da morena.

Emma caminha para os fundos do navio. Encontra a morena encostada numa porta pequena, devia ter mais ou menos sua altura. A madeira pintada de vermelho contrastava com o aspecto antigo do navio.

A garota se aproxima com o rosto fundo numa interrogação. Regina estava misteriosa e silenciosa bem mais que o normal. Parecia meio nervosa também, mas linda como sempre em sua calça social azul marinho e camisa branca de botão.

–Então... o que tem aí atrás? – Pergunta curiosa alojando as mãos nos bolsos da jaqueta.

A morena abaixa a cabeça abrindo um leve sorriso enquanto põe mechas do cabelo atrás da orelha.

–Algo sobre mim. – Diz ao levantar o rosto e novamente encarar a garota e a interrogação ainda piscando em cima de sua cabeça loira.

Emma balança a cabeça positivamente pressionando os lábios um contra o outro.

Regina vira-se para a porta vagarosamente, gira o trinco, abre e atravessa o portal em silêncio. Emma aproxima-se enquanto a outra acende uma lamparina pendurada no teto e faz visto aos olhos da garota uma coleção de quadros pintados à mão. Em todos eles uma mulher loira de olhos azuis sorria de formas mais variadas possíveis.

– Uau! - era a única coisa que Emma conseguira dizer. - O que é tudo isso? - pergunta surpresa.

– Quadros. - Regina responde de forma simples.

– Eu sei que são quadros, mas por que são todos iguais?

– Não são todos iguais. Olha.. - Pega um dos quadros encostados na parede e depois outro. Com um na mão esquerda e o outro na direita mostra para a garota a diferença entre eles. - Neste o sorriso dela está mais fechado. Naquele os olhos brilham mais. Neste o cabelo está mais dourado e naquele está preso numa tiara vermelha.

– Ok, mas... Por que sempre a mesma pessoa? E quem pintou? - Pergunta curiosa enquanto seus olhos tentavam captar todas as imagens.

–Eu. – Responde de forma simples. Não esperava outra reação da garota que não fosse aquela curiosidade natural.

Faz-se silencio enquanto a loira adentra o cômodo prestando atenção em todas as telas uma de cada vez como se degustasse tudo com os olhos tentando tirar de sua jovem cabecinha o que exatamente significava aquilo

–É Danielle...! – Emma fala mais para si do que para Regina depois de tanto olhar e olhar a quantidade de quadros postos na parede e no chão do compartimento.

–Sim... – Regina responde devolvendo os dois que tinha em mãos.

–Mas... Por que tem tantos?

–Fiz um curso de pintura enquanto estava na faculdade. Danielle foi minha modelo. Pintava um quadro dela por mês dos anos que ficamos juntas. Espalhamos alguns pelo nosso apartamento, guardamos num estúdio que ela tinha feito pra mim num dos quartos, vendemos alguns por iniciativa dela e tudo que sobrou está aqui.

–Ainda é bastante. Não sabia que você pintava. – Diz passando olhos e dedos pelas molduras, observando os olhos azuis extremamente expressivos parados como se olhassem para ela.

–Agora sabe. – Fala encostada no portal também vermelho como a porta.

–Você é uma caixinha enorme de surpresas.

–Eu sei. Tive tempo suficiente para me esconder em camadas e mais camadas...

–Agora não precisa mais. Você sabe disso. – Interrompe a morena ao se aproximar tomando uma de suas mãos.

–Eu sei. – Diz trançando os dedos nos da loira. – Só queria que você pudesse ver que existe muita coisa sobre mim, sobre minha vida, sobre o que passei pra me tornar essa pessoa terrível que todos veem, mas que com você tudo se tornou tão diferente. – Faz uma pausa e se aproxima de Emma tendo agora ambas as mãos da loira enlaçadas as suas. –Me perdoa por não ter dito nada... – Os lábios de Emma encontram os de Regina delicadamente interrompendo qualquer palavra ou pensamento que a morena poderia querer dizer ou pensar.

–Não tem o que ser perdoado. – Diz encostando a morena no lado direito do portal. – Eu entendo, entendo tudo e quero cada dia entender mais de você, Regina.

–Não ficou chateada? – Questiona abaixando a cabeça.

–Fiquei. – A loira responde levantando o queixo da morena com a ponta dos dedos. – Fiquei bastante chateada, mas alguém me fez ver que o importante não são as palavras que rotulam o que as pessoas são para nós, mas o que sentimos por dentro e existem milhares de formas de demonstrar isso, nem sempre palavras são necessárias ou até mesmo verdadeiras. – Emma aproxima a morena ainda mais de si, diminuindo a distancia entre seus corpos enquanto pressiona levemente o corpo da morena contra a parede. Põe uma mecha do cabelo castanho atrás da orelha de Regina e acariciando a lateral de seu rosto, conclui: - Eu posso sentir toda vez que você olha pra mim, toda vez que me beija e que toca em mim, eu posso sentir e eu posso entender o quanto é difícil toda essa situação. Eu devo desculpas...

–Não precisa... – Diz interrompendo enquanto analisava os olhos esmeralda e pousava os braços nos ombros da garota, e seus dedos entravam lentos pelos cachos loiros e todo seu corpo sentia aquela sensação, uma corrente elétrica fina que passava por toda a sua extensão fazendo o sangue correr mais rápido e seu corpo derreter num simples toque. – Você não existe, Emma... – Fala sussurrando.

–Eu? Que nada... às vezes me pergunto se você existe, tão linda desse jeito. – A mãos de Emma iam quase automáticas para as curvas da morena, subiam pelos quadris, puxavam a camisa de botão de dentro da calça social da morena, desabotoava os primeiros botões de baixo para cima, sem pressa.

–Boba... – Diz já ofegando. O peito subindo e descendo a cada novo botão aberto.

–Linda... – Os olhos verdes não saiam da direção dos castanhos. O último botão aberto e beijam-se mais uma vez e outra e outra vezes, beijos demorados que deixavam um caminho de roupas de uma ponta a outra do pequeno corredor até a entrada do quarto do capitão.

Deitada com a cabeça no braço de Emma, Regina vê as horas no relógio de pulso da garota.

–Está tarde.

–É..., mas não quero sair daqui. Diz que podemos ficar mais. – Pede fazendo bico e correndo as mãos pelo corpo da morena.

–Eu adoraria, mas amanhã tenho trabalho, você tem escola e Henry deve estar preocupado. Não costumo sair nas segundas.

–O que disse a ele? – Pergunta enquanto vira de lado e encara a morena com seus olhos verdes curiosos.

–Disse que estaria numa reunião.

–Isso foi muito surpreendente pra mim.

–Sério? Por quê? Sempre digo que estou em reunião quando venho aqui.

–Não isso. Você ter tomado a iniciativa de vir falar comigo por pensar que eu estava chateada. Geralmente eu vou atrás de você. Eu gostei. – Conclui sorrindo.

–É. As coisas não precisam ser desse jeito sempre, não é? E não quero que sejam. Você é mais pra mim do que imagina. – Fala segurando delicadamente o queixo da garota.

–Acho que posso perceber isso muito bem agora. – Diz sorrindo e se inclina para mais um beijo fechando a noite.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então é isso. Críticas, sugestões, xingar a autora? Digam tudo nos comentários. Abraços;